Free Walking Tour em São Paulo

Edifício Itália
Edifício Itália

É um clichê: a gente deixa de fazer turismo na cidade em que mora. Tenho tentado reverter isso, especialmente considerando que há tanto o que ver e fazer em São Paulo.

Sempre que viajo, busco free walking tours, que são simplesmente roteiros a pé guiados por um local (nem sempre um guia turístico no sentido formal) e gratuitos, ou melhor, remunerados mediante gorjeta – o turista fica livre para dar quanto quiser, inclusive nada. Descobri os free walking tours em 2015, no Chile, e desde então já fiz vários. Chegou, então, a hora de fazer um em São Paulo!

Na internet você encontra todas as informações relevantes sobre o São Paulo Free Walking Tour: ponto de encontro, horários, roteiros disponíveis e detalhes dos percursos. Escolhi o percurso pelo centro histórico (Old Town), embora já conhecesse algo dele (muito menos do que eu imaginava, como descobri durante o passeio), porque a área é um tanto perigosa para um turista sozinho e, estando em grupo, seria possível tirar umas fotos.

Edifício Matarazzo (Prefeitura)
Edifício Matarazzo (Prefeitura)

O passeio começa na Praça da República com us 15 minutos de História do Brasil (irrelevante pra gente, que aprendeu na escola, mas interessante para os estrangeiros, que compõem a grande massa do público). De lá, segue para o início da Rua da Consolação, fala sobre as opções de diversão no centro e no Baixo Augusta, passa pela Biblioteca Mário de Andrade e pelo Theatro Municipal, vai até o Vale do Anhangabaú, atravessa o Viaduto do Chá e conta a história do Edifício Matarazzo (sede da prefeitura). Na região seguinte, que já reuniu os bancos mais importantes da cidade, o passeio destaca a Bolsa de Valores e o Centro Cultural Banco do Brasil. Após uma pausa para lanche e banheiro, o grupo segue para a Catedral da Sé (com visita interna), passa pelo Centro Cultural Caixa e caminha até o Pátio do Colégio, onde São Paulo foi fundada. Em seguida, passa pelo prédio do Banespa (agora Farol Santander) e pelo Edifício Martinelli. A caminhada termina perto do Mosteiro de São Bento.

Vale do Anhangabaú
Vale do Anhangabaú

Durante o passeio, a guia – a minha foi a Natalí – destaca opções de entretenimento, lanches, restaurantes e visitas culturais. Além disso, logo no começo cada turista recebe um mapinha e alguns cupons de desconto. Pena que vencem rápido (fiz o tour dia 22/09 e os cupons vencem dia 30/09), mas para quem está de folga mesmo o tempo é suficiente para aproveitar dois ou três descontos. Um dos cupons dá uma capirinha (no bar Ramona), outro dá desconto em sandálias Havaianas, ou seja, foram (bem) pensados para o turista estrangeiro.

CCBB São Paulo
CCBB São Paulo

Para mim, o tour foi cheio de novidades:

  • Eu não sabia que é preciso pagar para ir ao Terraço Itália – são 30 reais só para subir até o mirante, no 41º andar. Das 15h às 19h, a entrada dá direito a um drink (à escolha da casa, não sua).
  • O Edifício Itália não é o mais alto de São Paulo, é o terceiro (mas é o mais alto com visitação). O segundo mais alto é o Edifício Martinelli (que receberá um centro cultural em breve). O mais alto é um horrendo chamado Mirante do Vale, que recebeu cinco andares sem paredes só para ganhar o título.
  • O Edifício Copan permite subir até o topo nos dias úteis, às 10h30m ou às 15h30m, pela Portaria F. Recomenda-se chegar meia hora antes.
  • Eu nunca tinha ido ao Vale do Anhamgabaú e achei lindo.
  • A Prefeitura de São Paulo tem uma minifloresta na cobertura e a visitação é aberta ao público, de segunda a sábado, às 10h30, 14h30 e 16h30, grátis. Recomenda-se chegar meia hora antes.
  • O prédio do Banespa virou Farol Santander e, além do mirante, agora tem um centro cultural e até uma pista de skate no 21ºandar (ingresso pago).
  • A Catedral da Sé tem o maior órgão de tubos do Brasil e da América Latina. São 12 mil tubos! Nunca foi tocado com mais de 10% da sua capacidade, pois isso poderia abalar a estrutura da Catedral e estouraria os vitrais.
  • O Mosteiro de São Bento tem uma padaria no seu interior, com produção própria. Os monges também fabricam cerveja.
  • O bauru nasceu na cidade de São Paulo e o lugar onde nasceu, o bar Ponto Chic, ainda funciona e o serve.
Catedral da Sé
Catedral da Sé

No geral, o passeio foi interessante e divertido. O grupo era bem grande – mais de 40 pessoas – mas isso não foi um problema (aliás, além do meu grupo saiu outro um pouco antes – a procura é grande, pelo visto). O mapa é uma mão na roda para quem não conhece a cidade e o verso traz as linhas de metrô (numa letrinha muito miúda, é verdade). Além da guia, fomos acompanhados pela Mari, que cuidava da “retaguarda”, tirava dúvidas e aumentava a sensação de segurança. Outro ponto positivo é que o passeio começa e termina em estações de metrô (República – linhas vermelha e amarela – e São Bento – linha azul). Também achei ótimo que não volte para o ponto de partida, assim fica mais dinâmico. As guias se colocaram à disposição dos turistas no fim do passeio para tirar dúvidas, explicar itinerários e dar indicações (tudo isso também pode ser feito durante o tour, mas achei legal elas se colocarem explicitamente à disposição no final).

Pátio do Colégio
Pátio do Colégio

Agora, os pontos fracos:

  • O principal problema é que o tour só acontece em inglês. Um dos organizadores comentou que estão pensando em formar grupos em português aos fins-de-semana, no futuro.
  • A gorjeta sugerida é alta para o padrão de renda do brasileiro: de 25 a 30 reais. Dito isso, relembro que a gorjeta é opcional e que o passeio é voltado a estrangeiros. O valor sugerido equivale a mais ou menos a 5 dólares ou 5 euros, e pelo mundo afora é usual que a sugestão seja nessa faixa.
  • O tour dura longas três horas e meia. Nunca vi um que fosse tão extenso! No fim, torna-se cansativo (embora não seja tedioso). Esse tempo todo não é necessário. O horário de saída é às 11h30m, mas assim que você chega há uma fila enorme de turistas esperando para preencher um formulário (meio longo) num tablet. O passeio teve início às 11h50m, ou seja, são 20 minutos perdidos. A pausa para lanche e banheiro durou uns 25 minutos. Algumas paradas poderiam ser mais curtas. Ou seja, o tour poderia ter duas horas e meia de duração com tranquilidade. Um passeio mais curto eliminaria a necessidade de intervalo para comida e banheiro. O tablet poderia ser passado durante o tour ou, melhor ainda, poderia nem existir (um pré-cadastro no site atenderia a fins demográficos e de pesquisa de opinião, ou uma simples lista para anotar emails poderia ser passada durante o passeio).
  • O trajeto é feito sob o pior sol possível – ainda pior para a maioria dos estrangeiros. O início às 10h ajudaria a resolver a questão (e eliminaria de vez a necessidade de pausa para o lanche).
Mosteiro de São Bento
Mosteiro de São Bento

No fim das contas, o saldo é bem positivo e recomendo muito o São Paulo Free Walking Tour, tanto para os turistas quanto para os nativos. Os outros dois percursos são pela Vila Madalena e pela Avenida Paulista e pretendo fazer em breve.

Onde está Wal... Lu?
Onde está Wal… Lu?

Buenos Aires – gastronomia

Veja todos os textos sobre Buenos Aires e Montevidéu.

Adoro turismo gastronômico, mas confesso que não aproveitei Buenos Aires tanto quanto poderia nesse aspecto. Saía para bater perna antes das 10 da manhã, voltava para o hotel exausta às 7 da noite e, geralmente, não tinha ânimo para ir aos restaurantes. Para complicar, vários lugares pedem reserva e eu não queria engessar meu dia.

Teto do Café Tortoni
Café Tortoni.

Vai daí que meu turismo gastronômico ficou centrado nos cafés e padarias, e devo dizer que a capital argentina está muito bem servida neste ponto. As empanadas deles são as nossas coxinhas. Encontrei empanadas assadas em todo canto e empanadas folhadas na confeitaria London City (Avenida de Mayo, 599), deliciosas. Em tempo: sob nenhuma circunstância peça empanadas nos kioskos 24 horas espalhados pela cidade – as chances de se deparar com algo pior que salgado de praia da semana passada são grandes.

Buenos Aires tem um circuito de cafés notáveis, ou cafes notables, que se destacam pela importância cultural ou histórica para a cidade. O London City é um deles. O Café Tortoni (Avenida de Mayo, 825) é o mais famoso do roteiro e está sempre cheio à noite, quando exibe um show de tango. Se não quiser perder a viagem ou esperar na fila, prefira conhecê-lo de manhã. A decoração é belíssima e só por ela já vale visitar.

Outro que está no roteiro é o Richmond (Florida, 468). Nele descobri que o nosso hambúrguer é conhecido por lá como “milanesa” – e eis aí uma excelente opção de almoço, já que é (muito bem) servida no prato.

Sendo fã do filme Evita, foi atrás da Confitería Ideal, em que foi filmada uma das minhas cenas favoritas: a canção “Oh What a Circus”. Achei o lugar, entrei, sentei… tomei uma coca zero e saí correndo. Embora faça parte do circuito de cafes notables e tenha um site com belas fotos, o lugar exala decadência, desleixo e abandono (nem vou dizer o que ele exala em sentido literal).

As padarias são uma ótima alternativa para lanches rápidos. Na Calle Defensa, esperando a Feira de San Telmo pegar fogo, encontrei a La Continental; a La Quintana foi um achado do dia de compras pelos outlets e fica na esquina da Scalabrini Ortiz com a Corrientes, a dois passos da estação Malabia da linha B do metrô.

O atendimento nos cafés e padarias não é, como direi, paulista. Os garçons não estão sempre a postos, não atendem rapidamente e, na verdade, não parecem ter pressa pra nada. Pode ser porque os 10% venham em nota separada e sejam, realmente opcionais (no Brasil, convenhamos, são quase obrigatórios), mas esse descaso acaba caindo bem, já que você pode usar o wi-fi gratuito do estabelecimento (o único lugar em que entrei e não tinha wi-fi foi o Havanna Café) sem pressa e sem sentir qualquer obrigação de consumir.

Não pode faltar uma parada na sorveteria Freddo (se não tiver tempo, peça do hotel que eles entregam). Todos os sabores que provei eram deliciosos, mas o de doce de leite é coisa de outro mundo.

Quanto à alta gastronomia, Buenos Aires concentra em Palermo a maior parte dos seus restaurantes internacionais. A Recoleta também conta com bons representantes e, claro Puerto Madero é visita obrigatória. A região não conta com tantos restaurantes – oito ou nove, talvez -, mas todos têm comida e atendimento de primeira, além de uma linda vista para o rio da Prata. Consegui comer sem fazer reserva no Bahia Madero, mas talvez tenha dado sorte, já que era cedo para os padrões dos argentinos. Às oito da noite, quando cheguei, o restaurante estava quase vazio. Saí depois das dez, e aí a casa já estava bem movimentada.

Os preços das refeições continuam muito favoráveis aos brasileiros (até McDonalds é mais barato por lá). No Bahia Madero, pedi entrada (uns bolinhos que de “inhos” não tinham nada, de espinafre e não me lembro mais o quê), prato principal (massa e molho com filé), sobremesa (crème brûlée), água e vinho por cerca de 75 reais.  Todos os pratos estavam deliciosos e muito (exageradamente) bem servidos.

Com este texto, encerro a viagem por Buenos Aires. A seguir: Montevidéu. 🙂

Buenos Aires – compras

Veja todos os textos sobre Buenos Aires e Montevidéu.

Quase não fiz compras em Buenos Aires, então não tenho muitas dicas para compartilhar. Preferi explorar a cidade, os museus, os parques, em vez de gastar o tempo todo em provadores. Apenas meu primeiro dia na capital argentina foi destinado ao consumo. Então, não tenho muito pra contar, mas vou fazer um esforço. 😉

Freeshop

O freeshop é realmente o ponto alto das compras em Buenos Aires. O da partida é qualquer coisa. Já tinham me dito que é grande, mas meu, é muito grande. Deixa os freeshops de São Paulo no chinelo. O da chegada em Ezeiza também é bom, mas bem menor que o da saída.

Quanto aos preços, são todos melhores que os do freeshop de São Paulo e que os da cidade de Buenos Aires. Maquiagem da MAC, por exemplo, é vendida na Calle Florida por quase o mesmo preço do Brasil; no freeshop, os produtos são entre 60% e 70% mais baratos. Perfumes também são muito mais baratos que em Buenos Aires. Fique de olho nas promoções, que podem representar preços ainda menores ou presentes bacanas junto com determinados produtos.

Dentre as marcas de cosméticos, Lancôme e Clinique valem muito a pena; MAC e L’Oreal também são bacanas. Dior e Channel são menos caras que aqui, mas muito caras ainda assim. Quanto aos perfumes, o freeshop tem trocentas marcas famosas a preços amigos.

A sessão de bebidas é enorme e os preços são ótimos (metade dos preços daqui, às vezes 25%… tinha uma promoção fantástica de Absolut), mas não me animo a carregar garrafas em viagem. Os chocolates também são variados (ah, os kitkats!) e baratos.

O freeshop de Ezeiza também tem roupas de grife, uma estante para Samsonite, outra pra Kipling, óculos (por preços ótimos), jóias, relógios e, claro, eletrônicos. Não achei que os preços de eletrônicos compensem se comparados aos do Submarino, que permite parcelamento e oferece garantia.

Foi no freeshop, voltando para o Brasil, que fiz a maior parte das minhas compras. Tive quase três horas pra passear por lá e garanto que nem fiquei entediada.

Outlets

Concentram-se na Avenida Córdoba e nas ruas adjacentes. Se quiser conhecê-los, desça na estação Malabia da linha B do metrô e caminhe umas cinco quadras em direção à Córdoba (lá saberão explicar direitinho). Vi muita modinha, bastante jeans e poucas lojas com roupas clássicas. Os preços eram bacanas, mas pouca coisa me interessou a ponto de provar. Comprei só uma jaqueta curta (spencer) por 50 reais.

A Córdoba tem uma ponta de estoque da Samsonite e outra da Primicia, e foi principalmente por isso que visitei a rua. Comprei uma mala da Primicia (que, apesar de brasileira, custa muito menos na Argentina) de tamanho médio, com quatro rodinhas 360º e compartimento principal expansível por menos de 250 reais. Uma bem semelhante estava à venda no outlet da Samsonite por 450 reais (e tinha um defeito pequeno no forro interno).

Perto da Córboda está a Calle Murilo, que dizem ser o lugar para comprar couro na Argentina. Eu até tinha intenção de ir, mas o cansaço me impediu.

A dica básica, aqui, é ir aos outlets durante a semana, quando estão tranquilos. Sábado não é dia de fazer compras, a menos que queira se aborrecer com a multidão e as filas.

A Paula fez um ótimo texto detalhando a região de outlets de Buenos Aires.

Calle Florida

Galeria Pacífico.
Galerías Pacífico.

A rua tem dezenas de lojinhas de roupas – algumas boas, outras nem tanto. Os preços são mais baratos que no Brasil, sim, mas é preciso garimpar.

As grifes reúnem-se nas Galerías Pacífico (Florida com Córdoba). Uma camiseta Lacoste é mais barata na Argentina? É: se aqui custaria 300 reais, lá custa 200, até 150. Eu continuo achando absurdamente cara, não dou valor a roupas de grife, mas pra você pode valer a pena. Em média, os preços das roupas grifadas são 30% mais baratos que no Brasil. O shopping vale a visita de qualquer forma, especialmente à noite, quando ganha uma bonita iluminação.

A maior parte dos outlets e das lojas da Calle Florida são “tax-free” (você solicita um formulário, preenche e tem cerca de 10% do valor da compra restituído quando estiver de partida, no aeroporto). As lojas de marcas estrangeiras não entram nessa: o “tax-free” vale apenas para produtos fabricados na Argentina.

A Florida tem inúmeras lojas de “couro”, mas é raro uma que tenha couro legítimo. Também guarda a loja de departamentos Falabella (próxima à Corrientes, bem bacana) e outras menos famosas, mas interessantes.

Depois das sete da noite, a rua (que, aliás, é uma peatonal, uma rua fechada para carros) fica tomada por camelôs vendendo tranqueiras chinesas, echarpes de todas as cores e artesanato. Para artesanato, recomendo dar um passeio pela feira da Recoleta, que ganha em preço e variedade.

Se você está com tempo e vontade de bater perna, vale subir duas ruas perpendiculares à Florida, a Corrientes e a Santa Fé: elas têm uma miríade de lojas de roupas e sapatos com bons preços.

E só porque eu já estava do lado, visitei o Abasto Shopping, que fica pertinho do Museu Casa Carlos Gardel. Achei as lojas bem mais pé-no-chão que as da Galería Pacífico e havia, inclusive, uma loja fantástica de sapatos de couro (pena que não encontrei a ankle boot que queria). Na frente dele, do outro lado da rua, tem uma megaloja de tênis, onde comprei um Reebok Classic por 130 reais (no Brasil, custa uns 200 – ok, às vezes menos, mas só vejo o preto e o branco por aqui; o meu é bege com um efeito marmorizado cinza).

Havanna Café

Eu me joguei na Havanna próxima ao hostel. Comprei várias caixas de alfajores e havannetes, pra consumo próprio e para presente. Os preços são menos da metade dos praticados pela rede em São Paulo. É uma ótima ideia de presente e, se você esquecer de passar lá durante a viagem, pode comprar os produtos no freeshop de Ezeiza (um tiquinho mais caros).

Tem mais dicas de compras em Buenos Aires? Conte nos comentários!

Buenos Aires – Temaikèn

Veja todos os textos sobre Buenos Aires e Montevidéu.

Embora eu goste de jardins zoológicos, não tiraria um dia inteiro para conhecer mais um, especialmente em Buenos Aires, com tanta coisa para ver. Foi a insistência da Nospheratt (obrigada! :)) que me fez pensar que, ok, podia ser uma boa ideia passar um dia no Temaikèn. Para acabar com qualquer desculpa, a agência de turismo do Hostel Suites Florida oferecia um pacote com transporte e ingresso por uns 140 pesos (cerca de 70 reais). Vai daí que resolvi passar o sábado no Temaikèn… e não me arrependi.

Viveiro pelo lado de fora.
Viveiro pelo lado de fora. Dá pra ter uma ideia de como funciona.

O Temaikèn não é somente um zoológico, é um bioparque. Agrega jardim zoológico, jardim botânico, aquário e museus de história natural e de antropologia. O forte são as aves; o Temaikèn começou justamente pelo interesse de seus donos pelas aves, que passaram a mantê-las em um viveiro normal que foi crescendo, crescendo e, por fim, transformou-se numa megaestrutura. Dentro do Temaikèn há restaurantes, lanchonetes, parquinho para a criançada, mini-fazenda… e mais de 5.000 animais do mundo todo, inclusive 2.500 aves de 200 espécies diferentes, vindas de todas as partes do mundo.

O mais bacana do parque é que você não vê as aves separadas por telas de arame; a maior parte delas está em viveiros gigantes nos quais o visitante entra e pode apreciá-las sem qualquer tipo de obstáculo. Eles são separados por continente (Eurásia, América, África e Oceania) e reproduzem a fauna e a flora do bioma original. Também há espécies que transitam fora dos viveiros.

Guepardos.
Banho de gato.

Os cuidados para recriar ecossistemas não se limitam às aves. Os colobos, por exemplo, que são primatas de origem africana, só ficam expostos à temperatura ambiente quando ela é superior a 16ºC; abaixo disso, contam com um espaço climatizado para ficarem confortáveis. Os felinos têm as maiores áreas que já vi em um zôo, com árvores, pedras e acidentes de terreno.

Aliás, os felinos são um caso à parte. Para quem tem gatos, é uma graça ver como esses parentes selvagens – e enormes – possuem o gestual e as brincadeiras dos nossos bichinhos domésticos. Os guepardos ficam separadas do público apenas por um painel de vidro de poucos centímetros. São ativos e brincalhões, fazendo a alegria dos visitantes a qualquer hora do dia. Os tigres estavam dormindo escondidos quando passei pelo espaço deles, ao meio-dia; mas às cinco da tarde estavam elétricos, brincando de emboscada o tempo todo.

Os aquários são outra parte imperdível do Temaikèn, com destaque para o de tubarões. O teto da entrada é de vidro e faz parte do aquário – você vê tubarões passando sobre a sua cabeça.

O cinema 360º tem uma pegada religiosa, mas vale a pena pelas belas filmagens e por alguns detalhes que tornam a experiência mais realista.

Sim, dá pra ver o hipopótamo mesmo dentro d'água.
Sim, dá pra ver o hipopótamo mesmo dentro d'água.

Comprar o passeio numa agência, como eu fiz, sai caro, mas é mais cômodo. A entrada para o Temaikèn custa uns 50 pesos, muito mais barato do que paguei, mas aí você tem de se virar com transporte. Não é um bicho de sete cabeças, mas é necessário pegar o a linha D do metrô até a Plaza Italia (em Palermo) e de lá pegar um ônibus para o Temaikèn, que fica na cidade de Escobar, a uns 50 quilômetros de Buenos Aires. Eu preferi pagar mais caro pela comodidade.

É passeio para o dia inteiro mesmo – o Temaikèn abre às 10 da manhã e fecha às 18 horas (19h no verão), e posso garantir que vale a pena chegar cedo e sair tarde. Eu sei, se a viagem é curta fica difícil tirar um dia inteiro só para o parque, mas vale anotar a sugestão e, se não usá-la na primeira viagem, guardá-la para a próxima.

Dica: se quiser comprar lembranças na loja do Temaikèn, faça-o cedo. Após as 17 horas, o lugar fica tão lotado que só com paciência chinesa dá pra comprar algo. A loja tem as lembranças de praxe – canecas, postais, camisetas e afins – e outras coisas fofíssimas, como suricatas de pelúcia.

Veja mais fotos do Temaikèn.