Resultado do segundo ano sem comprar roupas.

Em janeiro de 2017, decidi fazer Um Ano Sem Comprar – versão 2.0.

No fim das contas, acabei comprando várias peças de roupa, a maioria para reposição ou para cobrir ausências no armário – especialmente quanto a roupas de frio. Fui para o Atacama e pro Canadá e precisava me preparar para temperaturas abaixo de zero. Assim, entraram no armário:

  • 4 casacos (2 de fleece, uma segunda camada, uma capa de chuva)
  • 3 calçados (um deles para aguentar baixas temperaturas)
  • 2 bermudas
  • 3 camisas
  • 1 calça
  • 1 saia
  • 1 blusa de frio

Apesar dessas adições, o armário realmente diminuiu porque destralhei muito. Ainda preciso me desapegar de algumas peças, mas hoje posso dizer que uso 80% do que tenho – basicamente o inverso do que acontecia em 2010, quando dei meus primeiros passos na trilha do minimalismo.

Em números, eis o guarda-roupa atual:

  • Camisas e camisetas: 38 (2016: 61)
  • Saias: 14 (2016: 18)
  • Vestidos: 16 (2016: 20)
  • Calças e bermudas: 9 (2016: 10)
  • Casacos, casaquetos, jaquetas e blazers: 17 (2016: 27)
  • Roupas de festa: 1 (2016: 1)

Total de roupas no fim de 2017: 95. Em 2016, eram 137. (Em 2012, eram 195 peças.)

Ah, os calçados. Hoje, tenho 18 pares (e apenas um deles nunca uso, mas ainda não consegui desapegar – é o único sapato de salto alto de verdade que conservo). Eram 20 em 2016 e 24 em 2012 – nunca acumulei calçados demais.

Em fotos:

Armário em janeiro de 2018. Armário em janeiro de 2018.

Armário em janeiro de 2018. Armário em janeiro de 2018.

(Alô você, que pensa que ter um armário básico significa usar apenas cores neutras: o mais importante é que as roupas combinem entre si e, claro, atendam ao seu estilo e gosto.)

Fiquei bastante satisfeita com esse balanço. As peças que comprei ajudaram a tornar meu armário mais funcional, mais útil para o meu dia-a-dia. Como resultado, fiquei mais estimulada a destralhar, sabendo que tinha roupas mais bacanas no armário que aquelas que iam embora. Assim, não cumpri o objetivo de ficar um ano sem comprar, mas consegui cumprir a meta de chegar em dezembro de 2017 com 100 peças de roupa.

Uso todas as roupas? Claro que não. Como disse acima, uso umas 80 – numa estimativa otimista. Talvez menos que isso. Com um pouco de empenho, poderia destralhar mais, mas confesso que, no momento, não estou com vontade. Minimalismo não é uma aposta pra ver quem tem menos coisas. Minimalismo é ter apenas coisas que você curte e usa. Hoje, meu armário está nesse ponto. Se isso mudar no futuro, desapego mais.

2017 foi o ano em que mais destralhei, definitivamente, e isso não se aplicou somente a roupas. Destralhei muito papel, recordações, cds, dvds, itens de cozinha, até móveis. Há uns seis meses venho destralhando com mais intensidade porque em breve pretendo mudar de endereço novamente. A última mudança foi em junho de 2016 e fiquei impressionada com o tanto de coisas acumuladas entre 2012 (a mudança anterior) e 2016. O plano é que a mudança de 2018 tenha metade do volume da de 2016.

O mais interessante é que não sinto falta de nada que deixei ir embora em 2017. A gente realmente acumula muito mais do que precisa.

Um Feliz 2018 pra você, com menos coisas e mais alegrias!

Razão nº 87.237 pra não valer mais a pena pedir a Nota Legal

Eis o que recebi dia desses da Secretaria de Estado de Fazenda do Distrito Federal, referente a diversas contestações de notas fiscais que fiz contra a mesma empresa:

Informamos que devido à não regularização do documento fiscal pela empresa e da finalização dos procedimentos de fiscalização, a reclamação foi concluída.

Comunicamos, ainda, que a SEF/DF não está autorizada a informar o motivo da não geração do crédito ao consumidor, por envolver informação da empresa emitente protegida pelo sigilo fiscal.

Observe: a empresa não regularizou os documentos fiscais, eu não recebi o crédito e o Governo do Distrito Federal, vulgo GDF, não me deu qualquer explicação a respeito, alegando “sigilo fiscal”.

O valor envolvido não era pequeno. As notas fiscais somadas totalizavam quase dois mil reais.

Além disso, essas notas foram emitidas em junho de 2012. O GDF mandou o comunicado acima em maio de 2014. Ou seja, levou quase dois anos para prestar alguma satisfação (pífia, ainda por cima).

Essa é uma das várias razões pelas quais não vale mais a pena pedir Nota Legal. Depois que o GDF incutiu o hábito nos cidadãos, preferiu adotar a política do “se vira aí”, dificultando ao máximo o recebimento dos créditos e minimizando os benefícios. Senão, vejamos algumas das modificações introduzidas nos últimos anos:

  • É necessário ir à Secretaria de Receita entregar pessoalmente, de tempos em tempos, as notas e cupons fiscais contestados e não regularizados pelas empresas. O que sempre foi ruim ficou pior, com a exigência de se juntar cópia de todos os cupons (no início essa exigência era restrita apenas às notas fiscais, que são bem mais raras no dia-a-dia) e com o encurtamento do prazo que o cidadão tem para comparecer, uma vez notificado.
  • O consumidor será notificado por email (e quem não tem ou não usa?) para apresentar os comprovantes fiscais, terá que imprimir uma declaração (e quem não tem impressora?) e dirigir-se a uma das raras agências de atendimento espalhadas pelo DF (nove no total – no plano piloto e adjacências, só há uma – e o gasto de passagem ou combustível?), que só funcionam de 12h30m a 18h30m, nos dias úteis (e quem trabalha nesse horário?).
  • O montante de créditos repassado ao consumidor caiu drasticamente, graças a mudanças que atingiram, principalmente (mas não com exclusividade), compras em supermercados, um dos gastos principais das famílias. Em 2014, os consumidores receberam de volta metade do valor que obtiveram em 2013, ou até menos. E isso depois de ter a trabalheira acima. Se o consumidor não se der ao trabalho de guardar notas e cupons, fazer as reclamações online e apresentar os comprovantes no prazo, recebe uma fração desse valor.
  • Nem vale a pena mencionar como a instabilidade do site dedicado ao Nota Legal aumentou.
  • O tempo para avaliar as contestações é enorme. Não raro, o GDF pede ao consumidor um cupom fiscal que foi emitido há mais de um ano.
  • Outras vezes, demora dois anos, como no caso acima… e sai-se com essa resposta mequetrefe.

Continuo pedindo a Nota Legal (e ainda atualizo a lista de estabelecimentos que fazem os lançamentos regularmente), mas não perco mais meu tempo e dinheiro apresentando os comprovantes quando as empresas não fazem a parte delas. Aliás, algumas que costumavamlançar tudo direitinho estão parando de fazê-lo – provavelmente porque já perceberam que o GDF não fiscaliza e que os consumidores não têm mais paciência pra desempenhar uma função que, afinal de contas, é do governo.

Se o GDF quer que os cidadãos trabalhem pra ele, deveria ao menos facilitar-lhes o processo – e remunerá-los adequadamente. Ou, pra usar um ditado popular (muitas vezes citado em contexto negativo): quem quer rir, tem que fazer rir.

Um Ano Sem Comprar – Novembro

Penúltimo mês do Ano Sem Compras. Achei que tinha enfiado o pé na jaca mas, em retrospectiva, não foi tão ruim. É fato, porém, que fiz minha primeira compra pessoal (não para a casa) e desnecessária (sem qualquer justificativa) do ano. E tão perto do fim…

Pra início de conversa, comprei dois sapatos. Eu sei, com isso já são quatro sapatos novos nesse semestre. Só que três pares saíram do meu armário direto para o lixo (um em setembro, e dois em novembro, depois dessa compra), outro foi doado e é bem provável que mais um seja passado adiante antes do fim do ano. Então, nada de acúmulo.

O lance é que começaram as chuvas em Brasília e esse ano vieram turbinadas. Destruí dois pares de sapatos por causa delas. Certo, já eram pares velhos mesmo, provavelmente em janeiro de 2013 eu os passaria adiante, mas a chuva acelerou o processo (e tornou inviável qualquer possibilidade de doação, foram pro lixo mesmo). Aí, para não perder outros sapatos, comecei a procurar umas galochas… e meu, são todas horríveis, ou caras, ou ambas as coisas.

Então, a última opção foi a Melissa. É isso aí, sapatos de práááástico.  Com todas as suas desvantagens e críticas, uma coisa é inegável: são perfeitos para dias de chuva.

A Melissa tem uma coleção de botas que nunca vem pra Brasília, mas consegui encontrar numa loja online – e, como são da coleção passada, estavam com belos descontos. Comprei a preta (que a Melissa chama de “prata night”, mas enfim) por 100 reais. Combina com tudo e funciona perfeitamente como uma galocha, com a vantagem de ser bonitinha:

Melissa Protection Prata Night Metalizada
Melissa Protection – o nome é bem apropriado.

E comprei a vermelha porque, bem, achei linda e estava por 80 reais e eu amo vermelho e lembra que perdi dois pares de calçados pra chuva?

Ankle Boot Tricot Vermelho Rio
Ankle Boot Tricot Vermelho Rio.

A vermelha esquenta bastante por causa do acabamento em tricô, por isso usei só uma vez até agora. A preta é usada pelo menos uma vez por semana desde que chegou.

Também comprei um leave-in pros cabelos. Meu último frasco tinha acabado há pouco mais de um mês e eu estava sentindo falta. Em vez de comprar um de 20 reais, comprei o SH-RD Protein Cream, que namorava há anos, e devo dizer que vale cada centavo. Além de nutrir o cabelo, dar brilho e acabar com o frizz,  o creme (que tem textura de pomada) tem um cheirinho delicioso e rende horrores.

A grande extravagância do mês, a compra injustificável do Ano Sem Comprar custou bem mais barato e me causou uma crise de consciência:

O tiro de misericórdia.
O tiro de misericórdia.

Paguei 15 reais por esse colar lindo no Bazar Animal Chique, organizado pela SVPI – Salvando Vidas Protetores Independentes. A SVPI recebe doações de produtos novos ou seminovos e vende por preços baixos para arrecadar dinheiro e tratar dos animais que protege. Um colar como esse custaria mais de 100 reais numa loja qualquer. É exatamente o meu estilo, tem cores que amo, combina com muitas das minhas roupas roupas e está impecavelmente novo. Junte-se a isso a desculpa de que “ah, é por uma boa causa, o bazar é pra arrecadar fundos etc. etc. etc.” e pronto, não consegui resistir.

Já tinha doado alguns colares para esse mesmo bazar, mas ainda assim cheguei em casa e separei mais um para doação para aliviar minha consciência. Sei que foi uma pechincha e que vou usar bastante o novo colar, não vai ficar encostado pegando poeira. E eu não teria outra chance de comprá-lo, porque não se trata de produção em série (esses colares são feitos artesanalmente, por isso são caros) ou de uma loja comum. Todo esse discurso serviu para lutar contra o desapontamento por ter burlado oAno Sem Comprar tão perto do final.

Leia os outros relatos mensais no fim do texto de abertura deste projeto: Um Ano Sem Comprar – Um Ano Sabático.