Como planejo minhas viagens

A forma como organizo minhas viagens tem mudado ao longo do tempo, e pretendo que mude ainda mais, porque quero fazer viagens mais espontâneas, aproveitando promoções de passagens pelo Brasil e pelos países vizinhos.

Por outro lado, quando a viagem é para um destino caro (como a Europa), meu planejamento é detalhado e vai continuar assim, para que a viagem caiba no orçamento e para aproveitar o destino ao máximo.

Para rascunhar destinos

Dou uma busca no google, mas sempre acabo voltando a esses blogs para ler sobre viagens sonhadas ou em etapa de planejamento:

Desde 2020, uso o notion para salvar posts interessantes; até 2022, usei também o evernote, que abandonei por várias razões, mas tem uma curva de aprendizado mais simples que o notion.

Tem muito material em português (em texto e vídeo) ensinando a usar o evernote e o notion. No caso do notion, o melhor sem dúvida é começar com um template e ir modificando conforme a necessidade. Há templates (gratuitos e pagos) para quase tudo que você imaginar, inclusive planejamento de viagens.

Em 2024, comecei a usar um template sensacional: WanderNote: Ultimate Travel Planner. O template é bem detalhado e há tópicos que não uso (e apago pra não ocuparem minha atenção à toa). Tenho várias viagens em diferentes estágios de planejamento (algumas têm só o nome do destino, nada mais).

Uma coisa muito legal de usar o notion é que dá pra publicar o template na web (em uma página não acessível pelo google e não editável por terceiros), de modo que você pode compartilhar todas as suas atividades, os endereços de hospedagem, os dados de transporte etc., com alguém que não esteja viajando, para uso em caso de emergência.

Outro serviço que não dispenso é o Google Calendar (Agenda). Quando a viagem é mais longa (mais de uma semana), crio uma agenda só para ela e vou lançando tudo que tem data fixa conforme vou reservando – hospedagens, passagens, ingressos de teatro etc. Na descrição de cada evento, coloco o link do evento, ou endereço, ou detalhes do vôo/passeio etc. Ter tudo na agenda facilita o planejamento para evitar choques de horários e facilita quando já estou no destino, para recuperar rapidamente as informações mais importantes.

Quando tenho tempo, crio um mapa o Google Maps. Nos meses que antecedem a viagem, vou jogando tudo que quero ver, lugares bacanas para comer e por aí afora; durante a viagem, posso consultar na hora e aproveitar que já estou perto de um lugar para visitar outro, por exemplo.

Passagens aéreas

Para pesquisar preços:

  • Google Flights: crio alertas para os períodos pretendidos (ou apenas para o local pretendido, quando não tenho datas rígidas)
  • Melhores Destinos: tenho o app no celular e recebo a newsletter no email
  • Passageiro de Primeira: grupo grátis de whatsapp e newsletter

Acho bacana acompanhar o MD e o PP para ter uma ideia das promoções possíveis e das melhores janelas de compras. Para viagens internacionais, tenho notado que comprar passagens com uma antecedência de 6 meses é uma boa política; para viagens nacionais, a melhor janela está entre 1 e 3 meses.

Para comprar passagens: compro direto no site da companhia aérea, mesmo que seja mais caro que usar um intermediário.

Hospedagem

Para fazer uma pesquisa de preços de hotéis, Trivago. é uma boa, mas não confio em alguns intermediários que ele indica.

Como uso o Booking.com (que é confiável)  há muitos anos, tenho descontos pelo programa de fidelidade e dificilmente outro intermediário é vantajoso para mim. Dá pra ganhar cashback acessando o Booking via Meliuz (mas verifique se o preço da hospedagem se mantém, às vezes fica mais caro pelo link do Meliuz; isso vale para qualquer programa externo de cashback); em algumas ações promocionais, o Booking oferece cashback dentro do próprio site, para uso nos próximos meses.

Antes de reservar via Booking, vale a pena conferir se o hotel tem site e sistema de reservas próprio. Em alguns casos, reservar direto no site sai mais barato e/ou gera algum agrado, como café da manhã incluído.

Sempre vale a pena dar uma olhada no AirBnB para reservar apartamentos/flats, especialmente se você está planejando uma viagem com muita antecedência: é possível encontrar lugares excelentes por um preço muito bom. Como há cobrança de taxa de limpeza, o AirBnB costuma não valer a pena para hospedagens muito curtas, mas acima de 5 noites começa a ficar interessante. O Booking também oferece apartamentos/flats, mas geralmente há poucas opções e poucas avaliações de usuários.

Quando planejo uma viagem para algum lugar muito turístico gosto de reservar o mais cedo possível e, desde a pandemia, escolho hospedagens que permitem cancelamento grátis até alguns dias (ou semanas) antes da data reservada. No caso da viagem à Itália (setembro de 2025), comecei a fazer as reservas em dezembro, bem antes de comprar as passagens aéreas. Escrevo esse post em maio, 4 meses antes da viagem e, agora que tenho as passagens, estou revendo as hospedagens: precisei alternar a ordem de visitação de duas cidades (cancelei as reservas e fiz outras, em ambas consegui preços menores) e encontrei hospedagem mais barata em outra (sem cancelamento grátis, mas a essa altura do campeonato achei que valia a pena arriscar).

Passeios

Para descobrir o que fazer em um destino ou para saber mais detalhes sobre os passeios, inclusive com avaliações de viajantes, o TripAdvisor é excelente. Também uso bastante o TripAdvisor durante a viagem para descobrir onde comer.

Para reservar passeios com guia, o TripAdvisor e o Viator são ótimos. Ambos cobram comissão do prestador de serviço, portanto vale a mesma dica que dei ao falar do Booking verifique se a agência de turismo tem site próprio e faz venda direta, o preço pode ser mais em conta.

Em alguns casos, o passeio anunciado no TripAdvisor ou no Viator exige pelo menos 2 pessoas para a reserva. Se você está viajando só, pode tentar entrar em contato diretamente a agência para pedir um encaixe (às vezes funciona).

O TripAdvisor dá cashback via Meliuz e o Viator tem um programa próprio de cashback.

Já tive problema com um transporte aeroporto-hotel que contratei pelo Viator, e ele me reembolsou.

O Civitatis é outro intermediário, mas nunca usei para passeios pagos, apenas para free walking tours: passeios a pé com um guia por rotas turísticas pré-estabelecidas, com duração entre uma e três horas; o pagamento é feito ao final, dando-se uma “gorjeta” ao guia (o valor sugerido varia entre 5 e 20 dólares).

Ao contratar um passeio por meio de um intermediário, verifique as avaliações dos viajantes e certifique-se (tanto quanto possível) da qualidade e confiabilidade do prestador de serviço.

Esse é um panorama geral sobre como organizo minhas viagens. Dá trabalho? Depende do ponto de vista: para mim, seria muito estressante deixar tudo para cima da hora. Prefiro fazer aos poucos, com tempo. Assim, já começo a viajar meses antes de chegar ao destino.

Como você planeja suas viagens? Tem outras dicas?

No meu tempo…

Antigamente dizia-se que o Brasil tinha [número de habitantes aqui] de técnicos de futebol porque todo mundo se achava no direito de dar pitaco em toda escalação, lance, competição etc.

Hoje são 200 milhões de juristas, 200 milhões de pedagogos, 200 milhões de cientistas políticos… semana passada, tínhamos 200 milhões de papologistas:15 minutos depois de anunciado o novo papa já havia quem cravasse que o papa é de direita, ou de esquerda, ou de centro, ou progressista, ou conservador, ou defensor do MAGA, ou fã da teologia da libertação, ou comunista, ou vendido ao capitalismo…

A internet amplifica e cristaliza os pitacos como a mesa de bar nunca foi capaz de fazer. No boteco, pelo menos ouvíamos as opiniões contrárias dos amigos; na internet, ficamos trancados nas bolhas das redes sociais. Tenho a impressão que a polarização política piorou esse fenômeno, mas também pode ser que as bolhas tenham piorado a polarização política. Tostines é fresquinho porque vende mais, ou vende mais porque é fresquinho? Faz alguma diferença?

A era de ouro dos blogs era mais parecida com a proverbial mesa de bar do que com a conformação atual das redes sociais. Sem algoritmos, as afinidades surgiam de forma orgânica e as bolhas eram de sabão, não de blindex. Os trolls eram poucos e devidamente ignorados. Os textos eram mais leves, as opiniões não pareciam gravadas nas tábuas das salvação.

“No meu tempo é que era bom”. Ah, o saudosismo. Já cheguei nessa fase da vida. Volta e meia tento ressuscitar o Dia de Folga, mas a certeza de que “nada será como antes” somada à impressão de que ninguém mais lê um texto construído em parágrafos me fazem sempre desistir.

Aí apareceu o substack e alguns blogueiros das antigas migraram para lá. Na falta do google feeds ou do feedburner (eles sim é que eram bons… ops), o email funciona como um substituto decente para ler textos bacanas que lembram os posts da saudosa (ops, fiz de novo) blogosfera raiz.

Tudo isso pra dizer que criei um substack.

A ideia é postar textos que eu publicaria no Dia de Folga em seus tempos áureos, ou no instagram/twitter/facebook/bluesky/insira-aqui-sua-rede-social quando eu ainda achava que valia a pena postar neles. A vantagem, pra você, é receber os textos na comodidade do seu email para ler quando (se) quiser; para mim, é poder me iludir pensando que alguém está, de fato, lendo o que escrevo, sem a barreira dos algoritmos ou a frustração das rolagens infinitas.

Não vou definir metas de periodicidade ou de conteúdo. Quando eu atingir a meta, dobrarei a meta.

Como o substack pode desaparecer a qualquer momento, os textos também serão publicados no Dia de Folga, em uma espécie de backup.

Bora ver se funciona? Bora.

Peru 2025 – dicas e links úteis

Para planejar a viagem: blog Viaje na Viagem. O Ricardo Freire dá um roteiro detalhado e dicas valiosas sobre quando ir, quantos dias ficar, o que fazer, onde se hospedar, que circuitos de Machu Picchu escolher etc.

Para pesquisar e contratar hospedagem: Booking.com. Há vários sites de reservas, mas nem todos são idôneos. Nunca tive problemas com o booking.com. Vale a pena também verificar se o hotel tem site próprio e se nele oferece um preço melhor ou alguma outra vantagem, como café da manhã incluído na diária. Hospedagens contratadas nessa viagem:

Em Lima, reservei um apartamento no AirBnB.

Para pesquisar e contratar passeios: Viator, mas vale a pena pegar o nome da empresa de turismo na página do passeio e pesquisar pra ver se tem site próprio e se o preço é melhor. Contratei os seguintes:

Para pesquisar passeios e atrações turísticas, verificar as avaliações dos viajantes e contratar diretamente ou pela página da empresa de turismo: TripAdvisor. Foi lá que descobri a degustação de vinhos; no TripAdvisor, não era possível contratar só para uma pessoa, mas mandei um email para a agência e consegui.

O boleto turístico é imprescindível para conhecer os museus de Cusco e as ruínas do Vale Sagrado. O site oficial explica os tipos de boleto. O recomendável é comprar o geral, que dá acesso a todos os sítios arqueológicos durante dez dias. A compra deve ser feita ao se visitar a primeira atração, ou na Cosictuc (no centro de Cusco). Agentes de viagens vendem o boleto com ágio, não vale a pena.

Os ingressos para Machu Picchu devem ser comprados no site oficial com a máxima antecedência possível. De manhã, fiz o Circuito 1-B (panorâmico); à tarde, fiz o Circuito 2-A (pela cidadela); na prática, o controle existe para acessar a rota 1 (sem discriminar entre A ou B; a A inclui o Puente Inca, que estava interditado quando fui) ou a rota 2 (sem discriminar entre A ou B).

Se não conseguir comprar os ingressos no site, é possível concorrer a um sorteio na véspera no prédio do Ministério da Cultura em Aguas Calientes.

Não é necessário contratar guia para entrar no sítio arqueológico. Sabe-se muito pouco sobre Machu Picchu. O guia poderá apresentar hipóteses, mas nada é comprovado. Recomendo fazer o passeio sem guia para ter tempo e liberdade de tirar fotos e contemplar as ruínas. Você pode ler antes da viagem sobre os incas, ou valer-se de passeios guiados pelas outras ruínas (em Lima, Cusco e no Vale Sagrado), e chegará em Machu Picchu com informação mais que suficiente para desfrutar do passeio.

O deslocamento até Aguas Calientes (que atualmente prefere ser chamada de “Machu Picchu Pueblo”) é feito de trem (alta temporada) ou de ônibus+trem (baixa temporada). As empresas são a Inca Rail e a PeruRail. Comprei as passagens online no site da PeruRail, sem necessidade de trocar os vouchers eletrônicos na bilheteria (aparentemente, no caso da Inca Rail a troca é necessária). Viajei de classe econômica. O trem é bem confortável e o transbordo para o micro-ônibus é tranquilo, feito com a orientação e acompanhamento de uma funcionária da companhia.

De Aguas Calientes a Machu Picchu, o trajeto é feito em micro-ônibus. Comprei no site da única operadora, a Consettur, mas é possível fazer a compra no local, na véspera. Já tendo a passagem, é importante chegar ao ponto de embarque pelo menos 40 minutos antes do horário marcado para entrar em Machu Picchu.

Restaurante em Aguas Calientes: há dezenas, escolhi o Pueblo Viejo e depois descobri que é o número 1 no TripAdvisor.

Um guia comentou que o Banco de la Nación não cobra comissão para saques em pesos efetuados no caixa automático. não cheguei a testar. O BCP cobra 36 soles (independentemente do valor do saque).

Se você vir um prato com coxinhas de galeto bem moreninhas, atenção: é cui (porquinho-da-índia).

Livro: Mulheres não são chatas, mulheres estão exaustas

Livro da vez: Mulheres não são chatas, mulheres estão exaustas, de Ruth Manus.

Em linguagem simples e bem-humorada, a autora discorre sobre as dificuldades de ser mulher, os obstáculos na família e no mercado de trabalho, as cobranças, pressões e sentimentos de culpa e, claro, o machismo que permeia tudo isso.

Não há muita coisa no livro que eu já não soubesse, por outras leituras ou pelas vivências (minhas e de outras mulheres), mas ainda assim foi uma leitura muito proveitosa – primeiro porque o discurso é organizado e claro, e às vezes falta-nos essa clareza para analisar o mundo ao redor; segundo pela sensação reconfortante de não estar sozinha.

Como defende a autora, precisamos de mulheres nas nossas vidas para sobreviver ao dia-a-dia.

Recomendo para quem acredita que o feminismo é uma questão boba, sem importância e/ou superada. 5 estrelas