Peles, trabalho escravo e as nossas decisões de consumo.

Você deve se lembrar do escândalo envolvendo a Marisa e o uso de mão-de-obra escrava para a confecção das roupas que ela vende. Não existe almoço grátis: para as lojas de fast-fashion venderem barato, alguém está pagando caro com a própria saúde, a própria infância, a própria dignidade.

Ai, você poderia pensar que redes de fast-fashion que cobram um pouco muito mais por suas roupas têm uma linha de produção justa, mas a Zara já provou que não é bem assim.

Na onda da recente polêmica sobre o uso de peles por algumas blogueiras (o que me espanta de verdade é que isso seja uma questão polêmica), a Blogueira Shame listou várias marcas famosas, caras e badaladas que usam peles em suas roupas: Miele, M. Officer, Ellus, Shop 126, Daslu etc.

Aí, a gente pára e pensa: “cacilda, é impossível comprar uma mera peça de roupa sem ter uma crise de consciência?!”.

Olha, não é impossível, mas fica cada vez mais difícil, graças à enorme quantidade de informação a que temos acesso hoje em dia. A ignorância é uma bênção: era tão mais simples quando não sabíamos como os animais são cruelmente mortos para a confecção de casacos de pele, ou como crianças são exploradas pra você poder consumir as roupas da estação por um preço baratinho…

O lance, então, é sair por aí pelada?

Hum, a menos que você queira visitar a delegacia, essa não é uma boa ideia.

O lance mesmo é repensar o consumo e, principalmente, o consumismo. Você precisa comprar cinco novas peças de roupa toda semana? Ou duas? Ou uma?

Você precisa realmente seguir a última tendência pra ser feliz?

Você precisa de trocentos pares de sapatos e zilhões de produtos de maquiagem? Ou de um celular novo a cada seis meses?

A gente precisa consumir, claro. É impossível viver sem causar impacto ambiental (e, por favor, meio ambiente não é só floresta; também inclui o meio urbano). Pra complicar a guerra, quase tudo que consumimos tem embutido o trabalho semi-escravo asiático, desde o estojo de sombras até o computador de que você precisa pra trabalhar.

Mas dá pra ser feliz consumindo menos e refletindo sobre as nossas escolhas.

Ou você pode simplesmente enfiar a cabeça na terra e fingir que não sabe de nada – de preferência, cobrindo-se com um casaco de pele.

eCycle – portal voltado para a sustentabilidade.

Você conhece o eCycle? Trata-se de site que reúne um bocado de informações para um dia-a-dia mais sustentável – ou, por outra, para uma pegada de carbono mais leve.

O portal é bem completo. Na sessão Pegue Leve encontrei vários artigos interessantes: você sabia que uma máquina de lavar louças economiza água pra caramba? Eu não fazia ideia. Em Atitude há dicas de como economizar recursos com pequenas mudanças (algumas bem fáceis, outras nem tanto – fazer sabão em casa, por exemplo, é algo que nem cogito); a categoria Eco-design traz ideias criativas de uso de materiais renováveis e reaproveitamento.

Vale a pena passear pelo site todo, mas o que mais me atraiu foi a ferramenta para pesquisar postos de reciclagem. Você digita o CEP da sua casa, escolhe o que deseja reciclar e o portal apresenta aos postos mais próximas com a ajuda do Google Maps. Quer reciclar três ou quatro tipos diferentes de objetos? Não precisa fazer novamente todos os passos inciais – basta navegar pela lista ao lado e o mapa vai mudando conforme o item selecionado.

Postos de reciclagem de vidro em Brasília.
As possibilidades de reciclagem são inúmeras.

Fica a dica para quem se preocupa com o meio ambiente e entende que, se cada um fizer alguma coisa prática no seu dia-a-dia, o meio ambiente agradece e a nossa qualidade de vida também.

Folgando na Rede # 25

Rede arco-írisDicas para quem quer ser escritor. Uma compilação em homenagem ao Dia do Escritor, comemorado amanhã, 25 de julho.

Kindle, imunidade tributária e mandado de segurança: breve roteiro e modelo de petição inicial. O advogado Marcel Leonardi obteve sentença judicial que afasta a incidência do imposto de importação sobre o kindle e compartilhou a petição inicial e uma série de dicas valiosas para quem quiser fazer o mesmo.

78 dicas de fotografia para idiotas. Ou para distraídos. Ou pra gente com pouca intimidade com a câmera fotográfica. Dica da @adachivers.

Como seria sua vida sem internet? Olha como faltaria graça na sua vida. Isso pra não mencionar as inúmeras questões sobre a vida, o universo e tudo mais, que só São Google responde.

11 meios de fracassar como blogueiro. O texto é divertidíssimo, mas preste atenção: é verdadeiro também. Se você faz duas ou mais coisas da lista, pode considerar-se um blogueiro fracassado. Dependendo de qual seja o item, um só basta.

Pão de Açúcar reciclará celulares e baterias da Nokia. Por enquanto, só em São Paulo, Fortaleza e Salvador. Tomara que a iniciativa chegue a outros estados.

Traduzindo os emoticons do MSN: guia completo. Sinceridade é tudo.

Teoria das cores na hora de fazer a maquiagem. Não uso essas dicas a ferro e fogo, mas o texto está bem claro e com dicas interessantes – vale a pena conhecê-las.

Porto de Galinhas: passeios

Sim, passeios no plural. Porto de Galinhas vai além das famosas piscinas naturais.

Cachoeira
Cachoeira do Urubu

Foi uma grande surpresa descobrir, por exemplo, que há cachoeiras de fácil acesso (detalhe fundamental para mim, que não sou nada aventureira), como a do Urubu, a cerca de uma hora de carro de Porto. O caminho pode ser percorrido de jipe, como fizemos no Porto Cai na Rede. Wrademir foi nosso motorista e alegrou a viagem. Fizemos três paradas para apreciar as lindas paisagens, tomar banho na Cachoeira da Purificação e comer um almoço caseiro delicioso num restaurante na Cachoeira do Convento (valeu, Nosphie, pelos nomes dos locais!).

Engenho Canoas
Moenda do Engenho Canoas

A história do Brasil está por toda a parte no litoral de Pernambuco (quem não se lembra das invasões holandesas e da Batalha dos Guararapes, marco da formação do povo brasileiro?) e o Engenho Canoas, datado de meados do século XIX, está lá pra confirmá-la. O engenho funciona até hoje, prega a sustentabilidade e produz rapadura e cachaça.

Também vale visitar a Praça do Baobá, no distrito de Nossa Senhora do Ó. No centro da praça, a árvore que lhe dá nome ergue-se majestosa, ostentando cerca de 200 anos e um tronco de mais de quatro metros de diâmetro. Ao redor, bancas de artesanato local enchem os olhos de cores.

Praça do Baobá
Galinhas na Praça do Baobá

Aliás, quem curte artesanato deve reservar um tempinho e passar pelo ateliê do artista Carcará, responsável pela identidade visual entre Porto e as galinhas que lhe dão nome. Entalhadas em troncos de coqueiro de 1,60 m. de altura, elas alegram a vila. No ateliê dá pra comprar galinhas menores para levar de lembrança, além de quadros com outros temas feitos em madeiras que iriam para o lixo, num belo trabalho de reciclagem.

Agora, não tem jeito mesmo: o forte de Porto de Galinhas são as praias. Quem pensa que é preciso sair do Brasil para conhecer cenários paradisíacos está muito, muito enganado.

Muro Alto
Tranquilidade em Muro Alto

O passeio mais clássico da região é para conhecer, mergulhar e relaxar nas piscinas naturais lotadas de peixes multicoloridos. Convém ir de jangada na primeira vez, para aprender que não se deve pisar nos ouriços (são venenosos)  e que lugares cercados devem ser respeitados em nome da preservação ambiental. O jangadeiro empresta máscara de mergulho, mas, se puder, leve seu jogo de máscara e snorkel para ver os peixinhos com mais tranquilidade (evite as nadadeiras, ou “pés-de-pato”, pois podem danificar os corais).

Ao norte de Porto de Galinhas fica Muro Alto, com águas calmas e rasas protegidas por um paredão de corais. Há bem menos muvuca por lá e os hotéis à beira-mar são uma excelente opção para quem quer sossego. Claro está que o turista pode aproveitar a faixa litorânea mesmo se não estiver hospedado num dos hotéis.

Pontal de Maracaípe
Pôr-do-sol em Maracaípe

Já ao sul de Porto, a natureza reserva ondas dignas de surfe em Maracaípe, onde chegamos de bugue (a outra opção é caminhar pelas praias). Lá, o bacana é pegar uma jangada, passar pelos manguezais e conhecer o Projeto Hippocampus, que permite que os turistas vejam os cavalos-marinhos bem de perto e tenta, ao mesmo tempo, controlar o impacto ambiental dessas visitas, conscientizando os jangadeiros sobre quão frágeis são esses animais. O pôr-do-sol na região é um espetáculo à parte.

A Praia dos Carneiros, também ao sul de Porto de Galinhas, é um verdadeiro cartão postal: mar azul de um lado, coqueiros de outro, uma faixa de areia branquinha no meio, sombra e água de coco fresca. Chegamos de catamarã e aproveitamos pra beliscar camarões, patolas e casquinhas de caranguejo num dos botecos locais. A água do mar é muito tranquila (embora mais funda) e quase sem correnteza, pra lá de relaxante.

Praia dos Carneiros
Chegando à Praia dos Carneiros

Porto de Galinhas, quem diria, também tem vida noturna. Não conheci o bar Santeria, mas quem foi adorou a banda de rock, atração dos sábados à noite. O local conta com um mezanino refrescado pela brisa do mar. Ah, se arrependimento matasse… quem mandou ficar no hotel?

Bem, quem mandou foi o cansaço. Foram quatro dias intensos, entre percursos nem sempre curtos e muita coisa pra ver. Se você quiser conhecer todas essas maravilhas, reserve uns seis dias e faça tudo com calma, enchendo os olhos de belezas e os pensamentos de histórias pra contar.

Endereços dos pontos citados: Porto de Galinhas: serviço.