Pumpkin Spice Latte feito em casa

Em 2003, a Starbucks inventou um bebida sazonal chamada pumpkin spice latte, depois copiada por outras cafeterias. Na Starbucks, é vendida durante o outono do hemisfério norte, aproveitando a estação das abóboras por lá, consagrada em enfeites de Halloween.

O engraçado é que originalmente nem ia abóbora na bebida: o nome vem de uma mistura de especiarias (canela, gengibre, noz-moscada e cravo – algumas variações incluem cardamomo e pimenta-da-jamaica) usada para fazer torta de abóbora e por isso conhecida como pumpkin pie spice mix.  Só a partir de 2015 a Starbucks começou a adicionar purê de abóbora na receita para substituir os corantes artificiais.

Nas lojas do Brasil, a bebida chegou apenas em 2019 e achei mais doce que a original. Não sei se mudaram a fórmula, se o atendente exagerou na quantidade de calda ou se a falta do frio e das árvores avermelhadas afetou meu paladar. Mesmo assim gostei, e repetiria a dose esse ano, não fosse pela pandemia.

Vai daí que comecei a pesquisar receitas na internet, testei algumas, modifiquei todas e cheguei a uma receita pela qual estou apaixonada. Se você quer matar a saudade da bebida ou se quer matar a curiosidade, essa é sua chance.

Ingredientes

  • 120 gramas de purê de abóbora (veja abaixo)
  • 240 gramas de água
  • 200 gramas de açúcar ou xilitol (usei xilitol)
  • 10 gramas de pumpkin pie spice mix (veja abaixo)

Preparo

O purê de abóbora

Asse uma abóbora em forno médio por uma hora (não precisa pré-aquecer o forno). Ao cortar, a abóbora estará bem cozida, quase desmanchando – se você apertar um pouquinho, vira purê. Pronto, esse é o seu purê de abóbora para essa receita:  separe 120 gramas (sem casca e sem sementes, claro).

Você pode usar o restante para fazer doce de abóbora, ou purê salgado de abóbora. As sementes podem ser lavadas e, depois que secarem um pouco, torrdas com sal e páprica – viram um petisco delicioso.

Se você não quiser assar a abóbora inteira, corte o pedaço que deseja preparar e embrulhe em papel alumínio antes de levar ao forno.

Testei com abóbora cabotiá e de pescoço, mas tenho certeza de que fica boa com moranga também.

O pumpkin pie spice mix

Se quiser comprar pronto, a Bombay tem e é bom. Comprei pronto da primeira vez, depois fiz o meu assim:

  • 1 colher das de sopa de canela em pó
  • 1 colher das de chá de gengibre em pó
  • 1 colher das de chá de cravo-da-Índia em pó
  • 1/2 colher das de chá de noz-moscada em pó

Ou: uma parte de noz-moscada, duas partes de cravo, duas partes de gengibre, oito partes de canela.

O da Bombay leva canela, gengibre, noz-moscada, cravo-da-Índia e pimenta-da-Jamaica. Várias receitas norte-americanas também incluem a pimenta-da-Jamaica (que chamam de allspice por lá). Apesar do nome, essa especiaria não é ardida, mas adocicada, lembrando uma mistura de cravo, canela e noz-moscada. Como esses três ingredientes compõem o pumpkin spice mix, a pimenta-da-Jamaica acaba sendo redundante.

Minha mistura fica um pouco mais picante que a da Bombay, provavelmente uso mais gengibre que eles.

As medidas

Se você não tiver uma balança, pode fazer a calda guiando-se pelo volume: uma parte de purê de abóbora, duas partes de água, duas partes de açúcar/xilitol, 1 colher (sopa) de pumpkin pie spice mix.

Apesar das instruções do parágrafo anterior, você deve ter notado que não usei o mesmo peso para água e para xilitol – usei da primeira vez e, como achei muito doce, preferi diminuir ligeiramente o xilitol e aconselho que você faça o mesmo – depois de medir o açúcar/xilitol, devolva ao pacote umas duas colheres das de sopa.

Como fazer

Bata todos os ingredientes com a ajuda de um mixer (você também pode usar liquidificador, o importante é que o líquido fique homogêneo). Leve ao fogo baixo em uma leiteira ou panela pequena, mexendo de vez em quando, até ferver. Espere ferver mesmo, não apenas abrir fervura – otempo extra de fogo ajudará a apurar os sabores.

Depois que ferver, desligue o fogo e deixe esfriar totalmente. Se tiver uma peneira fina, coe para eliminar o pó das especiarias, e aproveite para descartar qualquer depósito de pó que estiver no fundo da panela. Se não tiver peneira fina, relaxe: o pó depositará no fundo do seu latte e não incomodará.

Guarde na geladeira em um pote de vidro, uma garrafa ou uma bisnaga dessas de ketchup para facilitar o uso. Sacuda/mexa antes de usar.

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Como usar

pumpkin spice latte da Starbucks leva calda, café espresso e leite vaporizado, e é finalizado com chantilly e pumpkin pie spice mix polvilhado. As proporções ficam ao seu critério – como ficam também na Starbucks, já que você sempre pode pedir mais café e mais calda.

O que eu faço leva de duas a três colheres (sopa) cheias de calda, a depender da vontade de doce no dia (cerca de 35 gramas a 50 gramas), uns 70 ml. de café espresso e uns 100 ml. de leite, que dobra de volume ao ser vaporizado (você pode conseguir efeito semelhante com um mini-mixer ou uma cremeira).

Montagem: calda no fundo da caneca, espresso por cima e depois o leite vaporizado, sem espuma em excesso. Finalizo com chantilly e pumpkin pie spice mix. Na foto, alterei a ordem da montagem para formar camadas e ficar mais fotogênico, mas os sabores misturam melhor se você como eu disse acima.

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As proporções são totalmente adequáveis ao seu gosto. Você pode, por exemplo,  fazer o latte com menos calda se usar café coado, que geralmente é mais leve que o espresso; ou pode aumentar a quantidade de leite, e inclusive dispensar o café preto totalmente, preparando uma versão aconchegante para a hora de dormir. Pode fazer uma bebida gelada – a Starbucks serve o pumpkin spice latte também na versão frappuccino – e pode usar a calda em sorvetes ou bolos. A criatividade é o limite.

  • Tempo de preparo: 1 hora de forno pra cozinhar a abóbora e uns 20 minutos de fogo pra apurar a calda
  • Grau de dificuldade: fácil
  • Rendimento: cerca de 490 gramas ou quase meio litro.

As Viagens de Gulliver

Livro da vez: “As Viagens de Gulliver”, de Jonathan Swift, leitura coletiva do #projetoexploradores, organizado por @soterradaporlivros@tinyowl.reads@chimarraoelivros e @fronteirasliterarias.

Esperava um livro infantil e, considerando que foi lançado em 1726, cheio de descrições maçantes. Fui surpreendida com um livro interessantíssimo – e para adultos.

Gulliver é um médico muito louco que se mete em muitas aventuras. Não sossega nem depois que casa e tem filhos. Conhece um país de pessoas em miniatura (o famoso Lilliput), outro de gigantes, um cuja capital é uma ilha voadora pronta a esmagar os súditos e, finalmente, um país em que os cavalos são os seres racionais.

A cada viagem, sua crença inicial nas virtudes superiores da Inglaterra é mais e mais abalada. O autor abusa da ironia em críticas mordazes ao parlamento, ao sistema de classes, ao direito, às ciências, à arrogância típica dos ingleses. Considerando a época em que o livro foi escrito, é bastante progressista ao criticar preconceitos e defender que as mulheres tenham a mesma educação formal dos homens.

No Brasil, a maioria das edições é adaptada para crianças e tem apenas as duas primeiras viagens. Na Amazon você pode baixar gratuitamente uma edição com as quatro viagens e um português bastante agradável (boa tradução, sem ser rebuscada nem simplista).

Fico pensando o quanto uma criança de oito ou dez anos – a quem supostamente o livro se destina – é capaz de entender da obra. Se você leu na infância, leia de novo. Se nunca leu, afaste o preconceito e viaje nessas aventuras.

Estrelinhas no caderno: 5 estrelas

Com Sangue

Livro da vez: “Com Sangue”, o mais recente livro de Stephen King, lançado pela @editorasuma. São quatro contos excelentes, e não posso deixar de comentar: que capa maravilhosa!

Em “O telefone do Sr. Harrigan”, o pré-adolescente Craig é contratado por um velho ricaço para ler para ele diariamente, e dessa relação surge uma amizade que continua ao longo do tempo, de forma inusitada. King aproveita para relembrar o surgimento do iphone e a popularização da internet.

“A vida de Chuck” é contada em três atos, mas de forma inversa, começando pelo final. Uma forma incomum de falar sobre morte e, mais que isso, sobre a abrangência da vida.

“Com Sangue” está mais para novela, em razão do tamanho, e dá spoilers massivos dos livros “Mr. Mercedes”, “Achados e Perdidos” e “Outsider”, que não li ainda (a @soterradaporlivros me avisou e ignorei o aviso por minha conta e risco). Nessa história de suspense, a detetive particular Holly Gibney percebe algo estranho durante a cobertura jornalística de um atentado e resolve seguir seu faro, colocando-se em risco.

Em “Rato”, King revisita um velho clichê de suas obras, o professor de inglês e escritor. Drew é um escritor frustrado que acha que dessa vez conseguirá completar um romance e pra isso decide se isolar em uma cabana da família, mas claro que nada será tão simples assim. Acho que, apesar do clichê, foi meu conto favorito.

Na verdade é bem difícil escolher um favorito. King parte de vidas comuns para incorporar o elemento fantástico, e faz isso com perfeição, entregando histórias redondas com finais ótimos. Livro imperdível.

Estrelinhas no caderno: 5 estrelas

Coisas Boas de Setembro

Se agosto passou voando, setembro se arrastou. Foi um mês marcado por trabalho e stress, e o comecinho de outubro não está muito melhor.

Por outro lado, foi um mês em que consegui ler muito: dez livros no total, marca que raramente atinjo (a última vez foi em janeiro, e antes disso não lembro de ter conseguido em nenhum momento desde a adolescência). A responsável foi a @soterradaporlivros, que comemorou o próprio aniversário e o de Star Trek com a maratona #JornadaLendoSciFi e me indicou uns livros ótimos para as categorias criadas por ela para a maratona.

Um outro evento contribuiu para o volume de leitura. Em meados de agosto, o youtube resolveu que não mandaria mais emails avisando de novos vídeos. Sou inscrita em diversos canais, de aulas de francês a lettering, passando por cultura pop, café e vinho. Geralmente, tomava o balde de café matutino em companhia dos vídeos, o que me tomava entre meia e uma hora por dia. Como não recebo mais os avisos por email, acabei perdendo o hábito, e esse tempo foi direcionado para a leitura. Resultado: reclamei muito quando o youtube parou de enviar as notificações por email, mas agora estou até achando bom.

Livro favorito: vou destacar A Curva do Sonho, de Ursula K. Le Guin, e All Systems Red, de Martha Wells. O primeiro é um clássico da ficção científica e uma verdadeira “viagem”: George Orr é um cara que tem “sonhos efetivos”, ou seja, que transformam a realidade; ninguém acredita e ele acaba encaminhado a um psiquiatra para tratamento, mas o psiquiatra mais atrapalha que ajuda. O segundo livro (ainda sem tradução no Brasil) é na verdade uma novela cuja protagonista é uma unidade de segurança biomecânica autointitulada “murderbot” que hackeou o próprio sistema e passa as horas vagas vendo seriados – pode não parecer, mas é uma personagem muito carismática.

Filme favorito: entrei numas de ver filmes antigos depois de um agosto cheio de filmes recentes e entediantes. Nada de Novo no Front (1930) merece destaque: o filme acompanha adolescentes alemães que largam a escola para lutar na Primeira Guerra Mundial em busca de honra e aventura. O que encontram, claro, é fome e morte – além da consciência de que o “inimigo” é alguém como eles próprios. É baseado no livro de mesmo nome de Erich Maria Remarque. O falecimento da juíza da Suprema Corte norte-americana Ruth Bader Ginsburg me motivou a assistir On the basis of sex (disponível na amazon prime video), que conta o início da sua carreira e é interessantíssimo.

Série favorita: nada de novo nesse front – estou revendo (pela terceira vez) Gilmore Girls.

Bônus: você conhece o Coursera? É uma plataforma de cursos online, vários deles grátis e com excelente conteúdo. Para quem entende inglês, é um prato cheio, já que todas as aulas têm legenda e transcrição nesse idioma. Se não é o seu caso, ainda assim vale a pena dar uma olhada, porque há bastante conteúdo em português e em outros idiomas. Já fiz alguns cursos na plataforma e em setembro comecei e terminei o curso Human Rights for Open Societies, que recomendo.