Buenos Aires – como chegar e onde ficar?

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Quando decidi ir a Buenos Aires, a primeira ideia foi procurar uma agência de viagens. Afinal, todos sabemos que os pacotes são tentadores e valem muito a pena, não?

Errr… não. Ou melhor: nem sempre.

Os pacotes de agências de turismo como a CVC valem a pena se você vai viajar com mais alguém. Isso porque geralmente são pensados para duas, três ou quatro pessoas, o que reduz bastante o custo de hospedagem. Os hotéis com que as boas agências trabalham costumam seguir o padrão “quatro estrelas” (ou, pelo menos, três); logo, são mais caros. Diluindo-se o custo entre os viajantes, a diária sai em conta, mas eu queria viajar sozinha. Já no quesito deslocamento, as agências ofereciam-me passagens pelo mesmo preço que a TAM oferece ao consumidor final. Quanto aos passeios, bem, nada além do city tour de praxe.

Em números: pelas passagens de ida e volta e cinco noites em Buenos Aires, num hotel bacana (sem luxo) e central, eu pagaria cerca de 2.000 reais em abril de 2010.

É, dois mil. Como eu disse, aqueles cartazes que anunciam pacotes a partir de 800 reais presumem sempre que você viajará com mais alguém.

Depois do susto, parti para o Plano B: milhas e indicações de hospedagem dadas por amigos e conhecidos.

Em viagens internacionais, a TAM não permite que você compre apenas um trecho com milhas/pontos (como é possível nos destinos nacionais). Um trecho na América do Sul custa 10.000 pontos (eventualmente, há promoções). Ou seja, ida-e-volta exigem 20.000 pontos. Ok, eu tinha isso (santo cartão de crédito). Depois da habitual via sacra que é usar o site da TAM, e de pagar cerca de 200 reais de taxas de embarque, estava com as passagens em mãos.

E o hotel? Bom, essa é a melhor parte.

Inicialmente, pensei no Íbis. Rede Accor, padrão conhecido, preço razoável (leia-se, 90 dólares por dia, sem café-da-manhã e sem wi-fi incluído), boa localização. Hum… mas será que não dava pra conseguir coisa melhor?

Recebi algumas dicas no twitter. Entre elas, a da Roberta Zouain , que sugeriu o Hostel Suites Florida. Hostel? Leia-se: albergue? Eu?? Nem pensar! Sempre descartei essa hipótese – essa coisa de dividir quarto com três, ou quatro, ou dez pessoas que nunca vi mais gordas – e, pior de tudo, dividir o banheiro – é muito riponga pra mim.

Aí, ela me explicou: quarto individual, banheiro individual, tudo limpinho, muito bem localizado… Hum. Tá. Não custa olhar, né?

Gente, o albergue é sensacional! Fica no começo da Calle Florida (a rua de pedestres conhecida pelo comércio e no coração de Buenos Aires), ao lado da Calle Corrientes (de onde se vai facilmente a qualquer ponto da cidade, de táxi, ônibus ou metrô). Melhor localizado, impossível! As vantagens são tantas que é melhor listá-las:

Quarto do Hostel Suites Florida
Sabonetinho e xampu.
  • transporte grátis do aeroporto de Ezeiza ao hotel: você economiza uns 80 pesos, cerca de 40 reais
  • atendimento em português (os atendentes são todos muito simpáticos e bem informados), inclusive por email (são rápidos!)
  • agência de turismo com ótimas sugestões de passeios (vale muito a pena usá-la mesmo que você não seja hóspede, os preços são muito bons)
  • wi-fi grátis na área comum (primeiro andar, onde também fica a recepção e a agência de turismo)
  • ao lado de uma casa de câmbio confiável
  • a três quadras (300 metros) da Avenida de Mayo, de onde sai um city tour muito bacana
  • Banheiro - Hostel Suites Florida
    Com secador de cabelo.
  • a três quadras da famosa Galeria Pacifico
  • a meia quadra de uma estação de metrô
  • pertinho de um Havanna Café e de um Starbucks
  • a cerca de 800 metros de Puerto Madero
  • roupas de cama e banho impecáveis
  • instalações limpíssimas
  • café-da-manhã: maçã, banana, iogurte, sucrilhos, pão, requeijão, doce de leite – delicioso! -, manteiga, café, leite, chá
  • jantar grátis (é preciso retirar o voucher na recepção na parte da manhã, e eles são limitados), desde que você compre uma bebida (até água vale e os preços são bacanas; recomendo pedir um vinho)
  • baladas no bar do próprio hostel, no subsolo (não chega barulho aos quartos)
  • transporte hotel-aeroporto por 40 pesos (metade do preço da corrida de táxi)

Tudo isso por 40 dólares a diária, em quarto individual. Fica mais barato se você fizer a carteirinha do Hostelling International (recomendo – os passeios também têm desconto com ela) e/ou se dividir o quarto. Em acomodações para seis pessoas, a diária fica em torno de 10 dólares.

Fusion, o bar do hotel.
Fusion, o bar do hotel.

O que o hostel não tem:

  • máquina de cartão de crédito (todos os pagamentos devem ser feitos em dinheiro)
  • televisão
  • frigobar no quarto (há uma geladeira na área comum)
  • piscina, sauna e outras tranqueiras do gênero

Para quem, como eu, passa o dia batendo perna e nunca tem tempo de ver tv ou ir à piscina do hotel, foi perfeito! De quebra, mudei meu conceito sobre albergues, se bem que viajantes mais experientes já me alertaram: nem todos são bons desse jeito. Procure os filiados ao Hostelling International, que têm a obrigação de manterem um certo padrão de qualidade.

No fim das contas, a parte área e a hospedagem em Buenos Aires por sete noites custaram cerca de 700 reais.  Se você está viajando com companhia, tem mais uma razão para pensar seriamente no albergue, já que dividirá quarto com quem conhece e pagará baratim, baratim.

Vista para a Falabella
Sim, o hostel fica na frente da famosa loja de departamentos Falabella.

Algumas dicas:

  • o Hostel Suites Florida e a agência de turismo aceitam pagamentos em reais, dólares ou pesos argentinos; compare as cotações e veja como é mais vantajoso (em geral, pagar em dólares sai mais barato)
  • marque o transporte do aeroporto para o hostel com folga suficiente para lidar com imprevistos aéreos e, principalmente, para olhar o freeshop 😉
  • a sugestão vale ainda mais na volta: o freeshop de Ezeiza para quem está saindo de Buenos Aires é muito maior que o freeshop da chegada; reserve umas duas horas para passear nele com calma (acredite, duas horas passam voando ali!)

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Projeto Urban Gallery

De vez em quando, surge um pouco de cor em meio ao cinza dos grandes centros urbanos. Aqui em Brasília, esse toque vem da grama verdinha assim que começa a estação das chuvas, dos flamboyants floridos, do pôr-do-sol inspirador. Dificilmente, porém, está presente nas construções tediosas do Plano Piloto e de algumas outras áreas.

Uma região que não é muito querida por alguns brasilienses, mas que contribui com cores e detalhes arquitetônicos bonitos é Águas Claras. Carinhosamente (ou nem tanto) apelidada de de paliteiro, ela ousa subir além dos seis andares limitados pelo tombamento. O bairro ainda é novo, mas está cada dia melhor e será meu novo lar daqui a um ano.

Projeto Urban GalleryDescobri hoje que Águas Claras está prestes a ganhar mais um pouco de cor quando recebi uma gravura do artista Flavio Samelo e um catálogo comemorativo dos 40 anos do MIS – Museu da Imagem e do Som de São Paulo. O Flavio Samelo será responsável por conferir arte aos tapumes de um empreendimento do qual muita gente daqui já ouviu falar, o DF Century Plaza – um mix de shopping, salas comerciais e apartamentos em processo de construção junto ao campus da Unieuro em Águas Claras. Como ele, outros artistas serão responsáveis por embelezar tapumes de Goiânia, Rio de Janeiro e São Paulo. O projeto é da Brookfield Incorporações e leva o nome de Urban Gallery.

Claro que tem toda uma questão de marketing e tal, mas achei a proposta bacana mesmo. Adoro quando passo em frente a uma construção e, em vez daquelas placas cor-de-rosa-reciclado, deparo-me com formas e cores vivas. Ou quando vejo pinturas em túneis de metrô. Brasília tem concreto demais e poesia de menos, portanto iniciativas como essa são sempre bem-vindas.

Em tempo: devo dizer que morri de amores pelo catálogo. O MIS é um dos meus lugares favoritos, tanto pela bela região em que está quanto pelas suas exposições. Meu gosto por lá deve ser hereditário, já que a primeira pessoa que me falou dele foi a Sra. Monte. 😉

Dia Mundial Sem Carro – eu participaria, se pudesse.

Amanhã, 22 de setembro, celebra-se o Dia Mundial Sem Carro. A ideia é conscientizar a população sobre os transtornos que o uso exagerado do carro podem trazer às nossas cidades, incentivando o uso de meios alternativos de transporte ao menos um dia por ano.

A cidade pára, nós paramos.
A cidade pára, nós paramos.

A poluição do ar é só um dos problemas gerados pelo excesso de carros nas ruas. A poluição visual e sonora também reduzem nossa qualidade de vida, as horas perdidas diariamente no trânsito roubam-nos tempo de lazer e convivência com família e amigos, os engarrafamentos são estressantes.

Se você puder, deixe seu carro na garagem amanhã. Use o transporte público para chegar ao trabalho. Se tiver condições, vá de bicicleta, ou quem sabe a pé – e aproveite para praticar exercício. Se não houver jeito de abandonar o carro, tente oferecer carona a um amigo para ir e voltar do trabalho.

Sei que nem todos podem aderir ao manifesto. Costumo participar do Dia Mundial Sem Carro quando ele cai num fim-de-semana.  Infelizmente, durante a semana isso é completamente inviável. Moro numa cidade de concreto e asfalto em que tudo foi pensado para os carros, sem deixar espaço ao ser humano. As linhas de ônibus são pífias e várias delas (inclusive a que me atenderia na volta para casa) são desativadas muito cedo todos os dias. O metrô é lento, superlotado, insuficiente. Não há calçadas. Não há sombras para aplacar o sol, nem iluminação pública na volta para casa. Não há ciclovias.

O que há são inúmeras promessas governamentais (como a construção de 600 quilômetros de ciclovias) e pouca ação (apenas algumas dezenas de quilômetros em construção). Há, também, uma facilidade incrível para a compra do carro, mas nenhuma orientação sobre os juros das prestações ou o custo de manter um automóvel.

Para completar o quadro, existe uma total falta de educação no trânsito, em que vale a lei do mais forte. Pedestres têm vez, é verdade, nas faixas. Ciclistas e motociclistas precisam contar com a sorte para sobreviverem aos desmandos dos possuidores de veículos de quatro rodas. Entre os carros, mesmo, vale o “eu primeiro”: ligar a seta para mudar de pista é interpretado pelo carro ao lado como “vou correr pra não dar chance a esse sujeito”.

“Ecologia” não é só cuidar de plantas. É respeitar o ambiente (inclusive o urbano) e seus componentes (inclusive o homem). Se você, como eu, não pode deixar o carro em casa amanhã, ao menos tente usá-lo com civilidade. Dê a preferência, não jogue lixo pela janela, proteja os que usam meios de transporte mais frágeis. Não se trata apenas de ser “verde” ou de seguir o Código de Trânsito Brasileiro, mas de ter educação, esse artigo que anda tão em falta nos últimos tempos.

Foto: Edgley Cesar (Creative Commons).