Livro: “Mariposa Vermelha”

Livro da vez: Mariposa Vermelha, de Fernanda Castro.

Amarílis tem poderes mágicos, mas vive em uma sociedade que persegue pessoas como ela, então passa a vida ocultando seus dons. Um dia, contudo, tomada de raiva após, decide invocar um demônio para ajudá-la a matar uma pessoa. Tolú é o demônio que a atende e a relação entre eles não se desenvolve exatamente como Amarílis esperava.

O livro merecia mais páginas dedicadas ao background de Amarílis (no começo mesmo, não durante a história) para justificar as suas escolhas A Flor de Lótus, grupo que aparece de forma meio súbita na história, é interessantíssima. Alguns lances poderiam ser mais desenvolvidos, como a própria Flor de Lótus e a personalidade do senhorio da protagonista. Ou seja: diferente do que acontece com tantos livros desnecessariamente prolixos, esse é mais enxuto do que precisaria ser. Algumas questões que só são abordadas na terceira parte poderiam ter surgido antes em um contexto mais natural e fundamentando melhor alguns comportamentos.

A escrita de Fernanda Castro é excelente. A autora domina o idioma (há uns deslizes de colocação pronominal que a revisão poderia ter corrigido) e evita clichês. Eu teria preferido nomes próprios mais diversos, o uso de plantas/flores me pareceu um recurso meio infantil.

Independentemente dessas questões, a história flui muito bem, diverte e prende. Não há momentos de tédio. Há um gancho para uma continuação – algo que, em geral, não me interessa, mas agrada muita gente e o mercado editorial aplaude. Apesar do gancho, o final é bastante satisfatório e o suspense criado antes dele é um ponto forte do livro.

Recomendo para quem busca bons jovens autores nacionais (algo raro) e especialmente para quem curte fantasia urbana. 4 estrelas

Livro: “A Última Missão de Gwendy”

Livro da vez: A Última Missão de Gwendy, de Stephen King e Richard Chizmar.

Adorei o primeiro (A Pequena Caixa de Gwendy), achei o segundo apenas razoável (A Pena Mágica de Gwendy, escrito somente pelo Chizmar, parece um episódio filler de série, daqueles que não acrescentam muito à temporada) e fiquei gratamente surpresa com o terceiro.

Na sua última missão, Gwendy está na casa dos 60 anos, é viúva, senadora e atormentada por uma questão séria de saúde. Novamente visitada por Richard Farris, recebe de novo a caixa de botões e agora tem uma missão bem específica: destruí-la, antes que ela – a caixa – destrua o mundo (ou os mundos).

O mais esquisito foi ver um livro do King ambientado no espaço, mas no fim das contas ele não envereda pela ficção científica, mantendo-se na fantasia e no sobrenatural.

Embora o terceiro livro não tenha a magia do primeiro,  é um fecho à altura para a história de Gwendy, com um final emocionante.

Recomendo para quem leu os dois primeiros, e especialmente para quem leu A Torre Negra (será bem menos interessante para quem não leu). 4 estrelas

Livro: The World We Make

Livro da vez: The World We Make, de N. K. Jemisin. Segundo livro da duologia The Great Cities (Grandes Cidades). O primeiro está disponível em português com o título Nós Somos a Cidade, que resenhei aqui.

No primeiro livro, somos apresentados a Neek, o avatar da cidade de Nova York, e seus parceiros (por falta de palavra melhor), que personificam os bairros da cidade, tão diferentes e complementares entre si. Também aprendemos que cidades podem nascer e ser guiadas por seus avatares, fenômeno que já dura milhares de anos mas teve sua marcha diminuída recentemente, graças a uma força sobrenatural determinada a matar as cidades ainda no nascedouro.

The World We Make conclui a saga retratando a luta dos avatares de NYC para se entenderem e trabalharem juntos e, principalmente, para convencerem as cidades mais antigas de que o Inimigo também as ameaça. Jemisin caracteriza brilhantemente as diversas pessoas/cidades que apresenta e, no caso dos bairros de NYC, dá a cada um identidades e vozes próprias e marcantes.

O livro se perde em alguns momentos em descrições que lembram videogame, mas o foco nas vidas pessoais dos avatares manteve o meu interesse. A resolução do conflito é magistral. A duologia é bem diferente de outras sagas da autora que já li (A Terra Partida e Dreamblood), já que é baixa fantasia. Jemisin brilha nas sagas de alta fantasia, mas Grandes Cidades não fica muito atrás.

Se você puder, sugiro a leitura em inglês para não perder as sutilezas de linguagem de cada um dos personagens, não tão bem incorporadas na tradução do primeiro volume.

4 estrelas

Livro: A pequena caixa de Gwendy

Livro da vez: A pequena caixa de Gwendy, de Stephen King e Richard Chizmar.

Gwendy é uma garota de doze anos preocupada com a nova escola e com os temas típicos da adolescência: peso, amigas, garotos. Um dia, é abordada por um estranho e ganha uma caixa misteriosa e que começa a transformar sua vida. Parece bom demais pra ser verdade, não parece? Claro que há pegadinhas, ou não seria um livro do King.

Não estava empolgada para essa leitura porque li um livro escrito pelo King em parceria com outro autor que foi decepcionante, para dizer o mínimo: O Talismã, com Peter Straub. Ainda bem que deixei a desconfiança de lado, porque A pequena caixa de Gwendy é excelente. A protagonista é cativante e me vi no lugar dela, pensando no que fazer com a caixa, como guardá-la e, finalmente, como me livrar dela.

Embora o livro seja curtinho (dá para ler em uma tarde), a história é absorvente e ainda estou pensando nela… e doida pra ler os outros dois livros com a Gwendy.

Indico para quem gosta de suspense e fantasia, para fãs do King ou pra quem curte literatura young adult.

Estrelinhas no caderno: 5 estrelas