Coisas Boas de Outubro

Um mês que tem dias de férias nunca é um mês ruim. Ainda que a pandemia do coronga tenha impedido o turismo, consegui descansar e recarregar as baterias.

Livro favorito: Com Sangue, do mestre Stephen King, foi o único no mês a levar 5 estrelas. O livro traz quatro contos excelentes. Publiquei uma resenha no instagram.

Filme favorito: Luzes da Cidade, do Chaplin, foi o filme do mês. Ainda na era do cinema mudo, Chaplin é um vagabundo que se apaixona por uma florista cega; ao mesmo tempo, conhece um milionário que o considera seu melhor amigo, mas apenas durante as bebedeiras. O filme tem muito da comédia física característica do gênio Charles Chaplin e dei boas risadas, mas também me emocionei.

Série favorita: continuo revendo Gilmore Girls. Ando sem pique para encarar séries novas.

Bônus: comprei uma sorveteira! É uma Fun Kitchen doméstica, modesta, parece um brinquedo, mas funciona direitinho. Fazer e ler sobre sorvetes, balanceamento de fórmulas e criação de sabores foi o passatempo do mês. Até agora testei oito sabores, com diferentes graus de sucesso. Ainda dá pra melhorar – e a sorveteirinha não faz milagres, não dá pra competir com sorvetes artesanais bacanas – mas todos os sabores variaram entre o “bom” e o “excelente”, então estou bem satisfeita com a brincadeira. Tem fotos no instagram (que desde  meados de outubro já não permite o uso dos posts dentro do wordpress, blargh).

E seguimos para o nível 11 de Jumanji.

Rose Madder

Resenha do dia: “Rose Madder”, o livro de outubro do projeto #lendoKing, organizado pela @soterradaporlivros e pela @seguelendo.

Rosie se casou ainda jovem com Norman – e sofre abusos físicos e emocionais há 14 anos. De forma inesperada até para ela própria, reúne coragem e foge para a cidade mais distante que consegue. Lá começa a reconstruir sua vida.

Um dia, vagando por uma rua ainda pouco familiar, Rosie entra em uma loja de penhores e encontra três coisas que mudarão seu destino: uma pintura, um homem bondoso e um trabalho. Mas nada será fácil, porque Norman parte atrás dela, não por amor, mas por vingança.

Nesse livro, King mistura terror e fantasia em partes iguais, o que é bem inusitado – os livros que já li sempre pendem para um lado ou outro. A fantasia me incomodou no começo, mas acostumei. Quanto ao terror, é do tipo que mais dá medo: o tipo realista. As cenas de abuso são gráficas. É um livro muito tenso. Norman está entre os vilões mais assustadores do mestre do horror.

Estrelinhas no caderno: 5 estrelas

O Exorcista (livro e filme)

“O Exorcista”, de William Peter Blatty. Leitura de setembro/outubro do #quemteviuquemteleu.

No início, uma escavação arqueológica no Iraque desenterra a figura de um demônio misterioso. Corta para os Estados Unidos, onde Regan, uma menina que acaba de fazer 12 anos, começa a apresentar sintomas incomuns. Após descartar enfermidades psiquiátricas, a mãe, ateia, recorre ao Padre Karras, da congregação na mesma rua, certa de que sua filha precisa de um exorcismo. Karras, por sua vez, tem problemas pessoais e questiona a própria fé.

Os elementos são ótimos, mas a execução é fraca. Metáforas vazias, digressões monótonas, personagens mal desenvolvidos, situações potencialmente interessantes que acabam mal aproveitadas. A escavação é mais ignorada no livro que no próprio filme, e eu esperava um maior desenvolvimento, já que tempo não seria um problema no livro. Padre Merrin fica só no potencial mesmo. Dá a impressão de que o autor não teve paciência para aperfeiçoar a própria ideia, queria apenas terminar logo a narrativa.

Sem dúvida é um caso de o-filme-é-melhor-que-o-livro. Vi a versão do diretor no cinema e recomendo o filme pra quem curte histórias de terror.

Estrelinhas no caderno: 2 estrelas para o livro, 4 estrelas para o filme (versão do diretor).

Justiça Ancilar

Livro da vez: “Justiça Ancilar”, por Ann Leckie.

Breq é uma soldado auxiliar não-humana e solitária em uma missão que parece quase impossível e provavelmente mortal. Encontra Seivarden, um capitã radchaai por quem não tem estima e que pode atrapalhá-la, mas por alguma razão resolve salvar-lhe a vida. Juntas, passarão por várias dificuldades enquanto Breq se aproxima de seu alvo e o leitor conhece algo do seu passado.

Parece promissor, mas quase nada nesse livro me interessou. Depois dos 50%, a leitura até fluiu bem e a intriga política me chamou a atenção, mas não o suficiente para ler os dois volumes seguintes (ah, a incapacidade em contar uma história com começo, meio e fim num único livro…).

Muitos conceitos são estranhos, mas não propriamente originais. A própria Breq me lembrou o tempo inteiro os borgs de Star Trek. Tem essa questão de ela ajudar alguém por quem sequer tinha apreço logo no começo, o que não faz sentido e acontece apenas para possibilitar algo lá na frente. E ainda há a questão do gênero: o império radchaai (o futuro da humanidade daqui a muitos e muitos séculos) não usa nenhum pronome de gênero além de “ela”. Poderia ser interessante se tivesse algum propósito na trama, mas só confunde mesmo.

Para definir o livro em uma palavra: pretensioso.

Estrelinhas no caderno: 2 estrelas