Se o Trato Feito negociasse órgãos…

– Boa tarde.
– Boa tarde, o que a traz aqui?
– É que eu tenho um rim sobrando, não estou precisando dele agora… e tenho algumas contas pra pagar… então, pensei em vender.
– Ainda bem que você quer vender, esse tipo de coisa não dá pra penhorar. E quanto você está querendo nele?
– Bom, eu andei pesquisando e o preço de mercado é 10.000.
– Para o comprador certo, pode ser. Mas eu ainda vou revender, não posso pagar o preço de mercado.
– Eu sei, por isso pensei em pedir 5.000.
– Não, 5.000 não dá pra pagar, muito caro.
– Caro nada, é metade do preço! E meu rim está ótimo, eu sempre bebi muita água, faço exercícios, nunca tive pedra… ele está como novo!
– Eu acredito, mas entenda o meu lado. Eu tenho despesas fixas, a manutenção da loja, os funcionários, e ainda preciso ter o meu lucro.
– …
– Lamento, não posso pagar os 5.000.
– Hum. Então, qual é o seu preço?
– Posso dar 500.
– Mas 500 é muito pouco por esse rim! Ele é um item raro, eu só tenho outro igual, e ele está em ótimo estado! Só estou vendendo porque preciso do dinheiro, senão ficaria com ele pra sempre! Ele é muito bom, mesmo!
– Eu entendo, mas com essa crise, o mercado está fraco, quase parado. As pessoas não estão com dinheiro, sabe? Por outro lado, a oferta está muito grande, por qualquer iPad você consegue um rim novinho.
– Está certo, eu te faço por 2.500, você ainda lucrará muito! Não é qualquer rim, o meu tem procedência, tem certificado de boa saúde, cara.
– Olha, se eu já tivesse comprador pra esse rim, eu poderia pagar 2.500. Acontece que eu não tenho. Vou ter que procurar, anunciar, e até achar alguém eu vou precisar armazenar o rim. Não sei quanto tempo ele vai ficar na vitrine até ser vendido, e vou ter várias despesas com ele até encontrar um interessado. Não é todo dia que entra alguém por aquela porta precisando de um rim.
– Mas eu sou tipo O, sou doadora universal!
– Ainda assim. Há muitos doadores tipo O por aí. Além disso, o rim ser do tipo O não é garantia de conseguir um comprador logo.
– …
– Sinto muito, 500 é minha melhor oferta.
– Por 500, acho que prefiro ficar com ele.
– Ok, a decisão é sua. Fica pra próxima.

(Do lado de fora da loja, para a câmera.)

– Esses caras são uns exploradores! Tenho certeza de que consigo até mais de 10.000 no meu rim, só preciso encontrar o comprador certo. Eu vou encontrar, e depois vou voltar aqui pra esfregar na cara desses otários! Eles vão se arrepender por terem perdido o negócio!

(Inspirada em um bate-papo real. Se você não conhece o Trato Feito, aqui está.)

Cat TV

Letreiro de uma loja de aquários no Terraço Shopping (Brasília):

Cat TV
Televisão de gato.

Está pensando que só cachorros têm televisão especializada? Engano seu!

Gato versus Cão

A gente se acostumou a repetir que gatos não podem ser adestrados como cães… será? Depois desse vídeo, você vai rever seus conceitos:

Vi primeiro no Bicharada.

Chama a atenção a graciosidade do gato – um Bengal, raça ainda nova, fruto do cruzamento do gato doméstico com o leopardo-asiático  – comparada à quase brutalidade do Border Collie (que, aliás, é considerada a raça canina mais inteligente). Típico, não é mesmo?

O treinador de Nana e Kaiser tem um site onde você encontra mais vídeos dessa dupla dinâmica, além de dicas para treinar cães e gatos (a parte dos gatos ainda está em construção, que peninha). Logo de início, você já percebe a filosofia do treinador: “Training is something you do with your dog, not to your dog”. Você precisar criar e fortalecer os laços com o animal, tornando o treinamento uma brincadeira para ambos, não uma imposição para seu bicho de estimação.

Alguém aí já tentou treinar gatos? A Mel sabia um truquezinho que eu chamava de “escalar a parede” (para pegar um ratinho). A Cacau, quando está a fim, traz de volta o ratinho que jogo várias e várias vezes, como um cachorro traria uma bola. 😉

Se minha gata fosse gente…

Texto inspirado na pergunta da Juliana, do Diário de Dois Gatos.

Se a Cacau fosse gente, seria especialista nos pecados da gula e da preguiça. Pela intersecção deles, inevitavelmente seria gorda. Fast food seria sua preferência – aliás, se não existissem comidas prontas, delivery e outras maravilhas da vida moderna, a Cacau morreria de fome. Exercícios? Até faria, mas apenas por puro prazer, com o foco na diversão e não no emagrecimento. Um banho de mar num dia quente, uma caminhada por um parque bonito, uma partida de vôlei com os amigos. Tudo sem compromisso.

Cochilo da Tarde
Banho de sol, um dos prazeres simples da Cacau.

Aliás, a vida da Cacau seria assim, sem compromisso. Seria profissional liberal e trabalharia o suficiente para pagar as contas e os seus pequenos prazeres – se fizesse dinheiro suficiente na primeira quinzena do mês, a segunda seria dedicada ao ócio, no melhor espírito baiano.

Teria hábitos simples. Além de comer e dormir, seus grandes prazeres seriam conhecer novas pessoas e rever velhos amigos. Seria atenciosa, carinhosa, até grudenta. Ficaria conhecida pelo constante bom humor e pela habilidade de fazer todos à volta sorrirem, esquecendo-se dos próprios problemas. Teria um milhão de amigos nas redes sociais e outro milhão no dia-a-dia real.

Se o seu gato fosse gente, como ele seria?