Ficha técnica
Crash. Estados Unidos, 2005. Drama. 113 minutos. Direção: Paul Haggis. Com Karina Arroyave, Dato Bakhtadze, Sandra Bullock, Don Cheadle, Art Chudabala, Tony Danza, Keith David, Loretta Devine.
Jean Cabot (Sandra Bullock) é a rica e mimada esposa de um promotor, em uma cidade ao sul da Califórnia. Ela tem seu carro de luxo roubado por dois assaltantes negros. O roubo culmina num acidente que acaba por aproximar habitantes de diversas origens étnicas e classes sociais de Los Angeles: um veterano policial racista, um detetive negro e seu irmão traficante de drogas, um bem-sucedido diretor de cinema e sua esposa, e um imigrante iraniano e sua filha.
Mais informações: Adoro Cinema.
Comentários
Crash foi o vencedor do Oscar de melhor filme, surpreendentemente, já que a maior parte do público apostava em Brokeback Mountain. Ouvi críticas negativas ao filme – que era cheio de clichês, repetitivo, previsível. Após a premiação, a curiosidade foi maior e finalmente fui conferir.
É um excelente filme, indubitavelmente. Talvez realmente fosse mais merecedor do Oscar que Brokeback Mountain – ambos abordam temas difíceis, delicados, mas a montagem de Crash é primorosa. Certo, há clichês. Sim, as coincidências são extremamente forçadas – Los Angeles, no filme, fica parecendo uma vila de duzentos habitantes, em que todos se cruzam ao longo de um ou dois dias. Mas, afinal de contas, é uma obra de ficção e “licenças cinematográficas” são mais que permitidas.
Crash faz você agradecer por ter nascido num país como o Brasil, em que as diferenças convivem sem maiores atritos. Não sou ingênua a ponto de dizer que não temos preconceito por aqui. A maior parte das pessoas, porém, não vê o menor problema em ter um amigo negro ou trabalhar com um árabe. E, tudo bem, existe o tal “preconceito velado”, mas vem de uma minoria e, lembre-se, é velado. Antes um preconceito velado a uma selvageria racista, como estamos cansados de ver nos Estados Unidos, e é exatamente isso que o filme retrata – intolerância em último grau.
Além do Oscar de melhor filme, Crash levou o de melhor roteiro original e o de melhor edição – este, mais que merecido, já que a edição é realmente o ponto alto do filme, o que o eleva à condição de imperdível.