Volver

Ficha técnica

Volver. Espanha, 2006. Drama. 121 min. Direção: Pedro Almodóvar. Com Penélope Cruz, Carmen Maura, Lola Dueñas, Blanca Portillo, Yohana Cobo, Chus Lampreave.

Raimunda (Penélope Cruz) é uma jovem mãe, trabalhadora e atraente, que tem um marido desempregado e uma filha adolescente. Como a família enfrenta problemas financeiros, Raimunda acumula vários empregos. Sole (Lola Dueñas), sua irmã mais velha, possui um salão de beleza ilegal e vive sozinha desde que o marido a abandonou para fugir com uma de suas clientes. Um dia, Sole liga para Raimunda para contar que Paula (Yohana Cobo), tia delas, havia falecido. No mesmo dia, Raimunda encontra o marido morto, o que a impede de comparecer ao enterro da tia. Em meio a tudo isso, Irene (Carmen Maura), mãe de Raimunda e Sole, morta há anos, aparece para Sole.

Mais informações: Adoro Cinema.

Cometários

5 estrelas

O novo filme de Almodóvar caiu rapidamente no gosto do público e da crítica. Não é para menos: o diretor espanhol mais aclamado de todos os tempos retoma alguns dos seus melhores elementos e cria uma história dramática de um lado e divertidíssima de outro, bem diferente de seu último filme, Má Educação, tenso da primeira à última cena. É difícil rotular Volver simplesmente como “Comédia” ou “Drama”, já que, para Almodóvar, um gênero não exclui necessariamente o outro.

Volver aproxima-se de Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos – tanto nesse trabalho de 1988 (quanto teve início a desavença entre Almodóvar e Carmen Maura, após seis filmes juntos) quanto em Volver (que marca o retorno da sua parceria profissional), o diretor aborda o universo feminino com muito bom-humor e cores vivíssimas. Apesar dessas semelhanças, Volver é um filme mais amadurecido, com um forte argumento e um jogo muito interessante com o surrealismo.

Volver aborda a morte, as relações familiares e a cumplicidade feminina. Os homens são retratados da pior maneira, representando traição, violência, deslealdade. As qualidades, da doçura à determinação, são todas das mulheres.

Além de um retorno à parceria com Carmen Maura, Volver traz de volta Penélope Cruz, dirigida por Almodóvar em dois outros filmes (Carne Trêmula e Tudo Sobre Minha Mãe). Outro retorno é às origens do diretor: Almodóvar declarou que baseou o filme nas recordações da sua infância passada no interior da Espanha e nas lembranças que guarda de sua própria família.

O elenco é de primeira grandeza. Carmen Maura dispensa comentários, Penélope Cruz está absolutamente perfeita e Lola Dueñas (que interpretou Rosa no excelente Mar Adentro) não deixa por menos. Tanto assim que o time, completado por Blanca Portillo, Yohana Cobo e Chus Lampreave, ganhou o prêmio coletivo de melhor interpretação feminina do Festival de Cannes de 2006 (além do prêmio de melhor roteiro).

Volver foi o filme espanhol indicado para representar o país no Oscar 2007 e tem chances reais de receber uma estatueta. Acabou de ganhar da Academia Européia de Cinema os prêmios de melhor diretor, melhor atriz (Penélope Cruz) e melhor compositor (Alberto Iglesias), e ainda o prêmio do público de melhor filme europeu.

Aos fãs de Almodóvar é imprescindível uma visita à sua página oficial, que conta com textos escritos por ele mesmo sobre as filmagens de Volver, além de outros artigos.

Buena Vida Delivery

Ficha técnica

Argentina/França/Holanda, 2004. Drama. 93 min. Direção: Leonardo DiCesari.

O “motoboy” Hernán conhece Patricia e logo se apaixona. Ela está saindo de um noivado, precisa de um lugar para ficar e Hérnan oferece-lhe um quarto em sua própria casa, em troca de um módico aluguel. De repente, porém, toda a família de Patricia está alojada na casa humilde e quem fica praticamente sem teto é Hérnan, que precisa driblar o sogro e sua fábrica de churros.

Mais informações: Buena Vida Delivery.

Cometários

3 estrelas

Buena Vida Delivery passou praticamente despercebido pelo circuito brasileiro. O descaso foi tamanho que mesmo seu título foi motivo de confusão, sendo exibido como “Buena Vista Delivery” em diversas salas. Merecia um pouco mais de cuidado por parte da Europa Filmes, sua distribuidora. Afinal, embora seja o filme de estréia de Leonardo DiCesare (que já tem alguns curtas no currículo), Buena Vida Delivery fez sucesso desde seu lançamento, em 2004, ganhando diversos prêmios.

O tom é mais tragicômico que propriamente dramático. É impossível não rir diante da situação surrealista em que se encontra Hérnan, um moço humilde, trabalhador, generoso e apaixonado que, sem mais nem menos, vê sua casa invadida pelos parentes de sua namorada, Patricia (ou Pato). A moça não tem forças para escapar à malandragem de seu pai, Venâncio, que chega de mala e cuia com o restante da família e um projeto de fábrica de churros no melhor estilo engana-trouxa. Venâncio pode ser visto como um sujeito meio malandro, mas bem-intencionado; numa visão mais realista, porém, está mais para um oportunista barato, desses que vivem à cata de gente ingênua o suficiente para acreditar em sua lábia.

O desafio de Hérnan é equilibrar, de um lado, sua boa índole e seu amor por Pato e, de outro, a necessidade premente de ter sua casa e sua vida de volta. O espectador emociona-se e diverte-se com a confusão. Também identifica semelhanças entre a pobreza exibida no filme argentino, fruto de recessão e crise econômica, e a realidade brasileira.
O ponto fraco é o som da película, um tanto descuidado, com chiados em diversas partes. Num mundo acostumado com som digital, é bastante incômodo. Não sei, entretanto se é um problema da produção ou da cópia a que assisti.
Buena Vida Delivery ainda está em cartaz nas salas que correm por fora do circuito comercial. Vale a pena, nem que seja para dar uma pausa nos filmes hollywoodianos e ver o que de bom se faz aqui ao lado.

Pequena Miss Sunshine

Ficha técnica

Little Miss Sunshine. Estados Unidos, 2006. Comédia. 101 min. Direção: Jonathan Dayton e Valerie Faris. Com Abigail Breslin, Greg Kinnear, Paul Dano, Alan Arkin, Toni Collette, Steve Carell.

Nenhuma família é verdadeiramente normal, mas a família Hoover extrapola. O pai desenvolveu um método de auto-ajuda que é um fracasso, o filho mais velho fez voto de silêncio, o cunhado é um professor suicida e o avô foi expulso de uma casa de repouso por usar heroína. Nada funciona para o clã, até que a filha caçula, a desajeitada Olive (Abigail Breslin), é convidada para participar de um concurso de beleza para meninas pré-adolescentes. Durante três dias eles deixam todas as suas diferenças de lado e se unem para atravessar o país numa kombi amarela enferrujada.

Mais informações: Adoro Cinema.

Cometários

4 estrelas

Esse roadie movie muito diferente leva ao pé da letra o ditado “de perto, ninguém é normal”. Os seis membros da família Hoover vivem um tanto fora da realidade, envolvidos em suas idiossincrasias. A matriarca, sem dúvida a mais normal da família, luta para evitar que os mundinhos privados (e pirados) de cada um entrem em rota de colisão. Essa dinâmica provoca boas risadas no público e culmina em situações tensas e freqüentemente tragicômicas.

Little Miss Sunshine não é uma típica comédia americana. O tom do filme é inteligente, com pitadas de humor negro e pastelão em doses certas. Embora seja distribuído pela Fox Searchlight, empresa da 20th Century Fox, trata-se de um filme alternativo, indie.

A estréia dos diretores de videoclipes de bandas como Red Hot Chili Peppers e R.E.M. na telona foi feita em meio a dificuldades financeiras que transformaram a produção de oito milhões de dólares (barata para o padrão hollywoodiano) em uma odisséia de cinco anos. O filme caiu nas graças do público do Festival de Cinema de Sundance de 2006, o maior evento de cinema independente norte-americano e internacional. Os executivos da Fox perceberam o seu potencial e compraram os direitos de distribuição pela bagatela de dez milhões de dólares.

Sucesso pelo mundo afora, não será surpresa se Little Miss Sunshine figurar entre os indicados ao Globo de Ouro e ao Oscar 2007.

O Diabo Veste Prada

Ficha técnica

The Devil Wears Prada. Estados Unidos, 2006. Comédia. 109 min. Direção: David Frankel. Com Meryl Streep, Anne Hathaway, Emily Blunt, Stanley Tucci, Adrian Grenier, Tracie Thoms.

Andrea Sachs (Anne Hathaway) é uma jovem que conseguiu um emprego na Runaway Magazine, a mais importante revista de moda de Nova York. Ela passa a trabalhar como assistente de Miranda Priestly (Meryl Streep), principal executiva da revista. Apesar da chance que muitos sonhariam em conseguir, logo Andrea nota que trabalhar com Miranda não é tão simples assim.

Mais informações: Adoro Cinema.

Cometários

4 estrelas

O filme, baseado no livro homônimo de Lauren Weisberger, é uma divertida história sobre o mundo da moda e suas figuras de bastidores: jornalistas, produtores, estilistas, editores. Meryl Streep está elegantíssima no papel de editora-chefe da revista “Runway”, que bem poderia ser a Vogue – aliás, a personagem Miranda Priestly é inspirada na editora norte-americada dessa famosa revista. A jovem Andrea Sachs cai de pára-quedas no cargo de segunda assistente de Miranda, um emprego que, como fazem questão de lhe dizer, milhares de pessoas matariam para ter. Andrea, que de início não está nem aí para todo o glamour, vai aos poucos se encantando com o mundo fashion e caminhando para tornar-se mais uma fashion victim.

O Diabo Veste Prada traz críticas à futilidade da moda e tem uma “moral da história”, mas vale mesmo pelas risadas proporcionadas e pela elegantíssima atuação de Meryl Streep.

A modelo brasileira Gisele Bundchën faz sua segunda aparição em Hollywood (a primeira foi no filme Taxi, como uma assaltante brasileira), interpretando a executiva de moda Serena. Gisele tem mais sorte que o talentosíssimo Rodrigo Santoro, que em seu primeiro filme hollywoodiano não recebeu falas – verdade seja dita que o talento do moço teve chance de aparecer no seu segundo filme norte-americano, Simplesmente Amor.

Também desfilam (com o perdão do trocadilho) pela tela a modelo Heidi Klum e o estilista Valentino Garavani.