O Outro Lado da Rua

Ficha técnica

Brasil, 2004. Drama. 97 min. Direção: Marcos Bernstein. Com Fernanda Montenegro, Raul Cortez e Laura Cardoso.

Mulher solitária de 65 anos vigia prédios vizinhos de Copacabana com seu binóculo e acredita ter visto um homem aplicar uma injeção letal na mulher. Por conta própria, ela resolve segui-lo e eles acabam se envolvendo.

Mais informações: Adoro Cinema.

Comentários

3 estrelas

Tinha uma idéia completamente diferente do filme. Pelo trailer, esperava algo como um policial, ou um filme de suspense. No fundo, é quase um filme de amor. Um romance que aproveita para questionar a forma como vemos o mundo. Tudo é realmente como vemos? Extrapolando um pouco: nossos valores são os “melhores”? De quebra, discute a velhice.

A propósito, tenho um certo pânico de envelhecer. Mas, se for pra ficar como a Fernanda Montenegro (capaz, lúcida e bonita aos 75 anos), até que não reclamaria, não.

Os pontos altos  de O Outro Lado da Rua são as grandes interpretações de Fernanda Montenegro e Raul Cortez e os excelentes diálogos. Queria colocar um deles aqui, mas demorei demais para escrever e agora só me lembro de fragmentos.

Diários de Motocicleta

Ficha técnica

The Motorcycle Diaries. Peru/Chile/Inglaterra/Argentina/Brasil, 2004. Drama. 124 min. Direção: Walter Salles. Com Gael García Bernal, Rodrigo de la Serna e Mía Maestro.

O filme acompanha a viagem pela América do Sul do estudante de medicina Ernesto Guevara e do bioquímico Alberto Granado, que, em 1952, cruzaram o continente com uma moto. Do mesmo diretor de Central do Brasil e Abril Despedaçado.

Mais informações: Adoro Cinema.

Comentários

3 estrelas

Estava com o pé atrás quanto ao filme. Receava deparar-me com uma produção de índole doutrinadora, catequizadora. Felizmente, não é esse o foco principal da história.

A primeira metade de Diários de Motocicleta é plena de momentos cômicos. Impossível não rir diante das situações inusitadas em que se metem os protagonistas, várias delas causadas pela motocicleta, ironicamente batizada de “La Poderosa”. Na segunda metade, o roteiro recebe cores mais carregadas, mais trágicas e comoventes. A realidade de pobreza e abandono da América Latina é destacada. Ernesto Guevara começa a questionar uma série de coisas e leva consigo, nesse questionamento, o espectador.

É interessante comparar o Ernesto do início do filme com o de seu encerramento. O moleque ingênuo, honesto demais e absolutamente crente no mundo cresce muito nos seis meses durante os quais se desenrola a história. Adquire malícia, graças ao seu companheiro de viagem e às situações em que se vê metido. Principalmente, desenvolve um olhar crítico aguçado, que o faz dar novo rumo à sua vida. Essa é a parte da história que poderia ser chamada de “catequética”, porque tem o claro intuito de levar o espectador também à reflexão. Mais do que um discurso sobre política ou regime, no entanto, o que se vê é um questionamento sobre condições sociais e valores humanos, numa busca pelo rompimento de barreiras que não têm nenhuma outra razão de existir, a não ser a meramente “psicológica”.

Ponto alto: a belíssima fotografia (não, não vou comentar sobre o Gael, não o achei isso tudo).

Ponto fraco: poderia durar uns quinze minutos a menos.

Diários de Motocicleta ganhou o Oscar de Melhor Canção Original em 2005, pela lindíssima Al Otro Lado del Río, do uruguaio Jorge Drexler, primeira canção em espanhol a ser indicada ao prêmio (vale a pena procurar a trilha sonora do filme). A produção da festa, no entanto, não permitiu que ele cantasse a música na premiação, conferindo sua interpretação a Antonio Banderas. Drexler não se fez de rogado: ao receber a estatueta, cantou um trecho de sua música e terminou com um “Obrigado”.

Em tempo: não saia antes dos créditos finais, quando são exibidas fotos da viagem.