Filmes favoritos em abril de 2024

Recentes

Frida (2024): vale a pena pelos recursos visuais (as pinturas dela ganham vida, como em Love, Vincent) e porque o texto foi retirado do diário da Frida.

Intruso (2023): uma mistura de Blade Runner com Marjorie Prime e pitadas de Não me Abandone Jamais. Ficção científica de primeira que questiona as definições de humanidade.

A Zona de Interesse (2023): sobre a insensibilidade, a frieza e a normalização do genocídio perpetrado pelos nazistas. O som desse filme é impressionante, realmente fez jus ao Oscar.

Oppenheimer (2023): mereceu os prêmios que ganhou. É longo em ser tedioso e suscita debates sobre a necessidade da bomba em 1945 sem ser maniqueísta.

Dias Perfeitos (2023): filme poético sobre como ser feliz em um dia-a-dia simples. Fiquei espantada com a pobreza do protagonista, mas, pensando bem, há coisas piores que não ter chuveiro em casa.

Três Estranhos Idênticos (2018): documentário sobre trigêmeos separados no nascimento que se conhecem aos 19 anos. A história seria bonitinha se parasse aí, mas os jovens resolvem investigar seu passado e o desenrolar é sinistro.

Aliados (2016): dois espiões se apaixonam durante a segunda guerra, mas será que o amor é real? Será que eles são quem parecem ser? Lindo filme, com figurino e reconstituição de época excelentes, belas atuações.

Miss Potter (2006): cinebiografia sobre a vida da escritora e ilustradora de livros infantis Beatrix Potter. Ótima atuação da Renée Zellweger, bela fotografia e bonitos figurinos.

Direto do Túnel do Tempo

Tarde Demais para Esquecer (1957): Cary Grant dá a dose certa de humor, Deborah Kerr é charmosa demais, a química entre eles é ótima. Gostei mais desse que do original de 1939.

Testemunha de Acusação (1957): mistério dirigido por Billy Wilder, baseado em conto da Agatha Christie, com a Marlene Dietrich. As viradas no fim do filme são incríveis.

Onde assistir: https://www.justwatch.com

Livro: A pequena caixa de Gwendy

Livro da vez: A pequena caixa de Gwendy, de Stephen King e Richard Chizmar.

Gwendy é uma garota de doze anos preocupada com a nova escola e com os temas típicos da adolescência: peso, amigas, garotos. Um dia, é abordada por um estranho e ganha uma caixa misteriosa e que começa a transformar sua vida. Parece bom demais pra ser verdade, não parece? Claro que há pegadinhas, ou não seria um livro do King.

Não estava empolgada para essa leitura porque li um livro escrito pelo King em parceria com outro autor que foi decepcionante, para dizer o mínimo: O Talismã, com Peter Straub. Ainda bem que deixei a desconfiança de lado, porque A pequena caixa de Gwendy é excelente. A protagonista é cativante e me vi no lugar dela, pensando no que fazer com a caixa, como guardá-la e, finalmente, como me livrar dela.

Embora o livro seja curtinho (dá para ler em uma tarde), a história é absorvente e ainda estou pensando nela… e doida pra ler os outros dois livros com a Gwendy.

Indico para quem gosta de suspense e fantasia, para fãs do King ou pra quem curte literatura young adult.

Estrelinhas no caderno: 5 estrelas

Filmes favoritos em janeiro de 2023

Recentes

Elvis (2022): o único da temporada que não me fez pensar “podia ter meia hora a menos”. Muita coisa da carreira do Elvis foi novidade para mim, o que tornou o filme ainda mais interessante. Atuações impecáveis. 4 estrelas

O Efeito Martha Mitchell (2022): curta documental. Martha Mitchell foi a primeira a sacar como era podre o governo Nixon, mas não foi levada a sério pela imprensa e foi sufocada pela administração federal e pelo próprio marido, que era o procurador-geral. 4 estrelas

My Year of Dicks (2022): curta de animação divertidíssimo sobre uma adolescente que tenta perder a virgindade. Mostra a experimentação e as inseguranças da adolescência e arranca umas risadas em solidariedade ao constrangimento da garota. 5 estrelas

Gato de Botas (2011): o passado do gato mais adorável do cinema. Simples, mas divertidíssimo e com uma gatinha muito fofa dividindo a cena com o amigo do Shrek. Bônus: alfineta tutores sem noção que arrancam as unhas dos gatos. 4 estrelas

Samy y Yo (2002): um roteirista de tv infeliz no trabalho e na vida pessoal de repente encontra uma mulher que lhe dá um novo gás. O protagonista é Ricardo Darín, tão bom nesse papel cômico quanto nos dramáticos mais conhecidos. 4 estrelas

Direto do Túnel do Tempo

Matilda (1996): uma garotinha negligenciada pelos pais se cria sozinha e desenvolve uma inteligência e uma percepção do mundo afiadíssimas. Gostei tanto que desisti de ver o musical, com medo de que não esteja à altura. 4 estrelas

O Ano Passado em Marienbad (1961): um triângulo amoroso em um hotel de luxo, alternância entre passado e presente. A incerteza permeia a história e mesmo no fim o espectador fica na dúvida. Intrigante e visualmente muito bonito. 4 estrelas

O Tesouro de Sierra Madre (1948): Humphrey Bogart é o protagonista desse filme sobre a corrida do ouro. Um tanto maniqueísta e com desfecho previsível, mas curti as atuações e a trilha sonora. 4 estrelas

O Homem Invisível (1933): uma mistura bem-sucedida de terror, ficção científica e comédia, embora eu tenha dúvidas se o humor foi intencional. Efeitos visuais excelentes para a época. 4 estrelas

Livros favoritos em 2022

A filha perdida (Elena Ferrante): a narradora é uma mulher deslocada de suas raízes e, depois, deslocada na vida de mãe e de esposa, tentando se reencontrar durante as férias. Primeiro livro que li da Ferrante.

Coraline (Neil Gaiman): história mal-assombrada econômica e envolvente, com elementos de Nárnia, Alice e referências contemporâneas. Livro infantojuvenil, mas divertido também para adultos.

Billy Summers (Stephen King): nem todo livro do King foca em elementos sobrenaturais. Aqui, o leitor acompanha o trabalho de um matador de aluguel que sonha com a aposentadoria e quer que esta seja sua última missão.

Poeira Lunar (Arthur C. Clarke): um ônibus turístico afunda em um mar de areia lunar e surgem dois desafios: o interno, o de manter os passageiros vivos e com o moral elevado, e o externo, de resgatar o ônibus. Daria uma excelente minissérie.

A Curva do Sonho (Ursula K. Le Guin): releitura. George Orr tem sonhos efetivos, ou seja, que mudam a realidade, e espera que um psiquiatra possa curá-lo antes que ele desista de viver.

Procurando Jane (Heather Marshall): a vida de três mulheres entrelaçadas desde os anos 70 em torno dos direitos reprodutivos. Como diz a autora no posfácio, não é um livro sobre aborto, mas sobre a maternidade e, sobretudo, sobre o direito de escolher como e quando ser mãe.

Lolita (Vladimir Nabokov): narrado por Humbert Humbert, que sabe o quanto é abjeto e carrega na ironia e no autojulgamento. O livro é chocante como se pode esperar, e nada indulgente.

Carmilla: A Vampira de Karnstein (Joseph Thomas Sheridan Le Fanu): Carmilla é uma das vampiras que inspirou o Drácula, de Bram Stoker, mas sua história é bem mais interessante que a do vampiro mais famoso da literatura.

O Homem Duplo (Philip K. Dick): Fred é um policial infiltrado em um grupo de viciados para tentar capturar traficantes, mas aos poucos vai se degradando não só pelo uso de drogas, mas pelo ambiente.

A Abadia de Northanger (Jane Austen): primeiro livro da autora, mas ela o reescreveu várias vezes ao longo da vida e a publicação foi póstuma. Está afiadíssima na critica de costumes, disparando ironia para todos os lados. Pode ser a porta de entrada para quem não conseguiu prosseguir nas leituras dos mais famosos de Austen.

Crime e Castigo (Fyodor Dostoevsky): Raskólnikov é um jovem estudante passando fome e com medo do que o futuro reserva para sua mãe e irmã, o que o leva a cometer um crime. A situação do protagonista desperta pena no início, mas outras nuances da personalidade dele terminam por encobrir esse sentimento.

E não sobrou nenhum (Agatha Christie): um dos melhores mistérios da Dama do Crime. Dez pessoas são convidadas para um fim de semana em uma ilha e as mortes começam… o assassino só pode ser um deles.

Joyland (Stephen King): história leve contada do ponto de vista de um rapaz de 21 anos. Quase um romance de formação. Mistério e sobrenatural em boas doses.

Um conto de duas cidades (Charles Dickens): Dickens expõe os exageros e terrores da Revolução Francesa acompanhando a vida de alguns personagens fictícios. As razões da Revolução são compreendidas, mas os excessos são criticados. No primeiro plano, uma história de amor filial e outra de amor romântico.

O Coração das Trevas (Joseph Conrad): um aventureiro pede um posto em um lugar remoto do Congo e tem seu desejo atendido. Lá conhecerá Kurtz, do qual pouco se sabe. Inspiração para Apocalypse Now.

O Chamado da Floresta (Jack London): o cão Buck é sequestrado de um lar seguro e enviado para o norte do Canadá, onde aprende a ser mais lobo que cão para sobreviver. Como em “Caninos Brancos”, há muitas metáforas sobre a condição humana.