Cisne Negro

Ficha Técnica

  • Título: Black Swan
  • País: Estados Unidos
  • Ano: 2010
  • Gênero: Drama
  • Duração: 1 hora e 48 minutos
  • Direção: Darren Aronofsky
  • Elenco: Natalie Portman, Mila Kunis, Winona Ryder, Vincent Cassel.
  • Sinopse: Beth MacIntyre (Winona Ryder), a primeira bailarina de uma companhia, está prestes a se aposentar. O posto fica com Nina (Natalie Portman), mas ela possui sérios conflitos interiores, especialmente com sua mãe (Barbara Hershey). Pressionada por Thomas Leroy (Vincent Cassel), um exigente diretor artístico, ela passa a enxergar uma concorrência desleal vindo de suas colegas, em especial Lilly (Mila Kunis).

Comentários

Cisne NegroSe eu soubesse que Cisne Negro é do mesmo diretor de Réquiem para um Sonho, não teria ido ao cinema. Felizmente, não sabia. Se por um lado Cisne Negro tem a mesma tratativa psicológica de Réquiem, a coisa vertiginosa de entrar na mente da protagonista, por outro é um filme menos angustiante que seu antecessor, e nada depressivo.

Provavelmente o que torna Cisne Negro mais ameno que Réquiem é sua obviedade. O tema central é clichê (como é clichê o próprio Lago dos Cisnes): a dicotomia em várias formas, bem/mal, claro/escuro,  infantilidade/amadurecimento. O diretor recheia o filme de metáforas, mas faz questão de explicá-las todas; com isso, não chega a entediar (aliás, o filme não entedia em momento algum), mas subestima o expectador. Se bem que, ainda assim, vi gente sair do cinema dizendo que não tinha entendido o filme.

Essa tendência a explicar tudo nos míííínimos detalhes dá uma folga quando o assunto é o mundo interior de Nina, a protagonista. Os conflitos diários da moça acabam se convertendo em violentas alucinações e, em alguns momentos, fica difícil para a platéia distinguir delírio de realidade, como é difícil para a própria Nina. Ainda agora, pergunto-me se algumas cenas (e até personagens) realmente existiram (dentro do universo do filme, é claro) ou se não passaram da imaginação de Nina.

Sim, há cenas de sexo e masturbação no filme, como já foi comentado ad nauseam pela imprensa. Todas, contudo, servem a um propósito. Nada está deslocado, nada é “nojento” ou “sujo”, como li em uma crítica tão virulenta que me faz pensar que o tal crítico tem sérios problemas para lidar com a sexualidade feminina.

Um dos grandes méritos do filme é a edição envolvente, com um movimento das câmeras que faz um excelente trabalho em capturar as sensações da dança. Boa parte do ambiente tenso, perturbador mesmo, é criada pela excelente montagem. Outro ponto forte são as interpretações, todas ótimas – a de Natalie Portman, irretocável (ou “perfeita”, como diria sua personagem). Talvez, ainda assim, não seja filme para Oscar. A uma, pelas obviedades já mencionadas. A duas (e, de certa forma, numa crítica correlacionada), pelo mau uso de computação gráfica em diversos momentos, chegando a “quebrar o clima” do filme e desviar a atenção do trabalho magistral de Natalie Portman.

Aliás, se pode haver dúvidas quanto ao merecimento do Oscar de melhor filme, tem-se a certeza absoluta de que Natalie Portman merece o Oscar de melhor atriz principal. A moça faz um papel excepcional após o outro desde os onze anos, já foi indicada por Closer e dessa vez excede qualquer expectativa. Se não levar a estatueta, será pura injustiça.

Cotação: 4 estrelas

Curiosidades

  • Natalie Portman, que sempre foi mignon, emagreceu dez quilos para o papel. Em alguns ângulos a magreza é tão intensa que chega a dar agonia. Diz-se que, a certa altura da filmagem, o diretor implorava que ela comesse alguma coisa.
  • A atriz fez balé clássico dos 4 aos 12 anos. Para interpretar o papel, submeteu-se a um treinamento de quase um ano, com direito a dores intensas. Durante as filmagens, deslocou uma costela (e continuou gravando). Ainda assim, foi usada uma dublê (a bailarina profissional Sarah Lane) para as acrobacias mais complexas e os close-ups abaixo da cintura.
  • Mila Kunis (Lilly) também emagreceu cerca de dez quilos para o papel, chegando a absurdos 43 quilos. Treinou intensamente por quatro meses, sofreu várias lesões e deu declarações dizendo que nunca mais quer dançar. Também foi usada uma dublê para as cenas mais elaboradas.
  • O orçamento do filme foi de míseros 13 milhões de dólares – tão baixo que, quando Natalie Portman deslocou a costela e precisou de tratamento médico, teve de abrir mão do seu trailer para obtê-lo.

Serviço

Imagem: divulgação.

As Crônicas de Nárnia

As Crônicas de Nárnia - volume único

Da série para o cinema, só vi o primeiro, O Leão, A Feiticeira e o Guarda-Roupa. Lembro-me de ter gostado do filme, mas não o suficiente para ver os seguintes. Ouvia falar que a obra original era muito mais interessante que a filmagem. Agora, após ler o volume único das Crônicas de Nárnia (o primeiro filme para o cinema é, na verdade, a segunda história, na cronologia estabelecida pelo autor), entendo bem por que: o filme é apenas uma sombra do mundo criado por C. S. Lewis. Uma bela sombra, cheia de contornos cativantes, mas pálida diante do texto – bem como acontece aos mundos contidos dentro dos mundos de Nárnia.

Talvez esse seja o destino inescapável de todos os livros de fantasia. Já ouvi muitas vezes que os livros que formam O Senhor dos Anéis são bem mais impactantes que os filmes (terei a chance de verificar isso daqui a uns meses). A saga de Harry Potter foi muito bem filmada, mas os livros são tremendamente mais envolventes.  Se todas as adaptações de textos tendem a perder conteúdo quando reduzidas a pouco mais de duas horas de imagens, o fenômeno é ainda mais cruel com histórias de fantasia. A imaginação permite infinitas dimensões e camadas aos mundos fantasiosos, enquanto o cinema as mastiga, sintetiza e apresenta uma única versão.

Nárnia é, sim, um livro para crianças. Encontra-se de tudo um pouco nas suas páginas: heróis, vilões, animais falantes (como nas antigas fábulas), feiticeiras, capa-e-espada, aventuras por mar e terra, contos de fadas. Não é, no entanto, um livro condescendente. Exige que as crianças imaginem, completando as lacunas que felizmente existem nas descrições; e impõe perdas, despedidas e mortes. Presume que o leitor-mirim tenha inteligência para aproveitar ao máximo suas páginas. Aliás, pergunto-me se as crianças que estão por aí lêem as Crônicas – e, principalmente, se gostam. Terão paciência para um livro longo? Terão foco, imaginação, curiosidade? Conseguirão se interessar por uma diversão tão arcaica quando comparada ao jogos eletrônicos?

Claro, há lições de moral nas páginas de Nárnia, como cabe aos bons livros infantis. A traição, a ganância e a covardia são censuradas. A coragem e a lealdade sempre são recompensadas. O moralismo está longe de ser sutil, mas não estraga a fantasia. Está, aliás, muito bem colocado e seria realmente ótimo que as crianças de hoje crescessem com lições de moral passadas de forma lúdica (tenho a impressão que poucos pais se preocupam em ensinar “educação” ou “bom comportamento”). O livro traz, também, uma forte tendência mística, religiosa mesmo. Quando esse viés ameaçava incomodar-me, fixava-me nas aventuras nos valores universais por elas enaltecidos, que são anteriores e superiores a qualquer crença: honra, amizade, compaixão, perdão. (O curioso é que, embora o livro tenha forte tendência cristã, seu autor recebeu fortes críticas de grupos cristãos que consideram o texto herege por citar temas bíblicos misturados a elementos da “mitologia pagã”.)

Escrito nos anos 50 (na mesma época do Senhor dos Anéis), os sete livros que compõem o volume único não escapam totalmente ao seu tempo: há uma conotação sexista, uma tendência a ver a mulher como frágil demais, menos capaz que o homem, um tanto boba. O próprio autor parece lutar contra esse estereótipo em algumas passagens e é bem verdade que se esforça por colocar homens e mulheres numa situação que seus contemporâneos julgariam igualitária (e, provavelmente, o criticariam por isso). Dada a pouca importância atribuída às mulheres na época em que os livros foram escritos, As Crônicas de Nárnia podem ser perdoadas por seus deslizes e merecem ser valorizadas pelas tentativas de igualdade de gêneros.

Está aí uma excelente sugestão de leitura para quem gosta de viajar por outros, independentemente da idade.

Trechos

Oh, Filhos de Adão, com que esperteza vocês se defendem daquilo que lhes pode fazer o bem! (p. 91)

– O punhal é para a sua defesa, em caso de extrema necessidade. Porque você também não deve entrar na luta.
– Por que não, meu senhor? – disse Lúcia. – Acho que… bem, não sei… mas acho que eu era capaz de não ter medo!
– O problema não é esse. É que as batalhas são mais feias quando as mulheres tomam parte nelas.” (p. 151)

O coração de Shasta quase parou ao ouvir essas palavras, pois já não lhe restavam reservas de força. Por dentro rebelava-se contra o que lhe parecia a crueldade da missão. Ainda não aprendera que a recompensa de uma boa ação é geralmente ter de fazer uma outra boa ação, mais difícil e melhor. (p. 255)

Minha filha: já vivi cento e nove invernos e jamais encontrei uma coisa chamada sorte. (p. 256)

O rei obedece às leis, pois as leis o fizeram rei. (p. 287)

Depois disso, os amigos da diretora perceberam que ela não prestava para diretora, e nomearam-na inspetora-geral. Quando viram que ela não era também grande coisa como inspetora-geral, conseguiram elegê-la para a Câmara dos Deputados, onde ela viveu para sempre feliz. (p. 625)

Ficha

Este texto faz parte do Desafio Literário 2011, cujo tema em janeiro é literatura infanto-juvenil. Conheça o Desafio Literário.

Blog Retrospectiva 2010

Recordar é viver, já disse alguém. Nesta retrospectiva (que aprendi a fazer com a Nospheratt), selecionei um texto por mês, durante 2010.  São, na minha opinião, os melhores artigos do DdF nos últimos doze meses.

Divirta-se com a coletânea!

Janeiro

Vergonha, vergonha. Não escrevi nada em janeiro. Nunca antes na história deste país… bom, você sabe. Que isso sirva de lição para mim.

Fevereiro

É a Via, é bonita e é bonita! – o mês também foi de pouca produção, mas marcou a transferência do ddf para a Via Hospedagem. Sou uma blogueira mais feliz desde que migrei para a Porto Fácil, em 2007. A empresa do Janio se especializou em serviços de grande porte e mudei para a Via, do Becher. São as únicas empresas de hospedagem que recomendo de olhos fechados.

Março

Nada? Nada. Pois é.

Abril

Ai, ai. Essa retrospectiva não vai muito bem, né não? Quem sabe escrevo mais em 2011?

Maio

Tem figurinha repetida? – finalmente um texto! Meu mais novo hobby em 2009 e 2010 foi colecionar figurinhas. Dei uma pausa na brincadeira por falta de tempo (dá pra perceber pelo ritmo baixo de postagens?), mas em 2014 volto pra fazer o álbum da Copa.

Junho

Samantha Sweet, executiva do lar – a resenha entra na retrospectiva por ser de um dos meus livro favorito do gênero chick lit, empatado com primeiro é O Diário de Bridget Jones.

Julho

Arroz à Piamontesa – um dos meus pratos preferidos! Fiquei espantada quando descobri como é fácil prepará-lo.

Agosto

Canelone da Preguiça – uma das várias receitas que inventei esse ano com o que tinha à mão. Essa já foi repetida muitas vezes.

Setembro

O Minimalista – grande achado culinário do ano.

Outubro

Violando minhas regras, recomendo dois artigos.

Eu tenho muita coisa. – o texto que mais gostei de fazer em 2010. Esse artigo foi, para mim o início de uma nova forma de pensar as compras, o consumo e o consumismo. Trouxe-me uma verdadeira mudança de hábito.  Na verdade, entre tudo que já escrevi esse texto se destaca por sua importância pessoal.

Buenos Aires – city tour. – meu artigo mais trabalhoso de todos os tempos. Foram mais de cinco horas pesquisando, escrevendo, linkando – sem contar o tempo gasto para taguear e legendar as fotos. Faz parte de uma série de textos sobre a minha viagem por Buenos Aires e Montevidéu.

Novembro

Montevidéu – dicas variadas. – meu texto preferido sobre o Uruguai ainda não foi escrito e será sobre o Teatro Solís, pela beleza do lugar, mas esse merece o destaque de novembro por ter contado com uma grande ajuda da minha querida Nospheratt, que também colaborou tremendamente na legendagem das fotos.

Dezembro

Desafio Literário 2011 – Minha Lista de Livros – tenho esperança de que a proposta faça pelo meu hábito de ler o mesmo que o Eu tenho muita coisa fez pelo meus hábitos na hora de me arrumar: que traga renovação, estimule a criatividade e gere um compromisso positivo.

Que venha 2011 – com mais artigos!

Babel Restaurante

Esta semana, eu e uma amiga fomos conhecer o restaurante Babel (CLS 215, Blco A, Loja 37, Brasília). Desde que a casa abriu abriu, há anos, tinha curiosidade de visitá-la. Bem, devo dizer que o almoço foi decepcionante.

A primeira impressão, antes de entrarmos, foi positiva. Restaurante pequeno, menos de 15 mesas, ambiente um pouco pretensioso, toalhas brancas com guardanapos vermelhos (de tecido). Segundos depois, a coisa começou a desandar. Havia uma mesa vazia do lado de fora, ainda suja. Do lado de dentro, mesas limpas acompanhadas de ar parado e quente. Escolhemos ficar do lado de fora, mais fresco. O garçom não gostou.

– Vocês não querem sentar lá dentro, onde já tem mesas prontas?

– Não. Queremos que você limpe esta, por favor.

Limpou. Ao longo do almoço, percebemos que o restaurante não tem por hábito limpar as mesas e prepará-las para novos clientes.

Pedimos o tal Almoço VIP Executivo: salada do dia, três opções de pratos quentes – ambas escolhemos o risoto de bacalhau e tomate – e maçã com farofa de paçoca para a sobremesa (por 36 reais). E duas cocas zero, por favor.

A salada chegou (as bebidas, não) e quase tivemos um ataque de riso. A surpresa foi tanta que nem dei conta de fotografar o prato: uma, eu disse uma rodela de tomate, com uma colher de repolho picado e outra de cenoura ralada (um vinagrinho e gergelim completavam o “prato”). Uma rodela de tomate, meu povo.

A essa altura, as bebidas já tinham chegado, mas nada de saleiro ou guardanapos. Não tiveram o cuidado de refazer a arrumação da mesa que escolhemos.

Veio o prato principal. Acho que só comi um risoto tão ruim da primeira vez em que tentei fazer a receita. Seco, duro e quase frio. Risoto é um prato cremoso que se espalha pelo prato. O nosso consistia de duas colheradas de arroz empapado, uma empilhada sobre a outra. Taí a foto que não me deixa mentir:

Risoto de Bacalhau e Tomate - Babel Restaurante
Arroz unidos-venceremos.

Pra completar, estava completamente sem sal. Eu raspei o molho do prato para dar algum gosto ao arroz (porque, né, nada de saleiro na mesa até então). O risoto da rede Spoleto dá de 10 a 0.

Ah, sim: quando chegou o prato principal, solicitamos os guardanapos ao garçom. Só assim para os recebermos.

Por fim, a sobremesa. Além de seca (nem vou comentar quão pequena era), a da minha amiga continha pedaços de plástico. Três deles. Clique nas fotos se quiser ampliar.

Maçã com Farofa de Paçoca e Plástico Maçã com Farofa de Paçoca e Plástico

Na conta, cobraram os 10% sobre o valor cheio dos pratos, apesar de termos cupons de desconto de um desses sites de compra coletiva. A prática é duvidosa, mas exercida por alguns estabelecimentos. Pelo serviço que tivemos, não deveríamos ter aceitado os 10% nem sobre as cocas, mas eu só queria pagar logo e almoçar de verdade em qualquer outro canto.

Atenção: o texto acima ampara-se no direito fundamental à manifestação do pensamento, previsto nos arts. 5º, IV e 220 da Constituição Federal de 1988. Vale-se do “animus narrandi”, protegido pela lei e pela jurisprudência (conferir AI nº 505.595, STF).

Atualização

Recebi um contato do Bruno, novo gerente do Babel. O comentário está aqui mesmo, mas como nem todos lêem os comentários, resolvi copiar e colar aqui no corpo do texto. O grande mérito é dele é respeitar a opinião de uma consumidora. Só por isso, o Babel já merece uma segunda chance quando for reinaugurado.

Oi Lu! Encontrei seu blog por acaso, mas não foi mera coincidência pois fazem apenas 45 dias que assumi a gerência do Restaurante Babel. Não posso deixar de concorda com o que foi postado pois trata-se de uma realidade que tivemos muito trabalho para aniquilar (esse é o termo certo) maus profissionais, ou melhor, indivíduos totalmente sem competência e preparo que infelizmente nos últimos 1 ano e meio vinham denegrindo uma imagem que levamos sete anos para construir, eu digo que levamos porque fazia parte da equipe que conquistou a estrela no guia 4 rodas a 6 anos atrás. Pois bem, nos dias atuais a nossa realidade tornou-se outra, gracas a muito trabalho, treinamento e dedicação, estamos conseguindo gradativamente recuperar o que havia se perdido, com uma nova brigada de cozinha e salão, confesso que a brigada é muito jovem e inexperiente, antes que você me pergunte o que nos diferencia da antiga brigada, já te adianto, dedicação, empenho e o mais importante queremos status e fama, só há um meio de conseguir isso que é prestando serviços de excelência e qualidade, com atendimento diferenciado ao nosso publico, sabendo que não se paga 4,50 em um refrigerante pra parecer “bonitinho” e sim para ser servido, ser paparicado. Lu acho que merecemos outra chance de mostrar e provar que a nossa casa pode oferecer um serviço de qualidade. Estamos em reforma reabriremos dia 26 de abril de 2011 com uma nova culinária deixaremos de ser contemporâneo e passaremos a ser italiano. Será uma honra recebê-la em nossa casa novamente. Entre em contato com agente através do meu e-mail. Desde já te agradeço pela postagem pois essa é a única forma de não cometer erros do passado.