Filmes favoritos em junho de 2022

Recentes

Top Gun: Maverick (2022): eu não podia ter escolhido filme melhor para retornar ao cinema depois de 2 anos, 3 meses e 18 dias. Maverick tem tudo que os fãs de Top Gun poderiam desejar: mil referências ao primeiro filme, trilha sonora bacana, equilíbrio entre humor e tensão, efeitos visuais e sonoros arrasadores (merece mesmo ser visto no cinema). E sim, Tom Cruise deve ter feito um pacto com o Crowley para conservar a aparência, não há outra explicação. 5 estrelas

Ascensão (2021): documentário sobre o dito “sonho chinês”, focado em produção, produtividade e um verniz de ocidentalização. Abusos e condições de trabalho degradantes desde o chão de fábrica até o mundo corporativo. Direitos humanos vistos como uma falácia ocidental em um mundo em que só importa a sobrevivência – e, claro, com esse tipo de pensamento os abusos se perpetuarão. 4 estrelas

Direto do Túnel do Tempo

Asas do Desejo (1987): não curti da primeira vez que vi, há uns 15 ou 20 anos. Dessa vez, achei poético e gostei tanto que emendei em Tão Longe, Tão Perto (que fica devendo bastante). 4 estrelas

Viagem ao Fim do Universo (1963): em 2163, a nave espacial Ikaria parte em uma longa jornada em busca de vida no sistema estelar Alpha Centauri, mas a tripulação (obviamente) se depara com uma emergência que pode levar todos à morte. Filme tcheco que serviu de inspiração para Star Trek, 2001 e outros clássicos da ficção científica. A estrutura é a de um episódio de ficção científica e eu assistiria uma série inteira com esses personagens. 5 estrelas

Orfeu (1950): adaptação do mito grego à França contemporânea. Fiquei impressionada com os efeitos visuais, muito bem feitos considerando-se a época em que o filme foi produzido. 4 estrelas

Filmes: os melhores de fevereiro de 2022

Sigo no ritmo do Oscar 2022.

Recentes

A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas (netflix): meu longa de animação favorito dessa temporada. Uma adolescente consegue entrar para a faculdade dos sonhos e finalmente encontrará pessoas como ela, mas antes deverá salvar o mundo e, de quebra, entender-se com sua família. Referências a Exterminador do Futuro” e “Eu, Robô”, entre outras. 4 estrelas

Coda – no ritmo do coração (amazon prime): uma adolescente é a única ouvinte de sua família e é apaixonada por música. Termina por ficar dividida entre seguir sua paixão ou continuar a ajudar a família de pescadores, que depende dela. Filme fofo, excelentes atuações, belas canções. A diretora teve uns insights bacanas ao alienar os espectadores ouvintes em algumas cenas, demonstrando como se sentem os surdos na maioria do tempo. 5 estrelas

Four Good Days (google play): após dez anos de vício, uma mulher implora pela ajuda da mãe para se livrar da heroína. Inicialmente a mãe recusa ajuda, em uma atitude tão fria que chega a ser chocante, até que percebemos que essa história é muito longa. Seguir-se-ão quatro dias de convivência e luta. O filme aproveita para criticar o sistema médico norte-americano. 5 estrelas

Mães Paralelas (netflix): parece que o tema do Oscar 2022 é família em geral e maternidade em particular. Duas mulheres se conhecem na enfermaria de uma maternidade enquanto dão à luz, e seus destinos ficarão atados. Em segundo plano, há uma tentativa de recuperar os restos mortais de desaparecidos durante a guerra civil espanhola. Almodóvar em excelente forma – minha única ressalva é o melodrama da cena final. 4 estrelas

Direto do túnel do tempo

Nanook (1922, youtube): considerado por muitos o filme que inaugurou o gênero dos documentários. O diretor acompanha por meses uma família esquimó em sua batalha pela sobrevivência. A narrativa não é cem por cento espontânea, algumas cenas foram “posadas”, mas isso não retira a força dramática daquela realidade inóspita. 5 estrelas

As minas do rei Salomão

Livro da vez: “As minas do rei Salomão”, de Henry Rider Haggard.

Allan Quatermain lidera Henry Curtis e o Capitão Good em uma aventura na África com pouco mais que um mapa feito a mão. Os objetivos: encontrar a lendária mina de diamantes do rei Salomão e o irmão de Sir Curtis, perdido há anos. Logo se junta ao grupo o nativo Umbopa. A expedição enfrentará deserto, neve e até uma guerra na tentativa de cumprir suas missões.

A introdução já avisa que é um livro “para meninos” – porque provavelmente o que se esperava das meninas em 1885 era que aprendessem a cozinhar e bordar, jamais exercitando a imaginação ou sonhando com aventuras.

Dito isso, é preciso lembrar que ninguém escapa inteiramente ao seu tempo e essa colherada de machismo não deve espantar. Por outro lado, considerando-se a época e o contexto social do autor, ele foi muito progressista. Os negros não são tratados como coitadinhos que precisam ser salvos pelos brancos, nem como bestas de carga. Ao contrário, são personagens fortes, e o narrador em diversos momentos elogia sua inteligência e organização social. São admirados. Há até um romance interracial, e dá pra imaginar como isso deve ter chocado a sociedade vitoriana.

“As minas do rei Salomão” foi o último livro do #projetoexploradores e foi um dos meus favoritos. O projeto durou um ano e foi uma oportunidade incrível de revisitar Júlio Verne (o primeiro autor de ficção científica que li) e conhecer obras que, embora famosas, nunca tinham me interessado muito. Jack London foi um presente, um autor de quem mal tinha ouvido falar e que me encantou (lemos dois livros dele, “O lobo do mar” e “Caninos Brancos”, e ambos são meus favoritos do projeto). Saí da minha zona de conforto e explorei mundos incríveis na companhia dos demais exploradores literários.

Obrigada às organizadoras por terem proporcionado essas viagens: @soterradaporlivros@tinyowl.reads@chimarraoelivros e @fronteirasliterarias!

Estrelinhas no caderno:
Para o livro do mês: 4 estrelas
Para o projeto: 5 estrelas

As Viagens de Gulliver

Livro da vez: “As Viagens de Gulliver”, de Jonathan Swift, leitura coletiva do #projetoexploradores, organizado por @soterradaporlivros@tinyowl.reads@chimarraoelivros e @fronteirasliterarias.

Esperava um livro infantil e, considerando que foi lançado em 1726, cheio de descrições maçantes. Fui surpreendida com um livro interessantíssimo – e para adultos.

Gulliver é um médico muito louco que se mete em muitas aventuras. Não sossega nem depois que casa e tem filhos. Conhece um país de pessoas em miniatura (o famoso Lilliput), outro de gigantes, um cuja capital é uma ilha voadora pronta a esmagar os súditos e, finalmente, um país em que os cavalos são os seres racionais.

A cada viagem, sua crença inicial nas virtudes superiores da Inglaterra é mais e mais abalada. O autor abusa da ironia em críticas mordazes ao parlamento, ao sistema de classes, ao direito, às ciências, à arrogância típica dos ingleses. Considerando a época em que o livro foi escrito, é bastante progressista ao criticar preconceitos e defender que as mulheres tenham a mesma educação formal dos homens.

No Brasil, a maioria das edições é adaptada para crianças e tem apenas as duas primeiras viagens. Na Amazon você pode baixar gratuitamente uma edição com as quatro viagens e um português bastante agradável (boa tradução, sem ser rebuscada nem simplista).

Fico pensando o quanto uma criança de oito ou dez anos – a quem supostamente o livro se destina – é capaz de entender da obra. Se você leu na infância, leia de novo. Se nunca leu, afaste o preconceito e viaje nessas aventuras.

Estrelinhas no caderno: 5 estrelas