Livro: A pequena caixa de Gwendy

Livro da vez: A pequena caixa de Gwendy, de Stephen King e Richard Chizmar.

Gwendy é uma garota de doze anos preocupada com a nova escola e com os temas típicos da adolescência: peso, amigas, garotos. Um dia, é abordada por um estranho e ganha uma caixa misteriosa e que começa a transformar sua vida. Parece bom demais pra ser verdade, não parece? Claro que há pegadinhas, ou não seria um livro do King.

Não estava empolgada para essa leitura porque li um livro escrito pelo King em parceria com outro autor que foi decepcionante, para dizer o mínimo: O Talismã, com Peter Straub. Ainda bem que deixei a desconfiança de lado, porque A pequena caixa de Gwendy é excelente. A protagonista é cativante e me vi no lugar dela, pensando no que fazer com a caixa, como guardá-la e, finalmente, como me livrar dela.

Embora o livro seja curtinho (dá para ler em uma tarde), a história é absorvente e ainda estou pensando nela… e doida pra ler os outros dois livros com a Gwendy.

Indico para quem gosta de suspense e fantasia, para fãs do King ou pra quem curte literatura young adult.

Estrelinhas no caderno: 5 estrelas

Filmes favoritos em janeiro de 2023

Recentes

Elvis (2022): o único da temporada que não me fez pensar “podia ter meia hora a menos”. Muita coisa da carreira do Elvis foi novidade para mim, o que tornou o filme ainda mais interessante. Atuações impecáveis. 4 estrelas

O Efeito Martha Mitchell (2022): curta documental. Martha Mitchell foi a primeira a sacar como era podre o governo Nixon, mas não foi levada a sério pela imprensa e foi sufocada pela administração federal e pelo próprio marido, que era o procurador-geral. 4 estrelas

My Year of Dicks (2022): curta de animação divertidíssimo sobre uma adolescente que tenta perder a virgindade. Mostra a experimentação e as inseguranças da adolescência e arranca umas risadas em solidariedade ao constrangimento da garota. 5 estrelas

Gato de Botas (2011): o passado do gato mais adorável do cinema. Simples, mas divertidíssimo e com uma gatinha muito fofa dividindo a cena com o amigo do Shrek. Bônus: alfineta tutores sem noção que arrancam as unhas dos gatos. 4 estrelas

Samy y Yo (2002): um roteirista de tv infeliz no trabalho e na vida pessoal de repente encontra uma mulher que lhe dá um novo gás. O protagonista é Ricardo Darín, tão bom nesse papel cômico quanto nos dramáticos mais conhecidos. 4 estrelas

Direto do Túnel do Tempo

Matilda (1996): uma garotinha negligenciada pelos pais se cria sozinha e desenvolve uma inteligência e uma percepção do mundo afiadíssimas. Gostei tanto que desisti de ver o musical, com medo de que não esteja à altura. 4 estrelas

O Ano Passado em Marienbad (1961): um triângulo amoroso em um hotel de luxo, alternância entre passado e presente. A incerteza permeia a história e mesmo no fim o espectador fica na dúvida. Intrigante e visualmente muito bonito. 4 estrelas

O Tesouro de Sierra Madre (1948): Humphrey Bogart é o protagonista desse filme sobre a corrida do ouro. Um tanto maniqueísta e com desfecho previsível, mas curti as atuações e a trilha sonora. 4 estrelas

O Homem Invisível (1933): uma mistura bem-sucedida de terror, ficção científica e comédia, embora eu tenha dúvidas se o humor foi intencional. Efeitos visuais excelentes para a época. 4 estrelas

Livros: Uma Coisa Absolutamente Fantástica e Um Esforço Lindo e Fútil

Livros da vez: Uma coisa absolutamente fantástica e Um esforço lindo e fútil, de Hank Green.

Do nada, uma escultura-robô gigante aparece em Nova Iorque. April é a primeira a perceber, por sorte, e ela e seu amigo Andy publicam um vídeo sobre o acontecimento no youtube, pensando que se tratava de uma intervenção artística. Logo fica evidente que estavam enganados: há robôs em dezenas de cidades, e eles parecem ser alienígenas.

A história revela seu propósito conforme o autor vai narrando os efeitos dos robôs, ou Carls, sobre os humanos: de um lado, fascinação e curiosidade; de outro pânico e violência. Hank Green usa um enredo um tanto absurdo de fantasia e ficção científica para falar sobre a polarização dos anos recentes e a manipulação por meio do preconceito e do medo, e e desdobra a discussão para tratar de fama e poder, de redes sociais e seus efeitos, de economia, capitalismo e exclusão.

O segundo livro é ainda mais fantasioso que o primeiro, e a estrutura de narração – cada amigo escrevendo alguns capítulos alternadamente – me pareceu desnecessária, mas até que fez sentido no final. Um esforço lindo e fútil aprofunda bastante as discussões do primeiro livro e deixa questionamentos sobre o papel das grandes empresas privadas que controlam tecnologias e recursos relevantes, tornando-se mais poderosas que nações. Embora Green traga essas indagações envoltas em uma narrativa de ficção científica, hoje mesmo governos e populações já precisam lidar com empresas transnacionais tão ricas e influentes que prevalecem sobre leis trabalhistas e normas ambientais. A distopia delineada no segundo livro não parece tão irreal quando se pensa nisso.

Permeando tudo, o grande questionamento: o que nos faz humanos?

Os dois livros exigem um salto de fé, sim, mas valem a pena até para quem, como eu, não morre de amores pelo gênero young adult.

Indico para despertar o gosto pela leitura em adolescentes, e para adultos que procurem uma escrita leve que não seja rasa.

Estrelinhas no caderno: 4 estrelas

A Aquarela Como Âncora

Em 2022, adicionei mais uma âncora à minha busca por sanidade e leveza: a aquarela.

Sendo canhota, tenho duas mãos direitas para artes. Só que adoro papelaria e afins, então desde 2017 flerto com técnicas que me permitam usar (e comprar) coisas legais. Primeiro foi o lettering, depois o desenho e, mais recentemente, a aquarela. Nada disso é excludente, tudo se complementa, mas faz um tempinho que é a aquarela que me atrai mais.

A primeira aventura nas tintas foi em 2018, uma pera realista em A4 que me tomou horas. Era uma aula gratuita da Anna Mason. Foi legal, mas em seguida coloquei o material de lado. De lá para cá, fiz algumas tentativas de retomada e a coisa começou a se firmar em 2021, com os cursos da Domestika e do Skillshare.

Em 2022, decidi praticar pelo menos 4 vezes por semana, ainda que por meia hora. Para manter a motivação, fiz o livro 15-Minute Watercolor Masterpieces, da @dearannart de capa a capa. O fim coincidiu com a abertura da turma de aquarela da Juliana Rabelo e aí a coisa ficou séria. Eu sentia falta dos fundamentos e de entender o que estava fazendo, e a Ju supriu essas lacunas. Foram 5 meses riquíssimos, com muito aprendizado, feedbacks atenciosos da professora e a companhia de uma turma maravilhosa. A Ju, que tem um blog cheio de conteúdo útil para quem está começando, abrirá nova (e provavelmente última) turma amanhã, dia 22 de janeiro de 2023, e recomendo demais.

Perto do fim do curso, já me sentindo órfã, resolvi aproveitar a black friday e garanti o acesso por um ano ao Portal Aquarele-se, da Chiara Bozzetti. Há módulos e apostilas, além de uma atenção ao desenho, algo que eu queria desenvolver. É um curso mais solto, mais com cara de ateliê mesmo, e acho bom ter alguma base para aproveitá-lo ao máximo. A Chiara faz lives no youtube todas as segundas-feiras e é um ótimo modo de conhecer a forma como ela ensina arte.

Tudo isso pra dizer que, se você está precisando de algo que recarregue as baterias e que motive além da produtividade ou do pagar-os-boletos, desejo de coração que encontre esse algo em 2023. Pode ser arte, entretenimento, esporte, aprender um instrumento musical ou retomar algum hobby que você deixou de lado. Algo motivado só por prazer, sem outras considerações. E, se já tem esse algo, desejo que ele te proporcione muito contentamento no próximo ano.