Livro: Oliver Twist

Livro da vez: Oliver Twist, de Charles Dickens.

Oliver Twist é um órfão que passa inúmeras privações e violências nas mãos de representantes do Estado e de pessoas inescrupulosas na Londres pobre, suja e violenta do séc. XIX.

O livro destoa de Um Conto de Duas Cidades. Enquanto Um Conto… é objetivo e direto, Oliver Twist é cheio de desvios , longas descrições que lembram o romantismo representado no Brasil por José de Alencar e muito melodrama. O excesso de coincidências torna a história inverossímil. Ainda assim, Dickens compõe personagens fortes e fiquei bastante interessada pelos destinos deles, torcendo pelo sucesso de uns e pelo sofrimento de outros.

A edição da Companhia das Letras traz um texto interessante em que George Orwell estuda a obra de Dickens. Lá, descobri que Um conto de Duas Cidades não é o livro-padrão do autor, mas Oliver Twist sim. Ou seja, o melodrama faz mesmo parte da obra de Charles Dickens.

Indico para quem tem curiosidade pela obra de Dickens e pela Londres vitoriana, mas Um Conto de Natal e Um Conto de Duas Cidades me agradaram mais. 4 estrelas

Filmes favoritos em maio de 2024

Recentes

The Greatest Hits (2024): uma mulher perde o namorado em um acidente e pouco depois descobre que consegue voltar no tempo ouvindo as músicas que marcaram o relacionamento deles. Romance com uma pitada de scifi.

Gasoline Rainbow (2023): road movie adolescente. É, eu sei que por essa descrição não dá vontade de ver, mas o filme é bem feito, ótima edição, boa fotografia.

Minha Irmã e Eu (2023): comédia brasileira leve, bem feita, com piadas bacanas que provocam boas risadas. Ingrid Guimarães e Tatá Werneck fazem uma ótima dobradinha.

Roadrunner: A Film About Anthony Bourdain (2021): interessante e melancólico (eu não sabia que ele tinha se matado). Fiquei com vontade de ler o livro.

Fora de Série (2019): comédia feel good sobre duas melhores amigas que estão terminando o ensino médio e revendo suas vidas. Bem escrito e divertido.

Terceira Estrela (2010): o protagonista (Benny Cumberbatch) está morrendo de câncer e convoca os amigos para um último passeio. Belíssimo, tristíssimo, não recomendo.

Precisamos falar sobre o Kevin (2011): o guri é desajustado desde o nascimento, ninguém acredita na mãe dele e dá no que dá. Excelente, um dos filmes mais perturbadores que já vi, jamais reverei.

Pão e Tulipas (2000): uma dona de casa e mãe dedicada é deixada para trás durante uma viagem em família e resolve se aventurar. Comédia romântica italiana, começa meio rasgada, mas se suaviza.

Direto do Túnel do Tempo

O Gigante de Ferro (1999): animação que começa um pouco boba, mas ganha ritmo. Revisita a criatura de Frankenstein.

Onde assistir: https://www.justwatch.com

Livro: Pessoas Normais

Livro da vez: Pessoas Normais, de Sally Rooney.

Romance de formação, Pessoas Normais acompanha os protagonistas Connell e Marianne desde a adolescência até o fim da faculdade. Enquanto tentam descobrir seus lugares no mundo, ambos navegam hesitantes, em meio a mal-entendidos, aproximações e afastamentos.

Interesses amorosos, conflitos familiares, relações com amigos, opiniões políticas, crítica social, mudanças de ideia e de comportamento, dúvidas quanto ao futuro profissional… em menos de 300 páginas, a autora aborda de tudo um pouco. Poderia ser confuso ou vazio, mas a prosa é bem conduzida e acabei me importando com os personagens e torcendo para que fossem felizes.

Recomendo para quem curte o gênero young adult e busca uma história que não seja superficial. 4 estrelas

Livro: O Labirinto da Morte

Livro da vez: O Labirinto da Morte, de Philip K. Dick.

Um grupo de pessoas um tanto frustradas com as próprias vidas é enviado a Delmak-O, um novo assentamento num planeta desconhecido. Logo fica evidente que há algo estranho com todas elas e com a missão. O grupo passa a lutar pela sobrevivência e o final é aterrador e surpreendente ao mesmo tempo.

O Labirinto da Morte traz um elemento religioso interessante, e é isso que as sinopses costumam destacar, mas o foco da história é a interação do estranho grupo de pessoas enquanto lutam pela sobrevivência.  O Caso dos Exploradores de Cavernas vem à mente, mas as semelhanças não duram muito tempo.

Philip K. Dick escreve ficção científica de um jeito que me encanta. Seu interesse está no drama humano e a tecnologia é um mero pretexto para tratar de questões complexas e, ao tempo, comuns. Ele não perde tempo desenvolvendo conceitos mirabolantes ou escrevendo technobabble (William Gibson, estou olhando para você), prefere uma prosa clara, construindo um texto acessível e fluido, sem deixar de intrigar e surpreender o leitor.

Recomendo para quem busca uma história curta (o livro tem menos de 300 páginas) e surpreendente. 5 estrelas