Filmes favoritos em setembro de 2022

Recentes

Miral (2010): baseado na autobiografia da protagonista, uma jornalista que conta como foi crescer em uma Palestina ocupada e oprimida pelos israelenses. Sensível sem ser maniqueísta. 4 estrelas

Destinos Ligados (2009): três mulheres têm suas vidas entrelaçadas. A mais velha entregou a filha para adoção há mais de trinta anos; a mais nova quer adotar uma criança. Os dramas se interligam e, embora alguns lances sejam previsíveis, o filme é bem bonito. 4 estrelas

Direto do Túnel do Tempo

O Sócio (1996): Whoopi Goldberg é uma analista de investimentos que perde uma promoção por ser mulher e decide abrir sua própria firma. Filme divertidíssimo que aborda preconceitos de gênero e cor infelizmente ainda existentes. 4 estrelas

O Pagamento Final (1993): Al Pacino é um mafioso que, depois de cinco anos na prisão, decide seguir uma vida decente, mas o mundo parece conspirar contra a sua regeneração. Ótimas atuações. 4 estrelas

Livro: Eu Sou A Lenda

Livro da vez: Eu sou a lenda, de Richard Matheson, leitura de setembro do #lendoscifi. O grupo já está no quarto ano e você pode saber mais com a @soterradaporlivros. Pra mim, foi releitura, e não sei não se não foi treleitura.

Conheci primeiro a adaptação do Will Smith e adorei (mas os sustos que tomei, pelamor, e tomei os mesmos sustos revendo esta semana). Aí, fui ler o livro e fiquei “ué?”. A história original é bem diferente da versão de Hollywood (existem dois outros filmes, que aparentemente também não são muito fiéis).

No livro, Neville é um trabalhador de classe média suburbano que de repente se vê o último sobrevivente da rua, da cidade, talvez do país e do mundo. Uma doença misteriosa transformou a humanidade em vampiros. Depois de ver a esposa e a filha morrerem, Neville alterna entre beber até cair e transformar a casa em uma fortaleza. Nas horas vagas, meio por tédio, meio por obsessão, estuda e experimenta hipóteses com os vampiros de que consegue se aproximar.

Essa parte científica é minha favorita. Tenho a impressão de que há uns erros na ciência do Matheson, mas ainda assim me fascina a busca por reduzir todos os mitos relacionados aos vampiros a explicações perfeitamente razoáveis e científicas. Por outro lado, o Neville do livro não tinha nenhuma formação em ciência, e nem tinha tanto tempo livre para estudar, o que torna essa parte pouco verossímil. O filme do Smith é bem melhor nesse ponto, ao dar um background científico para o protagonista.

A minha grande crítica à história é: qual a motivação do Neville para continuar vivo? Ok, se ele não fosse tão insistente em sobreviver, não haveria história. Mas acho que falta uma motivação interna, uma razão para continuar vivo. O filme é um pouco melhor nesse ponto.

A justificativa para o título está no final, que é bem diferente no entre o filme e o livro.

O filme sucumbe a clichês hollywoodianos. O livro, por outro lado, tem cacoetes machistas (justificáveis para um texto escrito nos anos 50).

Indico para quem curte histórias de vampiros e quer ler uma versão contemporânea longe da pegada Crepúsculo.

Estrelinhas no caderno: 4 estrelas

PS.: antes de postar, descobri que já fiz uma resenha sobre o filme (em 2008) e uma sobre o livro (em 2011). Direto do túnel do tempo…

Filmes favoritos em agosto de 2022

Recentes

Eduardo e Mônica (2020): imperdível para quem é de Brasília (ou quase, como eu) e pra quem é fã de Renato Russo, mas vale a pena mesmo que você não esteja nessas caixinhas. Leve (embora haja conflito) e com boas atuações, apesar das idades dos atores discrepantes das dos personagens.

Call Me Marianna (2015): documentário polonês sobre a dolorosa e solitária transição de Marianna, mulher transgênero.

Sentidos do Amor (2011): uma pandemia elimina o sentido do olfato e uma segunda onda põe fim ao paladar. Enquanto espera/teme a onda seguinte, a humanidade se adapta. Em meio à tragédia, um chef de cozinha e uma cientista se apaixonam. Angustiante.

Direto do Túnel do Tempo

Francis Ford Coppola – O Apocalipse de um Cineasta (1991): documentário sobre a produção de Apocalipse Now, que quase levou Coppola à falência. Com gravações da época feitas por Eleanor Coppola, que manteve um diário na época da produção.

Tomates Verdes Fritos (1991): li o livro e vi o filme logo em seguida. O livro é muito bom, mas o filme é excelente, com uma dinâmica narrativa muito melhor, que favorece a emoção. Elenco formidável.

Quanto Mais Quente Melhor (1959): comédia bastante progressista para a época. Dirigido por Billy Wilder e com grande elenco, o filme conta as aventuras de uma dupla de músicos que se disfarça de mulheres para fugir da máfia.

Duas Vidas (1939): um homem e uma mulher se apaixonam durante uma viagem de navio a Nova Iorque e prometem se reencontrar em seis meses no Empire State Building. Clássico do cinema romântico, gerou o (provavelmente mais famoso) Tarde demais para esquecer, de 1957.

Livro: Noite do Oráculo

Livro da vez: Noite do Oráculo, de Paul Auster.

Uma história com uma história dentro com outra história dentro. Um escritor em recuperação após quase ter morrido encontra um caderno diferente em uma papelaria e volta a escrever, contando a história de um editor que recebe uma história pra ler… as tramas se misturam, mas não chegam a confundir o leitor.

Esse mesmo escritor está tentando colocar a vida em ordem com a esposa, reorganizar as finanças, retomar atividades e amizades depois de meses hospitalizado. Tudo isso adiciona camadas extras de drama a um livro que, embora curto, é bastante denso, guarda algumas reviravoltas e deixa perguntas no ar.

A escrita é interessante e absorvente. Noite do Oráculo se passa em Nova Iorque e a cidade é tema recorrente na obra de Auster.

Foi meu primeiro do Paul Auster, escritor que há tempos queria explorar, certamente não será o último.

Indico para quem curte tramas reflexivas e que incorporam hábitos e geografias locais na narrativa.

Estrelinhas no caderno: 4 estrelas