Livro: O Fim da Infância

Livro da vez: “O fim da infância”, de Arthur C. Clarke.

Em um lance digno de filme (usado, na verdade, em “Independence Day”), os aliens invadem a Terra – só que não vêm para destruir ou conquistar, mas para civilizar e estimular o progresso da humanidade. Karellen é o porta-voz dos ditos Senhores Supremos e fala por meio do Secretário-Geral da ONU.

A humanidade aceita a intervenção, mas um tanto desconfiada, especialmente porque os aliens nunca aparecem. Além disso, fica a dúvida: o que eles desejam de verdade? Por que tanto interesse na humanidade e no progresso da nossa civilização? O que está por trás disso? Seriam os deuses astronautas?

As respostas são surpreendentes. O desfecho é prenunciado, mas mesmo assim é impactante.

Clarke indica otimismo (até exagerado) pela evolução humana, mas também questiona: quando tudo está bem, o que acontece com o espírito de aventura? O ser humano precisa de conflito para criar?

E o maior questionamento permanece: qual o nosso lugar no universo?

Leitura de outubro do #lendoscifi, projeto maravilindo da @soterradaporlivros.

Estrelinhas no caderno: 5 estrelas

Ruído – uma falha no julgamento humano

Livro da vez: “Ruído: uma falha no julgamento humano”, de Daniel de Daniel Kahneman, Olivier Sibony e Cass R. Sunstein.

Kahneman, Prêmio Nobel de Economia e autor de “Rápido e Devagar” (eternamente na minha listona) reuniu-se com outros dois professores para apresentar um grande livro, provavelmente mais um bestseller.

É senso comum que o viés em um julgamento frequentemente confirma e reforça preconceitos. Empresas e governos conscientes tentam reduzir o viés em seus julgamentos – seja em processos judiciais, nos diagnósticos médicos ou na contratação de empregados. Mas e quanto ao ruído, ou seja, à variabilidade em julgamentos que deveriam ser idênticos e que não é motivada por um viés, mas pela falta de escalas e de padrões confiáveis? É esse problema que os autores estudam no livro, e salientam: o ruído é onipresente, os custos que ele gera são altíssimos e deveríamos estar preocupados em reduzi-lo.

Os autores apoiam sua defesa pela redução do ruído em estatísticas e pesquisas comportamentais. Em certos momentos, o livro fica denso (especialmente para quem não tem familiaridade com estatística), mas os autores percebem e apoiam o texto em uma série de exemplos e exercícios que facilitam a compreensão.

Algumas das conclusões podem chocar, como a constatação de que até um algoritmo simples é mais confiável que o julgamento humano. Ora, você pode pensar, mas e os casos de discriminação causados por algoritmos? Os pesquisadores argumentam que são pontuais e evitáveis, e defendem o aprimoramento dos algoritmos, não o seu descarte.

Do ponto de vista humano, insistem na adoção de treinamento e técnicas capazes de diminuir o ruído e argumentam que discricionariedade, criatividade e intuição não deveriam ser cultuadas quando claramente produzem erros a um alto custo.

Polêmico? Pode ser, mas os argumentos são tão bem apresentados que, mesmo que você queira refutá-los, terá trabalho.

Estrelinhas no caderno: 5 estrelas

Sob as Escadas de Paris

Filme da vez: “Sob as Escadas de Paris”.

Saudade de uma cabine, né, minha filha? Mas não, ainda não tenho coragem de ir ao cinema. A @a2filmesoficial tem feito cabines virtuais e eu não podia resistir ao convite para ver o novo filme da Catherine Frot, que me ganhou em “Quem me ama, me segue” (um dos últimos filmes que vi no cinema pré-pandemia).

A história começa previsível: uma idosa sozinha tem sua rotina perturbada por uma criança sozinha, tenta se livrar dela, mas acaba se afeiçoando. O que não é tão comum é o background dos protagonistas: a idosa (Christine) é moradora de rua, o menino (Suli) é refugiado e não fala francês.

O filme passeia pela Paris turística, mas se detém na cidade invisível sob escadas e viadutos, repletas de pessoas que tentam sobreviver e manter a humanidade em condições desumanas. Pessoas invisíveis, que ora são escorraçadas, ora encontram alento na bondade que ainda sobrevive.

A trajetória de Christine e Suli me deixou com o coração na mão e lágrimas nos olhos.

Se você já está indo ao cinema, anote a dica: o filme estréia dia 14/10. Se, como eu, ainda não está, em breve estará em um serviço de streaming perto de você.

Estrelinhas no caderno: 5 estrelas

A Noite das Bruxas

Livro da vez: “A Noite das Bruxas”, de Agatha Christie.

Joyce, uma garota chatinha de 13 anos é morta em uma festa de halloweeen numa cidadezinha. Ariadne Oliver, a famosa escritora de mistério, está presente, e pede a Hercule Poirot que investigue o caso. Horas antes de ser morta, Joyce se gabava de ter visto um assassinato anos antes, então a resposta parece simples: quem a matou é o assassino responsável por esse crime antigo. Mas será mesmo? Joyce era famosa por contar mentiras…

Poirot começa a investigar os crimes ocorridos no povoado e se depara com intrigas de ciúmes, jovens rebeldes e testamentos falsificados. Tudo parece muito complicado. Nosso detetive terá sucesso? Spoiler: claro que sim! Quem não teve sucesso fui eu, que caí em pistas falsas, suspeitei por quase todo o livro da pessoa errada e só no fim tive um vislumbre do que podia ter acontecido.

Ariadne se tornou minha segunda personagem favorita da Dama do Crime, adoro todos os livros em que ela aparece. Poirot voltou à esperteza e vivacidade habituais (no livro anterior, “A Terceira Moça”, ele não estava muito animado). Fui feita de trouxa e adorei.

Não faltaram referências a outros livros: “A Extravagância do Morto”, “A Morte da Sra. McGinty” e “Um Gato entre os Pombos”, pelo menos. Existe um agathaverso!

Estrelinhas no caderno: 5 estrelas