All Systems Red

Terceiro livro da #JornadaLendoSciFi.

Como não ficar interessada em um livro que já traz a frase acima na primeira página?

“All systems red” é narrado por uma Unidade de Segurança – um constructo meio orgânico, meio sintético – mas pode chamar de Murderbot que ela atende. Aliás, ela é “ela” na minha cabeça, mas você pode ler como quiser, já que SecUnits não têm gênero.

A narradora é uma das ferramentas de um contrato de exploração planetária. Ela não escolheu suas atribuições e os clientes para os quais trabalha também não a escolheram. A Murderbot não poderia se importar menos com eles e, embora cumpra suas obrigações, prefere passar o tempo livre mergulhada em seriados – até que as coisas começam a dar errado e os seriados precisam ficar pra depois.

O leitor não recebe muitas informações sobre os demais personagens, nem sobre o que estão fazendo no planeta, o que faz todo sentido: a narradora não se importa, lembra? A história é contada da perspectiva dela, e essa é a grande sacada do livro. É isso que torna uma história até simples sensacional, e um dos melhores livros que li este ano.

Eu me identifiquei com a Murderbot como nem imaginava ser possível, considerando que ela nem é, bem, humana ou viva em sentido estrito. Pelos olhos dela, conheci os outros membros da tripulação e tive os mesmos sentimentos de simpatia/antipatia que ela. Ri com ela e torci por ela.

O livro é fininho, o primeiro de uma série chamada “The Murderbot Diaries”. É uma história fechada em si mesma, você pode ler só ele sem problemas, mas já quero ler os próximos.

Dica preciosa da @soterradaporlivros!

Estrelinhas no caderno: 5 estrelas

Parque dos Dinossauros

A semana passada foi temática: dinossauros em “The Last World” e em “O Parque dos Dinossauros”. O livro de Michael Crichton foi leitura do #lendoscifi e também do #JornadaLendoSciFi, ambos projetos da @soterradaporlivros.

“Parque” foi releitura, mas como li há mais de vinte anos havia pouca coisa que eu lembrava. A premissa, porém, é inesquecível graças ao filme: um sujeito milionário acha que clonar criaturas pré-históricas e criar um parque temático com elas é uma boa ideia. O que pode dar errado, não é mesmo?

Há várias diferenças entre o filme e o livro, e a mais marcante é que o livro dedica mais espaço às explicações científicas em geral e à filosofia de Ian Malcom em particular (meu personagem favorito). A primeira metade é cheia dessas explicações, espionagem industrial e outros backgrounds, e é minha parte preferida.

Quando o livro entra nas cenas de ação, fica devendo. Michael Crichton não é tão hábil em escrevê-las quanto é na parte teórica, e a ação acaba sendo confusa, desinteressante ou simplesmente desnecessária em alguns casos.

O desfecho tem diferenças em relação ao filme (e uma delas é imperdoável). Os personagens também guardam certas diferenças. No geral, é um raro caso de o-filme-é-melhor-que-o-livro. Ainda assim, é recomendado para quem está nostálgico do filme e/ou quer se aprofundar nas especulações científicas da história.

Estrelinhas no caderno: 3 estrelas

O Mundo Perdido

Ontem terminei dois livros da maratona #JornadaLendoSciFi, organizada pela minha amiga @soterradaporlivros e o primeiro foi “The Lost World” de Arthur Conan Doyle.

No meio da Amazônia, animais pré-históricos ainda vivem, diz o Professor Challenger. Para provar as suas alegações, uma expedição é organizada e nela está Malone, um jornalista movido pela esperança de impressionar a mulher que ama – ele será o narrador das aventuras. Malone é uma espécie de Watson, funcionando como o ponto de ligação entre o leitor e os personagens cientistas.

O livro tem os problemas típicos da literatura europeia do séc. XIX e começo do XX: machismo, menosprezo por outras culturas, civilizações e etnias, imperialismo e arrogância. Mas… tem dinossauros! E tem personagens divertidos! Ri muito do Professor Challenger e passei boa parte do livro comparando-o ao Tio Patinhas em meio a uma missão dos Duck Tales. O final reservou cenas surpreendentes.

Acabei me divertindo muito – inclusive achei melhor que os romances de Sherlock (talvez empate com O Cão dos Baskerville). Foi uma das minhas leituras favoritas do #projetoexploradores.

Estrelinhas no caderno: 3 estrelas

Coisas Boas de Agosto

Apesar da fama nefasta, agosto passou voando por aqui. Segui com uma quantidade insana de trabalho, a ponto de na segunda-feira já ansiar pela sexta. Matenho o pensamento positivo: setembro será melhor.

Livro favorito: o mês foi cheio de ótimos livros. Vou escolher The Outsiders – Vidas Sem Rumo (S. E. Hinton) pelo elemento inusitado – eu nunca teria ouvido falar dele se não fosse pelo projeto #quemteviuquemteleu, da @tinyowl.reads, @seguelendo e @soterradaporlivros (links para os perfis no instagram), e teria perdido um grande livro. A escrita é singela, mas a história de Ponyboy e seus amigos é forte e, apesar do distanciamento cultural e temporal, contemporânea. Chorei, sim.

Filme favorito: a maioria dos que vi em agosto mereceu três estrelas (inclusive a versão de The Outsiders que, embora correta, acabou diluída pelo impacto que o livro me causou), ou seja, foram filmes decentes, mas sem nada especial. Amadeus foi o único a levar quatro estrelas, e talvez apenas porque a impressão deixada pela peça foi fraca o suficiente para que eu reduzisse minhas expectativas quanto ao filme e acabasse tendo uma grata surpresa com ele. As atuações são ótimas, bem menos histriônicas que as da peça. Os figurinos e elementos de época chamam a atenção e a edição é muito competente.

Série favorita: comecei a rever Modern Family. Ando pela quarta temporada – parei de ver a série por essa época, então agora é tudo novidade pra mim, e tenho me divertido muito. Preciso mencionar também Unbelievable, minissérie da Netflix que começa com a história de uma garota que foi estuprada, mas ninguém acredita nela – apenas anos depois a verdade vem à tona. O processo de sucessivas revitimizações é chocante. A produção é ótima e a minissérie é baseada em uma história real.

Bônus: o coração de latte art está quase saindo, finalmente! Falta consistência agora – às vezes dá certo, mas na maioria do tempo ainda não fica bom (em aparência; em sabor, fica sempre excelente).

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