O Olho do Mundo

Livro da vez: “O Olho do Mundo”, de Robert Jordan. Volume 1/14 da série “A Roda do Tempo”.

A primeira vez que ouvi falar desse livro foi pela @soterradaporlivros. A segunda, a terceira, a quarta e a quinta vez também.

Rand, Mat e Perrin são três jovens comuns de uma pacata aldeia de pastores, nos confins do reino. Um dia, descobrem que têm um papel a cumprir no destino do mundo, tecido pela Roda do Tempo, e partem a contragosto, acompanhados da Aes Sedai Moiraine e do Guardião Lan. No caminho, aliados juntam-se ao grupo. Os três receberão ajuda, mas também enfrentarão perigos terríveis enviados pelo Tenebroso, que está no seu encalço.

Se você se lembrou de O Senhor dos Anéis, é porque há mesmo muitas semelhanças. A ambientação é medieval, a magia existe e o Mal está à espreita, esperando por uma chance de destruir o mundo. Há ecos de Gollum e dos orcs, há povos em comunhão com a natureza, cidades amuralhadas e seres ancestrais. Também há, claro, o chamado para a aventura e outros elementos da Jornada do Herói (que Tolkien não inventou, apenas usou em seus livros).

O que não há, para meu grande alívio, são páginas e páginas de descrições enfadonhas. Por isso cheguei até o final e estou até pensando seriamente em ler o volume 2. Além disso, a @soterradaporlivros garante que a trama vai se distanciando do Senhor dos Anéis nos livros seguintes.

Livros. Seguintes. Esse é o maior problema, um problema bem grande mesmo: a saga tem CATORZE livros. Se eu resolver ler todos, será o compromisso mais longo que já terei firmado com o que quer que seja.

E talvez eu resolva ler, porque os personagens são interessantes e existe uma trama política atraente. Além disso, talvez eu esteja particularmente interessada em saber o destino da Sabedoria Nynaeve e da aprendiz Egwene…

Estrelinhas no caderno: 3 estrelas (o livro não é excelente, mas a saga promete).

O que será que vem pela frente?

Tem nem graça fazer uma retrospectiva de 2020, né?

Passei o carnaval na fronteira com a Venezuela a trabalho (e por escolha). Nós – eu e minha companheira de aventuras em Pacaraima – só ouvíamos tv no café-da-manhã do hotel, por falta de opção, e começou o papo do tal “novo coronavírus”. Lembro que comentamos uma com a outra “nossa, será que não está acontecendo mais nada no mundo?” e não demos maior atenção.

Corta pra 11 de março, eu e a Simone plenas no cinema em uma pré-estreia lotada (depois de um starbucks também lotado). Ah, a tranquilidade da ignorância… No fim de semana seguinte, eu e uma amiga reservávamos o último hotel de nossa viagem de férias para a África do Sul, que começaria em 5 de abril. Começaria, olha o tempo verbal, porque veio a pandemia e, com ela, o fim da normalidade e dos planos.

Tenho queixas e lamentações como qualquer pessoa (pelo menos qualquer pessoa sensata), mas também preciso reconhecer: em um nível pessoal, 2020 não foi ruim para mim.

Claro, planos foram por água abaixo, tive momentos de ansiedade, preocupação e até desespero, uma quantidade avassaladora de trabalho e chorei a morte de pessoas (famosas e anônimas). Tive minhas neuroses e paranoias. E quem não teve? Se você não teve, sinto informar que você não é normal.

No frigir dos ovos, porém, foi o seguinte: não perdi o emprego, não perdi ninguém da minha família próxima, não perdi a saúde física nem mental. Essa sucessão de “nãos”, ante o que aconteceu com tanta gente, me faz acrescentar mais um “não”: não posso reclamar.

Quero dizer, posso. Todos podemos. Claro que podemos, foi um ano dos infernos.

Mas… não posso reclamar, sabe? Não de verdade.

Li muitos livros (85), vi muitos filmes (100), vi exposições (antes da pandemia) e muitas peças (National Theatre, eu te amo), guardei dinheiro (mais do que eu planejava, já que não viajei), aprendi um tanto de coisas (sobre cinema, sobre sorvete, sobre café, sobre a vida, o universo e tudo mais).

Enfrentei desafios e saí do outro lado. Encomendei minhas primeiras lentes multifocais (ainda me sinto uma câmera tentando ajustar o foco automático) e serviram na armação que escolhi e comprei antes, imprudentemente. Comprei roupas que não sei quando vou usar e um chromecast que uso quase todos os dias. Descobri que não preciso de academia de ginástica e nunca me senti tão forte fisicamente.

Tive perdas, sim, mas podia ter sido pior, muito pior.

Planos para 2021? Não trabalhamos. Sei que não vou turistar (e sabe-se lá quando poderei), sei que vou ler muito e ver muitos filmes. Sei que vou melhorar na ioga, um tiquinho por dia. Quero retomar o lettering, o desenho e a aquarela, e já estou nesse rumo – nada como um pouco de arte por dia para manter a sanidade. Preciso colocar barreiras entre a rotina profissional e o restante da minha vida, e estou aprendendo.

Um dia de cada vez, um passo a cada dia, rumo a 2022.

Coisas Boas de Dezembro

A melhor coisa de dezembro foi que 2020 terminou – tudo bem que parece que estamos vivendo o segundo tempo de 2020, mas vamos em frente.

Livro favorito: foi um mês de ótimas leituras e fiz algumas resenhas no instagram. Dos livros 5 estrelas, destaco 2001 – Uma Odisseia no Espaço porque é espantosamente melhor que o filme! Do filme eu só curto mesmo o HAL. O livro de Clarke não é pretensioso como a direção de Kubrick, tem uma boa base científica, fornece explicações e faz tudo isso sem ser tedioso.

Filme favorito: vou ficar com O Discurso do Rei pela excelente atuação de Colin Firfh e pelo panorama histórico.

Série favorita: estou adorando o retorno de Grey’s Anatomy.

Bônus: 2020 acabou, quer bônus melhor que esse? Eu e as pessoas que amo estamos saudáveis, não tive perda de renda como tantas outras pessoas, tenho conseguido driblar o stress e a ansiedade de forma satisfatória. Tenho do que reclamar, claro (quem não tem, está morando debaixo de uma pedra), mas podia ser pior, tem sido pior pra inúmeras famílias, e por não ser esse o caso por aqui já fico contente.

Agora começa a contagem regressiva para a vacina…

As sete mortes de Evelyn Hardcastle

Livro da vez: “As sete mortes de Evelyn Hardcastle”, de Stuart Turton.

Em um lugar meio incerto, num tempo também incerto, um sujeito acorda com a súbita sensação de que precisa proteger uma moça chamada Anna. Essa é a única certeza e a única lembrança do homem, que não sabe nem o próprio nome. No processo de resgatar a própria identidade, ele será enredado num assassinato misterioso e tentará reconstituir a cena do crime, enquanto busca restaurar as próprias memórias.

sse livro é misterioso do começo ao fim e rendeu um belo debate na leitura coletiva organizada pela @tinyowl.reads em novembro. É bem verdade que algumas pontas ficam soltas, mas no geral a trama é bem amarrada. Desenredá-la pouco a pouco (ou tentar) é divertido e ao final vem a vontade de reler só pra ver as pistas que o autor foi deixando pelo caminho.

Se você gosta de histórias de mistério, recomendo fortemente e sugiro que você leia no escuro, sem conhecer sequer a sinopse oficial. Assim, terá a mesma sensação de desnorteamento do protagonista e achará tudo ainda mais intrigante.

Bônus: vai ter série na netflix em 2021.

Estrelinhas no caderno: 4 estrelas