Filmes favoritos em agosto de 2024

Recentes

Às Vezes Quero Sumir (2023): me conectei mais do que gostaria com esse filme sobre as dificuldades de formar conexões na vida adulta. Ótimas atuações.

Godzilla Minus One (2023): não é melhor que o primeiro, mas é bem bom, com foco em personagens interessantes.

Amantes Eternos (2013): história sedutora, envolvente e lânguida como devem ser todas as histórias de vampiros.

Uma Noite em 67 (2010): documentário sobre o Festival de Música Popular Brasileira de 1967. Entremeia filmagens da época com entrevistas recentes.

O Castelo Animado (2004): uma garota com baixa autoestima é amaldiçoada por uma bruxa, conhece outro bruxo e vive aventuras. Um pouco confuso, mas bem bonito.

Direto do Túnel do Tempo

Túmulo dos Vagalumes (1988): animação do Studio Ghibli com um visual muito bonito e uma história muito triste.

Onde assistir: justwatch.com

Livro: “Mariposa Vermelha”

Livro da vez: Mariposa Vermelha, de Fernanda Castro.

Amarílis tem poderes mágicos, mas vive em uma sociedade que persegue pessoas como ela, então passa a vida ocultando seus dons. Um dia, contudo, tomada de raiva após, decide invocar um demônio para ajudá-la a matar uma pessoa. Tolú é o demônio que a atende e a relação entre eles não se desenvolve exatamente como Amarílis esperava.

O livro merecia mais páginas dedicadas ao background de Amarílis (no começo mesmo, não durante a história) para justificar as suas escolhas A Flor de Lótus, grupo que aparece de forma meio súbita na história, é interessantíssima. Alguns lances poderiam ser mais desenvolvidos, como a própria Flor de Lótus e a personalidade do senhorio da protagonista. Ou seja: diferente do que acontece com tantos livros desnecessariamente prolixos, esse é mais enxuto do que precisaria ser. Algumas questões que só são abordadas na terceira parte poderiam ter surgido antes em um contexto mais natural e fundamentando melhor alguns comportamentos.

A escrita de Fernanda Castro é excelente. A autora domina o idioma (há uns deslizes de colocação pronominal que a revisão poderia ter corrigido) e evita clichês. Eu teria preferido nomes próprios mais diversos, o uso de plantas/flores me pareceu um recurso meio infantil.

Independentemente dessas questões, a história flui muito bem, diverte e prende. Não há momentos de tédio. Há um gancho para uma continuação – algo que, em geral, não me interessa, mas agrada muita gente e o mercado editorial aplaude. Apesar do gancho, o final é bastante satisfatório e o suspense criado antes dele é um ponto forte do livro.

Recomendo para quem busca bons jovens autores nacionais (algo raro) e especialmente para quem curte fantasia urbana. 4 estrelas

Livro: “A Última Missão de Gwendy”

Livro da vez: A Última Missão de Gwendy, de Stephen King e Richard Chizmar.

Adorei o primeiro (A Pequena Caixa de Gwendy), achei o segundo apenas razoável (A Pena Mágica de Gwendy, escrito somente pelo Chizmar, parece um episódio filler de série, daqueles que não acrescentam muito à temporada) e fiquei gratamente surpresa com o terceiro.

Na sua última missão, Gwendy está na casa dos 60 anos, é viúva, senadora e atormentada por uma questão séria de saúde. Novamente visitada por Richard Farris, recebe de novo a caixa de botões e agora tem uma missão bem específica: destruí-la, antes que ela – a caixa – destrua o mundo (ou os mundos).

O mais esquisito foi ver um livro do King ambientado no espaço, mas no fim das contas ele não envereda pela ficção científica, mantendo-se na fantasia e no sobrenatural.

Embora o terceiro livro não tenha a magia do primeiro,  é um fecho à altura para a história de Gwendy, com um final emocionante.

Recomendo para quem leu os dois primeiros, e especialmente para quem leu A Torre Negra (será bem menos interessante para quem não leu). 4 estrelas

Livro: The World We Make

Livro da vez: The World We Make, de N. K. Jemisin. Segundo livro da duologia The Great Cities (Grandes Cidades). O primeiro está disponível em português com o título Nós Somos a Cidade, que resenhei aqui.

No primeiro livro, somos apresentados a Neek, o avatar da cidade de Nova York, e seus parceiros (por falta de palavra melhor), que personificam os bairros da cidade, tão diferentes e complementares entre si. Também aprendemos que cidades podem nascer e ser guiadas por seus avatares, fenômeno que já dura milhares de anos mas teve sua marcha diminuída recentemente, graças a uma força sobrenatural determinada a matar as cidades ainda no nascedouro.

The World We Make conclui a saga retratando a luta dos avatares de NYC para se entenderem e trabalharem juntos e, principalmente, para convencerem as cidades mais antigas de que o Inimigo também as ameaça. Jemisin caracteriza brilhantemente as diversas pessoas/cidades que apresenta e, no caso dos bairros de NYC, dá a cada um identidades e vozes próprias e marcantes.

O livro se perde em alguns momentos em descrições que lembram videogame, mas o foco nas vidas pessoais dos avatares manteve o meu interesse. A resolução do conflito é magistral. A duologia é bem diferente de outras sagas da autora que já li (A Terra Partida e Dreamblood), já que é baixa fantasia. Jemisin brilha nas sagas de alta fantasia, mas Grandes Cidades não fica muito atrás.

Se você puder, sugiro a leitura em inglês para não perder as sutilezas de linguagem de cada um dos personagens, não tão bem incorporadas na tradução do primeiro volume.

4 estrelas