Filmes favoritos em setembro de 2024

Recentes

Lisa Frankenstein (2024): a história se passa em 1989 e conta a história de uma adolescente que se envolve com um cadáver ressuscitado. Filme besta tremendamente divertido.

Meu Amigo Robô (2023): um cachorro e seu amigo robô precisam se separar e sonham com o reencontro. Impressionante como um filme sem pessoas e sem diálogos transmite tanto sobre solidão, amizade e recomeços.

Cold Mountain (2003): durante a Guerra Civil Americana, uma mulher tenta sobreviver enquanto aguarda a vinda do marido. Fotografia e cenografia belíssimas.

Direto do Túnel do Tempo

Following (1998): um aspirante a escritor desempregado desenvolve o hobby de seguir pessoas e acaba se envolvendo com um ladrão. Filme noir curto e cheio de viradas, a exigir o tempo todo a atenção do espectador. Primeiro do Nolan.

Gattaca (1997): no futuro, a eugenia define a posição de cada um na sociedade já no nascimento. Ficção científica redondinha, com ação e romance nas medidas certas e um ótimo questionamento sobre a tal da meritocracia.

Tootsie (1982): um ator em decadência finge ser mulher para ser escalado para um seriado. Pode até merecer críticas em 2024, mas em 1982 foi bastante progressista, e acho que envelheceu bem. Atuações excelentes.

Onde assistir: https://www.justwatch.com

Filmes favoritos em abril de 2024

Recentes

Frida (2024): vale a pena pelos recursos visuais (as pinturas dela ganham vida, como em Love, Vincent) e porque o texto foi retirado do diário da Frida.

Intruso (2023): uma mistura de Blade Runner com Marjorie Prime e pitadas de Não me Abandone Jamais. Ficção científica de primeira que questiona as definições de humanidade.

A Zona de Interesse (2023): sobre a insensibilidade, a frieza e a normalização do genocídio perpetrado pelos nazistas. O som desse filme é impressionante, realmente fez jus ao Oscar.

Oppenheimer (2023): mereceu os prêmios que ganhou. É longo em ser tedioso e suscita debates sobre a necessidade da bomba em 1945 sem ser maniqueísta.

Dias Perfeitos (2023): filme poético sobre como ser feliz em um dia-a-dia simples. Fiquei espantada com a pobreza do protagonista, mas, pensando bem, há coisas piores que não ter chuveiro em casa.

Três Estranhos Idênticos (2018): documentário sobre trigêmeos separados no nascimento que se conhecem aos 19 anos. A história seria bonitinha se parasse aí, mas os jovens resolvem investigar seu passado e o desenrolar é sinistro.

Aliados (2016): dois espiões se apaixonam durante a segunda guerra, mas será que o amor é real? Será que eles são quem parecem ser? Lindo filme, com figurino e reconstituição de época excelentes, belas atuações.

Miss Potter (2006): cinebiografia sobre a vida da escritora e ilustradora de livros infantis Beatrix Potter. Ótima atuação da Renée Zellweger, bela fotografia e bonitos figurinos.

Direto do Túnel do Tempo

Tarde Demais para Esquecer (1957): Cary Grant dá a dose certa de humor, Deborah Kerr é charmosa demais, a química entre eles é ótima. Gostei mais desse que do original de 1939.

Testemunha de Acusação (1957): mistério dirigido por Billy Wilder, baseado em conto da Agatha Christie, com a Marlene Dietrich. As viradas no fim do filme são incríveis.

Onde assistir: https://www.justwatch.com

A Aquarela Como Âncora

Em 2022, adicionei mais uma âncora à minha busca por sanidade e leveza: a aquarela.

Sendo canhota, tenho duas mãos direitas para artes. Só que adoro papelaria e afins, então desde 2017 flerto com técnicas que me permitam usar (e comprar) coisas legais. Primeiro foi o lettering, depois o desenho e, mais recentemente, a aquarela. Nada disso é excludente, tudo se complementa, mas faz um tempinho que é a aquarela que me atrai mais.

A primeira aventura nas tintas foi em 2018, uma pera realista em A4 que me tomou horas. Era uma aula gratuita da Anna Mason. Foi legal, mas em seguida coloquei o material de lado. De lá para cá, fiz algumas tentativas de retomada e a coisa começou a se firmar em 2021, com os cursos da Domestika e do Skillshare.

Em 2022, decidi praticar pelo menos 4 vezes por semana, ainda que por meia hora. Para manter a motivação, fiz o livro 15-Minute Watercolor Masterpieces, da @dearannart de capa a capa. O fim coincidiu com a abertura da turma de aquarela da Juliana Rabelo e aí a coisa ficou séria. Eu sentia falta dos fundamentos e de entender o que estava fazendo, e a Ju supriu essas lacunas. Foram 5 meses riquíssimos, com muito aprendizado, feedbacks atenciosos da professora e a companhia de uma turma maravilhosa. A Ju, que tem um blog cheio de conteúdo útil para quem está começando, abrirá nova (e provavelmente última) turma amanhã, dia 22 de janeiro de 2023, e recomendo demais.

Perto do fim do curso, já me sentindo órfã, resolvi aproveitar a black friday e garanti o acesso por um ano ao Portal Aquarele-se, da Chiara Bozzetti. Há módulos e apostilas, além de uma atenção ao desenho, algo que eu queria desenvolver. É um curso mais solto, mais com cara de ateliê mesmo, e acho bom ter alguma base para aproveitá-lo ao máximo. A Chiara faz lives no youtube todas as segundas-feiras e é um ótimo modo de conhecer a forma como ela ensina arte.

Tudo isso pra dizer que, se você está precisando de algo que recarregue as baterias e que motive além da produtividade ou do pagar-os-boletos, desejo de coração que encontre esse algo em 2023. Pode ser arte, entretenimento, esporte, aprender um instrumento musical ou retomar algum hobby que você deixou de lado. Algo motivado só por prazer, sem outras considerações. E, se já tem esse algo, desejo que ele te proporcione muito contentamento no próximo ano.

O que será que vem pela frente?

Tem nem graça fazer uma retrospectiva de 2020, né?

Passei o carnaval na fronteira com a Venezuela a trabalho (e por escolha). Nós – eu e minha companheira de aventuras em Pacaraima – só ouvíamos tv no café-da-manhã do hotel, por falta de opção, e começou o papo do tal “novo coronavírus”. Lembro que comentamos uma com a outra “nossa, será que não está acontecendo mais nada no mundo?” e não demos maior atenção.

Corta pra 11 de março, eu e a Simone plenas no cinema em uma pré-estreia lotada (depois de um starbucks também lotado). Ah, a tranquilidade da ignorância… No fim de semana seguinte, eu e uma amiga reservávamos o último hotel de nossa viagem de férias para a África do Sul, que começaria em 5 de abril. Começaria, olha o tempo verbal, porque veio a pandemia e, com ela, o fim da normalidade e dos planos.

Tenho queixas e lamentações como qualquer pessoa (pelo menos qualquer pessoa sensata), mas também preciso reconhecer: em um nível pessoal, 2020 não foi ruim para mim.

Claro, planos foram por água abaixo, tive momentos de ansiedade, preocupação e até desespero, uma quantidade avassaladora de trabalho e chorei a morte de pessoas (famosas e anônimas). Tive minhas neuroses e paranoias. E quem não teve? Se você não teve, sinto informar que você não é normal.

No frigir dos ovos, porém, foi o seguinte: não perdi o emprego, não perdi ninguém da minha família próxima, não perdi a saúde física nem mental. Essa sucessão de “nãos”, ante o que aconteceu com tanta gente, me faz acrescentar mais um “não”: não posso reclamar.

Quero dizer, posso. Todos podemos. Claro que podemos, foi um ano dos infernos.

Mas… não posso reclamar, sabe? Não de verdade.

Li muitos livros (85), vi muitos filmes (100), vi exposições (antes da pandemia) e muitas peças (National Theatre, eu te amo), guardei dinheiro (mais do que eu planejava, já que não viajei), aprendi um tanto de coisas (sobre cinema, sobre sorvete, sobre café, sobre a vida, o universo e tudo mais).

Enfrentei desafios e saí do outro lado. Encomendei minhas primeiras lentes multifocais (ainda me sinto uma câmera tentando ajustar o foco automático) e serviram na armação que escolhi e comprei antes, imprudentemente. Comprei roupas que não sei quando vou usar e um chromecast que uso quase todos os dias. Descobri que não preciso de academia de ginástica e nunca me senti tão forte fisicamente.

Tive perdas, sim, mas podia ter sido pior, muito pior.

Planos para 2021? Não trabalhamos. Sei que não vou turistar (e sabe-se lá quando poderei), sei que vou ler muito e ver muitos filmes. Sei que vou melhorar na ioga, um tiquinho por dia. Quero retomar o lettering, o desenho e a aquarela, e já estou nesse rumo – nada como um pouco de arte por dia para manter a sanidade. Preciso colocar barreiras entre a rotina profissional e o restante da minha vida, e estou aprendendo.

Um dia de cada vez, um passo a cada dia, rumo a 2022.