Depois de É Agora… ou Nunca, parti para mais um livro de Marian Keyes: Sushi. Dessa vez, já sabia o que esperar e tive exatamente o que pretendia.
O tema é, novamente, a busca da felicidade, acompanhada das devidas reflexões balzaquianas. A história está nas mãos de três protagonistas: Lisa, a implacável diretora de uma revista feminina megabadalada, subitamente transferida para um emprego que está longe de ser o dos seus sonhos; a gentil e doce Ashling, sempre pronta a ajudar, para quem os astros ainda não sorriram nessa vida; e Clodagh, melhor amiga de infância de Ashling, linda, bem-casada, bem de grana e infeliz. As três precisam lidar com suas respectivas famílias – pais pobres, mãe depressiva, filhos endiabrados -, com suas ocupações (carreira, lar, casamento) e consigo próprias, seus valores e prioridades.
Ao redor das protagonistas gravitam variados personagens masculinos, com destaque para o executivo Jack Devine e o sem-teto Boo. Aliás, parece que Marian Keyes sempre coloca alguma questão social em seus livros: em É Agora… ou Nunca, abordava gays e tangenciava a AIDS; em Sushi, cuida da pobreza e dos sem-teto; sempre sem encher a paciência do leitor.
Marian Keyes sabe contar histórias banais sobre pessoas comuns, tornando-as interessantes. A estrutura em capítulos curtos contribui para a fluidez da leitura: você pensa “ah, só mais um capítulo, acaba rapidinho” e, quando percebe, já se foram dez.
Com menos reviravoltas que É Agora… ou Nunca e um tanto a mais de clichês, Sushi não é memorável, mas é divertido.
Ficha
- Título original: Sushi for Beginners
- Autora: Marian Keyes
- Editora: Bertrand Brasil
- Páginas: 569
- Cotação:

- Compre Sushi.
Duas histórias em um só livro. Assim se constitui o último livro do consagrado escritor norte-americano Paul Auster, que já havia utilizado o mesmo recurso em fases anteriores da carreira e agora o retoma em Homem no Escuro. Não se trata, no entanto, de histórias desvinculadas ou independentes. Elas são interligadas e permeadas por outras pequenas tramas, fragmentos do passado das personagens afetados por guerras, amores, redenção e morte.
É apenas para efeito didático que se marca data para começo e fim de uma guerra. As sementes da Segunda Guerra Mundial começaram a germinar muito antes da invasão da Polônia por Hitler em setembro de 1939 – há quem a defina como mais um capítulo da guerra iniciada em 1916. Da mesma maneira, não se imagina que quando o último soldado norte-americano se retirar do Iraque a guerra terá, de fato, chegado ao fim para os sobreviventes. Na vida que se desenrola além dos livros de História, não existem linhas pontilhadas marcando pontualmente o início e o fim de uma guerra para aqueles que sofrem seus efeitos devastadores. Sejam eles classificados formalmente como vitoriosos ou vencidos.
Há livros que, mesmo em prosa, transbordam poesia. Assim é Paraíso Perdido, de Cees Nooteboom, escritor holandês de destaque e um dos convidados da FLIP 2008. Não por acaso, ele empresta o título do poema épico do inglês John Milton ao livro, referenciado em diversos momentos da história.