Chamas da Vingança

Ficha técnica

Man on Fire. EUA/México, 2004. Drama. 146 min. Direção: Tony Scott. Com Denzel Washington, Dakota Fanning, Marc Anthony e Christopher Walken.

Ex-agente da CIA é contratado para ser o guarda-costas de uma garota no México, mas ela acaba seqüestrada.

Mais informações: Adoro Cinema.

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3 estrelas

Não se deixe enganar pelo título melodramático que o filme ganhou no Brasil – talvez inspirado pelas novelas mexicanas, cidade onde ele se desenvolve. Chamas da Vingança é uma história policial muito bem amarrada e interpretada, em mais de duas horas que não se fazem sentir. Denzel Washington, como sempre, está fantástico. A garotinha contracena com ele num ritmo muito afinado. O filme segue em alta velocidade, cheio de tiros e explosões. A pirotecnia, porém, não rouba o espaço da história consistente.

O visual é típico dos filmes americanos rodados no México: cores fortes, um tanto irreais, quase estouradas em algumas cenas. Como se o sol fosse muito mais brilhante no México que em qualquer parte do mundo.

Um pequeno diálogo do filme:

Mexicano bonzinho: Na Igreja, dizem para perdoar.
Personagem do Denzel
: Perdoar é entre eles e Deus. Meu trabalho é só marcar o encontro.

Dança Comigo?

Ficha técnica

Shall We Dance? EUA, 2004. Drama. 95 min. Direção: Peter Chelsom. Com Richard Gere, Jennifer Lopez, Susan Sarandon e Stanley Tucci.

Homem que leva uma vida tranqüila, porém monótona, com a mulher resolve se inscrever num curso de dança de salão. Refilmagem do longa homônimo japonês de 1996.

Mais informações: Adoro Cinema.

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3 estrelas

Não é espantoso pensar que alguém que você ainda nem conhece pode estar prestes a dar o pontapé inicial na sua nova vida?

É isso o que acontece em Dança Comigo?. Dois estranhos aproximam-se pela dança e, cada um à sua forma, muda a vida do outro. Estou falando do casal protagonista – Richard Gere e Jennifer Lopez. Na verdade, todos os personagens mudam, pela dança, pelo contato uns com os outros. Essa é a grande poesia do filme. Classificá-lo de “comédia romântica” é meio inapropriado, embora haja vários momentos engraçados. O romantismo não é a tônica; a dança, sim.

Dança Comigo é leve, engraçado, mas não é bobo. Um filme que, sem dúvida, vale a pena, apesar de ter ganhado apenas uma estrelinha dos críticos da Folha. Acrescente-se que há seqüências belíssimas de dança, inspiradoras mesmo.

O que me faz lembrar que não cumpri um dos objetivos para o ano de 2004 – aprender dança de salão. Um dos vários pontos em que deixei furo nesse ano… Bem, o ano ainda não acabou.

Destaque para a bela música The Book of Love, no finzinho do filme.

Em tempo: uma rasgação de seda para o Richard Gere – o cara não perde o charme. Pelo contrário: como alguns bons vinhos, fica ainda melhor com o passar do tempo. Como pode ser ruim um filme com ele?!

Má Educação

Ficha técnica

La Mala Educación. Espanha, 2004. Drama. 105 min. Direção: Pedro Almodóvar. Com Gael García Bernal, Javier Cámara, Féle Martinez e Daniel Giménez Cacho.

O filme narra o reencontro de dois amigos que compartilharam o medo dos abusos sexuais de um padre numa escola católica.

Mais informações: Adoro Cinema.

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4 estrelas

Preciso fazer uma confissão. É uma coisa muito feia. É que… bem… sabe como é… este foi o primeiro filme do Almodóvar que vi. É isso. Feio, não? Especialmente para alguém que se diz cinéfila. Enfim… nunca é tarde pra começar, não é mesmo?

O que amigos meus andaram dizendo é que Má Educação é um dos melhores filmes dele. O que digo é que o filme é, realmente, muito bom. Cenários simples, movimentação de câmeras comum. Como meu pai comentou, a Globo faz filmes mais vistosos. Toda a ênfase de Má Educação foi posta na interpretação dos atores (excelente) e no roteiro fantástico, psicologicamente denso e com algumas reviravoltas surpreendentes.

O filme até proporciona um ou outro momento leve, mas vá preparado para assistir a uma história carregada, tensa e dramática, que é o que você terá na maior parte do tempo. Almodóvar não economiza em cenas fortes, capazes de chocar os puritanos. Elas não estão lá, entretanto, por mero capricho, mas como parte integrante e fundamental do enredo.

Ainda não foi ver? Vá hoje mesmo. Eu, assim que tiver um tempo livre, vou até a locadora mais próxima (bolas, não tem nenhuma aqui perto…) pegar outros filmes do Almodóvar e tirar o atraso.

Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças

Ficha técnica

Eternal Sunshine of the Spotless Mind. EUA, 2004. Drama. 108 minutos. Direção: Michel Londry. Com Jim Carrey, Kate Winslet, Kirsten Dunst e Mark Ruffalo.

Homem introvertido se apaixona à primeira vista por uma vendedora de livros, mas o romance sofre reviravoltas. Roteiro de Charlie Kaufman, o mesmo de Adaptação.

Mais informações: Adoro Cinema

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5 estrelas

Detestei esse filme à primeira vista. Achei o trailer bobo demais. Para completar, não suporto o Jim Carrey, suas caras e bocas – só mesmo em O Máscara para ficar legal. Assim, firmei posição desde o primeiro momento: “esse filme, eu não vejo nem arrastada”. Só que uma amiga viu e falou muito bem do filme. Tão bem que comecei a rever meus conceitos: “ok, se não tiver mais nada interessante no cinema, talvez eu veja esse filminho”.

Aí, fui ao cinema na esperança de assistir Efeito Borboleta. Não dava mais pra pegar a sessão. Decidi ver Querido Estranho. Não estava em cartaz naquele shopping. Nem Farhenheit 11 de Setembro. O que sobrou? Adivinha…

Pois é. Fui, mas contrariada. A birra não durou nem quinze minutos.

De bobo, Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças não tem nada. O Jim Carrey não chega a prejudicar. A Kate Winslet está ótima (pena que vem se rendendo aos padrões hollywoodianos de magreza). E a história dá o que pensar. Muito.

Quantas vezes você já não desejou que determinada coisa nunca tivesse acontecido? Quantas vezes não quis apagar da mente lembranças dolorosas? Rejeições, traumas, amores frustrados?

Acontece que somos a resultante dessas lembranças. Eu não seria a mesma, se não tivesse passado pelas experiências que vivi. Por piores que possam ter sido, são elas as responsáveis pelo que sou hoje. Deram-me força, experiência, maturidade, crescimento em certos aspectos.

Além disso, as coisas sempre vêm em pacotes completos. Um relacionamento, por exemplo, não é feito só de más recordações. Muito pelo contrário. Tive ótimos momentos com pessoas que, posteriormente, trouxeram-me dor e raiva. Quando a gente diz “seria melhor nem tê-lo(a) conhecido”, está desejando ser privada de muitas situações agradáveis.

Não escolheria deixar de viver horas, dias, meses e anos maravilhosos porque, tempos depois, trouxeram-me dor. Para cada lembrança triste, posso encontrar pelo menos uma de felicidade. Que causa certa tristeza também, admito – aquela pontada que deriva da saudade e da nostalgia. Isso ainda é infinitamente melhor que uma folha em branco.

Não escolheria ignorar aprendizados porque o sofrimento fez parte deles. Cedo ou tarde, teria que aprender certas lições, de qualquer forma.

Por outro lado, não gostaria de repetir experiências. As lembranças têm o seu lugar no passado. Não podemos viver delas, nem pretender recapitulá-las. Hemingway dizia que “não se deve voltar aos campos de batalha”. O filme, poeticamente, ignora esse conceito. Isso é até compreensível, dentro da ficção – para aqueles tiveram suas lembranças apagadas, as situações repetidas seriam, de fato, inteiramente novas.

No fim, tudo se resume a uma velha frase, dita por muitas pessoas, com diversas palavras, mas sempre trazendo o mesmo conteúdo: é melhor viver cada instante intensamente, assumindo as conseqüências boas e ruins, do que simplesmente passar pela vida.

Assista ao filme. Ele dá margem a muitas reflexões.