Constantine

Ficha técnica

Constantine. EUA, 2005. Aventura. 121 min. Direção: Francis Lawrence. Com Keanu Reeves, Rachel Weisz e Djimon Houson.

Um experiente ocultista e uma policial cética investigam o assassinato da irmã gêmea dela.

Mais informações: Adoro Cinema.

Comentários

5 estrelas

Constantine é excelente – vale ir ao cinema para vê-lo, especialmente porque em DVD algumas cenas perderão o impacto. Efeitos visuais ótimos, trama muito interessante (corroborando uma – sim, porque sou inconstante até nisso – das minhas teorias sobre essa história toda de Céu e Inferno), Keanu Reeves em interpretação convincente (fácil, fácil, a gente se esquece de que ele é o Neo), um ou outro momento divertido para aliviar a tensão. Quem não deve ter gostado do filme é a Sousa Cruz.

Adaptação para o cinema dos quadrinhos Hellblazer.

O Fantasma da Ópera

Ficha técnica

The Phantom of the Opera. EUA, 2004. Musical. 143 min. Direção: Joel Schumacher. Com Gerard Butler, Emmy Rossum, Minnie Driver e Patrick Wilson.

Homem assombra uma companhia de ópera francesa e leva a soprano à loucura. Uma história de amor começa quando uma jovem assume seu posto.

Mais informações: Adoro Cinema.

Comentários

5 estrelas

Sou suspeita, suspeitíssima para comentar O Fantasma da Ópera. Adoro musicais em geral, isso não é novidade. E sou completamente apaixonada pelo musical de Andrew Lloyd Webber. O livro de Gaston Leroux que serve de base à peça não tem tanta força. Pertence ao Romantismo, torna-se por vezes arrastado e apresenta um Fantasma mais cruel do que o imaginário coletivo acostumou-se a idealizar. É de Webber o mérito de ter tornado a história popular, com um vilão tão carismático que é quase impossível não torcer por ele, ao menos por alguns instantes.

As canções da peça estão todas lá. Os atores estão excelentes, transmitindo as características marcantes de cada personagem: a ingenuidade de Christine, a bobice de Raoul (é um personagem que nasceu para ser fraco) e o carisma do Fantasma. Tá, é inevitável comparar e constatar que a Sarah Brightman canta e interpreta melhor que a Emmy Rossum, mas o desempenho dela está longe de ser ruim.

A execução da trilha sonora é magistral. Os primeiros acordes da música-tema provocam arrepios. A interpretação de Music of the Night é profundamente sensual, envolvente até o último fio de cabelo.

Algumas tomadas lembram Moulin Rouge, outro filme que adoro.

Agora, estejam avisados, o filme é praticamente todo cantado. A versão levada às telas é praticamente a transcrição do musical – quem não gosta do gênero, não se arrisque a assistir a mais de duas horas cantadas.

Closer – Perto Demais

Procuramos independência,
acreditamos na distância entre nós
(“Independência”, Capital Inicial)

Ficha técnica

Closer. EUA, 2004. Drama. 100 min. Direção: Mike Nichols. Com Julia Roberts, Jude Law, Natalie Portman e Clive Owen.

O filme acompanha o envolvimento amoroso de quatro pessoas: um jornalista, uma stripper, uma fotógrafa bem-sucedida e um médico.

Mais informações: Adoro Cinema.

Comentários

5 estrelas

Não é à toa que Closer foi uma das estrelas do Globo de Ouro 2005 (ganhando duas das cinco indicações recebidas) e concorre ao Oscar nas categorias de ator e atriz coadjuvantes (justamente as premiadas com o Globo de Ouro). Closer é excelente, dramático, bem escrito e bem dirigido. O que ele não é: um filme romântico. Quem estiver esperando uma história água-com-açúcar, com a “Queridinha da América” como mocinha, terá uma decepção. Sim, o filme trata do amor, mas sob uma ótica crua, sem lentes cor-de-rosa – e, por isso mesmo, é muito duro e um bocado realista.

Quantas vezes você já achou que amava alguém, ou que estava apaixonada(o) e, tempos depois, descobriu que o que sentia era alguma outra coisa? Carência, egoísmo, despeito, orgulho, solidão, revanchismo, amor-próprio, atração sexual – tudo isso pode e freqüentemente é confundido com amor ou paixão. São todos sentimentos que estão “perto demais” uns dos outros, da mesma forma que os quatro personagens do filme.

Embora a frase de chamada seja “quem acredita no amor à primeira vista nunca pára de procurar”, o filme leva a crer que a busca é infrutífera. Independentemente de acontecer “à primeira vista” ou não, o amor verdadeiro é um conceito desacreditado durante toda a trama. Assim, tem-se uma história seca, tensa, com diálogos e cenas fortes. Impossível sair “feliz” do cinema. Sai-se com a sensação de ter ouvido verdades que talvez não devessem ser ditas – mas, como afirma um dos personagens a certa altura, dizer a verdade é o que nos diferencia dos demais animais.

A belíssima música condutora de Closer é de Damien Rice, está no álbum O e chama-se Blower’s Daughter.

Jornada da Alma

Quando você não consegue olhar dentro da alma de alguém,
tente ir embora e voltar mais tarde.
(Boris Pasternak, poeta russo citado por Sabina Spielrein no filme)

Ficha técnica

Prendimi l’Anima. Itália/França/Inglaterra, 2003. Drama. 89 min. Direção: Roberto Faenza. Com Iain Glen, Emilia Fox e Caroline Ducey.

Dois pesquisadores resgatam a história de uma psicanalista russa que, quando jovem, foi tratada por Gustav Jung, com quem também teve um envolvimento amoroso.

Mais informações: Adoro Cinema.

Comentários

4 estrelas

Aviso: se quiser assistir a Jornada da Alma completamente às cegas (o que, aliás, é sempre a minha opção), não leia agora esse texto. Não contém spoilers, mas está um pouco mais detalhado do que costumo fazer.

É sempre agradável quando se vai ao cinema sem esperar grande coisa do filme e, ao fim da exibição, tem-se a sensação de ter visto uma obra de primeira qualidade. Foi o que aconteceu comigo ao assistir a Jornada da Alma.

O filme é belíssimo, com algumas cenas realmente tocantes e excelentes atores. Pode ser dividido em duas partes. A primeira volta-se ao relacionamento entre Sabina Spielrein, uma jovem com distúrbios mentais (o filme sugere histeria e algo além) e o jovem Carl Jung, que se propõe a tratá-la com o que havia de mais novo à época: as teorias freudianas. Em um tempo no qual os eletrochoques eram prática usual, o tratamento proposto por Jung era revolucionário.

A relação médico-paciente toma vertentes mais intensas, desaguando em uma forte relação amorosa. A partir desse referencial, dá pra entender a razão de Freud condenar a aproximação entre o psicanalista e o paciente. Por outro lado, fica a pergunta: se Jung não tivesse rompido barreiras, o tratamento teria alcançado a mesma eficácia?

Essa primeira parte abrange uns dois terços do filme; no entanto, na minha modesta opinião, o último terço é, justamente, o mais importante.

A segunda parte concentra-se na vida profissional de Sabina, que tentou introduzir novas técnicas de educação infantil na Rússia leninista. A seguir, fica patente a transformação ocorrida quando Stalin assumiu o governo: o início do terror, da repressão em último grau, das perseguições e assassinatos em massa. Um retrato histórico interessante de uma época cruel. Em meio a tudo isso, a tentativa de Sabina em desenvolver suas teorias, até o desfecho inevitável.

As cores do filme ficam ainda mais fortes quando se tem em mente que sua história é baseada em fatos e pessoas reais. Serviu de base para o roteiro a correspondência trocada entre Sabina e Jung, descoberta recentemente. A história emociona a ponto de algumas pessoas estarem fungando ao fim da exibição.

Vale a pena fazer um esforço – já que o filme está sendo exibido em poucas salas, visto não ser comercial – e assistir a Jornada da Alma.

Estou com a melodia de “Tumbalalaika” na cabeça até agora…