Folgando na Rede # 16

Rede arco-íris Começando pelo Flickr: Armando Vernaglia, fotógrafo bastante atuante na lista de discussão Megapixels, aderiu ao serviço – ainda há poucas fotos por lá, mas todas lindas. Fã que sou de composições que usam e abusam de linhas e simetria (Brasília favorece, eu sei), adorei a coleção de imagens da Avenida Paulista, que usa belamente esses elementos.

Se alguém quiser me dar um presentinho, é só seguir a dica da Srta. Bia e comprar um boneco do Kirk ou do Spock, criados pela Matel especialmente para o novo filme de Star Trek, que estréia em maio (dizem). Cada um custa 45 dólares e as vendas começam em abril. Lindos mesmo eram os bonecos criados para homenagear os 30 anos da Série Clássica (via Emerson), pena que estão esgotados.

Ouvi inúmeras críticas à Campus Party 2009 – parece consenso que foi pior que a do ano passado (que já teve problemas). Além de todas as questões de infraestrutura (ou falta dela), o episódio da coelhinha da Playboy descaradamente bolinada por uma criatura abjeta marcou tristemente essa edição.  Ainda houve quem tivesse a audácia de justificar o comportamento do mau caráter (veja os comentários a esta foto no Flickr), mas, felizmente, a maioria repudiou o sujeito. Felizmente, também, nem todos os homens são canalhas e esse texto sensível do Alessandro Martins comprova isso.

Falando em Campus Party, a Nospheratt avisa que as palestras  que rolaram no Campus Blog estão na web.

Projeto bacaníssimo criado pelo jornalista Milton Jung: Adote um Vereador. Há muito tempo, numa galáxia muito, muito distante, pensei em como seria interessante fazer um blog coletivo que acompanhasse os passos dos políticos. A idéia do Jung é muito melhor, mais simples e completa. Vale divulgar e participar.

Concurso Cultural Ibeu
Concurso Cultural Ibeu

Minha xará informa: o Ibeu (ai, ai, só lembro da música da Blitz quando ouço falar desse curso) está promovendo um concurso cultural com prêmios bacanas que incluem um Nintendo Wii e um iPhone. É só dizer (e mostrar) o que faz você se sentir bem. Clicar na imagem ao lado leva você direto ao site.

A descontinuação do Google Notebook pegou de surpresa os fãs do serviço, mas a galera do Evernote dá uma ótima solução, criando um passo-a-passo para importar as anotações do Google Notebook para o Evernote. Diga-se de passagem que o segundo é muito mais completo e eficiente do que o produto do Google jamais foi.

O Escafandro e a Borboleta

“Decidi parar de ter pena de mim mesmo. Além do meu olho, há duas coisas que não estão paralisadas: minha imaginação e minha memória.”
(Jean-Dominique Bauby)

Ficha Técnica

  • Título original: Le Scaphandre et le Papillon
  • País de origem: França/EUA
  • Ano: 2007
  • Gênero: Drama
  • Duração: 112 minutos
  • Direção: Julian Schnabel
  • Roteiro: Ronald Harwood, baseado em livro homônimo de Jean-Dominique Bauby.
  • Elenco: Mathieu Amalric (Jean-Dominique Bauby), Emmanuelle Seigner (Céline Desmoulins), Marie-Josée Croze (Henriette Durand), Anne Consigny (Claude), Patrick Chesnais (Dr. Lepage).
  • Sinopse: Jean-Dominique Bauby (Mathieu Amalric), editor da Revista Elle, sofre um derrame cerebral e, quando acorda do coma, o único movimento que lhe resta no corpo é o do olho esquerdo. Bauby aprende a comunicar-se piscando e recria seu mundo a partir do que lhe resta: a imaginação e a memória.

Comentários

O Escafandro e a Borboleta À primeira vista, O Escafandro e a Borboleta lembra um grande sucesso de 2004, Mar Adentro.  Ambos baseiam-se em histórias reais de homens com mentes lúcidas, inteligentes e ativas presas a corpos inúteis.

As diferença entre esses dois vitimados pelo destino, porém, são muitas. Ramón Sampedro (Mar Adentro) passou a maior parte de sua vida preso a uma cama, ao contrário de Jean-Dominique Bauby. Por outro lado, Ramon era capaz de falar, enquanto Bauby só tinha seu olho esquerdo para comunicar-se com o mundo. Ramón luta pelo direito de morrer, enquanto Jean-Dominique decide agarrar-se à vida. Ambos escreveram livros: o de Ramón (Cartas do Inferno) narra seu sofrimento dentro de uma casca; já para Jean-Do, a feitura de O Escafandro e a Borboleta é o meio que ele encontra para sentir-se vivo.

As perspectivas diversas de Ramón e Jean-Dominique refletiram-se em filmes completamente diferentes. Mar Adentro é pesadíssimo. Lembro-me de ter chorado rios durante a exibição. Praticamente todas as cenas são construídas em torno do desespero de Ramón, mesmo quando ele não está presente. Achava que O Escafandro e a Borboleta seguiria pelo mesmo caminho, mas fui surpreendida.

Sim, O Escafandro e a Borboleta entristece. Claro que a visão de um homem totalmente paralisado parte o coração. As cenas em que Jean-Do encontra familiares e amigos são particularmente comoventes. Incrivelmente, no entanto, é possível rir em alguns momentos – por exemplo, quando Jean-Do  torce para que a enfermeira curve as costas só mais um pouquinho, a fim de dar-lhe uma melhor visão do seu decote. Os pensamentos de Jean-Do são partilhados com o público e revelam um sujeito bem-humorado, dono de um raciocínio mordaz e debochado e de uma tenacidade que se recusa a ceder diante da autopiedade.

À parte a excelente história, o que se destaca realmente  é a perspectiva escolhida pelo diretor Julian Schnabel para contá-la. Durante meia hora, o espectador é forçado a ver o mundo como Bauby, por meio de seu olho esquerdo, numa experiência angustiante. Você quer ver outra imagem, quer um novo ângulo e mais nitidez, mas precisa contentar-se com a visão limitada de Jean-Do. Não há trilha sonora, também – aliás, durante o filme são vários os momentos de completa ausência de música, alternados com um repertório de muito bom-gosto (a abertura, por exemplo, é ao som da clássica La Mer, de Charles Trenet).

Como sempre, fui ao cinema sem ler nada sobre o filme. Passei todo o tempo desejando a recuperação de Jean-Do, a superação da locked-in syndrome (ou “síndrome do encarceramento”, nome do raro estado que o acometeu após o derrame). Torci para que ele se libertasse do escafandro que encarcerava seu espírito, torci para que as metafóricas borboletas se tornassem reais.

Ele se recupera? Veja o filme para descobrir. De todo modo, o que importa é a perseverança heróica de Jean-Do e sua determinação de permanecer em contato com o mundo, mesmo restando-lhe apenas o olho esquerdo.

Cotação: 5 estrelas

Curiosidades

O Escafandro e a Borboleta concorreu em quatro categorias ao Oscar 2008: melhor diretor, melhor fotografia, melhor edição e melhor roteiro adaptado. Não levou nada, mas ganhou o Globo de Ouro 2008 por melhor diretor e por melhor filme estrangeiro.

No Festival de Cannes de 2007, ganhou o prêmio de melhor diretor e o Grande Prêmio Técnico, pelo trabalho de Janusz Kaminski. Kaminski é responsável, entre outras obras, pela fotografia de todos os filmes de Steven Spielberg[bb] desde A Lista de Schindler[bb].

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A síndrome “locked-in” é a completa paralisia de praticamente todos os músculos do corpo, exceto dos que controlam o movimento dos olhos. O paciente permanece alerta, mas confinado a um corpo inerte. Há diversas ocorrências no Google sobre o tema.

Serviço

Wall-E

Ficha Técnica

  • Título original: Wall-E
  • País de origem: EUA
  • Ano: 2008
  • Gênero: Animação
  • Duração: 97 minutos
  • Direção: Andrew Stanton
  • Roteiro: Andrew Stanton
  • Elenco: Ben Burtt (Wall-E / M-O), Elissa Knight (Eva), Jeff Garlin (Capitão), Sigourney Weaver (Auto). Em português: Claudio Galvan (Wall-E), Sylvia Salustti (Eva), Reginaldo Primo (Capitão), Manolo Rey (M-O), Guilherme Briggs (Auto). Direção de Manolo Rey.
  • Sinopse: Wall-E, um solitário robô que ficou na Terra para limpar a sujeira deixada pra trás pelos seres humanos, conhece Eva, robô recém-chegado com a missão vasculhar o planeta em busca de vida.

Comentários

Wall-E Fofo. Essa é uma ótima palavra para definir Wall-E. Fofo, mas não besta. Afinal, é um filme da Pixar, responsável por jóias como Procurando Nemo (também dirigido e roteirizado por Andrew Stanton) e Toy Story, e faz jus à tradição do estúdio.

Só que as semelhanças páram por aí. O filme é muito diferente de qualquer outra animação que você já viu. Dá quase pra imaginar que é feito exclusivamente para adultos. O fato de crianças gostarem seria um bônus, um efeito colateral.

A primeira meia hora do filme é, praticamente, uma experiência de cinema mudo. Uma bela trilha sonora acompanha o robozinho Wall-E em sua tarefa de compactar montanhas de lixo deixadas sobre a Terra pelos humanos. De quebra, ele vai juntando tranqueiras que nem sabe para que servem, mas que minimizam sua solidão e viram brinquedos. Que criança não teve a fase de encher os bolsos de bugigangas? Wall-E é assim, uma criança. Não entende o mundo em que vive, mas gosta dele. É curioso e ingênuo. Faz o dever de casa e, no tempo livre, brinca com sua coleção e com sua melhor amiga, uma barata.

(Aliás, parafraseando Indiana Jones… Barata. Por que tinha que ser uma barata? Odeio baratas. Sério. Eu ficava tensa toda vez que aquela criatura nojenta aparecia e, putz, como torci pra que ela fosse esmagada/fulminada.)

O mundo de Wall-E vira do avesso quando conhece Eva, uma robô muito mais moderna e muito menos… humana. O robozinho terá papel fundamental na transformação da metódica Eva, que também modificará para sempre a vida de Wall-E.

O que mais encanta no filme é a habilidade dos animadores em atribuir tanta vida e emoção a uma sucata ambulante (com todo o respeito) é surpreendente. Eles se superaram, decididamente. Não dá pra pensar em Wall-E como um ser inanimado, não com aqueles olhos incrivelmente expressivos.

O enredo é politicamente/ecologicamente correto. As principais críticas são ao consumismo, à economia da moda e do descartável, com os conseqüentes danos ao meio ambiente e, claro, ao próprio homem. Não se preocupe: não há discurso ou pregação escancarada, embora, na verdade, essa crítica seja a base para todo o roteiro. Por fim, a camada das referências. A mais óbvia e constante é ao clássico 2001 – Uma Odisséia no Espaço, mas também há pinceladas de Star Trek e Admirável Mundo Novo. Na versão original, Sigourney Weaver, mais conhecida como Tenente Ripley, faz a voz do piloto automático (no Brasil, a voz coube a Guilherme Briggs, dublador do Worf, de Jornada nas Estrelas: A Nova Geração). O cubo mágico e o joguinho Pong provocam suspiros nostálgicos. Quem assistir aos créditos finais ainda será premiado com figurinhas saídas dos jogos do Atari.

Os mac-maníacos encontram várias referências à Apple (Steve Jobs, fundador da empresa, foi CEO da Pixar até sua compra pela Disney, em 2005) que me passaram completamente despercebidas (ok, depois que soube, até achei evidente a semelhança entre Eve e um iMac).

Wall-E é completo. É um primor de técnica, tem um personagem muito carismático e um enredo cativante. Será uma injustiça se não levar o Oscar 2009 como melhor longa de animação.

Cotação: 4,5 estrelas (se não houvesse a barata…)

Curiosidades

O curta de animação que antecede o filme (hábito da Pixar) é Presto e mostra um mágico entrando em apuros por causa do seu coelho. Bacaninha, mas, de tanto ouvir maravilhas sobre ele, esperava mais.

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As dublagens brasileiras de animações costumam ser excelentes, e Wall-E não foge à regra. Nem dá pra acreditar que os mesmos profissionais fazem trabalhos sofríveis como os vistos no canal Fox. Bem, provavelmente não são os mesmos. O Blog do Bonequinho publicou uma ótima entrevista com Manolo Rey, o diretor da dublagem de Wall-E . Quando perguntado sobre as dublagens para tv a cabo, Manolo disse:

Atualmente, dirijo na Delart, e há empresas que cobram um terço do que é cobrado lá. Como conseguem? Simples, diretores, tradutores e dubladores aceitaram trabalhar por menos, e em condições contrárias às estabelecidas por nós. Acredito que a dublagem só vai crescer quando houver maior cobrança quanto à qualidade. O público tem que reclamar do que é ruim e elogiar o que gostou.

É a velha história: tem os melhores profissionais quem paga o preço justo.

(Confesso: uma das inúmeras profissões que quis seguir na adolescência foi a de dubladora.)

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O site oficial de Wall-E não tem grande coisa, mas vale a visita para uma partidinha de pinball (ninguém mais usa o termo “fliperama”?) em companhia do robozinho mais fofo do universo.

Serviço

Sex and the City – O Filme

Ficha Técnica

  • Título original: Sex and the City
  • País de origem: EUA
  • Ano: 2008
  • Gênero: Comédia Romântica
  • Duração: 148 minutos
  • Direção: Michael Patrick King
  • Roteiro: Michael Patrick King, baseado em personagens do livro de Candace Bushnell.
  • Elenco: Sarah Jessica Parker, Kim Cattrall, Kristin Davis, Cynthia Nixon, Chris Noth, Candice Bergen, Jennifer Hudson.
  • Sinopse: Carrie Bradshaw (Sarah Jessica Parker) é uma escritora de sucesso que vive em Nova York. Ela e suas amigas Samantha Jones (Kim Cattrall), Charlotte York (Kristin Davis) e Miranda Hobbes (Cynthia Nixon) são bem-sucedidas profissionalmente e buscam, também, o sucesso amoroso.

Comentários

Sex and the City - O Filme Quando Sex and the City[bb]o seriado – acabou, fiquei com aquela sensação de “mas já?!”. Claro, toda série precisa acabar um dia (menos E.R., aparentemente). A bem da verdade, houve um bom desfecho para as personagens. É que acompanhar Carrie, Miranda, Samantha e Charlotte por 6 anos foi tão bom que a vontade era de ver mais: Carrie e Big vão mesmo dar certo juntos? Miranda vai se acostumar à vida fora de Manhattan? Samantha agüentará um relacionamento monogâmico? Charlotte será, digamos, menos Charlotte?

Sex and the City – O Filme foi feito exatamente para responder todas essas dúvidas.

Sim, é um filme para fãs. Até conheço gente que não assistia à série e gostou do filme, mas ele foi todinho pensado em quem acompanhou os episódios. Isso já fica claro na abertura, um belo flashback dos seis anos de série. A última cena também traz uma ótima piada interna, a respeito do drink preferido das moças, o Cosmopolitan.

Charlotte está mais histérica e irritante do que nunca; Samantha apresenta facetas que nem suspeitávamos; Carrie ainda se encanta com marcas e grifes (e Sarah Jessica Parker está assustadoramente magra) e Miranda continua sendo a personagem com quem mais me identifico (inclusive quando ela faz besteira).

E Big… bem, Big continua um charme.

A primeira pergunta dos fãs é respondida logo no início: Carrie e Big (sim, ele tem nome, é John e não foi revelado no filme, mas no último episódio do seriado – mas é mais legal chamá-lo Big) estão procurando um apartamento para morarem juntos, após 4 anos de relacionamento. As outras respostas? Bem, veja o filme. Afinal, 148 minutos equivalem a uns 6 episódios, o suficiente para saciar todas as curiosidades.

Fã como sou da série, o filme precisaria ser muito ruim para me desagradar. O fato é que ele é muito bom. Os atores reprisam perfeitamente seus papéis, Jennifer Hudson (ganhadora do Oscar pelo papel coadjuvante em Dreamgirls) faz uma participação bacana – sem nada de mais – e o glamour do seriado foi plenamente captado, para desgosto dos que rotulam Sex and the City como um desfile de marcas. O foco da série, como o do filme, sempre foi a amizade das quatro protagonistas que, entre sucessos e insucessos profissionais e amorosos, permanecem lado a lado. Coisa rara no universo feminino, diga-se de passagem.

Sex and the City – O Filme tem, ainda, a qualidade de dosar comédia e drama com primor. Risadas estão garantidas e, se você for do tipo emotivo, algumas lágrimas também.

Cotação: 5 estrelas

Curiosidades

Sex and the City – O Filme representa um ano na vida das personagens.

No site oficial do filme (em inglês), há um testezinho para descobrir seu “par perfeito”. Fiz o teste e deu Mr. Big na cabeça:

Ele é um homem confiante e influente que aproveita as melhores coisas, mas também o filho obediente que acompanha a mãe à igreja aos domingos. Ele é esquivo, o que é tão irresistível quanto frustrante. Big pode ser imprevisível e parece totalmente inacessível – e deixa você pra baixo ocasionalmente – mas então dá um jeito de surpreendê-la, expondo-se quando você menos espera.

Eu sei, esses testes são bobos, mas são engraçadinhos.

Além da Tela

Foram usados mais de 300 figurinos ao longo das filmagens. 300 também é o número de jóias que a H. Stern emprestou.

A série mostra a vida de 4 mulheres na casa dos 30; no filme, elas já estão na casa dos 40 (e além). Eis a idade dos protagonistas:

  • Sarah Jessica Parker (Carrie): 43
  • Kim Cattrall (Samantha): 51
  • Kristin Davis (Charlotte): 43
  • Cynthia Nixon (Miranda): 42

Chris Noth (Big) foi uma surpresa: o galã tem 53 anos! Jennifer Hudson é a caçula, com 26.

Serviço