A Tabacaria

Dica de filme: “A Tabacaria”.

Às vésperas da Segunda Guerra Mundial, na Viena recém-ocupada pelos nazistas, um rapaz de 17 anos começa a deixar de ser um garoto para tornar-se um adulto. O crescimento vem com aprendizados sobre amor, perda, morte, traição e amizade, contando com a ajuda inusitada de Sigmund Freud.

O filme, coprodução Áustria/Alemanha, é baseado em romance homônimo. As ótimas atuações são complementadas por uma edição precisa e pela bela fotografia. A história é sensível e provoca reflexões… afinal, pessoas comuns acreditaram na barbárie nazista e na propaganda do partido. Se você era antinazista, era automaticamente comunista, uma falsa polarização que gerou uma cegueira coletiva. Dito isso, não é uma história ostensivamente política, mas sim de formação.

Em exibição nos cinemas a partir de amanhã.

Estrelinhas no caderno: 5 estrelas

Ps.: tenho ouvido tanto falar de Freud nos últimos dias, por caminhos tão variáveis, que é impossível não pensar no conceito de sincronicidade de Jung – oh, the irony!

Um Amor Impossível

Dica de filme: “Um Amor Impossível”.

Rachel, aos 25 anos, já é quase “velha” demais pra casar, segundo os padrões do fim dos anos 50. Um dia, conhece Philippe, um homem inteligente, charmoso e sedutor. Do namoro, nasce Chantal. Philippe é um pai ausente, para tristeza de Rachel, que passa anos tentando corrigir isso.

Quando acabou, eu e a @smiletic (que me convidou pra cabine) ficamos apenas olhando os créditos por uns minutos, tentando digerir a história. Não é um filme leve. Não quero me estender para não dar spoilers – apenas veja.

Distribuição: @A2_filmes.

Estrelinhas no caderno: 4 estrelas

Merlin e Arthur – Um Sonho de Liberdade

Dica de teatro em SP: “Merlin e Arthur, um Sonho de Liberdade”. Musical com canções do grande Raul Seixas. Arthur sonha com um país unido, com harmonia entre bretões e romanos. A esperança se torna urgência ante a ameaça de invasão pelos saxões. Ao seu lado, conta com Lancelot e Guinevere. Conseguirá realizar seu sonho?

A peça integra muito bem recursos digitais – Vera Holtz, Merlin, aparece nessa mídia – e tem coreografias excelentes. As canções do Raul Seixas encaixam bem. Atores ótimos (Paulinho Moska convence após a primeira cena), com destaque para a fisicalidade cômica do Dreadmor. A peça podia ter uns 20 minutos a menos e a percussão podia ser menos forte para não encobrir as vozes.

O texto provoca reflexões políticas oportunas, além de falar de amor e a amizade.

Em cartaz no Teatro Frei Caneca. A temporada acaba dia 18 de agosto, então corre.

Estrelinhas no caderno: 5 estrelas

Circe, de Madeline Miller

@tinyowl.reads organizou uma leitura coletiva de “Circe” (de Madeline Miller) e o livro, que comprei há uns meses por recomendação da @soterradaporlivros, furou a fila na minha tbr (to be read – a listinha de livros esperando para serem lidos). (Na verdade, eu não tenho uma tbr… mas, quando eu cumpro a tbr, eu dobro a tbr). A autora reconta alguns mitos gregos do ponto de vista de Circe, deusa, bruxa, mulher, pária dentro da própria família.

A escrita não me cativou. A narrativa em primeira pessoa geralmente me “tira” da história, e foi o que aconteceu na primeira metade do livro – uma sensação de distanciamento. O fato de Circe ser um tanto chorona nessa primeira parte não ajudou.

A história melhora muito a partir da segunda metade. Começa a melhorar antes mesmo da chegada de Odisseu (os mitos de Circe e Odisseu são entrelaçados), pois Circe começa a descobrir sua força e sua voz. Daí pra frente, o livro fluiu bem.

Algumas resenhas dizem que “Circe” é um livro feminista. Não é, mas trata que questões ligadas ao feminino e ao feminismo. Mesmo entre os imortais, a vida é mais difícil se você é uma deusa. Aos homens, tudo é perdoado. Das mulheres, tudo é exigido.

Estrelinhas no caderno: 3 estrelas