Doze Homens e Outro Segredo

Ficha técnica

Ocean’s Twelve. EUA, 2004. Aventura. 92 min. Direção: Steven Soderbergh. Com George Clooney, Brad Pitt, Julia Roberts, Matt Damon e Catherine Zeta-Jones.

Desta vez, Daniel Ocean (Clooney) recruta sua equipe para ir à Europa conseguir dinheiro para saldar uma dívida. Do mesmo diretor de Onze Homens e um Segredo (2001).

Mais informações: Adoro Cinema.

Comentários

5 estrelas

Quem gostou do primeiro filme vai adorar a seqüência. Na verdade, acredito que Doze Homens e Outro Segredo esteja bem melhor que seu antecessor. A aventura está bem mais ágil. As piadas são freqüentes, mas nada que sequer se aproxime do pastelão. Uma das melhores debocha de Daniel Ocean e, ao mesmo tempo, do ator George Clooney. Outra está nos créditos finais, bem rapidinha mesmo.

A atenção do espectador é exigida do começo ao fim, numa história com bastante movimento e algumas reviravoltas.

Os atores estão ótimos. Infelizmente, como aconteceu no primeiro filme, não é possível desenvolver todos os personagens, concentrando-se a ação em três ou quatro.

Um terceiro filme com a gangue mais carismática do cinema não seria má idéia.

Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças

Ficha técnica

Eternal Sunshine of the Spotless Mind. EUA, 2004. Drama. 108 minutos. Direção: Michel Londry. Com Jim Carrey, Kate Winslet, Kirsten Dunst e Mark Ruffalo.

Homem introvertido se apaixona à primeira vista por uma vendedora de livros, mas o romance sofre reviravoltas. Roteiro de Charlie Kaufman, o mesmo de Adaptação.

Mais informações: Adoro Cinema

Comentários

5 estrelas

Detestei esse filme à primeira vista. Achei o trailer bobo demais. Para completar, não suporto o Jim Carrey, suas caras e bocas – só mesmo em O Máscara para ficar legal. Assim, firmei posição desde o primeiro momento: “esse filme, eu não vejo nem arrastada”. Só que uma amiga viu e falou muito bem do filme. Tão bem que comecei a rever meus conceitos: “ok, se não tiver mais nada interessante no cinema, talvez eu veja esse filminho”.

Aí, fui ao cinema na esperança de assistir Efeito Borboleta. Não dava mais pra pegar a sessão. Decidi ver Querido Estranho. Não estava em cartaz naquele shopping. Nem Farhenheit 11 de Setembro. O que sobrou? Adivinha…

Pois é. Fui, mas contrariada. A birra não durou nem quinze minutos.

De bobo, Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças não tem nada. O Jim Carrey não chega a prejudicar. A Kate Winslet está ótima (pena que vem se rendendo aos padrões hollywoodianos de magreza). E a história dá o que pensar. Muito.

Quantas vezes você já não desejou que determinada coisa nunca tivesse acontecido? Quantas vezes não quis apagar da mente lembranças dolorosas? Rejeições, traumas, amores frustrados?

Acontece que somos a resultante dessas lembranças. Eu não seria a mesma, se não tivesse passado pelas experiências que vivi. Por piores que possam ter sido, são elas as responsáveis pelo que sou hoje. Deram-me força, experiência, maturidade, crescimento em certos aspectos.

Além disso, as coisas sempre vêm em pacotes completos. Um relacionamento, por exemplo, não é feito só de más recordações. Muito pelo contrário. Tive ótimos momentos com pessoas que, posteriormente, trouxeram-me dor e raiva. Quando a gente diz “seria melhor nem tê-lo(a) conhecido”, está desejando ser privada de muitas situações agradáveis.

Não escolheria deixar de viver horas, dias, meses e anos maravilhosos porque, tempos depois, trouxeram-me dor. Para cada lembrança triste, posso encontrar pelo menos uma de felicidade. Que causa certa tristeza também, admito – aquela pontada que deriva da saudade e da nostalgia. Isso ainda é infinitamente melhor que uma folha em branco.

Não escolheria ignorar aprendizados porque o sofrimento fez parte deles. Cedo ou tarde, teria que aprender certas lições, de qualquer forma.

Por outro lado, não gostaria de repetir experiências. As lembranças têm o seu lugar no passado. Não podemos viver delas, nem pretender recapitulá-las. Hemingway dizia que “não se deve voltar aos campos de batalha”. O filme, poeticamente, ignora esse conceito. Isso é até compreensível, dentro da ficção – para aqueles tiveram suas lembranças apagadas, as situações repetidas seriam, de fato, inteiramente novas.

No fim, tudo se resume a uma velha frase, dita por muitas pessoas, com diversas palavras, mas sempre trazendo o mesmo conteúdo: é melhor viver cada instante intensamente, assumindo as conseqüências boas e ruins, do que simplesmente passar pela vida.

Assista ao filme. Ele dá margem a muitas reflexões.

Shrek 2

Ficha técnica

Shrek 2. EUA, 2004. Animação. 105 min. Direção: Andrew Adamson, Kelly Asbury e Conrad Vernon. Com as vozes de Mike Myers, Eddie Murphy, Cameron Diaz e Antonio Banderas.

Depois que descobre que sua filha casou com o ogro Shrek, o rei faz de tudo para separá-los, pedindo a ajuda do Gato de Botas. A versão dublada conta com as vozes de Bussunda e Pedro Bial.

Mais informações: Adoro Cinema.

Comentários

5 estrelas

Você viu o primeiro filme e gostou? Então, vai adorar Shrek 2, que segue a mesma linha. Ou seja, é pra lá de engraçado, tem ótimas tiradas e vale cada centavo do ingresso. Aliás, vale até ver duas vezes.

Não viu o primeiro Shrek? Veja o segundo. São independentes o suficiente para que os marinheiros de primeira viagem se divirtam sem restrições.

Aliás, uma coisa que senti falta no Shrek 2 foi aquela mania que tinha o burro de dizer “Really, really??” para tudo. Mas ele está lá, irritantemente simpático como sempre. E ganhou um parceiro, o Gato de Botas. Gente, o que é aquele gato?? Que coisa fofa! A Kika comentou que um dos gatos dela (ou melhor, do Kiko) é igualzinho. É bom mantê-lo longe do meu alcance, se ela quiser conservá-lo. Ah, a dublagem do novo personagem fica por conta do Antonio Banderas e está fantástica – ninguém interpretaria o gato tão bem quanto ele.

Uma das melhores características do filme são as referências a outras películas: O Senhor dos Anéis, Missão Impossível e muito mais.

Descobri aqui que existe o Shrek 1e1/2, lançado somente em DVD. Preciso mencionar que estou louca pra ver?

A propósito, quando vamos ter o Shrek 3?

Dogville

Ficha técnica

Dogville. Dinamarca/EUA, 2003. Drama. 117 min. Direção: Lars von Trier. Com Nicole Kidman, Harriet Andersson e James Caan.

Nos anos 30, uma fugitiva de gângsteres chega à pequena cidade de Dogville, onde conhece um homem que lhe propõe um acordo: em troca de um lugar seguro para ficar, ela deve trabalhar para o vilarejo por duas semanas. Do mesmo diretor de Dançando no Escuro (2000).

Mais informações: Adoro Cinema.

Comentários

5 estrelas

Quando comento um filme aqui no blog, procuro não contar a história, para não estragar o prazer dos leitores que ainda não o assistiram. Só que é impossível comentar Dogville sem entrar em detalhes. Se você ainda não viu o filme, pare de ler esse texto agora mesmo.

O primeiro impacto é o do cenário. Não, acho que não. O que chama a atenção, antes mesmo da primeira cena, é o seguinte texto, dito pelo narrador (que participa de todo o filme, por sinal): “essa história se passa em nove capítulos e um prólogo”. O filme tem esse ar meio literário, mesmo.

Voltemos ao cenário. Não há cenário. Não como estamos acostumados. Há apenas um grande tablado, no qual marcas feitas a giz indicam as ruas, casas e lojas do vilarejo chamado Dogville. É como se você estivesse assistindo a uma peça teatral feita com poucos recursos. Nem mesmo paredes existem. Estranho no começo, mas lá pela metade do filme já nem se percebe mais. Começa-se a imaginar o que não existe com grande facilidade, devido à atuação do elenco e aos truques de iluminação.

Agora, o enredo. O tal homem de que fala a sinopse acima é o pretenso líder da comunidade. Não há prefeitura. Ele é o mais estudado, metido a filósofo. Conhece as almas dos habitantes da vila e, portanto, consegue manipulá-los. O trato é aceito, mas de início ninguém precisa de nada. Grace (a fugitiva) não encontra serviço algum. Aos poucos, vão-lhe dando atividades que não precisam ser feitas, realmente. Os habitantes começam, então, a perceber como é bom e conveniente ter alguém que faça o serviço que, na verdade, nem precisava ser feito. Vão-lhe dando mais e mais tarefas. Sua jornada diária de trabalho, antes leve, passa a ser desumana e pessimamente remunerada.

Em meio a tudo isso, há a chantagem: eles estão escondendo uma fugitiva, provavelmente perigosa. Estão correndo risco para ajudar Grace. O mínimo que ela pode fazer é retribuir-lhes com seu trabalho. Claro, se ela preferir, eles podem chamar a polícia e entregá-la.

Ela começa a querer fugir da cidade. Thomas (o líder), que a esta altura já está apaixonado por ela, oferece ajuda. O plano não dá certo. O próprio Thomas contribui para o insucesso, por medo. A partir desse momento, o que já era ruim para Grace transforma-se em um verdadeiro inferno.

Estafada, já não desempenha bem suas tarefas. Começa a ganhar a antipatia dos moradores por suas faltas. É violentada por quase todos os homens da aldeia. Fraca, humilhada, submissa, já não tem ânimo para nada. Por outro lado, os “dogvillenses” já não estão mais dispostos a assumir o risco por mantê-la escondida.

Entregam-na. Os gângsteres retornam à cidade. O filme tem um desfecho que, se não surpreende, certamente é incisivo, cru e adequado ao filme. Bem ao estilo de Lars von Trier.

Não está em jogo apenas a crueldade de um homem para com outro, embora essa seja uma das formas de se abordar o filme. A moral da história poderia ser o clássico “o poder absoluto corrompe absolutamente”, porém há mais ainda. A relação doentia mostrada entre os habitantes de Dogville e Grace e um microcosmo do que acontece entre governantes e governados, entre países ricos e pobres. Sem escolha, os fracos submetem-se aos fortes. Se, no futuro, vislumbrarem uma possibilidade de vingança, irão usá-la – afinal, os fortes tinham a obrigação de terem agido de outra forma. Eles não deram o seu melhor. Não merecem, portanto, o perdão. O resultado de tudo isso? Guerras, atentados, violência gerando violência.

Impossível não enxergar no filme uma crítica à sociedade americana e ao seu governo. Por outro lado, o que acontece nas grandes cidades brasileiras segue o mesmo padrão. Um grande número da população é excluído, humilhado, explorado. Sua chance de vingança surge pela entrada no tráfico de drogas e de armas, no negócio rentável dos seqüestros, na bandidagem pura e simples.

Grace tinha ideais quando chegou em Dogville. Foi a população local que os destruiu e, posteriormente, pagou o preço por isso. Sem querer fazer apologia ao crime ou justificá-lo, quantas pessoas, pelo mundo inteiro, já não passaram por esse processo que ela passou?

São quase três horas que passam rápido graças à boa construção do enredo e aos vários momentos tensos ao longo da história.