Editando a Vida

Em 2012, um novo assunto aparecerá bastante por aqui: o minimalismo. Não me refiro a arquitetura minimalista, ou culinária minimalista, mas a uma vida minimalista.

Não, não vou reduzir meus pertences a uma lista de 100 itens, nem vou abandonar meu emprego, vender meu carro ou mudar-me para uma casa menor. Tenho lido bastante sobre o tema há meses (e praticado um bocado também) e se tem algo que aprendi é que o minimalismo não precisa ser radical. Trata-se, mais propriamente, de saber o que é importante – de saber que coisas não são importantes, experiências é que são. Buscar uma vida minimalista é perceber que as minhas coisas consomem tempo, dinheiro e espaço que poderiam ser melhor direcionados. É entender que o consumismo não prejudica apenas o meio-ambiente, essa expressão que pra muita gente parece distante e abstrata, mas afeta a vida cotidiana. É aprender a consumir racionalmente.

Como aperitivo do que vem pela frente, deixo três referências:

1. O blog Um Ano Sem Compras, nascido do desafio que a Marina se propôs e lotado das reflexões que ela tem feito sobre o assunto. E sim, vou fazer de 2012 meu ano-sem-compras.

2. O vídeo Less stuff, more happiness (tem legendas em português). Em menos de 6 minutos, Graham Hill resumiu brilhantemente o conceito de vida minimalista. Foi do seu projeto Life Edited que retirei o título desse texto.

3. A explicação da Miss Minimalist sobre consumo mínimo:

O instinto do consumo está enraizado na sobrevivência e é difícil de ser contido. Os fabricantes exploram esse fato e continuamente nos apresentam novas “necessidades” para suprimir nosso sentimento de realização. Eles tentam nos convencer de que nossas vidas são incompletas sem o mais recente aparelho; que nossas casas estão desatualizadas e devem ser “melhoradas”; que nossos carros devem ser novos e nossas roupas devem estar na moda.

Bem, nós declaramos “Basta!” Recusamo-nos a passar a melhor parte das nossas vidas desejando, adquirindo e pagando por coisas. Não somos Consumidores ou Anti-Consumidores, mas Consumidores Mínimos [observação: a autora cunhou a palavra minsumers para resumir esse conceito]. Nossa estratégia é simples:

  • Minimizar nosso consumo ao que atende nossas necessidades.
  • Minimizar o impacto do nosso consumo no meio-ambiente.
  • Minimizar o efeito do nosso consumo sobre a vida das outras pessoas.

Para tanto, não vamos gastar nosso dinheiro ou os recursos do planeta em coisas frívolas. Vamos reutilizar e reaproveitar o que podemos, e preferir coisas usadas a novas. Vamos evitar artigos feitos com a exploração da mão-de-obra ou com a violação dos direitos humanos. Vamos suportar nossas economias locais e trabalhar para criar comunidades sustentáveis. [observação: não faço a mínima ideia de como implementar alguns desses itens.]

Honestamente, não sou minimalista. Não sei se serei. Nesse momento, estou aprendendo a olhar minhas coisas de modo diferente e a analisar o consumo e o consumismo sob outra ótica. Quer aprender junto comigo?

Neuromancer

Neuromancer - capa

No início da adolescência, apaixonei-me por ficção científica. Tive a sorte de ter uma biblioteca excelente a poucos passos de casa e devorei o que havia de Júlio Verne e Isaac Asimov. Passaram-se vários anos e, por razões que a própria razão desconhece, afastei-me do gênero. Não foi falta de interesse ou de tempo. Fato é que, por causa do Desafio Literário, revisitei a ficção científica em abril e descobri que meu amor por ela não diminuiu.

Neuromancer estava na fila de “ler um dia” há quase vinte anos, quando o descobri no catálogo da Editora Aleph (que abraçava o gênero com força nos anos 90). Há uns dois anos, achei uma edição num sebo e a trouxe pra casa. Entrou na lista do desafio e, embora tenha lido no prazo, não fiz a resenha a tempo. Como resenhar um livro desses? Não é fácil, não.

O mundo apresentado em Neuromancer é vertiginoso. O leitor é tragado para um futuro-não-muito-distante pessimista, bem diferente da tradicional ficção científica que trata de civilizações que evoluíram a ponto de resolverem todos os nossos problemas. A realidade de Neuromancer é distópica ou, mais especificamente, cyberpunk – termo cunhado posteriormente para designar as histórias que retratavam mundos avançados tecnologicamente, mas não moralmente.

Case, o protagonista de Neuromancer, é um marginal, um pária. Um hacker disposto a vender seus serviços a quem paga mais, independentemente de riscos e sem qualquer dilema de consciência. À beira da morte, é contratado para uma nova empreitada, com a promessa de ser curado caso tenha sucesso. Trata-se, no entanto, de uma ação de altíssimo risco. Para completar sua missão, Case terá de se embrenhar profundamente no cyberespaço (termo cunhado por Gibson e de tamanho impacto que acabou se tornando sinônimo de internet), arriscando sua sanidade ao entrar na matrix à procura de um constructo (a memória de alguém já morto) detentor de conhecimentos importantíssimos para os contratantes de Case. Para tanto, ele conta com a ajuda de Molly, seu elo com os contratantes e, em certos momentos, com a realidade (a imagem na capa do livro é uma representação da Molly). O desfecho da história é impressionante (e fãs de Star Trek encontrarão ali um motivo extra para gostar do livro).

William Gibson cobra do leitor um compromisso com a realidade inventada por ele. Gibson não se dá ao trabalho de explicar cada pedaço desse mundo. Felizmente, ele superestima a inteligência do leitor, obrigando-o a “comprar” seu mundo como se fosse algo normal, cotidiano. Isso torna o livro enxuto e dinâmico. Imagine que um escritor que criasse romances baseados no nosso mundo atual se preocupasse em descrever exatamente como funciona um telefone celular, ou a internet: seria profundamente entediante. Gibson cria elementos que até mereceriam detalhamento – por não terem correspondentes no mundo real – mas isso tornaria o livro profundamente monótono.

Neuromancer inspirou profundamente o filme Matrix – há quem diga, aliás, que Matrix é um plágio descarado. Prefiro ficar com a definição de Alex Antunes no prefácio da minha edição:

Digamos que Neuromancer e Matrix (principalmente a partir da sua segunda parte) se parecem com a versão adulta e a juvenil de uma mesma história. Ou que Matrix é o esboço da adaptação de Neuromancer para o cinema, que vem sendo prometida há anos e sempre adiada. (p. 7)

Seja como for, Matrix revolucionou a indústria de efeitos especiais e, por via indireta, essa revolução vai pra conta de William Gibson. Além disso, Neuromancer forneceu material para a criação de jogos de computador, RPGs e outras tantas histórias contadas ao redor do cyberpunk. Sem exageros, Gibson criou um novo universo, tão amplo quanto a imaginação permite, e ainda assim conetado à nossa realidade tecnológica.

Por ser uma história formidável e por ter essa enorme influência na cultura pop, não é exagero dizer que Neuromancer é um clássico.

Ficha

  • Título original: Neuromancer
  • Autor: William Gibson
  • Editora: Aleph
  • Páginas: 303
  • Cotação: 5  estrelas
  • Encontre Neuromancer.

Espaguete com Roquefort e Tomates

Receita facílima para quem está numa semana preguiçosa.

Ingredientes

  • 90 gramas (uma porção) de espaguete
  • 30 gramas (um pedaço pequeno) de queijo roquefort
  • 10 tomatinhos-cereja
  • azeite

Você também precisará de

  • panela para cozinhar o macarrão
Espaguete com Roquefort e Tomates
Sem mistério.

Preparo

Pique o queijo roquefort e corte os tomatinhos ao meio.

Cozinhe o macarrão. Escorra, volte-o para a panela e regue com azeite. Em fogo baixo, acrescente o queijo e os tomates. Com a ajuda de um pegador, misture-os ao macarrão suavemente.

Quando o queijo começar a desmanchar, está pronto. Retire do fogo e sirva!

Dicas e Complementos

Você também pode usar gorgonzola no lugar do roquefort.

Capriche no fio de azeite: ele evita que o macarrão grude e ajuda a distribuir o queijo. Se quiser, use azeite aromatizado (eu usei azeite aromatizado com alecrim).

  • Tempo de preparo: 15 minutos
  • Grau de dificuldade: fácil
  • Rendimento: 1 porção

Cardápio de Natal – minhas sugestões

Em casa não temos o hábito de ceias enooooormes de Natal. Ninguém quer passar dois dias enfurnado na cozinha – um pra preparar tudo, outro pra limpar a bagunça – num dia que deveria ser voltado ao convívio familiar, não às panelas. A regra, então, é simplificar. Aqui vão minhas sugestões para você fazer uma boa ceia sem estresse.

Salada de Natal
Salada de Natal

Para beliscar enquanto a carne dá aquela coradinha esperta, montamos uma tábua de queijos. Qualquer hora, prometo colocar aqui referências pra arrumar uma bem completa.

Uma salada também vai bem nesse calor tropical. Minha sugestão é a Salada de Natal, que leva nozes e uvas passas em homenagem à data.

A carne normalmente é mesmo o peru da Sadia, assado conforme a embalagem. “Ah, peru é seco”… olha, garanto que se você seguir as instruções, ele fica muito gostoso. O que acontece é que o povo põe o peru na assadeira, joga fora a embalagem e depois vai fazendo do jeito que dá, sem ler o passo-a-passo (que inclui manteiga, regar etc. e tal).

Bacalhau ao Forno Facílimo
Bacalhau ao Forno Facílimo

Se você não é fã de peru ou se acha que essa “tradição” não tem o menor sentido no natal brasileiro – porque não tem mesmo -, que tal surpreender a família com um Bacalhau de Forno Facílimo? A receita é simples e  deliciosa. Além do mais, bacalhau nessa época não custa um rim, diferentemente do que acontece na semana da páscoa.

Para acompanhar, uma bela farofa! Essa é a parte mais esperada do meu natal (e fica a cargo do Sr. Monte). Os preparativos começam uma semana antes, com uma carne assada cujas sobras são picadinhas e reservadas para a farofa. Os outros ingredientes ficam a cargo da imaginação: em casa sempre incluímos bacon, cebola, azeitona e banana – hummm, a banana é a melhor parte. Essa é outra receita que prometo colocar aqui uma hora dessas.

Chegamos à sobremesa! Ano que vem quero testar uns panetones de caneca. Esse ano, vou repetir a Rabanada Light, que sempre faz sucesso. Faço logo pela manhã pra não congestionar a cozinha.

Rabanada Light
Rabanada Light

Uma bonita travessa de frutas – uvas, mexericas, ameixas, pêssegos – complementa a decoração e a sobremesa.

Pronto! Resumindo as sugestões:

O resultado? Um jantar delicioso, todo mundo satisfeito, pouca louça pra lavar e tempo pra aproveitar a família. 😉