Pinterest, a rede social do momento.

Você já ouviu falar do Pinterest? O site não é tão novo, mas ainda é pouco conhecido pelas bandas tupiniquins. Nas últimas semanas, porém, parece que todo mundo resolveu aderir a ele.

O Pinterest surgiu em 2010, mas estourou mesmo em 2011, chegando a ser eleito um dos 50 melhores sites do ano pela conceituada revista Time. Estou lá desde o fim de 2011, mas apenas em janeiro de 2012 comecei a usá-lo. Havia umas duas ou três pessoas que eu conhecia por lá. Depois da “explosão” da rede no Brasil, já há algumas dezenas.

Certo, mas o que é o Pinterest?

O próprio site se define como um mural virtual. Lembra quando tínhamos painéis de cortiça no quarto e costumávamos recortar imagens de revistas para preenchê-lo, junto com fotos e frases motivadoras? Então, é isso. Só que na internet.

(Suponho que os mais novos tenham feito essas montagens em quadros magnéticos. Eu não usava quadro de cortiça, mas sim a parte de dentro das portas do armário do quarto. E tinha gente que preferia a agenda. Hum, dúvida: essas colagens são “coisa de menina”? Os meninos também fazem/faziam as suas? Fato é que a maioria absoluta dos usuários do Pinterest é de mulheres.)

Como você pode usar o Pinterest

O serviço permite que você “espete um alfinete” (pin) em qualquer imagem online que desperte seu interesse (interest; pin + interest = pinterest) e as agrupe em murais temáticos, ou colagens virtuais.

Cada colagem pode ter uma ou múltiplas funções. Eis alguns usos frequentes dos murais:

  • coletânea de ideias para casamentos e outros eventos
  • planejamento de viagens
  • acompanhamento de tendências na moda
  • ideias para decoração
  • dicas de artesanato
  • frases motivadoras
  • imagens engraçadas
  • coleção de receitas
  • venda de produtos
  • listas de presentes
  • sonhos de consumo
  • passo-a-passo de maquiagem
  • indicações de livros, músicas, filmes
  • vision boards (murais que motivam a seguir um objetivo qualquer)
  • incremento e divulgação de negócios online

O uso é muito simples. Você solicita ao site um convite (o meu levou cerca de uma semana pra chegar, se bem me lembro) ou recebe um convite de alguém que já faça parte do Pinterest. Assim que se cadastra, ganha alguns murais vazios. Você pode mudar os nomes deles (e suas respectivas categorias) e criar outros. Em seguida, é só sair espetando alfinetes virtuais. Uma boa forma de entender como a coisa funciona é passear pelas colagens dos outros usuários.

Para espetar uma tachinha em qualquer imagem online, basta adicionar o marcador do Pinterest à barra de favoritos do seu navegador (se você tem iPhone, também pode baixar o app). Você também pode subir uma imagem do seu computador direto para seus quadros temáticos.

Uma vez que você “alfinete” uma imagem, outros usuários do Pinterest podem “realfinetar” (repin), “curtir” (like) ou comentar. Todos os murais são públicos.

O Pinterest permite a criação de murais coletivos, ou seja, editáveis por dois ou mais usuários. É uma boa forma de planejar viagens em grupo, compartilhar fotos sobre projetos em comum e organizar eventos em conjunto, por exemplo.

Você pode seguir (follow) outros usuários (e não pode impedir que alguém te siga). Uma opção bem interessante é acompanhar apenas os murais que lhe interessam. Se um usuário tem, por exemplo, um mural superbacana com imagens de gatinhos e outro chatérrimo sobre os lêmures-de-cauda-anelada, você pode escolher seguir apenas o de gatinhos.

Clicar em uma imagem no Pinterest leva ao site de onde ela foi retirada. Por isso, os murais têm se revelado uma excelente fonte de tráfego para sites em geral e lojas virtuais em particular.

Evite simplesmente dar “repin” em tudo, ou seus murais virarão mais do mesmo. Crie novas formas de organizar as imagens em vez de apenas copiar os murais existentes, adicione suas próprias fotos, ou compartilhe o que encontra de bacana pela rede além do próprio Pinterest.

Como eu uso o Pinterest

Para ver meu perfil no Pinterest, é só clicar aqui. Eis os meus murais, hoje:

Pinterest - meus murais hoje
Meus murais no Pinterest.

Lilacs and Violets: não necessariamente as flores, mas as cores, que são minhas favoritas para várias coisas. Aqui só entram imagens com predominância de lilás, lavanda ou roxo. Para mim, o resultado é repousante.

Style: roupas e acessórios que acho lindos e que têm a ver com meu estilo (que é clássico, urbano, lady-like, quase romântico em algumas composições).

Inspiration: coleção de frases motivacionais, inspiradoras.

Cats: imagens de gatinhos, aaaaawww! =^^=

For the Home: ideias, objetos e sonhos de consumo para o lar-doce-lar.

Food: fotos de comidas – a maior parte delas leva aos sites que contêm as respectivas receitas, e pretendo fazê-las um dia.

Drinks: fotos de bebidas, no mesmo esquema das comidas. Por enquanto, é o patinho feio das minhas colagens.

DIY: projetos artesanais (DIY é a sigla para do it yourself, ou “faça você mesmo”).

Beautiful People: motivações extras para manter-me em forma…

Sim, todos os meus murais são em inglês. O inglês é a língua quase exclusiva do Pinterest, mas nada impede que você use outro idioma.

O Pinterest é uma rede social?

É, porque você pode seguir e ser seguido por outras pessoas, e pela facilidade de dar um “repin” nas imagens alheias. Mas você pode muito bem usá-lo sem interagir com ninguém. Lembre-se, apenas, de que todos os seus murais são públicos.

E aí, gostou? Vai embarcar na onda dos murais online?

Era Uma Vez Um Corredor

Era Uma Vez Um Corredor - capa Quenton Cassidy é um estudante universitário mas, antes de qualquer coisa, é um corredor. Sua especialidade são as provas de uma milha e seu objetivo é fechá-las em menos de 4 minutos – um objetivo que exige sacrifícios, “quilômetros de sacrifício”, ou “o sacrifício dos quilômetros”. Tem, ainda, um outro sonho, quase indizível: ser um atleta olímpico. Era Uma Vez Um Corredor dá uma boa ideia da dureza que é a vida de um atleta de elite: o desgaste físico, o tremendo condicionamento psicológico, as constantes renúncias, a vida social quase inexistente, a dificuldade de conciliar os pesados treinos com um relacionamento amoroso.

Como pano de fundo, os Estados Unidos dos anos 70, tumultuado por questões como a Guerra do Vietnã e a discriminação no campus da Southeastern University, lar de Cassidy. Lá pelas tantas, o corredor é envolvido pelo turbilhão e resta-lhe apenas um porto seguro: Bruce Denton, medalhista olímpico e seu mentor.

Resumido assim, você poderia ficar com a impressão de que este é um livro sombrio. Não é. Na verdade, ele rende boas risadas graças ao humor negro do narrador e do próprio Cassidy, que adora uma ironia e ri das próprias desventuras – mesmo que seja um sorriso amarelo de vez em quando. Era Uma Vez Um Corredor é a história de alguém que persegue seu sonho, mesmo sem saber direito onde vai dar ou se valerá a pena; alguém que trabalha sempre no máximo, que não desiste, que é quase obcecado. Dá para entender por que o livro inspirou gerações de atletas desde a sua primeira publicação. É, também, uma inspiração para qualquer um que tenta desafiar os próprios limites, atleta ou não.

A história do seu autor também é inspiradora: John L. Parker Jr. foi, ele mesmo, um corredor universitário e conviveu com atletas olímpicos, embora o Cassidy seja apenas ligeiramente inspirado nele (o melhor tempo de Parker na corrida de uma milha foi 4:06). Escreveu o romance em 1978 e nenhuma editora quis publicá-lo; Parker vendia os livros no porta-malas do seu carro nos eventos de corrida. Apenas nos anos 90 foi republicado, e em 2009 foi relançado, já com a aclamação da crítica. Em 2007, Parker lançou a sequência Again to Carthage.

Desde sempre há boatos sobre um filme baseado no livro – sem dúvida, seria uma excelente ideia. No youtube, você pode ver um trailer falso que bem poderia ser verdadeiro:

Era Uma Vez Um Corredor é tão bem conduzido que você se pega torcendo ardentemente por Cassidy, como se ele fosse um amigo querido e você estivesse na arquibancada vendo-o competir.

Trechos

Queriam já estar na corrida. Queriam ter terminado. A disputa em si era suportável,pois era para isso que tinham treinado. A espera, no entanto, era uma experiência infernal. (p. 96)

Apesar do esforço árduo, raramente falavam em termos de dor ao comentarem o desconforto de treinos ou corridas. Sabiam que aquilo que dava à dor a sua dimensão verdadeiramente terrível era certa falta de familiaridade. e essas eram sensações que eles conheciam muito bem. (p. 147)

Ainda que as grandes distâncias proporcionem as bases da formação de um corredor, os intervalados tornam as competições mais cruéis. Quenton Cassidy gostava deles. Outros preferiam farpas de bambu sob as unhas. (p. 196)

Começaram. Os dois ou três primeiros [tiros de quatrocentos metros] sempre pareciam, de algum modo, especialmente ruins. Na verdade, era uma falsa impressão. Eles se sentiam lentos porque o corpo estava sob o choque de uma súbita exigência de velocidade constante. Depois de subirem a níveis comparáveis aos de um beija-flor, os batimentos cardíacos mantinham-se nesse ritmo por algum tempo. As pernas ficavam prematuramente pesadas, e o sistema nervoso central enviava a mensagem de que esse sacrifício não poderia ser suportado. Mas o sistema nervoso central acaba precisando se submeter, é claro, pois o corredor a essa altura sabe melhor que suas próprias sinapses o que se espera que o corpo possa ou não fazer. O corredor lida quase diariamente com essas limitações físicas absolutas, que o não corredor enfrenta apenas em situações extremas. Ao fugir de um assassino armado ou de um animal feroz, uma pessoa comum logo encontrará os assustadores limites que até o mais completo terror não pode superar. O corredor conhece esses limites tão bem quanto cada detalhe da calçada de sua vizinhança. (p. 198)

O treino de Denton normalmente exigia períodos de recuperação bastante curtos, e Cassidy ficara espantado com a maneira como ele reagia às pequenas pílulas de descanso. O fator-chave era a recuperação: quanto mais rápida fosse, mais rápido o atleta poderia correr. “Uma corrida”, Denton costumava dizer, “é cem por cento suar, e nada de bufar. Então, por que treinar descanso?” (p. 200)

Ele poderia ser o atleta mais bem-condicionado do mundo, mas, se a mente não estivesse preparada para aceitar a onda entorpecedora no começo da segunda volta, ele nem sequer terminaria a prova, muito menos a venceria. (p. 222)

Depois abriu os zíperes ao longo das pernas e apalpou ambos os tendões de aquiles de cima a baixo. Todos os nódulos e calombos tinham desaparecidos. “Trilhas suaves”, pensou, “o maldito Dentou e suas maravilhosas trilhas suaves.” Havia atravessado o inverso em perfeitas condições, só dois resfriados e nenhuma lesão de verdade. Era um homem sem um álibi. (p. 227)

Ficha

  • Título original: Once a Runner
  • Autor: John L. Parker Jr.
  • Editora: Intrínseca
  • Páginas: 246
  • Cotação: 5  estrelas
  • Encontre Era Uma Vez Um Corredor.

Morto até o Anoitecer

Morto até o Anoitecer - capaDas coisas bizarras do (meu) mundo: embora adore histórias de vampiros e seriados de qualquer tema, nunca vi a série True Blood (apesar de ter ouvido falar muito bem). Imagine, então, a minha surpresa quando descobri que Morto até o Anoitecer é o livro que deu origem à série! Descobri isso há, digamos, cinco minutos, quando fui atrás da imagem da capa do livro para ilustrar esse texto…

A protagonista (e narradora do livro) é Sookie Stackhouse, uma garçonete de 25 anos e… telepata. Sua capacidade de ler mentes a faz passar por maluca aos olhos de boa parte da população de Bon Temps, a cidadezinha em que vive. Por isso, e por exigir de Sookie um enorme autocontrole para não se deixar invadir pelos pensamentos alheios, ela vê sua habilidade mais como um incômodo do que como um dom.

Fascinada por histórias de vampiros, Sookie anseia por encontrar um ao vivo e a cores, numa época em que eles andam livremente entre os humanos (embora haja desconfianças de ambos os lados) e alimentam-se de sangue sintético. Bem, um dia, um vampiro realmente aparece no bar em que ela trabalha. Para sua completa felicidade, Sookie descobre-se incapaz de ler a mente do estranho, o que é um verdadeiro alívio, já que pode relaxar sua guarda mental.

Então, quando tudo está indo bem, assassinatos começam a acontecer na pacata cidade… e mais não conto, para não estragar a história.

Provavelmente não começaria a ver True Blood se dependesse desse livro. Não que a história seja ruim… achei-a mal escrita, isso sim. Uma ótima ideia, mal executada. O vocabulário é pobre e a trama demora um bom tempo (sem trocadilho) para fisgar o leitor. Seu mérito é que, quando finalmente o fisga, não larga mais. O suspense é bem conduzido e peguei-me tentando adivinhar a identidade do assassino – e falhei miseravelmente. As surpresas que o livro reserva fizeram-no subir no meu conceito. E aí entra o velho questionamento: será que ele é mal escrito mesmo, ou será que foi mal traduzido? Afinal, peguei um “replace” traduzido como “recolocar” (quando o certo seria “substituir”) e outros erros primários que dão mesmo margem à dúvida.

De qualquer forma, Morto até o Anoitecer não é uma obra-prima e não se compara aos primeiros livros de Anne Rice, por exemplo, mas é diversão garantida (e muito melhor que as últimas crônicas vampirescas de Rice, muito). É o primeiro de uma série de, até agora, onze livros. Há mais um prometido para 2012. Publicado em 2001, é anterior à série Crepúsculo e, comparando o livro de Charlaine Harris ao primeiro filme da saga de Stephenie Meyer (cujo livro não li), Morto até o Anoitecer é muito mais interessante, menos adolescente e até um pouco sombrio.

Ficha

  • Título original: Dead until Dark
  • Autor: Charlaine Harris
  • Editora: Prestígio
  • Páginas: 314
  • Cotação: 3  estrelas
  • Encontre Morto até o Anoitecer.