A Terra segue bela

Apesar do descaso e das agressões, a Terra insiste em sua exuberância. Fiz as fotos abaixo no último fim-de-semana. Aproveitando o feriado prolongado, fui ao Pakaas Palafitas Lodge, em Rondônia, na fronteira com a Bolívia. Queria conhecer um pedacinho da Floresta Amazônica, tão esquecida e desvalorizada por nós, brasileiros.

Rio Pakaas Arco-Íris Rio Pakaas ao entardecer Pôr-do-sol na Amazônia
Clique nas imagens para ampliá-las.

Durante a semana, subo as outras imagens (há muitas mais) para o Flickr e faço um texto mais detalhado. Publiquei logo estas como uma homenagem ao Dia da Terra, comemorado hoje, 22 de abril.

Movimento Blog Voluntário

Você tem blog? Então, que tal participar do Movimento Blog Voluntário?

Movimento Blog Voluntário A idéia é que, entre os próximos dias 25 e 27 de abril, os blogueiros contribuam para diminuir o analfabetismo digital, numa ação integrada ao Dia Global do Voluntariado Jovem. A forma de participação está explicada lá no blog:

Participe, fazendo o que mais gosta: blogando. Nos 3 dias de ação, escreva posts direcionados a quem tem pouca habilidade com o computador. Artigos, tutoriais, exemplos… vale tudo. Tente também divulgar ao máximo esse material.

A iniciativa é do Instituto Voluntários em Ação. Vários blogueiros já aderiram à idéia.

Se você não sabe bem sobre o que escrever, pode colaborar divulgando a campanha.

Acesse o Movimento Blog Voluntário, conheça melhor a iniciativa, espalhe, participe!

Starbucks e o sentido da vida

Do filme Mensagem pra Você:

The whole purpose of places like Starbucks is for people with no decision-making ability whatsoever to make six decisions just to buy one cup of coffee. Short, tall, light, dark, caf, decaf, low-fat, non-fat etc. So people who don’t know what the hell they’re doing or who on earth they are, can, for only $2.95, get not just a cup of coffee but an absolutely defining sense of self: Tall! Decaf! Cappuccino!

Traduzindo livremente:

Todo o propósito de lugares como Starbucks é permitir que pessoas sem qualquer poder de decisão possam tomar seis decisões apenas para comprar uma xícara de café. Pequeno, grande, light, puro, cafeinado, descafeinado, semidesnatado, desnatado etc. Então, gente que não sabe que diabos está fazendo ou qual o seu papel no planeta pode, por alguns reais, ganhar não apenas uma xícara de café, mas uma definição para sua vida: Grande! Descafeinado! Cappuccino!

Shopping Eldorado, em São Paulo Tudo bem, eu sei que Starbucks é caro demais, tem frescura demais, tem fila demais e que não faz sentido pagar tanto por uma grife de café, quando há várias cafeterias boas no Brasil. Na teoria, concordo com tudo isso.

Na prática, continuo implorando: pelamordedeus, alguém abra um Starbucks aqui em Brasília!

O meu é um caramel macchiato tall sem açúcar, faz favor.

(Foto tirada pelo Cardoso.)

Aos Meus Amigos

“Il faut faire du scandale.”
(a frase preferida do personagem Léo)

Aos Meus Amigos A minissérie do início do ano da Rede Globo, desta vez, foi Queridos Amigos. A responsável pela adaptação de livro em minissérie foi a própria autora do original: Maria Adelaide Amaral escreveu Aos Meus Amigos em 1992 e reconstruiu a narrativa para adaptá-la à televisão. O resultado foi excelente, com atores de primeiro time e uma trilha sonora maravilhosa, com estrelas como Gonzaguinha e Elis Regina. Como geralmente acontece, porém, o livro supera a adaptação.

Aos Meus Amigos tem Léo (interpretado pelo excelente Dan Stulbach) como personagem central. Ele é a “cola” da história, embora o primeiro diálogo já anuncie: “O Léo morreu”. Léo foi inspirado numa figura real: o jornalista Décio Bar, que cometeu suicídio em 1991 e era amigo da escritora. Foi sua morte que motivou o livro, dedicado a ele. O pano de fundo, na ficção, é 1989, marcado pela volta das eleições diretas no Brasil e, no mundo, pela queda do Muro de Berlim. Era uma época de grandes transformações, de paradigmas quebrados e esperanças renascidas.

Toda a história de Aos Meus Amigos se passa em pouco mais de um dia. Os amigos de Léo se reencontram – alguns não se viam há anos – para o velório e o enterro. O leitor penetra em seus mundos, repletos de frustrações, casamentos desfeitos, fragilidades, amargura e incertezas. É um grande mosaico, formado de fragmentos de histórias pessoais mescladas a fatos históricos, frutos das reminiscências dos protagonistas.

Aos Meus Amigos flui facilmente, mas não espere encontrar um livro leve. Pelo contrário: há momentos em que é preciso interromper a leitura para respirar, dar uma pausa nas tragédias dos personagens, nos seus dramas. O livro não cansa, mas exaure em alguns momentos. Se você lembrar que boa parte dele se passa durante o ambiente depressivo de um velório, isso faz todo o sentido.

Queridos Amigos herdou do livro os personagens e seus contornos psicológicos, mas inovou muito na história. Na verdade, ela não foi adaptada, mas inspirada no livro, como frisa a nova edição e indicava a abertura da minissérie. A própria Maria Adelaide Amaral explicou, no Marília Gabriela Entrevista (canal GNT), que teve de criar várias situações novas para fazer as trezentas e poucas páginas preencherem 25 capítulos.

O resultado é que a minissérie, embora tocante, diluiu bastante a história. O primeiro capítulo apresenta Léo tentando reunir seus amigos para “celebrar a vida”; sua morte ficou para o final. Novos personagens aparecem e a trama se prolonga por dias e dias. Nesse processo, a grande perda foram os diálogos fortes do livro. No original, há debates intensos sobre política, crenças, movimento estudantil, crises existenciais, amor, filosofia. Na televisão, não há a mesma profundidade.

Queridos Amigos foi uma excelente minissérie, mas Aos Meus Amigos é ainda melhor. Seria interessante ver o livro transformado em filme. O cinema aproveitaria melhor toda a densidade e o drama da história, sem a necessidade de concessões, com mais fidelidade ao texto e ao ritmo. Aos Meus Amigos renderia um filmão e fugiria do tema vida-de-pobre-é-difícil, em que o cinema brasileiro tornou-se especialista.

Ficha Técnica

  • Título: Aos Meus Amigos
  • Autora: Maria Adelaide Amaral
  • Primeira edição: 1992
  • Editora: Globo
  • Páginas: 336
  • Pesquise o preço de Aos Meus Amigos.