Buenos Aires – City Tour

Veja todos os textos sobre Buenos Aires e Montevidéu.

Se tem uma coisa que não curto é aquele maldito city tour de hotel: todo mundo trancado dentro de um ônibus com ar condicionado glacial, janelas que não abrem e uma comissária de bordo narrando o caminho (que você mal consegue ver) em dois os três idiomas mal falados. Você não tira fotos, não passeia e morre de tédio por horas.

Ônibus Turístico de Buenos Aires.
Ônibus Turístico de Buenos Aires.

Maaaaas… em algumas cidades, existe um tipo de city tour muito bacana: ônibus de dois andares (sendo aberto o de cima – ótimo pra ver e fotografar!), narração gravada em vários idiomas (nada de perder tempo ouvindo o que não interessa) e, a melhor parte, paradas! Você pode descer, passear à vontade e embarcar em outro ônibus turístico quando quiser prosseguir o passeio. Curitiba tem esse serviço há vários anos; Brasília começou recentemente; e, pra minha felicidade, Buenos Aires tem ônibus turístico desde maio de 2009.

Você encontra todas as informações no site Buenos Aires Bus. Em resumo, é o seguinte: no ponto inicial (Calle Florida com Diagonal Norte) você compra o bilhete, que pode ser para apenas um dia (70 pesos, cerca de 35 reais) ou por dois dias consecutivos (90 pesos). O site está com preços muito defasados – se quiser ver a tabela real consulte a compra online. Aliás, quando fui não consegui comprar pela internet mas, se você conseguir pode ser uma boa, porque a fila é grande, especialmente nos feriados e fins-de-semana.

Pois bem. Sugiro que compre o passe válido por dois dias. A diferença é pequena e você verá que tem muita coisa interessante pra visitar.

De posse desse bilhete, você pode entrar e descer do ônibus quantas vezes quiser, nas doze paradas. O itinerário e os horários estão num mapa que você ganhará ao embarcar e que é muito útil, pois registra os principais pontos de interesse do trajeto. Pode não descer nenhuma vez, também. Você faz o seu passeio do jeito que bem entender.

Dicas importantes:

  • Sente-se no segundo andar (descoberto) para aproveitar melhor o passeio.
  • Use protetor solar! Você não quer torrar ao sol.
  • Leve um casaco se pretender passear de ônibus após as cinco da tarde.

A seguir, alguns comentários sobre cada parada. Mesmo que você resolva não pegar o ônibus turístico, dê uma olhada nas sugestões listadas como Não deixe de conhecer: são pontos que visitei e recomendo.

1. Plaza de Mayo

A Plaza de Mayo é o coração político de Buenos Aires. Ao seu redor estão a Casa Rosada, o Palácio do Governo da Cidade de Buenos Aires, o Banco de la Nación Argentina e a Catedral Metropolitana (é típico da colonização ibérica ter, ao redor da mesma praça, o poder político e o poder religioso representados). O Congresso Nacional já funcionou ali.

Praça de Maio
Plaza de Mayo

O local é famoso pelos protestos. O mais conhecido é o das Mães da Praça de Maio, que acontece todas as quintas-feiras, mas é praticamente impossível não se deparar com faixas reivindicando alguma coisa espalhadas pela praça. Quando a visitei, os veteranos da Guerra das Malvinas protestavam.

Não vale a pena descer nessa parada, pois ela está encostadíssima (uns quinhentos metros) ao ponto inicial do ônibus turístico. Desça a Diagonal Norte e passeie à vontade na Plaza de Mayo. Seguindo esse mesmo raciocínio, se você chegar ao ponto inicial, digamos, às 10 horas e só conseguir bilhete para o meio-dia, não perca tempo: aproveite para conhecer a Plaza de Mayo e volte ao marco zero quinze minutos antes da hora do embarque (foi exatamente o que eu fiz).

Veja fotos da Plaza de Mayo.

Não deixe de conhecer

  • A Casa Rosada por dentro: aos fins-de-semana, há visita guiada gratuita de meia em meia hora.

2. Congreso Nacional

Veja só por que acho válido comprar o bilhete para os dois dias: nem assim consegui ver tudo. Não desci na Plaza del Congreso e só tirei foto do Congresso Nacional de dentro do ônibus.

Buenos Aires é assim mesmo: enorme, cheia de pontos interessantes. Não dá pra conhecer tudo numa só viagem. Elegi prioridades e o Congresso não estava entre elas.

3. Montserrat

Monserrat está entre San Telmo e a Plaza de Mayo. No segundo dia de city tour, foi de lá que comecei meu passeio, já que o ponto inicial tinha uma fila quilométrica. Não é trapaça: se você já tem o bilhete, pode começar o percurso do ponto em que desejar.

O bairro é bem antigo e guarda a livraria mais antiga de Buenos Aires (aliás, a cidade é famosa, entre outras coisas, pela grande quantidade de livrarias) e o Palácio Barolo.

Veja fotos de Monserrat.

Não deixe de conhecer

4. San Telmo

San Telmo é um dos bairros mais antigos da cidade (descobertas recentes indicam que é o mais antigo), e meu favorito.  Pitoresco, cheio de antiquários, galerias e achados, é uma região para você se perder por algumas horas. Há vários cafés, bares e restaurantes gostosos, pode comer por lá mesmo.

Fica perto da Calle Florida, o suficiente para ir a pé (uns dois quilômetros de caminhada, mais ou menos). É um ótimo lugar pra comprar presentes e lembranças de viagem, especialmente aos domingos, quando acontece a Feira de San Telmo. Além das bancas de antiguidades, a feira tem badulaques diversos, artesanato e belos trabalhos em rodocrosita (a pedra nacional da Argentina).

Originalmente, a Feira concentrava-se na Plaza Dorrego; hoje, derrama-se por toda a Calle Defensa, até Monserrat.

Veja fotos de San Telmo.

Não deixe de conhecer

  • A Pasaje de la Defensa, casarão da família Ezeiza transformado em galeria (de tranqueiras e de arte).
  • O Mercado de San Telmo, que mistura um pouco de tudo.
  • A Casa Mínima, pelo lado de fora (creio que não há visita guiada).
  • A Calle Defensa num dia comum, com suas dezenas de lojinhas ( e a Pasaje, e o Mercado).
  • A Calle Defensa num domingo, durante a Feira de San Telmo – a rua se transforma!

5. La Boca

La Boca é distante e, embora as taxas de criminalidade de Buenos Aires sejam baixas, não é recomendável visitar a região à noite. O bairro destaca-se por ser a sede do time de futebol Boca Juniors e pelo charmoso Caminito.

Sobre o Caminito, é importante dizer que sim, vale a visita, mas resista à tentação de fazer compras por lá: as lembrancinhas são muito mais caras que em outros lugares, como San Telmo. Só compre se vir algo imperdível e, de preferência, único, como uma obra de arte – o Caminito tem ateliês com trabalhos belíssimos.

Também evite comer por lá, pois os preços são altos (por uma comida que não tem nada de especial) e o atendimento não é dos melhores, dada a quantidade de turistas.

Veja fotos de La Boca e do Caminito.

Não deixe de conhecer

Costanera Sur
Tem como não lembrar do Pequeno Príncipe?

6. Reserva Ecológica

A Reserva Ecológica de Buenos Aires, ou Costanera Sur, abriga um belo parque. Ao seu lado fica o Museo de Calcos y Escultura Comparada, com um acervo de mais de 700 réplicas de obras famosas. Infelizmente, estava em estado lastimável quando fui e não faço ideia se voltará a funcionar.

Na frente da Costanera Sur há um lindo monumento, a Fuente de las Nereidas.

A região não é imperdível. Vá apenas se estiver com tempo de sobra.

Veja fotos da Reserva Ecológica.

7. Puerto Madero

Puerto Madero é um projeto de revitalização que deu certo. A região passou de decadente a chique, com uma gastronomia excelente. É um trecho pequeno às margens do Rio da Prata, com uma bonita vista de dia ou de noite.

Veja fotos de Puerto Madero.

Não deixe de conhecer

  • Puerto Madero a pé, com calma, apreciando a paisagem.
  • A Ponte da Mulher.
  • Um dos restaurantes de lá. Ir a Buenos Aires e não jantar em Puerto Madero é como ir ao Rio e não passear em Ipanema. Eu escolhi o Bahia Madero e recomendo, mas há outras excelentes opções.

8. Plaza San Martín

Fica no bairro do Retiro, no fim da Calle Florida e imediatamente antes da Recoleta. É uma área nobre de Buenos Aires. Foi outro lugar por onde não tive tempo de andar. O bairro guarda a Torre dos Ingleses, renomeada como Torre Monumental após a Guerra das Malvinas, por motivos óbvios.

9. Palermo – Rosedal

Ok, você vai precisar de uma viagem inteira só pra conhecer Palermo. O bairro é enorme, dividido em vários setores (Palermo Viejo, Palermo Soho e Palermo Hollywood são os mais conhecidos) e lotado de atrações. Boa parte da gastronomia e das baladas de Buenos Aires está em Palermo, inclusive aqueles típicos lugares “para ver e ser visto”.

Olha, dá pra ficar um mês só em Palermo sem enjoar.

Veja fotos de Palermo.

Não deixe de conhecer

  • O Jardim Japonês: lindo, poético, relaxante – tudo o que se espera de um Jardim Japonês.
  • O MALBA – Museu de Arte Latino-americano de Buenos Aires. Lá está a tela Abaporu, pintada por Tarsila do Amaral (eu queria muito ter ido, mas as filas estavam sempre enormes – viajar no feriado tem essas desvantagens).

10. Plaza Italia

Também está em Palermo, na frente do Jardim Zoológico da Cidade de Buenos Aires.

Não deixe de conhecer

  • O Zoológico – a distância dos animais para o público é bem pequena e o parque é muito bem cuidado.
  • O Museu Evita, que conta uma parte importante da história argentina.

11. Recoleta

A grande atração é o Cemitério da Recoleta repleto de obras de arte. Além disso, o bairro traz diversos museus (entre eles, o Museu Nacional de Belas Artes), a Embaixada do Brasil, a Faculdade de Direito e uma flor de metal muito, muito exótica.

Veja fotos da Recoleta.

Não deixe de conhecer

Cemitério da Recoleta.
Cemitério da Recoleta.
  • O Cemitério da Recoleta. E o Cemitério da Recoleta. Ah, não se esqueça do Cemitério da Recoleta. Se der tempo, passe no hypado túmulo de Evita Perón, mas preste mesmo atenção às esculturas belíssimas espalhadas pelo cemitério. Chegue antes das 16:00, para não correr o risco de ficar do lado fora(o cemitério fecha às 17h, mas dependendo do movimento a entrada é bloqueada antes disso).
  • A feira de artesanato que funciona na Praça Intendente Alvear (em frente ao cemitério) nos fins-de-semana.
  • A Librería El Ateneo – ou, para ser precisa, sua filial mais ilustre. Funciona em um antigo teatro restaurado. A iluminação realça os lindos detalhes do lugar.

12. Plaza Lavalle

Próxima ao famoso Teatro Colón, eternamente fechado para reformas, e ao Obelisco.

Não deixe de conhecer

  • El Gato Negro, um café cheio de especiarias, cores e aromas pra deixar doido qualquer gourmet. Fica na Calle Corrientes, 1669.
  • A loja Rigoletto Curioso, do outro lado da rua, dentro de uma galeria (Corrientes, 1660): pôsteres, miniaturas, fotografias, revistas e trocentas coisas para fazer a festa de colecionadores.

Finalmente chegamos ao marco inicial do nosso city tour. Gostou?

Existem quatro pontos turísticos que ficaram de fora dessa rota: o Museu Casa Carlos Gardel, o Museu de Ciências Naturais, o Temaikèn e, claro, um show de tango. Trato deles nos próximos artigos.

Folgando na Rede # 27

Rede arco-írisPalhaços adoram discutir religião. Numa campanha eleitoral em que se diz qualquer coisa para conquistar os votos dos religiosos, esse quadrinho é mais apropriado do que nunca. Dica (antiga) da Vi.

Como tirar fotos melhores para vender seus produtos online. – O texto mostra como improvisar um mini-estúdio com cartolina e encoraja o uso de diferentes ângulos. Via Lifehack.

Era Virtual – Museus. – Um passeio virtual por alguns museus brasileiros, com o Museu do Oratório (Ouro Preto) e a casa de Cora Corarina (Goiás Velho). É possível fazer um passeio pelas redondenzas dos museus e uma narração conta a história do lugar. Achei a iniciativa muito bacana, mas por enquanto o passeio é limitado a seis museus. Tomara que o projeto cresça!

Margaret Gould Stewart explica como o youtube monitora direitos autorais. – O mais legal, no entanto, é rever o vídeo do casamento mais feliz do mundo e perceber a repercussão que ele teve.

Sobre socialismo e capitalismo. – Texto excelente, centrado e coerente. E sim, também prefiro o capitalismo, da mesma forma que prefiro a democracia: não são sistemas perfeitos, mas são os menores males.

Fotometria: Dominando sua Câmera (Parte 2). – Ótimas dicas para aprender a usar a luz a seu favor na hora de fotografar.

Mude Um Destino. A Associação dos Magistrados Brasileiros fornece, num único site, todas as informações necessárias para adotar uma criança.

Ningyos, os bonecos japoneses

O Japão é permeado por ritos e tradições em todos os aspectos cotidianos – não seria diferente quando o assunto é brinquedo. A exposição O mundo mágico dos ningyos apresenta bonecos de tradição milenar, riquíssima em simbolismos.

Os ningyos (a palavra quer dizer “forma humana” em japonês) inspiram admiração e são guardadas pelos seus donos como relíquias de família. Na verdade, não são bonecos com os quais as crianças possam brincar, dadas a sua fragilidade e a carga de significados que carregam.

A mostra enfatiza três tipos de ningyos:

Hina Ningyo
Hina Ningyo simbolizando sacerdotisa xintoísta, a fim de proteger a menina e inspirar-lhe o casamento ou a vida religiosa.

Hina-Nyngions: ofertadas no Dia das Meninas (3 de março), relacionam-se com o casamento ou a vida religiosa.

Musha Ningyos: bonecos guerreiros para o Dia dos Meninos (5 de maio), representam os samurais e devem inspirar-lhes honra e coragem.

Gosho Ningyos: bonecos-bebês ofertados a recém-nascidos para conferir-lhes proteção, sendo deixados perto das crianças para absorver energias negativas.

Também estão expostas algumas gravuras (ukiyo-e) do século XIX, cujo traço limpo e forte inspirou o atual mangá.

Embora a exposição seja voltada para crianças (os bonecos, inclusive, são posicionados em altura menor que a usual, para facilitar-lhes a visão), duvido que algum adulto deixe de se encantar com os detalhes dos adornos, os penteados e os ricos tecidos que vestem os bonecos.

A exposição é pequena – em menos de meia hora, você vê e revê (ótimo para não cansar as crianças). Está em cartaz no CCBB de Brasília até 10 de janeiro de 2010, de terça a domingo, das 9h às 21h (entrada franca).

Cláudio Santoro, parte integrante da história de Brasília

Teatro Nacional
Teatro Nacional Claudio Santoro

Quem mora em Brasília já ouviu o nome Claudio Santoro, ainda que nada saiba sobre ele. Afinal, é ele quem dá nome ao principal teatro da cidade.

Santoro nasceu em Manaus em 1919, começou a estudar violino e piano na infância, aperfeiçoou-se no Conservatório de Música do Distrito Federal (então no Rio de Janeiro) aos 14 anos e tornou-se professor assistente da instituição aos 18, tamanhos eram seu talento e dedicação.

Além de executar peças com perfeição, Santoro também foi compositor premiado e regente de destaque. Foi professor fundador do Departamento de Música da Universidade de Brasília, em 1962. Poucos anos depois, mudou-se para a Alemanha, onde foi professor titular de regência na Escola Estatal Superior de Música de Mannheim.

Em 1979, fundou a Orquestra do Teatro Nacional de Brasília. Um ano depois, sem esquecer da sua terra natal, compôs o hino oficial do estado do Amazonas.

Claudio Santoro
Claudio Santoro

Em 27 de março de 1989, após uma temporada de férias na Alemanha, Santoro morreu em Brasília. Em 1º de setembro do mesmo ano, o Teatro Nacional de Brasília passou a denominar-se Teatro Nacional Claudio Santoro.

No ano em que o compositor completaria 90 anos, o Centro Cultural Banco do Brasil em Brasília presta-lhe homenagem com uma série de concertos apresentados pela orquestra Camerata Brasil, formada por músicos brasilienses (coincidência: 20 anos de morte de Santoro, 20 anos de nascimento do CCBB). O próximo concerto será dia 28 de outubro, com duas apresentações: 13 horas (entrada franca) e 21 horas (15 reais, inteira). Os ingressos podem ser adquiridos na bilheteria do CCBB (das 9h às 21h, de terça a domingo).

No site dedicado a Claudio Santoro, você lê mais sobre ele e pode ouvir (e baixar em mp3) trechos de suas composições. Também há uma galeria de imagens, à qual pertence a foto ao lado.