O Diabo Veste Prada [livro]

O Diabo Veste Prada
Bom livro, filme ainda melhor.

Eis um dos raros casos em que o filme supera o livro que lhe deu origem: a versão cinematográfica de O Diabo Veste Prada é, de longe, bem melhor que o livro de Lauren Weisberger.

Isso não quer dizer que O Diabo Veste Prada seja um livro ruim. Penetrar no mundo da moda, cheio de frivolidades, podridões e puxa-saquismo, é fascinante. O livro tem o ponto forte de, sem as limitações que o cinema impõe, fazer o leitor imiscuir-se ainda mais nesse universo.  Só que o livro não conta, obviamente, com Meryl Streep como Miranda Priestly, que rouba a cena na versão filmada. Nem com a leveza de Anne Hathaway, que interpreta a protagonista Andrea Sachs com muito mais carisma do que tem sua original de papel. É esse mesmo o ponto: falta carisma aos personagens do livro.

Por outro lado, a assistente sênior de Miranda, Emily, é muito mais desenvolvida e divertida no livro – superando a própria Andrea em vários momentos – e Lily, melhor amiga de Andrea, tem papel muito mais importante no texto que no cinema.

Ao fim e ao cabo, O Diabo Veste Prada escrito tem pouco ritmo e é bem menos engraçado que o filme, contando com uma protagonista sem graça e situações pouco criativas. Mesmo assim, vale a leitura pela dimensão dada a personagens sem destaque no filme e, que não seja por outra razão, para podermos imaginar Meryl Streep ao longo de 400 páginas.

Ponto negativo, pra variar, para a tradução da editora Record, sempre fraca nos best sellers. Não culpo a tradutora – imagino como a editora deve pagar mal e exigir o trabalho pra ontem.

Trechos

De certa maneira, eu ainda não entendia e, certamente, não podia explicar – nem pedir que outras pessoas entendessem – como o mundo exterior havia se fundido na não-existência, que a última coisa que havia permanecido quando tudo o mais desaparecera era a Runway. Era realmente difícil explicar esse fenômeno sendo a única em minha vida que eu desprezava. E, ainda assim, era a única que tinha importância. (p. 254)

Ficha

  • Título original: The Devil Wears Prada
  • Autora: Lauren Weisberger
  • Editora: Record
  • Páginas: 410
  • Cotação: 3 estrelas
  • Encontre O Diabo Veste Prada em livro e em dvd.

Becky Bloom – delírios de consumo na 5ª avenida

Becky Bloom - delíros de consumo na 5ª avenida
Divertido, mas repetitivo.

Depois do excelente Samantha Sweet, executiva do lar, parti para o livro seguinte da minha pilha de chick lit: Becky Bloom – delírios de consumo na 5ª avenida. Talvez eu não ficasse tão desapontada se Samantha Sweet não tivesse sido tão bom, mas o fato é que Delírios de consumo na 5ª avenida deixa a desejar.

Becky Bloom gasta demais; faz dívidas imensas; tem de lidar com problemas na sua vida profissional e amorosa. Parece repetitivo? Pois é.  Neste romance, Sophie Kinsella não repetiu somente a heroína do bom Os delírios de consumo em de Becky Bloom; repetiu praticamente toda a trama, que, embora tenha bons momentos, não escapa da previsibilidade. A tradução do título para o português não ajuda e desfaz o único suspense do primeiro terço do livro, e o que seria a melhor surpresa de todo a história.

Outros personagens também estão de volta, como o namorado Luke, a colega de apartamento Suze e seu primo Tarquin. Neste novo(?) enredo, eles ganham maior destaque e se desenvolvem, mas também acentuam a sensação de déjà vu.

Delírios de consumo na 5ª avenida só se salva porque a autora realmente sabe contar histórias com fluidez. Você verá que as páginas voam e, sim, é possível emocionar-se e rir das aventuras de Becky.  Ainda assim, é um livro fraco, mesmo levando-se em conta que o gênero chick lit não se destaca pela inovação.

Ficha

Samantha Sweet, Executiva do Lar

Samantha Sweet, executiva do lar
Chick lit de primeiro nível.

Samantha Sweet, executiva do lar é um dos melhores livros chick lit (ou “literatura mulherzinha”) que já li – provavelmente, o melhor.

Dessa vez, a história não gira em torno de namoros atrapalhados, consumismo desenfreado, roupas, divórcio ou maternidade. Samantha é uma profissional muito bem-sucedida que comete um erro e vê seu mundo desmoronar. Então, quase sem dar-se conta (mas não sem sofrer), reconstrói sua vida novamente, de um jeito mais doce, mais simples e, obviamente, melhor.

Minha predileção pelo livro pode ter a ver com as mudanças por que passei nos últimos meses e que me levaram a repensar hábitos e comportamentos, num ritmo muito semelhante ao da protagonista (não, minha vida não desmoronou; às vezes, a gente não precisa de tragédias pra realinhar perspectivas). De qualquer modo, Samantha Sweet, executiva do lar é uma história bem escrita e envolvente.

Sim, é claro que há clichês. Se você parar pra pensar, todo gênero literário tem clichês – são eles que, ora essa, moldam esse tal de “gênero”. Só que este livro de Sophie Kinsella, diferentemente de outros da mesma autora,  tem o grande mérito de dar uma roupagem mais amadurecida aos chavões.

Para quem gosta de chick lit, é um livro imperdível; para quem tem preconceito contra esse tipo de literatura, é um bom lugar pra começar a quebrá-los. De qualquer maneira, é diversão garantida.

Trecho

Se aprendi uma coisa com tudo que me aconteceu, é que não existe essa coisa de maior erro da existência. Não existe essa coisa de arruinar a vida. Por acaso a vida é uma coisa muito resistente. (p. 424)

Ficha