Paris, 98!

Paris, 98! - capaOs livros de Mario Prata são sempre certeza de uma leitura gostosa, leve e muito divertida. Paris, 98! não é diferente.

Gregório é um funcionário do setor de câmbio do Bradesco. É casado, está esperando um filho, ganha uma mixaria, deve para um agiota e compra nas Casas Bahia. Eis que, graças a uma dessas compras, é sorteado para assistir à Copa do Mundo de 1998, na França. Tudo pago, ingresso para todos os jogos. Depois de muito planejamento, Gregório vai. E a vida dele nunca mais será a mesma…

Paris, 98! é uma forma inusitada de ver a Cidade Luz e a retrospectiva do fiasco apresentado pela seleção brasileira em 98. É Gregório que apresenta tudo. Bom de papo, o bancário cativa todo mundo na excursão e cativa também o leitor, que torce por ele no bolão, no dia-a-dia, quer vê-lo feliz, sem dívidas e cheio de dinheiro no bolso. Será que ele vai se dar bem? Será que venderá os ingressos do jogo para quitar a dívida com o Seu Gomes? Será que sobreviverá em francês?

Essa resenha é curta como é curto o livro: apenas 104 páginas que você lê num instante. Diversão garantida, ou seu ingresso de volta.

Ficha

  • Título: Paris, 98!
  • Autor: Mario Prata
  • Editora: Objetiva
  • Páginas: 104
  • Cotação: 4 estrelas
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O Clube dos Anjos

O Clube dos Anjos - capa

O Clube dos Anjos integra a coleção Plenos Pecados, dedicada aos sete pecados capitais. O livro de Verissimo homenageia a Gula, o que vem bem a calhar – Verissimo é um amante confesso da boa mesa e tem ótimas crônicas sobre o tema.

A princípio, parece que Verissimo envolverá o leitor com uma história de mistério: quem está vitimando os integrantes do Clube, um a um? Logo, porém, fica claro que o objetivo não é surpreender o leitor (o vilão é muito óbvio desde o início; suas motivações são menos óbvias, é verdade), mas levá-lo por um passeio muito divertido (o que dizer das histórias das gêmeas xifópagas?), embora um pouco mórbido, pelos prazeres gastronômicos, pela apreciação dessa arte que, no dizer do autor, exige a destruição do apreciado.

No decorrer do livro, somos apresentados aos dez membros do Clube, tão diferentes entre si, mas unidos pela mesma paixão. Conhecemos suas histórias, suas mulheres e suas frustrações acumuladas ao longo de 21 anos – e, claro, identificamo-nos um pouco. Todo mundo já imaginou que seria um grande prodígio, uma dádiva para o mundo… mas 99% das pessoas são absolutamente medíocres, não são?

É assim, com humor, filosofia e citações shakespereanas, que Verissimo conduz o leitor por banquetes, mortes e uma saborosíssima história.

Trechos

“Guardem este momento. Um dia nos lembraremos dele e diremos: foi o nosso melhor momento. Compararemos outros momentos das nossas vidas com ele e diremos que nunca mais fomos assim, exatamente assim. Nos saciaremos de novo, por certo, pois essa é a bênção do apetite. Não é todo dia que se quer ver um pastoso Van Gogh ou ouvir uma crocante fuga de Bach, ou amar uma suculenta mulher, mas todos os dias se quer comer, a fome é o desejo reincidente, é o único desejo reincidente, pois a visão acaba, a audição acaba, o sexo acaba, o poder acaba mas a fome continua, e se um fastio de Ravel é para sempre, um fastio de pastel não dura um dia.” […] “Mas mesmo saciados, nunca mais estaremos saciados como agora, cheios das nossas próprias virtudes e do nosso prazer na amizade, na comida e na vida – e no conhaque.” E ele erguera seu copo, fazendo com que todos erguessem o seu. “Senhores, exultai. Estamos no nosso ápice.” Todos beberam. Depois ele dissera: “Senhores, chorai. Começou o nosso declínio.” E todos beberam, mais alegres ainda. (p. 41-42)

– Por que ele está nos envenenado?
– Você não está fazendo a pergunta certa.
– E qual é a pergunta certa?
– Por que nós estamos nos deixamos envenenar? (p. 89)

Ficha

  • Título: O Clube dos Anjos
  • Autor: Luis Fernando Verissimo
  • Editora: Objetiva
  • Páginas: 130
  • Cotação: 4 estrelas
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