A web incentiva a leitura

Pilha de LivrosVeja, não estou falando de quantidade de leitura, mas de qualidade. Um adolescente que passa horas lendo fofocas no orkut, fotologs de amigos e mensagens em miguxês não enriquece o vocabulário, não aprende a escrever e tem tudo para tornar-se (se já não for) um analfabeto funcional. Deveria desligar a internet e abrir Dom Casmurro.

Agora, se você gosta de boa literatura, a internet pode ser uma mão na roda. Além da comodidade da compra via lojas online e da facilidade de baixar e-books nem sempre de acordo com os direitos autorais (o Dia de Folga não incentiva a pirataria), existem por aí serviços muito interessantes para os amantes dos livros. É de dois deles que quero falar.

Leitura Diária

O leituradiaria.com surgiu em junho deste ano e é o clone brasileiro do DailyLit. Para quem acumula pilhas de livros não lidos, como eu, por pura falta de controle do próprio tempo, é uma grande ajuda.

Você escolhe que livro quer ler e quantos minutos por dia quer dedicar a ele. O site calcula quanto tempo você demorará para finalizar o livro e pergunta como prefere recebê-lo: no seu email, no agregador de feeds ou no celular. Não há necessidade de cadastro – o único dado solicitado é um endereço de email. A partir daí, você começa a receber o livro em trechos compatíveis com o tempo de leitura que selecionou.

Acabei de escolher Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley. Vou receber trechos correspondentes a meia hora de leitura (na prática, geralmente levam uns 20 minutos), de segunda a sexta-feira, pela manhã. Acabarei o livro até 13 de novembro. Sem desculpas, sem procrastinação, sem “agora não tenho tempo”, sem “vai começar House[bb], depois tem Law & Order[bb], depois tem…”.

Faz quase um mês que não há acréscimo de novas obras no site, mas o acervo já fornece mais de 52 dias de leitura ininterrupta. Você pode pesquisar as opções pelo título, autor ou gênero.

Estante Virtual

Para quem aprecia o bom e velho livro em papel, a Estante Virtual é um achado. O site reúne quase 700 sebos espalhados por todo o Brasil e mais de um milhão de obras.

A Estante Virtual não faz as vendas, mas a ponte entre o leitor e os sebos. Você faz a pesquisa por um livro, descobre os sebos que têm o exemplar, quais são os preços e faz o pedido. A partir daí, quem entra em contato é o sebo, para informar custo de frete e formas de pagamento. É possível qualificar a loja após a compra, contribuindo para a confiabilidade do serviço.

Fiz minha primeira encomenda na semana passada. Pedi Tempo de Matar, considerado um dos melhores (para alguns, o melhor) livros de John Grisham e esgotado há alguns anos. Paguei 20 reais pelo livro, mais 6 reais de taxa de entrega. Chegou ontem, perfeitamente embalado e em excelente estado de conservação.

O único defeito da Estante Virtual é não funcionar bem no Firefox. Para realizar a pesquisa, o cadastro e o contato com o sebo, não tive problemas; para avaliar o vendedor, precisei abrir o Internet Explorer, já que minha página de compradora não carregava. Isso é o de menos, claro, mas já passei um email para o site reportando o problema.

Se você não liga para o best-seller do momento, se quer uma obra esgotada, se sua cidade não tem boas bibliotecas, se não há paciência que chegue para sair garimpando um livro de sebo em sebo ou, simplesmente, se deseja economizar uns trocados, vai amar a Estante Virtual.

Em tempo: o blog Alessandro Martins – livros e afins tem sempre textos e dicas interessantes para amantes da leitura. Vale a visita e a inclusão no seu agregador de feeds. Ah, a Estante Virtual também tem blog.

Um teatro a cada esquina

A farta vida cultural é uma das coisas que mais me encantam em São Paulo. No que tange a peças teatrais, então, a abundância é impressionante. Brasília tem poucos teatros, raramente é favorecida com grandes montagens e, quando isso acontece, o preço é exorbitante. Quando o valor é razoável, como no caso das apresentações no Centro Cultural Banco do Brasil, a temporada é curtíssima, a procura é enorme e você tem que passar longas horas na fila, dias antes do evento (e ainda contar com a sorte) para conseguir um ingresso.

Em São Paulo, você esbarra com montagens famosas e/ou interessantes a cada passo. Não conseguiu comprar antecipadamente? Não se preocupe, você encontra um ingresso em cima da hora (ainda que não seja no melhor lugar). As temporadas são longas, a oferta é vasta e, por maior que seja o público, sempre cabe mais um.

Dessa vez, assisti a três espetáculos.

Miss Saigon

5 estrelas

Miss Saigon Amo musicais, mas não estava empolgada para ver Miss Saigon. Não conhecia a história, nem as músicas. Uns amigos insistiram, e acabei me rendendo – ainda bem. Miss Saigon tem um elenco incrível, que interpreta músicas belíssimas, unidas de forma a construir uma história emocionante.

Um dos protagonistas, Victor Hugo Barreto (John), é bem conhecido dos brasilienses apreciadores de musicais, e faz bonito. Aliás, Brasília tem lançado grandes talentos do teatro musical. Outro deles também integra o elenco: Sandro Sabbas, no papel de um dos soldados.

O personagem masculino principal cabe a Nando Prado (Chris), o mesmo ator que fez o Raoul na montagem O Fantasma da Ópera – diga-se de passagem que o personagem de Miss Saigon é muito mais envolvente e dramático que o insosso Raoul.

Quem rouba a cena, no entanto, é o personagem Engenheiro, interpretado por Marcos Tumura. O Engenheiro alivia a carga de drama e tensão da história, propiciando boas risadas à platéia.

As montagens no Teatro Abril são sempre grandiosas, com cenários complexos e surpresas reservadas. Miss Saigon não decepciona. Há efeitos visuais de cair o queixo, aliados a efeitos sonoros que conferem realismo ao musical.

Comprei meu ingresso em Brasília mesmo, via Fnac, uma semana antes da viagem. Foi antecedência suficiente para garantir o melhor lugar do teatro. Ao contrário do que aconteceu com O Fantasma da Ópera, até se consegue comprar um ingresso na hora do espetáculo e ainda conseguir uma poltrona razoável.

Para os amantes do estilo, Miss Saigon é imperdível.

Serviço

Miss Saigon fala do amor nascido durante a Guerra do Vietnan entre um soldado norte-americano e uma vietnamita. Inspirado na ópera Madame Butterfly, a clássica história de amor impossível de Alain Boublil e Claude-Michel Schönberg é uma produção de Cameron Mackintosh – responsável também por outros grandes êxitos, como: Cats, Les Misérables e O Fantasma da Ópera. O musical, um dos mais premiados da história, conta com 18 músicos e um elenco de 40 artistas. (Sinopse extraída do texto oficial.)

Recomendado para maiores de 12 anos.

  • Local: Teatro Abril – Rua Brigadeiro Luiz Antônio, 411, Bela Vista, São Paulo, SP.
  • Duração: aproximadamente 2 horas e 40 minutos.
  • Horários: de quarta a sexta-feira, às 21 horas; sábado, às 17 e 21 horas; domingo, às 16 e 20 horas.
  • Preço: 65 a 150 reais (entrada inteira)

Informações retiradas do site Ticketmaster Brasil, que traz mais detalhes.

Closer

5 estrelas

Closer Essa, eu não podia deixar de ver. O filme, um dos meus Top 5, é uma adaptação da peça homônima do escritor inglês Patrick Marber. Em entrevista dada a Rachel Ripani (que faz Alice e também é produtora do espetáculo), Marber garante que se trata de uma comédia. O público ri, de fato, mas é aquele riso nervoso de quem se identifica com uma situação difícil. A comédia é irônica, como cabe ao humor inglês.

O sofrimento causado por paixões frustradas está presente o tempo todo na história dos dois casais que se misturam e confundem a si e ao outro. Uma dança de verdades e mentiras, ao som de sentimentos variados e contraditórios como carinho, necessidade, piedade, dor, dependência. Em outras palavras, uma síntese precisa desse tal de amor, tão falado, superestimado, romantizado. Em Closer, a visão do amor é pra lá de realista e choca quem insiste em acreditar em contos-de-fadas.

No palco, o quarteto interage com um cenário simples, sombrio, complementado pela bela trilha sonora original da peça. Uma boa sacada foi aproveitar a vista que se tem dos prédios de São Paulo para compor o plano de fundo em algumas seqüências, suspendendo-se o painel negro do cenário.

Encantou-me João Carlos Andreazza que, além de desempenhar com excelência o papel do dr. Larry, transborda charme. Rachel Ripani foi a que menos me cativou; não consegui me desvencilhar da interpretação de Natalie Portman, insistindo nas comparações. Em todo caso, é inegável Rachel estava excelente nas cenas fortes que cabem à sua personagem.

O texto original traz um desfecho mais dramático que a versão para o cinema (roteirizada pelo próprio Patrick Marber) e algumas cenas extras, que acrescentam ainda mais intensidade à história.

Comprei o ingresso meia hora antes da sessão e consegui um bom lugar (embora muito à frente). Aqui em Brasília, quem duvida que as filas seriam enormes e as entradas se esgotariam dias antes?

Serviço

Se você acredita em amor à primeira vista…Olhe mais perto. Uma espirituosa, romântica e perigosa história de amor sobre encontros coincidentes, atrações instantâneas e traições casuais. Closer é uma espiadela na vida de quatro estranhos com uma coisa em comum: o outro. (Sinopse extraída do texto oficial.)

Recomendado para maiores de 15 anos.

  • Local: Teatro Augusta – Rua Augusta, 943, Cerqueira César, São Paulo, SP.
  • Duração: 90 minutos.
  • Horários: sexta-feira, às 21:30 horas; sábado, às 21 horas; domingo, às 19 horas.
  • Preço: 30 a 40 reais (entrada inteira)

Site da sala: Teatro Augusta.

Site da peça: Closer.

O elenco montou um blog para compartilhar sua experiência.

Terra em Trânsito/Rainha Mentira

2 estrelas

Pague 1, leve 2: duas peças de Geald Thomas na seqüência. O cara é incensado pela crítica. A montagem em questão recebeu 4 estrelas no Guia da Folha. Eu não podia perder a chance. Então, fui conferir.

Ainda estou tentando entender o motivo de toda a badalação em torno do Gerald Thomas. É chique dizer que gosta de algo que não foi feito para o público, mas apenas e tão-somente para o próprio dramaturgo? Dá ibope ver uma maluquice no palco e fazer cara de quem tem conteúdo?

Alguém aí se lembra daquela propaganda da coca light que sacaneava quem fica olhando para uma tela pintada de azul com cara de inteligente e concluía com algo como “ah, é só um quadrado”?

A primeira peça, Terra em Trânsito, é interessante de verdade. Não é todo dia que ouvimos a voz do Paulo Francis direto “do aquém do além adonde que veve os mortos”, ou vemos uma atriz contracenar com um cisne. Toda a situação é comicamente surrealista. O texto traz uma série de críticas ao passado (como ao nazismo) e ao presente (à podre política brasileira, por exemplo). O desfecho é surpreendente.

Aí, veio a segunda peça, Rainha Mentira.

Um texto autobiográfico e pretensioso, com falas arrogantes pseudomodestas como “Mamãe, você já dizia, até com algum exagero, que carregava no ventre um gênio.”

Um longo, constrangedor e despropositado nu frontal envolvendo os cinco atores. Entenda, não sou puritana. Em Closer, Alice tem uma cena de strip muito picante e sensual (embora não envolva nu frontal), mas totalmente contextualizada. Não é o caso aqui.

Um embaraçoso réquiem para a mãe do autor encerra o texto. Finalmente.

Não tenho nada contra experimentalismo, mas Gerald Thomas exagera. Sua peça não é para o público, senão para si mesmo, e não entendo isso como qualidade. A arte pode ser hermética e desafiadora, mas não é arte se coloca-se dissociada do outro; pode massagear o ego e render loas da tal crítica especializada, mas não fica para a posteridade. Thomas jamais será um Nelson Rodrigues, porque é incapaz de conversar com o público. Prefere o monólogo.

Indico as duas estrelas pelas boas tiradas da primeira peça, apenas.

Não tem “Serviço”, e não é birra minha – a peça já saiu de cartaz.

Uma coisa, eu tenho que admitir: valeu o que custou – exatos sete reais e cinqüenta centavos.

Quem entende a Record?

Posso compreender a preferência da Rede Record por exibir House dublado e posso até aceitar que essa dublagem seja sofrível. Sei lá por que razão pularam a primeira temporada, tudo bem. Passar à meia-noite uma série excelente? Vá lá, eles devem entender de grade de programação melhor que eu – e, afinal, se derem sorte, pegam a audiência que assiste à temporada mais recente no Universal Channel às 23 horas (tem funcionado comigo). Nem vou reclamar do “Doutor” que inseriram no nome da série. Fizeram muito pior com Monk, que ganhou o subtítulo cafona “Um Detetive Diferente”.

Agora, o que não dá pra entender é como a Record abre mão de 15 minutos de anúncios comerciais a cada episódio.

15 minutos – 30 anunciantes, ou 20, que seja – por episódio. 15 minutos que poderiam trazer dinheiro à emissora e, quem sabe, mostrar-lhe que sim, vale a pena exibir boa programação na tv aberta. 15 minutos que a rede ignora, preferindo colocar um telejornal sem graça que repete o que todos os outros já disseram ao longo do dia.

Eu sei, deveria ficar contente por assistir a menos propaganda a cada episódio. Mas é que eu queria mesmo compreender o que se passa na cabeça dos engomadinhos que controlam os canais abertos.

Possivelmente, é mais fácil entender a vida, o universo e tudo o mais.

As 10 Melhores Séries de Todos os Tempos

O Anderssauro me convidou para a melhor tag do mundo – ao menos para mim. Enquanto eu ainda preparava o texto, a Josluza também me fez o convite. A missão: escolher as 10 melhores séries de todos os tempos, em minha humilde opinião, claro.

Sou absolutamente viciada em seriados (meu perfil no orangotag não me deixa mentir). Se tivesse que escolher um único tipo de programação para assistir até o fim dos meus dias, escolheria os seriados sem pensar duas vezes. Eleger apenas 10 deles foi um desafio e tanto.

Desenhos animados e reality shows não fazem parte do meu conceito de seriado e, portanto, não entraram nessa lista.

Ao escolher cenas inesquecíveis, propositadamente desconsiderei finais de séries porque já são, em regra, impactantes. Aliás, alguns seriados são, rigorosamente, feitos de cenas que marcam, seja pelo drama, seja pela comédia. Minha escolha é parcial e pode não refletir minha própria opinião daqui a um mês ou dois.

Importante: pode haver spoilers nas Cenas Inesquecíveis.

A Lista

  1. House M.D.
  2. Star Trek: The Original Series (Jornada nas Estrelas: Série Clássica)
  3. Friends
  4. Sex And The City
  5. E.R. (Plantão Médico)
  6. Gilmore Girls (Tal Mãe, Tal Filha)
  7. Seinfeld
  8. Will & Grace
  9. Highway to Heaven (O Homem Que Veio do Céu)
  10. Heroes

Menções honrosas

Law & Order, Law & Order: Special Victims Unit e Monk: adoro as três, mas acompanho-as há a apenas três meses – pouco tempo para substituir minhas paixões.

Barrados no Baile, Dawson’s Creek, Anos Incríveis, Everwood e The O.C.: sim, eu me amarro num drama adolescente. Se a última temporada de The O.C. não tivesse existido, talvez a série entrasse na lista das 10 Mais.

Star Trek: The Next Generation, Star Trek: Deep Space Nine, Six Feet Under e The West Wing: o problema é que nunca consegui acompanhá-las sistematicamente. Sem contar que agüentar a versão dublada de Six Feet Under é dose pra leão.

Justice: série excelente que teve uma única temporada.

Acabou?

É oficial: nunca antes na história deste país um texto tão longo foi publicado num blog. Bom, pelo menos para o DF a afirmativa é verdadeira. O artigo original ficou com a bagatela de 6.607 palavras, em 678 sentenças. Dada essa enormidade, dividi-o em 10 partes. Para ler sobre uma das 10 séries que elegi, basta clicar no link respectivo, na lista acima.

Eu deveria convidar blogueiros pra dar seguimento a essa tag. Como, porém, ela já rodou a blogosfera, prefiro não indicar ninguém – se você ainda não está participando e quer entrar na roda, sinta-se convidado(a).

Depois dessa trabalheira toda, quem merece um dia de folga sou eu. 😉