Ficha Técnica
Efter Brylluppet. Dinarmarca/Suécia, 2006. Drama. 120 minutos. Direção: Susanne Bier. Com Mads Mikkelsen, Sidse Babett Knudsen, Rolf Lassgard, Stine Fischer Christensen, Mona Malm, Christian Tafdrup, Ida Dwinger.
Jacob Petersen (Mads Mikkelsen) luta para manter em funcionamento um orfanato, localizado numa das regiões mais pobres da Índia. A instituição corre o risco de fechar, até que Jacob é chamado de volta à Dinamarca para falar com um rico empresário, que deseja fazer uma doação para o local. Enquanto isso, em Copenhagen, Jorgen (Rolf Lassgard) vive uma vida feliz com sua esposa e filhos. Rolf é um perspicaz homem de negócios e um pai devotado, mas que às vezes comete indelicadezas quando o assunto envolve questões de família. Jacob, pressionado pela situação financeira do orfanato, quer resolver a questão da doação o quanto antes, mas Jorgen prefere deixar tudo para depois do casamento.
Mais informações: Adoro Cinema.
Comentários
Se fosse uma produção italiana, ou oriunda de outro país latino, Depois do Casamento seria um dramalhão quase insuportável, daqueles em que caixas de lenço de papel são consumidas, o nariz sai vermelho e a cabeça doendo de tanto chorar, ecoando uma frase moralista do tipo “Dê valor ao que você tem enquanto o tem”. Como é um filme nórdico, no entanto, o dramalhão é disfarçado, enrustido, tornando-se menos apelativo.
O filme tem início num agitado cenário. Calor e a pobreza irradiam da tela. As tomadas poderiam retratar a periferia de São Paulo, mas mostram Bombaim, na Índia, o que logo fica claro pelas vestimentas dos habitantes locais. Essas primeiras cenas são um bom rito de passagem para quem, nos últimos meses, acostumou-se a ver cinema pipoca. Vivificam o clima, mas não em demasia, tornando suave a entrada na história propriamente dita, na gélida Dinamarca.
Toda a coisa de miséria, contraste entre ricos e pobres, choque de mundos encobre, na verdade, um drama familiar que é revelado ao espectador pouco a pouco. Esse é o corpo de Depois do Casamento: relações entre pai e filha, marido e mulher, vida e morte. Em meio a tudo isso, surgem questões éticas. O que devo escolher? A dor solitária ou compartilhada? Quem é mais importante? Quem precisa mais de mim? Fico com a solidez de um casamento, ou rendo-me à aventura? Mantenho meu idealismo, ou vendo-me para, justamente, dar uma chance ao mesmo idealismo?
A história é boa, mas não excepcional. Aliás, nada aqui é excepcional, e é mais que justo que Depois do Casamento não tenha levado o Oscar de melhor filme estrangeiro ao qual concorreu em 2007. A fotografia e a música são ok, os atores são ok. A direção é boa, mas previsível, abusando dos planos fechados nos olhos para transmitir significado. Por mais eficiente que seja a técnica, torna-se tediosa lá pela metade da peícula. As questões profundas que o roteiro poderia colocar acabam sendo simplificadas durante o desenrolar da história
A diretora é a mesma de Brothers. O mocinho da história, interpretado por Mad Mikkelsen, fez o vilão de 007 – Cassino Royale.
Além da Tela
Bombaim (ou Mumbai, como preferem as autoridades locais), onde situa-se o orfanato mantido pelo personagem de Mads Mikkelsen, é a maior cidade da Índia. Possui 18 milhões de habitantes e sua região metropolitana é a sexta maior do mundo. É o coração econômico da Índia, abrigando construções belíssimas como o hotel Taj Mahal (não confunda com o magnífico mausoléu indiano), além de contar com o apelido de Bollywood, dada a intensa produção de filmes – a indústria cinematográfica indiana é a maior do mundo em número de produções por ano.
Como toda as cidades grandes situadas em países em desenvolvimento, Bombaim é marcada pelo contraste: metade da sua população vive em favelas, enquanto a outra metade aproveita a alta renda gerada pelas indústrias de teconologia instaladas na cidade. Bombaim carece de uma boa estrutura de água e esgotos. Mendigos e pedintes estão por toda a parte. O nível de desemprego é alto. O constante êxodo rural e a forte explosão demográfica das ultimas décadas pressionam incansavelmente o centro urbano.
Por outro lado, a Dinamarca oferece uma excelente qualidade de vida aos seus cidadãos. Ocupa a 15ª posição no cenário mundial quando se leva em conta o Índice de Desenvolvimento Humano, que mede a educação, a renda e a expectativa de vida da população de um país (a Índia ocupa a 126ª posição; o Brasil está em 69º lugar).
Referências