Moda Consciente

Costumo postar no Folgando na Rede links pros blogs bacanas que descubro aqui e ali, mas um achado desta semana foi tão revolucionário (para mim) que merece texto à parte. Estou falando do Hoje Vou Assim Off.

O blog existe desde 2008 e é ultramegapopular e vitaminado. Como não me ligo em blogs de moda, não conhecia, mas já tinha ouvido falar do Hoje Vou Assim (o pioneiro a postar looks diários no Brasil). Cheguei a acompanhar por um tempo, mas o guarda-roupa grifado da Cris Guerra me deixava um tanto frustrada, com a ideia de que “claro, com roupas caras é fácil criar visuais bacanas”. Aqui não se trata de criticar a Cris ou quem tem roupas de grife; o lance é que ter um guarda-roupa assim está longe da minha realidade.

LiquidaçãoPois a Ana Carolina pegou a mesma frustração e transformou em algo produtivo, o Hoje Vou Assim Off. Passei um dia inteiro vendo os looks, divertindo-me com as misturas, admirando a criatividade da blogueira… e curtindo muito os preços. Sério, a maior parte das peças não custa mais de 100 reais. Tem muita coisa clássica e/ou versátil e/ou básica, roupas que rendem mil combinações, acessórios descolados, um monte de roupas de lojas de departamentos, oportunidades em liquidações de grifes e por aí vai.

O HVAOFF me conquistou de vez quando li um texto sobre recessionismo fashion. Foi por causa disso que resolvi passear pelo blog todo (e #ficadica: você pode ter o blog com as fotos mais fantásticas do mundo mas, se não escrever textos bacanas, não tem um blog; melhor migrar pro flickr) e vi que a Ana Carolina aplicou o conceito a si mesma, além de inspirar muita gente a fazer o mesmo. Recessionismo fashion é comprar menos (só aquela pechincha, uma roupa clássica ou acessórios capazes de transformar uma roupa), observar melhor o próprio armário, criar, (des)combinar.

É um baita exercício contra o consumismo. Com tantos clubes de descontos mandando “oportunidades imperdíveis” direto para o email, com trocentos blogs de moda replicando diariamente o que é in e o que virou brega da noite para o dia, com a facilidade das mil parcelas sem juros, comprar sem pensar pode virar rotina. Pode, mas não deve. O preço do consumismo aparece todo mês na sua fatura. Isso pra não mencionar os armários inflando de coisas que você só usou uma vez (ou nem isso) e os danos ambientais gerados pelo desperdício.

Eu, que tenho tentado reavaliar meus hábitos de consumo no último ano e tracei uma série de regrinhas pessoais nesse período (que não sigo à risca, mas tento) fiquei pensando sobre tudo isso e mais um pouco. O resultado é que abracei mais um projeto pessoal (não, não é outro blog). Conto no próximo texto, que esse já está longo o suficiente.

Atualização: contei e esqueci de linkar. Está aqui o “próximo texto”: Eu tenho muita coisa.

Imagem: nazreth, royalty free.

Pequenos prazeres da mesa e de consumo

Sábado passado, a Nunca Fui Santa comemorou 5 anos de vida. Conheci a loja (que tem blog e twitter) há uns  dois anos graças à querida Denize, e imediatamente tornou-se uma das minhas lojas de acessórios favoritas.

Mara Alcamim
Posando pra foto enquanto prepara o ceviche.

Pra comemorar o aniversário, a NFS organizou um café-da-manhã seguido de uma aula grátis com a Mara Alcamim, uma das mais importantes chefs de Brasília, responsável pelos conhecidos Universal Diner, Zuu e Quitinete. A proposta da aula: ensinar comidinhas fáceis de preparar para receber os amigos em cima da hora.

O curso-relâmpago durou meia hora e foi recheada de dicas megabacanas e comidinhas deliciosas – sim, porque tudo foi degustado. A cada minuto, eu agradecia interiormente por ter deixado a preguiça sabadeira de lado. Mara Alcamim, além de ser uma grande empreendedora e reconhecidamente talentosa, é uma professora competente e divertidíssima. Ensinou a fazer ceviche, por exemplo, num pulo e deu umas dicas de petiscos com queijo brie que não vejo a hora de fazer.

Ca-la-ro que, além de aproveitar a aula, o café-da-manhã e o espumante, aproveitei também pra fazer umas comprinhas…

Arcos e Brincos
Não resisti.

Detalhes culinários da aula? Vou compartilhar aqui no ddf em breve. 😉

1984 aqui, agora. Não fale o que pensa!

É livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato.
É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença.

(Direitos fundamentais inscritos nos incisos IV e IX do art. 5º
da Constituição Federal de 1988.)

Nos últimos anos, o empresariado tem lançado um olhar especial sobre os blogs. Não é por outro motivo que surgem ações como o Porto Cai na Rede, ou que a Natura tem um blog para dialogar com seus consumidores.

Empresários sabem que seus produtos e serviços estão na boca dos clientes e, agora, também estão nas pontas dos seus dedos. Uma hora ou outra, alguém vai comentar na internet  sobre algum estabelecimento comercial, como comentaria numa mesa de bar. É assim que as coisas são, ponto.

Claro que nem todo comentário será elogioso. Faça uma busca no google por qualquer empresa de telecomunicações e verá inúmeras críticas. Pesquise sobre sites de venda online e, normalmente, encontrará elogios e reclamações. Não é porque um site foi elogiado que você comprará lá indefectivelmente; nem deixará de comprar naquele que recebeu uma crítica. Você lerá atentamente, contextualizará as informações e decidirá sua compra usando a inteligência que lhe pertence.

Na verdade, reclamações que vão além do boca-a-boca sempre existiram. Pense nas sessões de cartas dos leitores publicadas por jornais e revistas. A internet não trouxe nada de novo. A única diferença é que, antes, você tinha sorte quando sua carta, em meio a centenas de outras, era escolhida e publicada. Hoje, você a transforma em post.

Só que tem muito empresário por aí que ainda não entendeu nada disso. Quando ele se depara com um texto desfavorável na internet, adivinhe o que ele faz? Intimida o blogueiro, ameaça e sai berrando aos quatro cantos “Meto-lhe um processo”.

Alguns exemplos:

Em fevereiro de 2007, tive uma má experiência com a Delix Hosting, fiz um post e fui ameaçada de processo.

Em maio de 2008, o Manoel Netto foi ao Rancho da Traíra, não gostou, fez um post e foi ameaçado de processo.

Em 12 de setembro deste ano, eu e uma amiga fomos destratadas pela sócia de um petshop, fiz post e estou sendo ameaçada de processo.*

Esta semana, o Raphael Quatrocci detestou o Boteco São Bento, fez um post e está sendo ameaçado de processo.

Percebe o que está acontecendo?

Querem que você acredite que você não tem mais direito a dar a sua opinião. Querem proibir que você diga o que pensa. Você não pode mais abrir a boca, ou o blog, a não ser para elogiar. Se quiser criticar alguém, será ameaçado de processo.

Isso é tão ruim quanto o projeto de lei de cybercrimes do Azeredo ou as regras infames para uso de internet em período eleitoral. Se não for pior, porque essas ameaças difusas podem vir de qualquer lugar, a qualquer tempo, rasgando a Constituição Federal. Elas geram um clima de autocensura, em que o blogueiro pensa dez mil vezes se pode reclamar da cafeteria que trouxe a bebida com um pedaço de unha dentro, porque, ora veja, ele pode sofrer um processo – ou, no mínimo, ser incomodado com ameaças. Você não pode simplesmente narrar uma experiência, se ela não for do agrado do empresário.

Arrisco-me a dizer que esse patrulhamento virtual é muito pior do que o regime de excessão durante a ditadura militar. Naquela época, você não podia expressar sua opinião sobre política. Hoje, não pode expressar sua opinião sobre nada de nada.

Talvez um dia o empresariado brasileiro amadureça a ponto de entender que críticas fazem parte do negócio e que o cliente (aquele que antigamente tinha sempre razão, lembra?) tem o direito fundamental de manifestar publicamente o que pensa. Talvez não entenda isso nunca.

Você, que tem blog, já foi ameaçado de processo por criticar o atendimento ou o produto de alguma emrpesa? Compartilhe sua experiência nos comentários.

* O nome da petshop foi suprimido em razão da tal ameaça de processo. Sim, eu sei, deveria tê-lo mantido, mas não quero me aborrecer ainda mais. Concretizando-se o processo, divulgarei todos os detalhes.

Use e abuse de produtos da estação!

Dia desses – não faz um mês – comprei uma centrífuga[bb], dessas que fazem suco de tudo com qualquer coisa. Não é aquela da televisão, a tal Juicer Philips Walita, porque o treco é caríssimo – e, pelo que andei lendo, injustificadamente. Comprei uma muito semelhante da NKS, com bocal de alimentação enorme, corta-pingos na saída, 2 anos de garantia e 700 watts de potência. No fim das contas, o que importa mesmo nesses aparelhos é a potência, para que o máximo de suco seja extraído com o mínimo de esforço.

Estou feliz da vida com o bichinho. Sim, ocupa um espaço enorme na pia do meu apartamento minúsculo. Sim, há várias peças pra lavar, mas quase todas são tão fáceis de limpar quanto um copo. A peneira com microtrituradores dá um pouquinho mais de trabalho, mas nada que uma escovinha (tipo as que são usadas pra limpar unhas) não resolva em dois tempos.

Vale a pena fazer um único copo de suco e ter de lavar tudo? Na minha opinião, vale. Estou me alimentando melhor e com uma facilidade incrível. Certo, gasto 10 minutos lavando louça, mas faço um suco gostoso e nutritivo em poucos segundos – uma coisa compensa a outra, não? Especialmente se você pensar que fazer uma salada de frutas ou ralar uma cenoura e uma beterraba para o almoço tomam muito mais tempo.

Bem, mas não comecei este artigo pra falar da minha centrífuga nova…

Como meu consumo de comida saudável aumentou, comecei a pensar: quais são as frutas e legumes da estação? Produtos da estação são mais gostosos, isso é um fato. As frutas são mais suculentas, os legumes são mais adocicados, as folhas são mais saborosas e tudo tem menos agrotóxico. Além de todas essas vantagens, produtos da época costumam ser mais baratos. Essa diferença de preço às vezes nem é tão significativa, mas em alguns casos chega a 200%: tomate, laranja e abacaxi são bons exemplos de frutas que ficam muito mais baratas na estação. Isso pra não falar do morango, que custa os olhos da cara fora do período certo.

Aproveite o melhor da melancia em janeiro e fevereiro!
Aproveite o melhor da melancia em janeiro e fevereiro!

Eu sei, é cômodo e tentador comprar o que dá na veneta, sem levar em conta a época do ano. Nos grandes supermercados você encontra tudo a qualquer época. Não abro mão totalmente dessa comodidade, admito. Não deixo, por exemplo, de comprar tomates. Adoro e como o ano inteiro. Por outro lado, se você sabe que janeiro é tempo de goiaba, que tal lembrar-se delas e levar pra casa um saco enorme? (Nota: goiabas e centrífuga não combinam. Vá por mim.)

Voltando à pergunta: como saber que produtos são típicos de cada mês? Reparar nos preços, na beleza e na quantidade deles ajuda, mas nem sempre (agrotóxicos conseguem esses efeitos, lembre-se). Minha saída foi recorrer a São Google, padroeiros dos curiosos. Não precisei pesquisar muito para encontrar o site do Ceasa de Campinas, que traz uma lista mês a mês dos alimentos próprios e tabelas que facilitam a consulta, sinalizando as melhores épocas para cada verdura, legume e fruta.

Já salvei a lista nos Favoritos do firefox e dou uma olhadinha antes de passar na quitanda (aliás, outra dica: uma boa quitanda cobra mais caro, mas tem alimentos mais gostosos que os supermercados). Assim, vou tendo idéias de combinações pros meus sucos de centrífuga, evito cair na mesmice e não enjôo do brinquedo.

Você não precisa ter uma centrífuga para aproveitar frutas, legumes e verduras da época, ter produtos mais saborosos na sua geladeira, colaborar com a sua saúde, com seu bolso e, de quebra, com o meio ambiente. É uma lista considerável de bons motivos para observar a tabela antes das compras, não?