Apenas essa semana ocorreu-me compartilhar mês a mês minha experiência de um ano sem compras. Deixei um comentário no blog da Marina dizendo que os textos dela são uma inspiração e acabei me lembrando de algumas pessoas que me falaram o mesmo quando comecei o desafio… então, nada mais justo que dividir como tem sido esse caminho, não é? Assim, uma vez por mês vou fazer uma atualização do desafio por aqui.
Mal tinha começado o desafio, e quase deslizei – e pior, inconscientemente! Estava no supermercado quando vi uma colher de servir sorvete fofa, laranja (adoro a cor!), por menos de 20 reais. Sem nem pensar, pus no carrinho. Minha sorte foi que, antes de passar no caixa, eu me toquei do vacilo: “ei, ano sem compras, não posso levar esse supérfluo!”. Diga-se de passagem que já tenho uma colher de sorvete, teoricamente ótima, mas nunca me entendi muito bem com ela.
Enfim. Deixei a colher. No mesmo supermercado, tinha visto um conjunto de petisqueiras de cerâmica lindo por uns 20 reais e quase morri de paixão. Nesse dia, acabei me dando conta de que o mais difícil, durante o ano, não será abrir mão de comprar maquiagem, roupas, sapatos, nada disso – porque, a bem da verdade, desde 2010 eu tenho diminuído os gastos com esses itens. O mais difícil será deixar de comprar coisinhas para a minha casa. Sei não, mas acho que eu comprava mimos para a casa numa base quase semanal, sem sequer dar-me conta.
Poucos dias depois dessa constatação, fui entrevistada para uma matéria sobre minimalismo pro Correio Braziliense. O Max achou meu blog, sugeriu a entrevista e, de quebra, indiquei duas amigas que me servem de exemplo nessa revisão de hábitos de consumo: a Karla (arquiteta que está encarregada do projeto do meu futuro lar, doce lar) e a Vanessa (ex-dona de um Ka rosa – foi por causa dele que nos conhecemos! -, gateira e viajante de carteirinha). Elas também foram entrevistadas e a matéria ficou bem bacana – se você não leu, é só clicar na foto ao lado (se um plugin for solicitado, ignore e clique no link “baixar” que estará à direita – é um pdf). Quando o jornalista me perguntou qual era a parte mais difícil da brincadeira, respondi que era justamente abandonar as comprinhas para a casa.
(Uma correção: onde se lê “Quanto mais ‘destralho’ na casa, mais leve fica o meu dia a dia”, leia-se “Quanto mais destralho a casa, mais leve fica o meu dia a dia” – “destralho”, aqui, é conjugação do verbo “destralhar” 😉)
Outra coisa que não é muito fácil é passear no shopping. Não tem jeito, aquele treco é feito para o consumo e é impossível sair sem vontade de alguma coisa. E as benditas faixas anunciando as liquidações de janeiro?! Vontade de provar tudo… mas provar pra quê, se não compraria nada? Se não preciso de nada?
Por fim, teve uma visitinha a um brechó com uma amiga. Vi um vestido roxo (uma das minhas cores favoritas para roupas), com saia evasé (amo!), de tricô (perfeito para o inverno…) e baratinho, 50 reais. Ai! Nem experimentei. Talvez devesse ter provado para, vendo-o no corpo, julgá-lo horrível, mas vai que ele ficasse perfeito, né?
Depois desse dia, decidi que posso até entrar em lojas para acompanhar amigas durante esse ano, mas sem tocar em nada. De preferência, com as mãos amarradas para trás e uma venda sobre os olhos.
Apesar de tudo isso, devo admitir que janeiro foi mais tranquilo do que eu imaginava. Achava que a tortura das liquidações seria maior, achava que o primeiro mês seria pior, mas tudo ficou dentro do razoável. Será que vai ficar mais difícil com o passar do tempo?
Leia os outros relatos mensais no fim do texto de abertura deste projeto: Um Ano Sem Comprar – Um Ano Sabático.