Sex and the City – O Filme

Ficha Técnica

  • Título original: Sex and the City
  • País de origem: EUA
  • Ano: 2008
  • Gênero: Comédia Romântica
  • Duração: 148 minutos
  • Direção: Michael Patrick King
  • Roteiro: Michael Patrick King, baseado em personagens do livro de Candace Bushnell.
  • Elenco: Sarah Jessica Parker, Kim Cattrall, Kristin Davis, Cynthia Nixon, Chris Noth, Candice Bergen, Jennifer Hudson.
  • Sinopse: Carrie Bradshaw (Sarah Jessica Parker) é uma escritora de sucesso que vive em Nova York. Ela e suas amigas Samantha Jones (Kim Cattrall), Charlotte York (Kristin Davis) e Miranda Hobbes (Cynthia Nixon) são bem-sucedidas profissionalmente e buscam, também, o sucesso amoroso.

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Sex and the City - O Filme Quando Sex and the City[bb]o seriado – acabou, fiquei com aquela sensação de “mas já?!”. Claro, toda série precisa acabar um dia (menos E.R., aparentemente). A bem da verdade, houve um bom desfecho para as personagens. É que acompanhar Carrie, Miranda, Samantha e Charlotte por 6 anos foi tão bom que a vontade era de ver mais: Carrie e Big vão mesmo dar certo juntos? Miranda vai se acostumar à vida fora de Manhattan? Samantha agüentará um relacionamento monogâmico? Charlotte será, digamos, menos Charlotte?

Sex and the City – O Filme foi feito exatamente para responder todas essas dúvidas.

Sim, é um filme para fãs. Até conheço gente que não assistia à série e gostou do filme, mas ele foi todinho pensado em quem acompanhou os episódios. Isso já fica claro na abertura, um belo flashback dos seis anos de série. A última cena também traz uma ótima piada interna, a respeito do drink preferido das moças, o Cosmopolitan.

Charlotte está mais histérica e irritante do que nunca; Samantha apresenta facetas que nem suspeitávamos; Carrie ainda se encanta com marcas e grifes (e Sarah Jessica Parker está assustadoramente magra) e Miranda continua sendo a personagem com quem mais me identifico (inclusive quando ela faz besteira).

E Big… bem, Big continua um charme.

A primeira pergunta dos fãs é respondida logo no início: Carrie e Big (sim, ele tem nome, é John e não foi revelado no filme, mas no último episódio do seriado – mas é mais legal chamá-lo Big) estão procurando um apartamento para morarem juntos, após 4 anos de relacionamento. As outras respostas? Bem, veja o filme. Afinal, 148 minutos equivalem a uns 6 episódios, o suficiente para saciar todas as curiosidades.

Fã como sou da série, o filme precisaria ser muito ruim para me desagradar. O fato é que ele é muito bom. Os atores reprisam perfeitamente seus papéis, Jennifer Hudson (ganhadora do Oscar pelo papel coadjuvante em Dreamgirls) faz uma participação bacana – sem nada de mais – e o glamour do seriado foi plenamente captado, para desgosto dos que rotulam Sex and the City como um desfile de marcas. O foco da série, como o do filme, sempre foi a amizade das quatro protagonistas que, entre sucessos e insucessos profissionais e amorosos, permanecem lado a lado. Coisa rara no universo feminino, diga-se de passagem.

Sex and the City – O Filme tem, ainda, a qualidade de dosar comédia e drama com primor. Risadas estão garantidas e, se você for do tipo emotivo, algumas lágrimas também.

Cotação: 5 estrelas

Curiosidades

Sex and the City – O Filme representa um ano na vida das personagens.

No site oficial do filme (em inglês), há um testezinho para descobrir seu “par perfeito”. Fiz o teste e deu Mr. Big na cabeça:

Ele é um homem confiante e influente que aproveita as melhores coisas, mas também o filho obediente que acompanha a mãe à igreja aos domingos. Ele é esquivo, o que é tão irresistível quanto frustrante. Big pode ser imprevisível e parece totalmente inacessível – e deixa você pra baixo ocasionalmente – mas então dá um jeito de surpreendê-la, expondo-se quando você menos espera.

Eu sei, esses testes são bobos, mas são engraçadinhos.

Além da Tela

Foram usados mais de 300 figurinos ao longo das filmagens. 300 também é o número de jóias que a H. Stern emprestou.

A série mostra a vida de 4 mulheres na casa dos 30; no filme, elas já estão na casa dos 40 (e além). Eis a idade dos protagonistas:

  • Sarah Jessica Parker (Carrie): 43
  • Kim Cattrall (Samantha): 51
  • Kristin Davis (Charlotte): 43
  • Cynthia Nixon (Miranda): 42

Chris Noth (Big) foi uma surpresa: o galã tem 53 anos! Jennifer Hudson é a caçula, com 26.

Serviço

Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal

Ficha Técnica

  • Título original: Indiana Jones and the Kingdom of the Crystal Skull
  • País de origem: EUA
  • Ano: 2008
  • Gênero: Aventura
  • Duração: 124 minutos
  • Direção: Steven Spielberg
  • Roteiro: David Koepp, baseado em estória de George Lucas e Jeff Nathanson e nos personagens criados por George Lucas e Philip Kaufman.
  • Elenco: Harrison Ford, Shia LaBeouf, Cate Blanchett, Karen Allen, John Hurt, Ray Winstone e Jim Broadbent.
  • Sinopse: em 1957, Indiana Jones está à beira de ser demitido da Universidade Marshall, devido a ações que despertaram suspeitas no governo. O arqueólogo conhece Mutt Williams (Shia LaBeouf), um jovem que pede sua ajuda numa missão que pode resultar no encontro da Caveira de Cristal de Akator – que também está sendo procurada por agentes soviéticos, liderados por Irina Spalko (Cate Blanchett).

Comentários

Indiana Jones e o Reino da Caveira de CristalA saga de Indiana Jones[bb] foi o fantástico resultado da parceria entre George Lucas (cujo único feito notável é Guerra nas Estrelas[bb] – mas não dá pra dizer que isso é pouco) e Steven Spielberg, um dos maiores cineastas de todos os tempos, responsável por Tubarão[bb], Contatos Imediatos de Terceiro Grau[bb] e outros clássicos inesquecíveis (sem mencionar seus filmes “sérios”). A série virou definição de filme de aventura – por mais que boas produções do gênero tenham surgido desde então, Indiana Jones é referência e, para muitos, o melhor dos melhores, capo di tutti capi.

A trilogia do mais famoso arqueólogo contraria o senso comum que dita que seqüências são sempre piores que o original. Indiana Jones melhorou a cada filme e O Reino da Caveira de Cristal continua o movimento “para o alto e avante”. Sim, o quarto filme é, na minha opinião, o melhor deles.

Indiana Jones 4 (apelido inevitável diante de um título gigante) é daqueles poucos filmes em que cada elemento do cinema está em seu auge. Se fosse uma escola de samba, ganharia 10 em todos os quesitos. Do roteiro às interpretações, passando pela fotografia (alguém diria que o diretor de fotografia não é o mesmo que dirigiu os outros filmes?), tudo foi pensado para proporcionar as 2 melhores horas de cinema em muito tempo. Some-se a isso o fato de ter sido meu primeiro Indiana Jones no cinema e dá pra entender porque o considero o melhor da série.

Meus olhos brilharam aos primeiros acordes do clássico tema de John Williams, logo no início da sessão. A música entra suavemente, você vê o chapéu inconfundível e, logo em seguida… Indiana, o bom e velho (sim!) Indy, interpretado como nunca por Harrison Ford. Meus olhos continuaram brilhando até os créditos finais. Poucas vezes ir ao cinema foi tão gratificante.

Um dos méritos do filme é que ele não entretém apenas os fãs. Quem adora a trilogia acha bacana reencontrar Marion, a primeira Indy Girl, e ri ao lembrar-se do pavor que o Dr. Jones sente de cobras. Também é legal ver que o tempo passou na ficção tanto quanto na vida real: Indiana envelheceu, os inimigos são os soviéticos e não mais os nazistas e o encontro com o garoto Mutt Williams (numa interpretação excelente de Shia LaBeouf) fecha um ciclo. Por outro lado, quem nunca viu nenhuma aventura anterior (alguém?) diverte-se igualmente com as peripécias de Indy e seu séquito.

É claro que o filme tem inconsistências. Na vida real, granadas não têm pólvora dentro delas, projéteis não são recheados de chumbinhos e dardos de zarabatana não são envenenados na parte traseira. Arqueólogos não são tão cool (eu ia escrever “descolados”, mas você diria que essa palavra é velha demais) e andar de cipó só funciona para o Tarzan. E quem se importa? Lamento por quem não consegue dar o salto de fé necessário para se divertir com filmes-pipoca, de verdade (assino embaixo do texto do Cardoso a respeito).

Das centenas de vezes que já fui ao cinema, algumas geraram memórias inesquecíveis (caberia um Top 5 sobre isso). A melhor de todas, que nunca-jamais-em-tempo-algum será igualada, foi ver Star Trek[bb] na telona pela primeira vez, num cinema enorme, na sessão de pré-estréia, cercada por uma legião de trekkers. Não é à toa que considero esse o melhor filme da franquia (eu e a torcida do Corinthians, diga-se de passagem).

Da mesma forma, para mim, Indiana Jones 4 é a melhor história de Indy jamais contada. Aquela primeira cena ocupará, para sempre, um lugar todo especial nas minhas lembranças, logo abaixo de Star Trek VI.

Cotação: 5 estrelas

Curiosidades

Harrison Ford afirmou, em entrevistas, que não usou dublês. Será? De qualquer modo, a BBC sublinha que o ator informou que “as cenas não são exatamente o que parecem”.

Os soldados russos são de verdade – ou melhor, os atores eram russos, para garantir o sotaque.

Sean Connery foi convidado a reviver seu papel, mas recusou. Preferiu continuar aposentado.

O diretor de fotografia Douglas Slocombe, responsável pelos 3 primeiros filmes, também está aposentado. Foi substituído por Janusz Kaminski, que tem trabalhado com Spielberg desde A Lista de Schindler.

O orçamento de Indiana Jones 4 foi de cerca de 185 milhões de dólares, pouco se comparado a outros filmes de aventura. Na primeira semana de exibição, a bilheteria mundial ultrapassou os 300 milhões de dólares. Nada mal, hein?

Além da Tela

Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal se passa em 1957, em pleno macartismo, nome dado à política inspirada pelo senador norte-americano Joseph McCarthy caracterizada por uma “caça às bruxas” (expressão muitas vezes usada para designar esse mesmo período) anticomunista. O macartismo teve início após a Segunda Guerra Mundial e arrastou-se pelos anos 50. Professores, artistas, comunicadores e sindicalistas foram alvos preferenciais da perseguição. É a política macartista que ameaça o emprego de Indy na universidade em que leciona há décadas.

A paranóia contra a União Soviética justificou uma série de reduções nos direitos individuais, usualmente tão valorizados pelos norte-americanos. Um excelente filme sobre essa época é Boa Noite e Boa Sorte[bb] (que por algum esquecimento imperdoável deixei de comentar no DF) . As medidas antiterroristas implantadas por George W. Bush após o atentado de 11 de setembro de 2001 foram comparadas ao macartismo.

O galpão militar mostrado logo no começo do filme fica – na trama, claro – na famosa Área 51, conhecida dos fãs de ficção científica e dos ufólogos pela sua fama de guardar provas da existência de extraterrestres e das visitinhas que eles teriam nos feito. A Área 51 existe: trata-se de uma base área situada numa região desértica do estado de Nevada, Estados Unidos. O resto é história.

A caveira de cristal do filme foi inspirada em duas caveiras de cristal “de verdade”, supostamente confeccionadas no período pré-colombiano. Uma delas está no Museu Britânico, a outra encontra-se no Instituto Smithsonian. A origem das caveiras nunca foi bem estabelecida e, recentemente, chegou-se à conclusão de que não passam de fraudes: seriam do século XIX ou XX, provavelmente fabricadas por um comerciante de antigüidades espertinho.

O Eldorado (ou, em maia, Akakor, ou Akator) é uma cidade mitológica toda feita de ouro maciço. A lenda tem origem do século XVI e foi inspirada pelo chefe de uma tribo sul-americana que teria o hábito de se cobrir de pó de ouro (daí o nome Eldorado, ou “O Dourado”), indicando a abundância desse metal e despertando a cobiça dos colonizadores espanhóis.

Serviço

Outros filmes citados

Eu Sou a Lenda

Ficha Técnica

  • Título original: I Am Legend
  • País de origem: EUA
  • Ano: 2007
  • Gênero: Ficção Científica
  • Duração: 101 minutos
  • Direção: Francis Lawrence, que também dirigiu Constantine[bb].
  • Roteiro: Mark Protosevich e Akiva Goldsman, baseado em livro de Richard Matheson[bb].
  • Elenco: Will Smith, Alice Braga, Charlie Tahan, Salli Richardson, Willow Smith.
  • Sinopse: a população de Nova York foi dizimada por um vírus mortal. Um brilhante cientista (Will Smith) é imune e tenta desenvolver um antídoto e encontrar outros sobreviventes.

Comentários

Eu Sou A Lenda Essa minha mania de ir ao cinema sem ler nada a respeito do filme antes me mete em ciladas de vez em quando. Antes que você ache que Eu Sou a Lenda é uma cilada, deixe-me explicar: o filme é excelente, mas dá altos sustos – ao menos em mim, que sou um tanto covarde para filmes de monstros. Sem exageros, porém – há quem tenha se decepcionado com o filme justamente por esperar mais sustos. Para mim, a dose foi suficiente.

O filme se passa num futuro próximo: em 2009, o vírus do sarampo é alterado geneticamente para combater o câncer; a experiência sai do controle e o vírus mutante dizima a espécie humana. A maior parte da ação se situa em 2012, contando o dia-a-dia do Dr. Robert Neville em sua luta pela sobrevivência e pela busca de uma cura para a doença mortal.

O que conduz brilhantemente a produção, elevando-a a um patamar muito acima da mediocridade, é a interpretação de Will Smith. O ator sustenta a história praticamente sozinho, conferindo-lhe uma carga dramática tão grande que é difícil acreditar que seja o mesmo Will Smith da comédia boa, mas fácil, The Fresh Prince of Bel-Air – aqui no Brasil, Um Maluco No Pedaço. Smith tem outros bons filmes no currículo[bb], mas nenhum que exigisse tanto.

Já Alice Braga, a sobrinha de Sônia Braga, tem um papel curto, mas bem desempenhado. Alice mostra mais talento, simpatia e beleza que sua tia costuma exibir.

Os efeitos visuais são um show à parte – os infectados são todos gerados por computação. Os efeitos sonoros também impressionam. É provável que Eu Sou a Lenda seja lembrado nas categorias técnicas no Oscar 2009.

Sim, é mais um filme-catástrofe. Sim, é previsível (mas guarda uma ou outra surpresa). De toda forma, no seu gênero Eu Sou a Lenda merece 5 estrelas.

Cotação: 5 estrelas

Curiosidades

Eu Sou a Lenda é a terceira adaptação para o cinema do romance de Matheson, juntando-se a The Last Man on Earth (“Mortos que Matam”, 1964) e The Omega Man (1971, com Charlton Heston no papel principal). Segundo críticos, Eu Sou a Lenda distanciou-se demais do original, mais que seus predecessores.

Os mais atentos perceberão, numa das primeiras tomadas que mostram Nova Iorque arrasada, o pôster de um clássico nunca acontecido e sempre desejado pelos fãs dos quadrinhos: o filme Batman vs. Superman. Trata-se de uma piada de Akiva Goldsman, roteirista do filme.

Bob Marley[bb] permeia o filme: Three Little Birds aparece a todo momento; o cd preferido do Dr. Neville é Legend, uma coletânea do cantor de reggae; a música dos créditos é Redemption Song.

Além da Tela

O vírus que desencadeia a quase extinção da espécie humana é uma mutação construída em laboratório do vírus do sarampo. O sarampo é, hoje, raro em países desenvolvidos, graças à vacinação em massa; em países pobres, ainda infecta milhões de crianças por ano, levando à morte milhares delas. No Brasil, a doença está quase erradicada e a última morte foi registrada em 1999.

Vampiros rendem boas histórias há séculos, povoando a literatura e o cinema. Também fazem sucesso nos role playing games (RPG). O termo “vampiro” popularizou-se no século XVIII, mas o mito é muito anterior, remontando aos antigos gregos, hebreus e mesopotâmicos. O livro I Am Legend, escrito por Richard Matheson em 1954, oferece uma nova explicação sobre vampiros: em vez de tratá-los como criaturas sobrenaturais, como a literatura de horror fazia, Matheson vale-se da ficção científica para explicá-los à luz da ciência.

Atualização em 11 de março de 2008: a Fabiana Neves, do blog Rockerspace, publicou o final alternativo do filme, disponível no dvd norte-americano. Como ela, também prefiro a versão que foi exibida no cinema. E você?

Serviço

Desejo e Reparação

Ficha Técnica

  • Título original: Atonement
  • País de origem: Inglaterra
  • Ano: 2007
  • Gênero: Drama
  • Duração: 130 minutos
  • Direção: Joe Wright
  • Roteiro: Christopher Hampton, baseado no livro Reparação, de Ian McEwan
  • Elenco: Keira Knightley, James McAvoy, Romola Garai, Vanessa Redgrave, Brenda Blethyn, Juno Temple, Alfie Allen, Nonso Anozie.
  • Sinopse: uma jovem acusa o namorado de sua irmã e filho do caseiro de um crime, mudando a vida deles.

Comentários

Desejo e ReparaçãoA pior coisa de Desejo e Reparação é esse título. O filme baseia-se no livro Atonement, ou “Reparação”. Os tradutores brasileiros, sempre empenhados em inventar os piores títulos possíveis, optaram por uma junção de substantivos, certamente para pegar carona no filme Orgulho e Preconceito[bb] (que realmente se chama Pride and Prejudice e também é baseado em livro), pensando: “ah, o diretor dos dois filmes é o mesmo, a Keira Knightley está em ambos, então esse deve ser igualzinho àquele – vamos mostrar isso no título”.

Os filmes não têm nada em comum, claro. Orgulho e Preconceito se passa 150 anos antes de Atonement e conta uma história de amor com viés feminista. Desejo e Reparação adentra a Segunda Guerra Mundial e, sim, o amor é parte essencial de seu enredo, mas perturbado por julgamentos errados e pela própria guerra.

O espectador logo percebe que Briony (interpretada por Saoirse Ronan para primeira parte do filme) é uma adolescente passional e de imaginação fértil, antevendo as conseqüências negativas que isso provocará. Na segunda metade da história, o pano de fundo deixa de ser a bucólica Inglaterra e passa a girar em torno da Segunda Grande Guerra nos seus piores momentos para a Inglaterra: a Alemanha está ganhando terreno, as tropas em território francês estão encurraladas, parece não haver esperanças. Daí, a história caminha para um final aparentemente previsível – só aparentemente.

Desejo e Reparação surpreende pela plausibilidade. Não há lances estonteantes, não há situações forçadas, não há fantasia. Sua história poderia ter acontecido no mundo real – quem sabe? Essa verossimilhança garante o envolvimento do espectador apesar do deslocamento temporal.

Chama a atenção a bela reconstituição da Inglaterra dos anos 30, poética e burguesa. A trilha sonora é muito marcante, emocionando. É daquelas trilhas que se fazem notar, o que pode resultar em desastre; em Desejo e Reparação, o destaque é bem colocado. Seu autor é Dario Marianelli, mais um nome também presente em Orgulho e Preconceito.

Apesar das semelhanças de equipe, cabe ressaltar que Desejo e Reparação é um trabalho muito superior a Orgulho e Preconceito. Se este beirava o tédio em alguns momentos, aquele mantém a atenção do espectador por toda a sua extensão, com um enredo bem contado.

Merecidamente, ganhou o Globo de Ouro 2008 de melhor filme dramático. Concorre ao Oscar em sete categorias: melhor filme, melhor atriz coadjuvante (Saoirse Ronan), melhor roteiro adaptado, melhor fotografia, melhor figurino, melhor direção de arte e melhor trilha sonora. Faltou uma indicação para Kiera Knightley.

Cotação: 5 estrelas

Serviço