Buena Vida Delivery

Ficha técnica

Argentina/França/Holanda, 2004. Drama. 93 min. Direção: Leonardo DiCesari.

O “motoboy” Hernán conhece Patricia e logo se apaixona. Ela está saindo de um noivado, precisa de um lugar para ficar e Hérnan oferece-lhe um quarto em sua própria casa, em troca de um módico aluguel. De repente, porém, toda a família de Patricia está alojada na casa humilde e quem fica praticamente sem teto é Hérnan, que precisa driblar o sogro e sua fábrica de churros.

Mais informações: Buena Vida Delivery.

Cometários

3 estrelas

Buena Vida Delivery passou praticamente despercebido pelo circuito brasileiro. O descaso foi tamanho que mesmo seu título foi motivo de confusão, sendo exibido como “Buena Vista Delivery” em diversas salas. Merecia um pouco mais de cuidado por parte da Europa Filmes, sua distribuidora. Afinal, embora seja o filme de estréia de Leonardo DiCesare (que já tem alguns curtas no currículo), Buena Vida Delivery fez sucesso desde seu lançamento, em 2004, ganhando diversos prêmios.

O tom é mais tragicômico que propriamente dramático. É impossível não rir diante da situação surrealista em que se encontra Hérnan, um moço humilde, trabalhador, generoso e apaixonado que, sem mais nem menos, vê sua casa invadida pelos parentes de sua namorada, Patricia (ou Pato). A moça não tem forças para escapar à malandragem de seu pai, Venâncio, que chega de mala e cuia com o restante da família e um projeto de fábrica de churros no melhor estilo engana-trouxa. Venâncio pode ser visto como um sujeito meio malandro, mas bem-intencionado; numa visão mais realista, porém, está mais para um oportunista barato, desses que vivem à cata de gente ingênua o suficiente para acreditar em sua lábia.

O desafio de Hérnan é equilibrar, de um lado, sua boa índole e seu amor por Pato e, de outro, a necessidade premente de ter sua casa e sua vida de volta. O espectador emociona-se e diverte-se com a confusão. Também identifica semelhanças entre a pobreza exibida no filme argentino, fruto de recessão e crise econômica, e a realidade brasileira.
O ponto fraco é o som da película, um tanto descuidado, com chiados em diversas partes. Num mundo acostumado com som digital, é bastante incômodo. Não sei, entretanto se é um problema da produção ou da cópia a que assisti.
Buena Vida Delivery ainda está em cartaz nas salas que correm por fora do circuito comercial. Vale a pena, nem que seja para dar uma pausa nos filmes hollywoodianos e ver o que de bom se faz aqui ao lado.

O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias

Ficha técnica

Brasil, 2006. Drama. 110 min. Direção: Cao Hamburger. Com Simone Spoladore, Eduardo Moreira, Paulo Autran, Daniela Piepszyk.

1970. Mauro (Michel Joelsas) é um garoto mineiro de 12 anos, que adora futebol e jogo de botão. Um dia sua vida muda completamente, já que seus pais saem de férias de forma inesperada e sem motivo aparente para ele. Na verdade os pais de Mauro foram obrigados a fugir por serem de esquerda e serem perseguidos pela ditadura, tendo que deixá-lo com o avô paterno (Paulo Autran). Porém o avô enfrenta problemas, o que faz com que Mauro tenha que ficar com Shlomo (Germano Haiut), um velho judeu solitário que é seu vizinho. Enquanto aguarda um telefonema dos pais, Mauro precisa lidar com sua nova realidade, que tem momentos de tristeza pela situação em que vive e também de alegria, ao acompanhar o desempenho da seleção brasileira na Copa do Mundo.

Mais informações: Adoro Cinema.

Cometários

3 estrelas

De um lado, um país dividido entre o peso do regime militar e as alegrias da primeira Copa do Mundo transmitida pela televisão via satélite. De outro, um menino dividido entre a saudade dos pais e a vontade de continuar a ser criança. Estes são os dilemas de O ano em que meus pais saíram de férias. Não é um filme sobre a ditadura. Não é um filme sobre política. É, sim, um drama sensível e bem contado.

Embora esteja longe de ser uma produção espetacular, vale a pena ser visto. O destaque fica por conta do pano de fundo histórico, que influencia as atitudes dos personagens, e da interpretação do pernambucano Germano Haiut, desconhecido do grande público, no papel do sisudo judeu Shlomo.

Um dos toques engraçados acontece no início da transmissão do jogo entre Tchecoslováquia e Brasil. Ítalo, um jovem universitário interpretado por Caio Blat, proclama: “Se o Brasil perder, será bom – será uma vitória do comunismo!”. Os amigos concordam e até tentam comemorar quando a Tchecoslováquia faz o primeiro gol da partida, mas soltam a voz de verdade, pulam e se emocionam nos gols do Brasil, o patriotismo falando mais alto que a a ideologia política, pouco importando, na prática, se Médici aproveitara a transmissão para fazer propaganda da ditadura.

Se Eu Fosse Você

Ficha técnica

Brasil, 2006. Comédia Romântica. Direção: Daniel Filho. Com Glória Pires, Tony Ramos, Thiago Lacerda, Danielle Winits, Lavinia Vlasak, Patrícia Pillar, Dênis Carvalho, Ary Fontoura, Jorge Fernando, Glória Menezes.

Cláudio (Tony Ramos) é um publicitário bem sucedido, dono de sua própria agência, que é casado com Helena (Glória Pires), uma professora de música que cuida de um coral infantil. Acostumados com a rotina do dia-a-dia e do casamento de tantos anos, eles volta e meia têm uma discussão. Um dia eles têm uma briga maior do que o normal, que faz com que algo inexplicável aconteça: eles trocam de corpos. Apavorados, Cláudio e Helena tentam aparentar normalidade até que consigam revertar a situação. Porém para tanto eles terão que assumir por completo a vida do outro.

Mais informações: Adoro Cinema.

Comentários

3 estrelas

Numa manhã de quinta-feira, duas opções: chegar duas horas mais cedo ao trabalho ou assistir a Se eu fosse você.

A história é banal – a velha guerra dos sexos, temperada com a famosa teoria homens-são-de-marte-e-mulheres-são-de-vênus (veja livro). O final é previsível. A moral da história, conhecida. Apesar de tudo isso, o filme rende boas gargalhadas, graças à dupla Tony Ramos & Glória Pires, ambos fantásticos.

Típica sessão-da-tarde. Veja, se estiver à toa como eu estava, ou aguarde o lançamento em dvd.

O Exorcismo de Emily Rose

Ficha técnica

The Exorcism of Emily Rose. Estados Unidos, 2005. Terror. 119 minutos. Direção: Scott Derrickson. Com Laura Linney, Tom Wilkinson, Campbell Scott, Jennifer Carpenter.
Emily Rose (Jennifer Carpenter) é uma jovem que deixou sua casa em uma região rural para cursar a faculdade. Um dia, sozinha em seu quarto no alojamento, ela tem uma alucinação assustadora, perdendo a consciência logo em seguida. Como seus surtos ficam cada vez mais frequentes, Emily, que é católica praticante, aceita ser submetida a uma sessão de exorcismo. Quem realiza a sessão é o sacerdote de sua paróquia, o padre Richard Moore (Tom Wilkinson). Porém Emily morre durante o exorcismo, o que faz com que o padre seja acusado de assassinato. Erin Bruner (Laura Linney), uma advogada famosa, aceita pegar a defesa do padre Moore em troca da garantia de sociedade em uma banca de advocacia. À medida que o processo transcorre o cinismo e o ateísmo de Erin são desafiados pela fé do padre Moore e também pelos eventos inexplicáveis em torno do caso.

Mais informações: Adoro Cinema.

Comentários

3 estrelas

Quem vai ao cinema e, como eu, não lê nem a sinopse antes, poderá se surpreender. O Exorcismo de Emily Rose está mais para “filme de tribunal” (deveriam incorporar de uma vez essa expressão na lista de gêneros do cinema) do que para filme de terror – o que acabou contribuindo para que eu gostasse bastante da história.

Apesar disso, os sustos existem e são bons, não decepcionando quem gosta de passar medo no cinema. A trilha sonora contribui decisivamente para criar momentos de tensão, ao lado da maquiagem, impactante especialmente na primeira imagem exibida de Emily no tribunal.

O argumento é muito interessante e provoca reflexões sobre os papéis que cabem à ciência e à religião. Esses questionamentos, no entanto, não quebram o ritmo da fita. Você pode passar batido por eles e simplesmente curtir o filme.

A atuação de Jennifer Carpenter é um tanto caricata do início, mas depois encaixa-se bem na trama. Por outro lado, o padre exorcista é interpretado fantasticamente por Tom Wilkinson, e Laura Linney também está ótima no papel da cética advogada.

O Exorcismo de Emily Rose é baseado na história de Anneliese Michel, jovem alemã que morreu em 1976.

Filme despretencioso, de baixo orçamento, com um resultado muito bom.

Para saber mais sobre a história que deu origem ao filme, leia a crítica no site Universo Católico.

Outros filmes que valem a pena, vistos no fim de 2005

Os Produtores: mas apenas se você gosta de musicais e aprecia uma historinha que foge do “politicamente correto”.3 estrelas

Quem somos nós?: em cartaz apenas no circuito cult, Quem Somos Nós? é um documentário que tenta explicar o ser humano por meio da física quântica. Esse sim, é um filme capaz de provocar profundos questionamentos a respeito das nossas crenças e das premissas sobre as quais construímos nossas vidas.5 estrelas