Quem Quer Ser um Superpanaca?

Você acha que, depois de Super Pop e Big Brother Brasil, já viu o que de pior existe na televisão? Acredita que a televisão brasileira é um lixo e que qualquer outro país tem programas melhores?

Então, veja Who Wants to Be a Superhero? e mude de idéia.

Tive o desprazer de esbarrar nesse reality show dia desses. O resumo da ópera é o seguinte: um bando de gente sem-noção fantasiada, fingindo com a maior cara-de-pau que tem superpoderes e cumprindo as mais estrambóticas “missões”. O comandante-em-chefe dessa bizarrice é o (até então) venerável Stan Lee – sim, o cara que criou alguns dos melhores super-heróis de todos os tempos: X-Men, Homem-Aranha, Demolidor, entre outros.

Não sei o que leva alguém como o Stan Lee, com uma carreira notável, a fazer um papel ridículo desses. Vacas magras, talvez? Desconheço, também, a causa, razão, motivo ou circunstância que leva doze pessoas aparentemente saudáveis mentalmente a aparecerem para milhares de pessoas trajando roupas que envergonhariam o Super-Homem.

A pior parte é que, pelo visto, o programa fez sucesso, já que o SciFi Channel – canal que produz o reality show – já está montando a segunda edição. Portanto, não fique triste se não descobriu essa “pérola” a tempo (a Sony transmite para o Brasil o último episódio esta noite), logo terá a chance de acompanhar uma temporada novinha em folha. Santa babaquice, Batman.

Eu, Pollyanna

Li Pollyanna trocentas vezes durante a infância e adolescência, mas o tal jogo-do-contente nunca fez meu estilo. Só que tem horas na vida em que ele é absolutamente imprescindível para não espumar de raiva. Quer ver só?

– Paga uma grana preta de imposto de renda todo mês e ainda vai ter que rebolar na declaração de ajuste para não pagar ainda mais? Console-se pensando no monte de gente isenta, que não ganha o mínimo para sobreviver, que dirá para pagar imposto.

– Seu trabalho mais parece uma senzala? Lembre-se de quantos desempregados adorariam estar no seu lugar.

– Seu blog fica fora do ar por quase dois dias graças aos malditos spammers? Pense que ele podia estar no limbo dos blogs, sem indexação pelo Google, sem visitantes e, assim, sem ataques de spams.

No mundo dos blogs, spam é o comentário feito a um artigo com o único intuito de promover um site ou um produto. A promoção pode ser direta – o leitor do comentário clica no link deixado pelo spammer e, interessando-se pelo produto, compra-o – ou indireta – o spammer se beneficia do bom PageRank do blog para aumentar o da sua própria página de comércio eletrônico.

Existe, ainda, o spammer que não está interessado em lucrar, mas apenas em sacanear algum site, sabe-se lá por que causa, razão, motivo ou consequência. Esse tipo envia tantas requisições simultâneas que desestabiliza o servidor e termina por aniquilar o site-alvo.

Alguns spammers visitam blogs um a um deixando suas mensagens inconvenientes; a maior parte (e a mais perigosa) usa códigos de programação para invadir e atacar vários blogs ao mesmo tempo.

Seja lá como for, spammers são sub-raça. São inferiores a miguxos, trolls e qualquer outro ser que habita a web. Na escala evolutiva, encontram-se no mesmo patamar dos répteis, embora tenham forma humana.

Na segunda-feira, o Dia de Folga começou a sofrer um ataque maciço dessas criaturas, forçando a Reticências.net a retirá-lo do ar por algumas horas. Na terça-feira pela manhã, o ataque voltou, desta vez ainda pior. O suporte informou que teria de retirar o site do ar por 72 horas, na tentativa de desviar o foco dos atacantes. Bloquear IPs não resolvia, já que o ataque vinha de vários pontos. O Akismet, plugin anti-spam padrão na instalação do WordPress e usado pelo Dia de Folga, somente impede a publicação dos comentários de spammers – o consumo de banda e processamento do servidor não é interrompido.

Passamos (eu e o suporte da Reticências) o dia trocando emails e buscando soluções. Por fim, apresentei duas: renomear arquivos tradicionalmente usados pelos spammers para os ataques e instalar o Bad Behavior, um plugin que barra o ataque antes que consuma recursos do servidor. A redução do número de artigos por página foi uma solicitação do suporte para desafogar o banco de dados.

Marcamos um horário para a reativação do site e a imediata realização dessas alterações. Depois de mais de 24 horas fora do ar, o Dia de Folga voltou a funcionar em paz… até o fim da noite. Os ataques, então, reapareceram, com menor intensidade, mas ainda prejudiciais.

Por fim, o Paulo, da Reticências, aconselhou a remoção de dois plugins: o More-Smilies, que gera as carinhas e outros símbolos nos comentários, e o Share-This, que facilita a publicação de artigos em sites como Rec6 e Linkk, e ainda propicia o envio do texto por email. Sozinho, o Share-This estava gerando dez mil acessos. Como os problemas começaram poucos dias após sua instalação, é bem possível mesmo que ele seja o grande causador da encrenca.

Aparentemente, depois disso o site voltou à estabilidade.

O More-Smilies talvez volte. O Share-This, provavelmente nunca mais.

De toda essa bagunça, o único consolo é saber que o Dia de Folga está, de fato, muito bem hospedado, contando com um suporte extremamente atento que , ao contrário daquela tralha da Delix, preocupa-se em conversar com o cliente, mantê-lo informado e buscar soluções. Graças a isso, o site não ficou fora do ar por três dias, os alvos dos invasores foram detectados e o sol voltou a brilhar.

Tudo que desejo, agora, é que a calmaria perdure, eu possa parar de me preocupar com questões de manutenção e consiga voltar a escrever traqüilamente porque, afinal, o nome deste blog é Dia de Folga, não Mês Estressante.

A Rainha

Ficha Técnica

The Queen. Inglaterra/França/Itália, 2006. Drama. 97 minutos. Direção: Stephen Frears. Com Helen Mirren, Michael Sheen, James Cromwell, Sylvia Syms, Paul Barrett, Helen McCrory.

A notícia da morte da princesa Diana se espalha rapidamente pelo mundo. Incapaz de compreender a reação emocional do público britânico, a rainha Elizabeth II (Helen Mirren) se fecha com a família real no palácio Balmoral. Tony Blair (Michael Sheen), o recém-apontado primeiro-ministro britânico, percebe que os líderes do país precisam tomar medidas que os reaproximem da população e é com essa missão que ele procura rainha.

Mais informações: Adoro Cinema.

Comentários

Se você gosta da série The West Wing, não pode perder A Rainha: o filme é um verdadeiro The West Wing inglês, dando uma visão “de bastidores” dos dias subseqüentes à morte da princesa Diana.

A princesa de Gales sempre foi um fenômeno de popularidade ao redor do mundo, mas nunca foi bem compreendida pela família do seu ex-marido, o príncipe Charles. Sua morte prematura causou uma comoção sem precedentes no Reino Unido. Diana era um ícone por seu envolvimento em causas humanitárias, além de ser admirada pela beleza e elegância. Sua morte em 31 de agosto de 1997, aos 36 anos, transformou-a em mártir. A emocionalmente reprimida sociedade inglesa deu vazão a rios de lágrimas e intensas manifestações de afeto e luto dirigidas à princesa.

A Rainha Elizabeth II, ao invés de solidarizar-se com seu povo, isolou-se em seu castelo de verão. Não tendo especial apreço pela princesa Diana – considerada pela família real como espalhafatosa e indiscreta -, era incapaz de entender o motivo de tão desproporcional reação de seus súditos. O recém-eleito primeiro-ministro Tony Blair, por outro lado, tradicionalmente mais próximo das camadas populares, discursou pouco depois das notícias da morte de Diana, usando pela primeira vez a expressão “princesa do povo”. Nos bastidores, Blair tentava mostrar à Rainha a importância de romper o constrangedor silêncio e aproximar-se de seu povo, demostrando empatia por sua dor. É desses bastidores de que cuida o filme.

A Rainha Elizabeth II e Tony Blair, em cena do filmeHelen Mirren está absolutamente convincente no papel de Rainha Elizabeth II. Graças à sua brilhante interpretação, o filme ganha um ar tremendamente verossímel, quase de documentário. Não é à toa que o Oscar de melhor atriz coube a ela. Sem dúvida alguma, é uma das interpretações mais críveis da história do cinema, levando o espectador a “comprar” a idéia de que aquela personagem é, de fato, a verdadeira rainha.

O diretor Stephen Frears, mais conhecido pelo excelente filme Alta Fidelidade, faz um ótimo trabalho ao mesclar ao filme imagens reais dos últimos momentos de Diana, da tristeza coletiva e do cortejo fúnebre, contribuindo para o clima de realismo do filme.

Sem defender a postura fria e insensível adotada pela família real diante da morte da princesa Diana, A Rainha explica o comportamento da monarquia inglesa ao retratar velhos hábitos reais e contar um pouco da biografia da Rainha Elizabeth II, criada em meio à Segunda Guerra Mundial, uma figura austera, acostumada a reprimir seus próprios sentimentos pelo bem do povo e que encontra enorme dificuldades em aceitar que esse mesmo povo expresse-se tão intensamente. É o choque de gerações, o conflito entre passado e presente, monarquia e súditos, governança e emoção.

A Rainha conta, ainda, com pitadas bem colocadas de humor típico inglês e com uma bonita fotografia. Sem dúvida alguma, porém, o carro-chefe é a brilhante interpretação de Helen Mirren, digna de entrar para a história da sétima arte.

Dreamgirls – Em Busca de um Sonho

Ficha Técnica

Dreamgirls. EUA, 2006. Musical. 131 minutos. Direção: Bill Condon. Com Jamie Foxx, Beyoncé Knowles, Eddie Murphy, Danny Glover, Jennifer Hudson, Anika Noni Rose.

Detroit, década de 60. Curtis Taylor Jr. (Jamie Foxx) é um vendedor de carros, que sonha em deixar seu nome marcado no mundo da música. Ele deseja abrir sua própria gravadora, mas ainda não tem o formato e o produto certo para vender ao público. Curtis encontra o que procura ao conhecer o grupo The Dreamettes, formado pelas cantoras Deena Jones (Beyoncé Knowles), Lorrell Robinson (Anika Noni Rose) e Effie White (Jennifer Hudson). Elas se apresentam em um show de talentos local, usando perucas baratas e vestidos feitos em casa. Suas vidas mudam quando Curtis, já seu agente, consegue que elas façam o backup do show de James “Thunder” Early (Eddie Murphy), o pioneiro de um novo som em Detroit. Posteriormente o grupo alça vôo solo, mudando de nome para The Dreams. Porém Curtis sabe que para alcançar o sucesso o grupo precisará apostar na beleza provocante e tímida de Deena, mesmo que tenha que deixar de lado a voz potente de Effie.

Mais informações: Adoro Cinema.

Comentários

3,5 estrelas

Dreamgirls é baseado em musical da Broadway que, por sua vez, inspirou-se na história real de Diana Ross e as Supremes. O grupo, inicialmente chamado “The Primettes”, era liderado por Florence Ballard, mas Diana Ross acabou tomando seu lugar graças ao corpo mais atraente, embora sua habilidade vocal fosse inferior.

O pano histórico é um dos elementos mais interessantes em Dreamgirls: nos Estados Unidos do fim dos anos 50, a discriminação racial estava no auge, os conflitos eram constantes e cada vez mais violentos. Tudo que vinha dos negros era recusado; as músicas, de excelente qualidade, eram ignoradas enquanto não aparecesse um branco para gravá-las e embolsar o dinheiro – Elvis Presley foi mestre nessa “arte”.

Ao longo do filme, pode-se notar a leve revisão de padrões acontecida na época, especialmente após o célebre discurso “Eu tenho um sonho”, de Martin Luther King. Paulatinamente, a influência negra na música passou a ser reconhecida, aceita e valorizada, o que se reflete no sucesso gradual das cantoras que forma as “Dreamgirls”. Verdade seja dita, porém, que foi necessário certo “branqueamento” para que as cantoras realmente chegassem ao estrelato.

A surpresa do filme é Eddie Murphy, que canta, dança e interpreta (só faltou apresentar programa infantil) muito bem, num papel dramático que lhe valeu sua primeira indicação ao Oscar, como ator coadjuvante. Aliás, Dreamgirls concorreu a oito estatuetas, três delas por melhor canção original, e levou apenas duas: melhor som e melhor atriz coadjuvante, para Jennifer Hudson.

Jennifer, a propósito, é um show à parte. Rejeitada sem motivo convincente na terceira edição de American Idol, a cantora deu a volta por cima, mostrando toda a sua competência também como atriz dramática. Seu vozeirão é de fazer cair o queixo. Jennifer Hudson é motivo suficiente para assistir ao filme.

Dreamgirls é um bom filme e agradará aos fãs de musicais. Quem não gosta, no entanto, mantenha distância. As músicas são longas (belas, mas longas), há diálogos cantados passíveis de irritar os não-fãs do gênero e a história torna-se demasiadamente arrastada em alguns momentos. Chicago, do mesmo roteirista (Bill Condon, que também dirigiu Dreamgirls), é um filme muito mais envolvente.