Batatas ao Murro

Reza a lenda que esta receita é de origem portuguesa e que, para ser típica, deve-se usar sal grosso. Como não sou supersticiosa nem churrasqueira, nunca tenho sal grosso em casa. Vai daí que acabei inventando minha própria versão das batatas ao murro, aproveitando o que tinha na despensa. Ficaram deliciosas!

Ingredientes

  • 4 batatas inglesas médias (aquelas comuns, encontradas em qualquer verdurão)
  • Azeite ou manteiga
  • Ervas finas secas
  • Sal

Você também precisará de

Preparo

Lave bem as batatas. Não descasque, nem pique.

Regue a assadeira com um fio de azeite, ou unte levemente com a manteiga.

Arrume as batatas inteiras na assadeira e cubra com papel alumínio. Leve ao forno médio por 50 minutos.

Batatas logo após o murro Retire a assadeira do forno e remova o papel alumínio. Com as costas de uma colher, esmague cada batata, como se estivesse dando um murro nela (só use a mão se quiser se queimar). Não é preciso esmagar demais, nem repetidas vezes – um empurrão em cada batata basta.

Após “esmurrar” as batatas, coloque sobre cada uma um pouquinho de manteiga, ou regue-as com um fio de azeite. Espalhe uma pitada de sal e um punhado de ervas finas desidratadas. Tenho uma mistura de alecrim, sálvia, manjerona e estragão (e outras que já nem me lembro) prontinha para pratos como esse.

Sem cobrir a assadeira, retorne-a ao forno por mais 10 minutos. Depois disso, estarão prontas suas batatas ao murro.

Dicas e Complementos

Batatas ao Murro Após 50 minutos de forno, as batatas deverão estar macias (mas não desmanchadas), cedendo à pressão da colher. Se não estiverem nesse ponto, retorne-as ao forno, cobertas com o papel alumínio, por mais 10 minutos e repita a tentativa de esmagamento.

Essas batatas são uma ótima guarnição para qualquer carne, branca ou vermelha.

  • Tempo de preparo: 1 hora
  • Grau de dificuldade: fácil (facílimo, na verdade)
  • Rendimento: 2 porções

Fim dos Tempos

Ficha Técnica

  • Título original: The Happening
  • País de origem: EUA
  • Ano: 2008
  • Gênero: Drama
  • Duração: 91 minutos
  • Direção: M. Night Shyamalan
  • Roteiro: M. Night Shyamalan
  • Elenco: Mark Wahlberg, Zooey Deschanel, John Leguizamo, Ashlyn Sanchez e Betty Buckley.
  • Sinopse: estranhas mortes ocorrem em várias das principais cidades dos Estados Unidos. Elas desafiam a razão e chocam pelo inusitado. O professor Elliot Moore (Mark Wahlberg), sua esposa Alma (Zooey Deschanel), o amigo Julian (John Leguizamo) e sua filha Jess (Ashlyn Sanchez) resolvem partir em busca de um local mais seguro.

Comentários

Fim dos Tempos Lidar com as expectativas alheias é um incômodo e pode chegar a ser uma tortura. Ná é à toa que tem gente que prefere mantê-las baixas.

Um estudante que começa o semestre fazendo uma colocação medíocre, por exemplo, não cria grandes expectativas acerca de sua inteligência. Se sua próxima participação for muito boa, terá superado as expectativas. Se for ruim, não chegará a frustrar ninguém.

Por outro lado, um aluno que faz uma observação brilhante conquistará o respeito do professor (e, provavelmente, o despeito dos colegas). Se sua próxima intervenção for estúpida, decepcionará; se for tão brilhante quanto a primeira, atenderá às expectativas – mas quantas vezes conseguirá fazê-lo? Aos poucos, começará a sentir a pressão do padrão que ele próprio criou. Se nunca mais abrir a boca em classe, bem, esta também é uma forma de frustrar expectativas.

M. Night Shyamalan é esse aluno que começou brilhantemente e não conseguiu manter o nível.

O indiano já tinha algumas produções no currículo, mas era desconhecido do grande público até O Sexto Sentido, que fez enorme sucesso. Naturalmente, alçou as expectativas em torno dele às alturas a partir de então. Seu filme seguinte, Corpo Fechado, não foi excepcional como O Sexto Sentido, mas não chegou a frustrar a maior parte da audiência, que continuou esperando o melhor de Shyamalan.

Aí, veio Sinais, e foi o início da desilusão para alguns. O filme dividiu opiniões (estou no grupo que gosta de Sinais) e lançou dúvidas: será que o tal Shyamalan é mesmo aquilo tudo? Ou deu “sorte de principiante” em O Sexto Sentido?

A Vila foi, para dizer pouco, fraco. Revelou-se um verdadeiro fiasco de crítica e de público. A Dama Na Água suscitou opiniões tão negativas que muita gente – inclusive eu – nem teve ânimo de ir ao cinema para tirar a prova.

Fim dos Tempos, a mais nova obra de Shyamalan, também tem sido alvo de bombardeios de todos os lados. Desta vez, no entanto, assisti ao filme e acredito que várias críticas ao filme são injustas.

Não que Fim dos Tempos seja um filme fantástico – não é, nem de longe. Talvez o título original, The Happening, fosse menos impactante, gerando menos expectativas. Seria melhor que tivesse sido mantido, para evitar que se esperasse mais da produção do que ela oferece.

Por outro lado, o filme cumpre o papel de divertir a platéia. O enredo é interessante e, embora não haja sustos – eu, que pulo da cadeira por qualquer coisa, só me assustei uma vez -, há suspense suficiente para manter o público ligado na história.

O problema é que as pessoas vão assistir aos filmes de Shyamalan esperando novos O Sexto Sentido. O cara fez um grande filme e todos esperam que ele faça vários outros tão espetaculares quanto. Acontece que O Sexto Sentido está fora da curva das produções de suspense em geral, e das produções de Shyamalan em particular; não deveria servir de parâmetro para julgar seus trabalhos seguintes.

Se Fim dos Tempos for avaliado por si, pode-se ver o filme como realmente é: uma história que diverte, contada num bom ritmo, sem grandes destaques. Medíocre, sim, mas não ruim. De quebra, traz a moral da moda: se não cuidarmos bem da natureza, ela não cuidará bem de nós.

Se quiser ver um filme bastante razoável, assista a Fim dos Tempos (pode esperar o lançamento em dvd – é daqueles filmes que não perdem nada na tv). Se, por outro lado, você espera uma obra-prima, é melhor nem passar perto.

Cotação: 3 estrelas

Curiosidades

Fim dos Tempos foi filmado em apenas 44 dias.

John Leguizamo já participou de vários seriados. Seu papel mais conhecido foi em E.R. (Plantão Médico), como o Dr. Victor Clemente, na décima-segunda temporada da série eterna (dizem que a décima-quinta, com início em setembro de 2008, será a última).

Mark Wahlberg, por sua vez, não costuma mostrar a cara em séries, mas está na produção de Em Terapia, seriado que vai ao ar pela HBO no Brasil. Dizem que é ótimo.

Além da Tela

Fim dos Tempos apresenta, logo no início, uma frase atribuída a Albert Einstein:

Se as abelhas desaparecerem da superfície da Terra, a humanidade pode não ter mais de 4 anos de vida.

Em seguida, o professor Elliot comenta com sua classe sobre o misterioso desaparecimento das abelhas nos Estados Unidos.

Embora não haja comprovação de que Einstein tenha dito essa frase algum dia, o mistério do desaparecimento das abelhas é real. Em 2007, a National Geographic publicou matéria em que mencionava o desaparecimento de inúmeros enxames do território norte-americano – alguns relatos afirmam que 90% deles deixaram de existir. Nem os cadáveres são encontrados – as abelhas simplesmente somem. Um belo dia, saem para fazer seu trabalho e não retornam à colméia, como aquele cara que foi comprar cigarros e nunca mais voltou.

Ainda não se estabeleceu a causa para o sumiço das abelhas: aquecimento global, poluição e doença são algumas das hipóteses, mas não há certezas.

Já há relatos de desaparecimento em larga escala das abelhas em países da Europa.

Serviço

Outros filmes citados

Por que gosto tanto de House

Ou “Por que gosto tanto de séries em geral e de House em particular”

Raramente choro com a vida real. Não sou nenhum Chandler Bing, mas o fato é que a última vez que chorei de verdade foi há mais de 2 anos, e eu estava de porre (aliás, a causa do choro era uma tremenda bobagem). A exceção são as despedidas: fico mais sentimental nessas situações e quase sempre acabo chorando.

Já na ficção, afogo-me em lágrimas o tempo todo. Choro com filme sessão-da-tarde, com desenho animado, com comédia romântica. Choro com livros, eventualmente. Já manchei uma tirinha de Calvin e Haroldo. Chorava com novelas, quando as acompanhava. E caio em prantos com seriados. Sério mesmo. Sou capaz de lembrar de um episódio que vi há anos e ficar com os olhos cheios d’água.

Antes que você diga “get a life” ou “mas é só um filme”, esclareço que não sou nenhuma tapada. Sei que tem tanta gente por aí sofrendo de verdade, coitadinhos. Sei que é ridículo chorar por essas bobagens. Tão ridículo quanto torcer até as lágrimas por 11 babacas correndo em volta de uma bola. Estamos conversados?

O lance é que escolho envolver-me a esse ponto com a ficção. É catártico É divertido. É essa mesma capacidade de desligar-me da realidade e entrar na fantasia que me permite sair deliciada do cinema com Indiana Jones, por exemplo, ou rir até hoje de Chaves, ou de um quadro antigo d’Os Trapalhões.

É essa característica, por outro lado, que me impede de ver filmes sanguinolentos/nojentos/aterrorizantes, a não ser em condições especialíssimas. Minha pior experiência no cinema foi Seven. O filme é ótimo, eu sei; só que eu quis sair correndo e, juro, se estivesse sozinha, não teria assistido até o fim. Seria a primeira e única vez em que sairia no meio de uma exibição.

Obviamente, é esse mesmo salto para a ficção que me faz cair em prantos toda vez que vejo a morte do Dr. Mark Greene ou de Edith Keeler. Choro rios no fim de Friends (e, veja só, nem é triste – no máximo, melancólico). E me emociono horrores em alguns episódios de House MD – como, por exemplo, no episódio de ontem, a motivação para escrever esse texto hoje. Season finale. Último episódio da quarta temporada. Na verdade, episódio duplo, embora cada um tenha um nome: House’s Head e Wilson’s Heart. Títulos apropriadíssimos, por sinal.

(Ok, é impossível continuar a escrever sem dar spoilers. Se você ainda – está esperando o quê?! – não viu o fim da temporada de House e não quer estragar a surpresa, pare de ler agora. É sério. Depois, não reclame.)

O Donizetti twittou que o episódio duplo estava entre as melhores coisas que ele viu na tv em todos os tempos. Eu assino embaixo. O interessante é que, na média, esta nem foi a melhor temporada de House. A coisa melhorou mesmo após a greve dos roteiristas (aliás, se mantiverem esse padrão, que façam greve sempre que quiserem). Analisada como um todo, foi uma boa temporada, mas não tanto quanto a terceira, que teve um belo (e grande) arco inicial e terminou de forma tão inusitada que era quase inacreditável, com a remoção de metade dos personagens fixos do seriado.

Parece que a turma que faz House gosta mesmo de subverter a lógica das séries, já que fizeram isso novamente, ao fim da quarta temporada. De um modo primoroso, diga-se. Gradualmente, ao longo de alguns episódios, os roteiristas envolveram o espectador e prepararam o caminho para os 90 minutos mais surpreendentes e intensos que um fã poderia desejar. Nessa hora e meia final, tudo foi muito bem cuidado: fotografia, sonorização, efeitos visuais. A direção foi de babar (curioso que foram dois diretores, um para cada metade: Greg Yaitanes e Katie Jacobs).

O argumento é meticulosamente tecido para conduzir o espectador pelos mesmos labirintos em que House está, fazendo-o chegar às conclusões certas no mesmo momento em que o personagem as percebe.

Os atores, então, estavam em sua melhor forma. Hugh Laurie é bom demais, isso todo mundo sabe. Um sorrisinho ou um olhar traduzem uma gama de emoções. Como em:

– Você está pedindo que eu arrisque a minha vida para salvar a dela?

Há surpresas, porém. House e Wilson não fazem sua dança usual. House não está em condições de ser o sabe-tudo-arrogante de sempre. Wilson não dá conta de ser o grilo falante/melhor amigo. O grilo falante, nesse episódio, é Foreman. A amiga, tanto de House quanto de Wilson, é Cuddy. A arrogância ficou de fora.

Robert Sean Leonard é um espetáculo à parte. O cara sempre foi bom – haja vista Sociedade dos Poetas Mortos -, mas eu não sabia que era tão bom.

A dança das cadeiras, a ousadia em mexer com o estabelecido tem sido um ponto forte de House. Você simplesmente não sabe o que vai acontecer. Na maioria das séries, as coisas são bem mais previsíveis. Em Star Trek, sabíamos que só os camisas-vermelhas morriam nas missões. Em Law & Order, os detetives sempre acabam bem. Em Third Watch, há um verdadeiro massacre contra as unidades de bombeiros e de polícia, e nenhum dos protagonistas morre – só um se ferra, na verdade.

Você não tem essa mesma segurança assistindo a House. Se é óbvio que o personagem-título não pode morrer (não enquanto a série faz tanto sucesso), ele não está, por outro lado, livre de tragédias. Nenhum deles está. Ali, ninguém tem o cartão de saída livre da prisão.

A canção mais característica de House MD, que acaba por definir o seriado, é um clássico dos Rolling Stones. O refrão (e o título) é You can’t always get what you want – você não pode ter sempre o que quer. Isso é seguido à risca pela equipe que faz a série. Os personagens não vivem felizes para sempre.

O último diálogo da temporada retoma a tal canção. House diz para Amber (original – ou quase – aqui):

– A vida não devia ser randômica. Misantropos solitários e viciados deveriam morrer em batidas de ônibus, e jovens de boa-vontade e apaixonadas que foram tiradas de casa no meio da noite deveriam sair ilesas.
– Autopiedade não combina com você.
– Não. Bem, estou lutando entre auto-aversão e autodestruição. Wilson vai me odiar.
– Você meio que merece.
– Ele é meu melhor amigo.
– Eu sei. E agora?
– Eu poderia ficar aqui com você
– Desça do ônibus.
– Não posso.
– Por que não?
– Porque aqui não dói. Eu não quero sentir dor. Não quero ser infeliz. E não quero que ele me odeie.
– Você não pode ter sempre o que quer.

A letra continua: “but if you try sometimes you might find you get what you need” – mas se você tentar às vezes, pode descobrir que tem o que precisa.

Será que essa é uma das vezes para House e Wilson?

Como será a quinta temporada? Destruíram um elemento vital da série – para mim, o elemento vital. Ele será reconstruído? Haverá mudanças radicais? Restarão seqüelas, cicatrizes, isso é certo; mas em que profundidade?

House já aprontou das suas antes, é bem verdade. Atribui-se a ele a culpa pelo fracasso de três casamento do Wilson. Dessa vez… bem, dessa vez, House nem teve a intenção. Racionalmente falando, ele não é realmente culpado. Tudo não passou de uma junção infeliz de fatores. A vida é randômica – e injusta.

Agradecimentos ao Cardoso, que
leu meus lamentos na última semana e não deram spoilers.
E à minha mãe, por ter falado, há uns anos, “Assiste até o fim, que você vai gostar”.
Minhas duas maiores paixões televisivas são culpa dela.
(E quem falar “e pra você, Xuxa” apanha!).

PS: provavelmente, esse artigo mal começa a explicar por que gosto de séries, ou de House

PPS: tem mais spoiler nos comentários.

PPPS: House merecia um universo expandido (não, A ciência médica de House não conta).