Livro da vez: O Chamado da Floresta, de Jack London.
Uma das melhores coisas dos grupos de leitura coletiva é que eles me tiram da zona de conforto, apresentando-me novos autores e me estimulando a ler obras que de outro modo eu não leria.
Dos grupos de que já participei, o #exploradores leva nota 10 nesse ponto: durante um ano, @soterradaporlivros, @tinyowl.reads, @chimarraoelivros e @fronteirasliterarias me levaram ao fundo do mar, a mundos perdidos, a tesouros e aventuras. Seis dos autores eram absolutamente novos para mim e um deles me fisgou: Jack London, com suas histórias verossímeis e seus personagens intensos. Vai daí que outro dia vi um livro dele no kindle unlimited, não resisti e entrou pra lista dos favoritos do ano.
O Chamado da Floresta lembra Caninos Brancos, do mesmo autor, por ser contado do ponto de vista de um cão. Buck levava uma vida confortável na Califórnia até ser roubado e levado para o Alasca, que vivia o frenesi da corrida do ouro. Nessa nova vida, tem de sobreviver a maus tratos, animais agressivos e trabalhos intensos e, ao longo da jornada, torna-se outro cachorro. O leitor acompanha essa transformação vibrando por Buck e, inevitavelmente, desprezando vários dos humanos que cruzam seu caminho.
London gosta de situar suas histórias em cenários selvagens nos quais ele próprio esteve, cheios de perigos e desafios que levam homens e animais a extremos na luta pela sobrevivência. O que aflora dessa luta são os instintos, ou a verdadeira natureza de cada um desses personagens. No caso dos humanos, não raras vezes essa natureza interior é cruel e maligna, mas os animais de London também são capazes de maldade gratuita. O autor não romantiza a vida selvagem, mas a utiliza para traçar paralelos e metáforas, disfarçando, em suas narrativas de aventuras, duras críticas aos seres humanos.
Estrelinhas no caderno: