Resenha de hoje: “Flores Azuis”, de Carola Saavedra.
Duas histórias cruzadas: uma mulher que envia cartas ao ex após o fim abrupto da relação; um homem recém-divorciado que se mudou para o apartamento daquele ex e resolve abrir as cartas.
A mulher, que assina apenas como “A”, indica já nas primeiras linhas que o relacionamento era abusivo, violento. O recém-divorciado, Marcos, não vê sua filha de três anos como uma criança, mas como mais uma mulher manipuladora, em sua vida. Nenhuma das histórias “de amor” narradas no livro é saudável, nenhum dos protagonistas é equilibrado.
A tensão é suavizada pela alternância das narrativas e por ser uma história curta, menos de 160 páginas. A prosa flerta com o fluxo de consciência, mas insere elementos suficientes do mundo externo para facilitar a leitura. É livro para uma manhã ou tarde, com um desfecho que se abre a múltiplas interpretações. A sensação de incômodo perdura além da leitura, pelo infeliz realismo das histórias e por ser impossível gostar dos protagonistas.
Estrelinhas no caderno: