Contando, ninguém acredita

Ainda bem que dá pra mostrar.

Em 8 de janeiro, fiz uma encomenda à Loja do iPod, no Japão. Paguei mediante boleto bancário transferência entre contas correntes e a compensação só foi acusada em 10 de janeiro. O produto foi enviado dia 11 e chegou na minha casa no último dia 16. Tempo total de espera: 8 dias corridos (ou 6 dias úteis):

Compra no Japão

Em 3 de janeiro, comprei 3 livros e 2 dvds no Submarino. Pagamento com cartão, compensação no mesmo dia. O prazo para entrega era de 5 dias úteis.

Hoje é dia 23. Conta comigo: já se passaram 20 dias corridos, 14 dias úteis.

E ainda estou esperando.

Compra no Submarino

Clique para ampliar.

Claro que já entrei em contato com o atendimento deles. Fiz questão de dizer que esses atrasos estão se tornando comuns e têm gerado grande descontentamento entre os consumidores (eu mesma já tive problemas com a empresa antes). No primeiro contato, não informaram nada que se aproveitasse. Após o segundo email, no dia 18, pediram-me para esperar até o dia 25.

Cá estou, à espera.

Agora me explica: como uma encomenda do Japão chega muito mais rápido que uma de São Paulo?

Como confiar numa loja que demora tanto para atender ao pedido? E se fosse, por exemplo, um presente de aniversário para alguém?

O que acontece com o setor de logística do Submarino, que anda num caos crescente desde a fusão com as Americanas? Será que está fazendo água?

Outros blogueiros reclamando

Se você também também teve problemas com o Submarino e escreveu a respeito, mande o link.

Um passo à frente, dois atrás

Praia de Kuta, BaliParece que é nesse ritmo que caminha qualquer discussão sobre o meio ambiente.

A Convenção-Quadro de Mudanças Climáticas da ONU em Bali fez água. Nenhum acordo real foi firmado. O máximo que se conseguiu foi uma promessa: “ok, nós acordamos que temos de fazer um acordo em até dois anos”. Grande coisa, ahm? Se já estavam reunidos os representantes das grandes potências econômicas, por que não fechar logo um acordo que garanta que o mundo não vai cair no abismo após 2012?

2012 será um ano-chave para o meio ambiente. Os compromissos firmados no Protocolo de Quioto, a fim de reduzir as emissões de gás carbônico, encerram-se em 2012. Até lá, é imperativo que as potências mundiais reunam-se em torno de um novo protocolo, ainda mais rígido que o primeiro, para que sejam evitadas as conseqüências crescentes do efeito estufa. Esse acordo parece ser tão impossível quanto necessário.

Existem os passos à frente. A política ambiental norte-americana deve tornar-se menos egoísta quando (se?) o governo voltar a ser dos democratas, após o mandanto de George W. Bush. A Austrália finalmente ratificou o Protocolo de Kyoto, no começo de dezembro, deixando os Estados Unidos isolados, carregando o fardo de serem o único país desenvolvido a não ratificar o Protocolo.

No Brasil, a coisa vai e volta. O desmatamento, que tinha caído, voltou a crescer com a valorização da soja no mercado internacional – áreas de mata nativa são destruída para dar passagem ao grão, o “ouro verde”. A política ambiental do governo Lula é pífia, os dados são truncados, a argumentação tende à falácia. O governo brasileiro parece invejar a China tanto no seu crescimento econômico quanto na catástrofe ambiental que vem atrelada a ele.

Assim, 2007, que começou cheio de promessas no tocante à consciência ecológica, que rendeu o Prêmio Nobel da Paz a Al Gore pelo documentário Uma Verdade Inconveniente e que prometia uma virada no modo de encarar a questão ambiental, termina melancolicamente.

Sobre o tema

A TIM é uma porcaria

(O título merecia uma palavra mais forte, mas ainda tento ser uma dama.)

Eu tinha certeza de que amaldiçoaria o dia em que mudei meu celular de pré para pós-pago. Porque aí, inevitavelmente, começa o calvário de ter de lidar com as péssimas operadoras de telefonia móvel e seus callcenters/atendimentos incompetentes. Aqui, falo da TIM mas, francamente, poderia ser qualquer outra. Nenhuma presta.

O primeiro aborrecimento chegou junto com a primeira conta.

Como sou esquecida, pedi que a conta fosse direto para o débito automático.

Ah, você acha que já adivinhou meu problema, né? Cobraram a mais, né?

Errado.

Não cobraram.

A conta foi enviada para casa, com a anotação de débito automático, mas nada foi debitado.

Há uma semana, tento ligar no maldito *144 pra descobrir o que aconteceu, e nunca consigo ser atendida. “Não foi possível completar o seu atendimento” é o mantra cantado pela mulher-robô.

Hoje, fui à loja TIM. Sim, hoje, inferno de fim de ano, shopping lotado, yada yada yada.

Expliquei o caso e perguntei:

– Vou ter que pegar senha e aguardar 3 ou 4 horas pra resolver o problema?

– Não, senhora. Vou estar imprimindo a segunda via da conta para a senhora estar efetuando o pagamento.

– Não, eu tenho a conta. O que quero saber é o que deu errado. Por que não foi pro débito automático?

– A senhora ligou para o *144?

– Liguei. A semana inteira. O atendimento via telefone é lenda.

A mocinha chamou o vendedor que tinha tentado me auxiliar semanas antes, quando o Gmail teimava em não funcionar no meu N70. Ele não resolveu nada naquele dia, mas foi simpático, atencioso e eu passei vááárias dicas de programinhas symbian para ele (dono de um Nokia N80).

Desta vez, ele parecia uma mensagem gravada. Tudo que sabia dizer era:

– Às vezes, o banco atrasa para fazer o débito automático.

E eu dizia:

– Sim, mas aí quem paga a multa sou eu.

– Sim, senhora.

– Mas eu não quero pagar multa! Coloquei a conta em débito automático justamente pra ficar tranqüila.

– Eu entendo, senhora.

– E você acha que eu estou tranqüila agora?

– Não, senhora.

– E aí? Quem é que vai resolver o problema?

– A senhora vai estar precisando conferir se o banco fez o débito.

Todo mês?!

– Sim, senhora.

– Pára tudo! Se eu tenho de conferir o débito automático todo mês, qual a vantagem dele?

– É que às vezes o banco atrasa, senhora. Não é culpa da TIM.

– Eu lá quero saber de quem é a culpa! Eu quero é que resolvam o problema!

– A senhora vai estar precisando conferir a conta mês a mês, senhora.

Coloque isso num loop infinito. Você pegou a idéia.

– Então, se não adianta nada deixar a conta no débito automático, se todo mês terei de checar essa porcaria, é melhor pagar direto ao banco todo mês. Quero tirar a conta do débito automático. Como faço?

– A senhora vai estar ligando no *144…

– Esse número é lenda, eu já disse!

– É lá que se faz a retirada do débit…

A essa altura, eu já tinha saído da loja.

Durma-se com um barulho desses. Durma-se.

E você me pergunta por que eu saí do pré-pago.

E eu respondo: porque eu sou uma idiota.

Não. Na verdade, a alternativa era continuar no pré-pago e pagar 15 reais (é, quinze reais) por mega de tráfego GPRS/Edge. No pós-pago, paga-se 10 reais mensais por 40 MB.

GPRS/Edge que, aliás, de vez em quando entra em misteriosa “manutenção”. A pior delas durou um dia inteiro. Foi avisada aos consumidores? Não, claro que não. A TIM enche a paciência dos usuários com SMS publicitário, mas não tem a decência de mandar um SMS comunicando manutenção na rede.

Deu pra sentir como estão os ânimos por aqui, não?

Atualização em 07.12.2007: fui à agência bancária e descobri que a TIM nunca enviou os dados de débito automático para o banco. Teve mais de 40 dias para enviar as informações, mas não o fez. Segundo a atendente do banco, o envio tem de ser mesmo mês a mês, e é comum a TIM se enrolar.

Tudo bem. Desisto do débito automático. Pago a multa pelo atraso de quase 10 dias no pagamento da conta, graças ao erro da TIM.

O que eu não entendo é o seguinte: é interesse da empresa que o cliente mantivesse as contas em débito automático – dinheiro certo entrando no caixa da empresa, saca? Pelo visto, tanto faz para a TIM. Ou, de repente, ela quer mesmo é lucrar com a multa de quem, ingenuamente, confia no sistema.

Adote uma Cartinha

Lá vem mais um Natal. Consumismo, correria, dinheiro gasto a rodo, dívidas que adentram o ano seguinte (belo jeito de começar 2008, hein?)… todo ano é a mesma história.

Não quero fazer um discurso espiritualista por aqui, mas… você já pensou em deixar a gastança de lado aproveitar o Natal para exercitar sua solidariedade?

Ateu, cristão, judeu, whatever. Que tal aproveitar essa data tão badalada (e uma parte do seu 13º salário) para fazer uma boa ação? Sim, eu sei, todo dia é dia de ser solidário, mas quem se lembra disso na correria cotidiana? E não estou falando de dar esmola, que isso não leva a nada, a não ser à perpetuação da miséria e, pior, da exploração infantil. Estou sugerindo que você aproveite a data para ter um gesto de carinho pelo próximo.

Como?

Neste Natal, adote uma cartinhaSugiro a campanha Papai Noel dos Correios.

O Ian Black aproveitou o BlogCamp MG para divulgar a campanha (não, não falamos só de monetização por lá, felizmente) e informar, em primeira mão, que tem promoção saindo do forno a fim de incentivar a participação da blogosfera (assim que estiver no ar, atualizo o texto com o link).

De toda forma, eu já ia adotar uma carta. É até de tarefa da minha lista de 101 Coisas em 1001 Dias. Ano passado, lembrei tarde, a campanha tinha acabado. Esse ano, a deixa do Ian me fez agir mais rápido. Fui à agência do correio perto de casa na segunda-feira e adotei algumas cartinhas. Aproveitei pra ler todas as que estavam por lá.

Uma das coisas legais é que há presentes para todo tamanho de bolso. A maioria das crianças pede bicicleta – grande surpresa – e algumas, um pouco mais velhas, querem um computador. Se você não tem tanta verba assim (peraí, será que aquele computador abandonado no canto do escritório não está pronto pra ser doado?), pode adotar um pedido de boneca, mochila, roupas.

Algumas situações são tocantes. Li a cartinha de uma menina de 12 anos que queria “começar o próprio negócio” para ajudar a família e, para isso, pedia um kit de miçangas. Outra, no nome de um garoto de 4 anos e, obviamente, escrita pela mãe, explicava que o ano tinha sido difícil, os pais tinham se separado e a mãe não tinha dinheiro para comprar a pista do Hot Wheels que ele queria.

Várias cartas refletem a ingenuidade infantil, a crença em magia e milagre e um pouco da carência afetiva. Muitas terminam “Se o senhor não puder trazer o que pedi, Papai Noel, não tem problema. Só responde a cartinha pra eu saber que o senhor leu”. Difícil não se comover. Ia pegar uma carta, saí da agência com quatro.

Não tem dinheiro esse ano? Nem para comprar um carrinho, ou um caderno? Faça o seguinte: ano que vem, a cada esmola que você pensar em dar, guarde as moedas. Junte-as até dezembro. Tenho certeza de que será o suficiente para fazer uma criança manter as esperanças nesse mundo cinza por mais um ano.

Atualização em 04 de dezembro de 2007: já levei os presentes, com as respectivas cartinhas, à agência dos Correios em que as retirei. Todas as cartas já foram adotadas e espero que essa adesão tenha se repetido Brasil afora. Se você queria adotar uma cartinha e não conseguiu, que tal participar da Blogagem Social Natal 2007? Proposta pelo GraveHeart, já conta com uma boa adesão da blogosfera.