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É impossível falar de Buenos Aires sem falar do tango. Por onde você andar, verá referências a ele: lojas de roupas para a dança, lojas de cds (!) com bancas cheias de gravações de tango, nomes de bairros, de estabelecimentos comerciais, de ruas… O tango é patrimônio cultural imaterial da Argentina e os porteños levam isso muito a sério, tanto quanto os mineiros levam a cachaça (e não, não é como o samba no Rio de Janeiro; o tango é muito mais difundido e valorizado, presente nas regiões mais nobres, ouvido o tempo todo).
A propósito o tango é patrimônio cultural imaterial também do Uruguai (a proposta foi apresentada pelos presidentes de ambos os países em 2009, e aceita pela UNESCO). A discussão sobre qual dos países é o berço do tango é antiga. Seu maior expoente, Carlos Gardel, pode ser considerado o uruguaio mais argentino de todos os tempos (embora haja uma teoria que lhe atribua nacionalidade francesa). Gardel foi o responsável por tornar o tango mundialmente conhecido nas primeiras décadas do século XX, mas a sua origem remonta ao século XVIII e guarda influências negras, indígenas e européias. Era a música instrumental que animava os cabarés (as letras começaram a surgir só no fim do século XIX) e alegrava os imigrantes e aventureiros que, longe da família, tentavam ganhar a vida na região cisplatina; por isso, era mal visto pela alta sociedade. Apenas a partir da primeira década do século XX esse cenário começou a mudar. O curioso é que o tango teve de primeiro ser aceito em Paris, para só então voltar triunfal a Buenos Aires.
O tango se sofisticou, tornou-se uma dança elaborada, mas não perdeu a sensualidade herdada do ambiente onde nasceu. Pode ser dançado com mais simplicidade ou com passos altamente coreografados e ensaiados à exaustão, mas nunca perde seu caráter sedutor e insinuante, seu gestual que recorda uma briga-e-reconciliação de amantes. A maior parte das letras fala de desengano, decepção, desejo e paixão, embora haja canções voltadas para o cotidiano simples. Alguns passos lembram o nosso samba de gafieira (provavelmente devido aos ancestrais negros comuns), mas o ritmo é mais marcado e isso se reflete na dança.
Em Buenos Aires, há duas formas de conhecer e aproveitar melhor o tango, ambas complementares e altamente recomendáveis:
O Museu Casa Carlos Gardel
Numa rua calma e arborizada, próxima à movimentada Corrientes, você encontra casas coloridas e retratos de Carlos Gardel pintados nas fachadas. Nessa mesma rua, a Jean Jaures, fica o Museo Casa Carlos Gardel, que apresenta a vida do mais ilustre cantor de tango de todos os tempos. Gardel viveu com sua mãe, Dona Berthe Gardes, nessa casa. O museu guarda relíquias, como o clássico chapéu e alguns vinis com gravações clássicas como a de La Cumparsita. Também conta a história de músicos importantes na história do tango.
Descendo a rua Jean Jaures, chega-se à Pasaje Carlos Gardel, uma viela curtinha com fachadas pintadas em homenagem a Gardel e à era de ouro do tango.
Como chegar: Metrô B, estação Carlos Gardel.
Algo que ainda não mencionei nos artigos é que todos os museus são pagos, mas todos são muito baratos,entre 3 e 10 pesos (menos de 5 reais). Creio que só no Museu Evita paguei mais (cerca de 15 pesos).
Os Shows de Tango
No plural, porque há vários, ao gosto do freguês. O mais famoso é, provavelmente, o Señor Tango, embora os nativos digam que ele está teatralizado demais, fugindo às raízes do bom e velho tango.
Não por isso, escolhi outro show na minha primeira visita a Buenos Aires: o Sabor a Tango. Sua grande atração é uma aula de tango para iniciantes no início da noite. Por cerca de uma hora, dois professores (que também são dançarinos no espetáculo) ensinam os passos básicos e quase me convenceram de que, com um pouquinho mais de prática, poderei bailar o tango “perfectamente”.
Depois da aula, segue-se o jantar composto de entrada, prato principal e sobremesa (há algumas opções para cada prato), regado a muito vinho. Quando todos acabam de comer (o vinho corre por toda a noite -ou melhor, ao lado de cada mesa repousa uma garrafa), o show tem início. É proibido filmar ou fotografar, mas garanto que é um lindo espetáculo, com um conjunto musical, um cantor de voz potente e alguns pares de dançarinos que fazem cair o queixo com sua habilidade.
O passeio também inclui transporte de ida e volta. Por tudo isso, paguei cerca de 120 reais (não lembro mesmo o valor exato, mas não fugiu muito disso). Comprei na agência de turismo do Hostel Suites Florida e é por isso que a aconselho mesmo a quem não se hospedar lá: hotéis granfinos da Recoleta vendem o mesmo programa por quase o dobro.
Na Calle Florida, você pode assistir todas as noites a exibições de tango (durante o dia, há dançarinos no Caminito). Essas exibições são meio fracas, contudo. A cada cinco minutos de dança, o apresentador faz uns dez de discurso, cumprimenta os visitantes de vários países e, claro, passa o chapéu. Não dá pra considerá-las um verdadeiro show de tango. Desses grupos, o mais bacana foi o que vi na frente da Galería Pacífico por volta das oito da noite: dois casais, um deles idoso, ambos bailando lindamente, em estilos ligeiramente diferentes (pena que não tirei fotos).
Veja fotos ligadas ao tango que fiz por lá.
Para saber mais
- Tango – Wikipédia
- Tango – Wikipedia em espanhol (texto muito mais completo)
- Carlos Gardel
Eu descobri sem querer um grupo magnífico no passeio pela Feira de San Telmo… Jovens escrevendo tango “tradicional”. O CD ficou com o padrasto e o som é inesquecível.
Adorei o post, Lu.
bj
Fui ao sabor tango na primeira vez q estive em buenos aires e tb adorei a aulinha! nossos diplomas foram plastificadis e se tornaram jogo americano 🙂 na segunda vez, fomos ao carlos gardel e achei muito mais tradicional e sofisticado! Ah, a apresentacao que rola no cafe tortoni tb e muito bacana: lugar pequeno, intimista, com banda ao vivo e sensualidade transbordando pelas janelas.
@Lucia, aquela feira rende achados. Descobri um artista que pinta quadros com tema de… gatos! Queria todos, claro.
@Vanessa, eu e algumas outras pessoas acabamos sem diploma. Agora que você tocou no assunto, acho que falaram pra gente cobrar no fim da noite… mas eu já tinha tomado quase duas garrafas de vinho, nem lembrei. 😛
Agora fiquei com vontade de ver a apresentação do Tortoni!
adorei vc eos comentarios todos, estou indo a Buenos aires,agora em outubro e foi um achado te achar
bjoca
Oi Lu!
Tudo bem?
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Quero saber tudo sobre Buenos Aires….rsrs
Hotel bom e barato na Rua Florida, que tipos de passeios fazer…
bjosss