Livros da vez: Uma coisa absolutamente fantástica e Um esforço lindo e fútil, de Hank Green.
Do nada, uma escultura-robô gigante aparece em Nova Iorque. April é a primeira a perceber, por sorte, e ela e seu amigo Andy publicam um vídeo sobre o acontecimento no youtube, pensando que se tratava de uma intervenção artística. Logo fica evidente que estavam enganados: há robôs em dezenas de cidades, e eles parecem ser alienígenas.
A história revela seu propósito conforme o autor vai narrando os efeitos dos robôs, ou Carls, sobre os humanos: de um lado, fascinação e curiosidade; de outro pânico e violência. Hank Green usa um enredo um tanto absurdo de fantasia e ficção científica para falar sobre a polarização dos anos recentes e a manipulação por meio do preconceito e do medo, e e desdobra a discussão para tratar de fama e poder, de redes sociais e seus efeitos, de economia, capitalismo e exclusão.
O segundo livro é ainda mais fantasioso que o primeiro, e a estrutura de narração – cada amigo escrevendo alguns capítulos alternadamente – me pareceu desnecessária, mas até que fez sentido no final. Um esforço lindo e fútil aprofunda bastante as discussões do primeiro livro e deixa questionamentos sobre o papel das grandes empresas privadas que controlam tecnologias e recursos relevantes, tornando-se mais poderosas que nações. Embora Green traga essas indagações envoltas em uma narrativa de ficção científica, hoje mesmo governos e populações já precisam lidar com empresas transnacionais tão ricas e influentes que prevalecem sobre leis trabalhistas e normas ambientais. A distopia delineada no segundo livro não parece tão irreal quando se pensa nisso.
Permeando tudo, o grande questionamento: o que nos faz humanos?
Os dois livros exigem um salto de fé, sim, mas valem a pena até para quem, como eu, não morre de amores pelo gênero young adult.
Indico para despertar o gosto pela leitura em adolescentes, e para adultos que procurem uma escrita leve que não seja rasa.
Estrelinhas no caderno: