Ó, Minas Gerais…

Então, sô. Criei coragem e encarei 11 horas de ônibus para Belo Horizonte, a fim de participar do primeiro BlogCamp MG. Se valeu a pena? Ô! Embora haja quem diga que estamos todos caminhando para uma latrina mambembe, são esses encontros que fortalecem a blogosfera e contribuem para o seu crescimento como mídia.

Minhas impressões do evento estão no BlogCamp Brasil: Anotações sobre o BlogCamp MG. As fotos (minhas e de um monte de gente) estão no Flickr.

Como nem tudo se resumiu à desconferência, lá vão algumas observações aleatórias e absolutamente casuísticas.

A viagem

Se não fosse o tempo perdido na estrada e o cansaço que decorre das longas horas, viajar de ônibus seria minha opção preferencial, sempre. Poltronas largas (se comparadas às de um 737) e bastante reclináveis, apoio para as pernas, manta e travesseiro. Só se assemelha às empresas aéreas no lanche: barrinha de cereal, saquinho de amendoim e umas balas vagabundas.

Dica de viagem de uma amiga: escolha a poltrona 23. A chance de viajar sem ninguém ao lado é de 50%. Funcionou comigo.

O hotel

Sem a menor referência sobre Beagá, consultei São Google em busca de um abrigo. Encontrei uma relação de hotéis em Belo Horizonte. Escolhi a hospedagem pelo menor preço, claro.

E quebrei a cara, claro.

O tal hotel era, teoricamente, bem localizado e primava pela higiene e conforto. Na prática, situava-se na frente do baixo meretrício da cidade, o banheiro era revestido com pastilhas do tempo do guaraná de rolha que, de tão velhas, estavam encardidas e a cama só deu para o gasto porque eu chegava tão cansada que desmaiava. O café-da-manhã era esquecível.

Ao menos, não entrei sozinha nessa fria. Indiquei o hotel ao Fugita, que espalhou a informação. Helder, Bruno Dulcetti, Thiago Mobilon e Mirian Bottan foram vítimas. Espero que não se unam numa vingança blogosférica – eu não tive culpa!

A volta da Pampulha

O Fugita tinha perguntado o que eu pretendia fazer na sexta-feira. Minha idéia era conhecer o complexo da Pampulha: lagoa, igreja de São Francisco de Assis, estádios, zoológico, parque ecológico… Fugita e Helder toparam, pegamos o ônibus e começamos o passeio.

Só não sabíamos que o percurso da lagoa tem 18 (é, DEZOITO, não oito) quilômetros. Não, ninguém se lembrou (a tempo) que é por lá que acontece a volta da Pampulha, corrida famosa de Beagá.

Poderíamos ter dado meia-volta e nos contentado com um passeio curto, mas nãããão! Num surto de insanidade coletiva, resolvemos andar os 18 quilômetros.

Lá pelas tantas, juntou-se a nós Rafael Silva (vulgo RafaCast), que deveria estar cheio de gás, mas foi o único a desistir no meio do caminho.

O pior não foi fazer a caminhada. Nem foi almoçar às 5 da tarde. Nem foi ficar meio morta de tanto cansaço. O pior mesmo foi ter torrado até ficar roxa, cheia de dor e com febre. Cada abraço, no dia seguinte, provocava uma lamentação. Haja analgésico pra suportar.

Chegamos!Ao menos, demonstramos que blogueiros geek são capazes de praticar exercícios…

Os intervalos

A melhor parte dos BlogCamps. Não que as desconferências não sejam boas. Elas são como pizza: até quando são ruins, valem a pena. Acontece que são os intervalos que propiciam a interação, o contato, o tal networking. Não faltou tempo para isso nos lanches, almoços e botecos.

Pude rever gente legal e sobrou tempo pra bater papo: Ian Black, Conrado Navarro, Norberto Kawakami, além da Mirian, do Mobilon, do Fugita e do Helder.

Conheci mais gente pessoalmente: Rafael Arcanjo, Ronaldo, Maysa, João Nababu, Guilherme Valadares, Pedro Villa Lobos, Marcellus, Rafael Apocalypse, Bressane, Esparroman (há!, lembrei quem você é!) e ainda o Dulcetti e o RafaCast (e mais gente que, certamente, estou esquecendo).

De quebra, ainda falei com a Nospheratt, direto do Uruguai, via Skype. 🙂

O próximo evento

BlogBar BrasíliaOs blogueiros já se agitam para o BlogCamp PR, em primeiro de dezembro. Como dinheiro não dá em árvore (nem no Dia de Folga), vou ficar de fora dessa.

Em compensação, estamos preparando o primeiro BlogBar Brasília, no dia 30 de novembro. Blogueiros do quadradinho do Cerrado, uni-vos!

Gotas (e fotos) da viagem

Com tanta coisa para deixar em dia, os comentários sobre a viagem da semana passada a São Paulo ficaram enroscados. Hora de tirar o atraso.

# O Albergue da Joaninha é a melhor hospedagem de São Paulo e a dona do estabelecimento é uma anfitriã fora de série. For guests, only.

# Adoro viajar sozinha, mas estar na companhia de dois amigos não tem preço (que “conhecidos de blog”, que nada, esse estágio já era).

# Fui à melhor Sessão Youtube ever.

# Conheci gente legal, mas a esperta aqui não pegou cartões e é péssima com nomes. Melhor nem tentar.

# Sim, rolou Starbucks, com Manoel e Fugita. E ganhei o Coolnex Card do Techbits!

# Descobri onde fica Cangaíba. É tão remota quanto a “fama” de um blogueiro.

# O melhor marqueteiro do mundo está vendendo frutas no Mercado Municipal. (Essa história merece um post).

# O zoológico de São Paulo tem mais espécies que o zôo de Brasília, embora seja bem menor. Bom para os humanos, que conseguem ver tudo numa tarde, ruim para os bichos.

# Entrar no zôo de São Paulo custa 6 vezes mais que no zôo de Brasília.

# Idiotas que jogam lixo no zôo ou perguntam “posso jogar uma pedra no hipopótamo pra ele se mexer” deveriam ser enjaulados.

# A Orquestra Sinfônica de São Paulo é um enlevo. A Sala São Paulo é um espetáculo à parte e eu já a conhecia, mas ter a oportunidade de assistir à orquestra foi sublime.

# Os vendedores e objetos da feira da Praça Benedito Calixto mudam bastante. Desta vez, tinha uma moça vendendo coleções completas de cards de Star Trek. Morri de vontade, mas resisti bravamente.

# 2008 será o ano do gato. Mudando de apartamento ou não.

Brasília Tapete São Paulo Essa Joaninha está mais pra Formiguinha Manoel e Fugita Mangostin
Morangos transgênicos Jie Chen OSESP Pingüins de Magalhães Elefante Africano Preguiça em tamanho família
Suricata Priscila, a siamesa Charlotte, a mais dengosa Tico - lindo, mas arisco Qualé? Saudável

Mais fotos no Flickr e no Picasa.

Café.com Blog e empresas de tecnologia

Café.com BlogNo último dia 06, aconteceu em São Paulo o Café.com Blog, projeto em parceria de Lu Freitas, Manoel Netto e Manoel Fernandes. De um lado, blogueiros; de outro, representantes de empresas de tecnologia. E foi assim mesmo – cada um de um lado. Apesar da tentativa de misturar os dois times em cada mesa, o entrosamento não foi lá essas coisas, não.

Não é que blogueiros sejam arrogantes; simplesmente, respiramos internet. Para alguns de nós, blogar é hobby, mas daqueles bem exigentes, em que estamos ligados a todo minuto; para outros, é meio de vida mesmo. A primeira palestra, sob o comando de Aloísio Sotero, ignorou tudo isso e quis ensinar padre-nosso ao vigário por meia hora.

A palestra seguinte, da Forrester, foi mais interessante (e mais curta), trazendo dados e conceitos recentes, explicando como procedem à avaliação de blogs – basicamente, uma equação em que entram as variáveis “custo”, “benefício” e “risco” – e ressaltando o papel dos blogs na formação da opinião dos consumidores.

Depois, a rodada de perguntas, das quais a mais interessante foi a da Lu Freitas, patrocinada pelo Fugita via twitter: quantos daqueles representantes de empresas ali presentes têm o hábito de ler blogs? Dá pra imaginar a resposta? Isso mesmo: quase todos limitam-se a ler blogs apenas quando aparecem em buscas específicas.

Agora, como alguém que não tem o hábito de ler blogs pode entender o funcionamento deles?

O blog não é uma ferramenta estática e finalizada em si mesma, como um jornal. Blogs são feitos de interação ou, como lembrou o Edney, de conversas. Você, leitor, não é um mero receptor de informações. Você as analisa, deixa comentários nos blogs que acompanha, inicia bate-papos. Eventualmente, constrói seu próprio blog e cria discussões por lá, respondendo a textos de outros blogueiros. Forma-se uma teia de trocas e complementos. Um bom conteúdo é comentado. Um produto legal é divulgado. Um serviço péssimo (ou excelente, vá lá) torna-se conhecido de um público maior que a sua família, um público com poder de consumo e de divulgação de informações. É o boca-a-boca, nada novo, multiplicado via web.

O que leva à segunda pergunta mais interessante da manhã: uma representante de empresa (falha-me a memória) perguntou como o blogueiro reage quando é contactado para divulgar um produto. A resposta, como em quase tudo na vida, é “depende”.

O que você pensa quando um operador de telemarketing quer empurrar-lhe um produto? E o que acha quando recebe uma amostra grátis na sua caixa de correspondência?

Uma empresa que manda spam em forma de comentário ou email, dando uma de joão-sem-braço no estilo “Olha só que produto legal! Venha conhecer e divulgue!” ganha, na melhor das hipóteses, um clique no botão “apagar”. Já aquele contato franco, honesto e inteligente, do tipo “Tenho um produto interessante. Gostaria que você testasse e desse a sua opinião. Enviarei uma amostra/unidade/assinatura para tanto.” certamente será bem recebido pelo blogueiro. Um “por favor, avalie meu produto, pago X pela resenha” pode iniciar uma conversação produtiva.

Apesar do abismo entre blogueiros e empresas, o Café.com Blog foi proveitoso. Se queremos dar relevância aos blogs, precisamos descobrir como eles são encarados pelos diversos segmentos de produtores e consumidores e, a partir daí, corrigir as falhas na comunicação. A blogosfera está engatinhando. Estamos todos aprendendo juntos. É tempo de trocar experiências, traçar planos de ação, provar que blogs são uma importante ferramenta de mídia. Embora blogueiros não sejam um corpo homogêneo (“nunca serão!”), existem grupos com interesses afins e esse é o ponto de partida para ganhar visibilidade.

No próximo encontro, que tal uma reunião prévia de pauta entre os blogueiros participantes, para que saiam do papel de ouvintes para o de divulgadores?

Também falaram sobre encontro do dia 06:

O lado consumista da viagem

São Paulo não é São Paulo sem compras. Essa viagem rendeu várias aquisições. As mais legais:

A Pechincha

Terninho muito bem cortado, com blazer 7/8 forrado, por 70 reais. Garimpado na Rua José Paulino.

A Emergência

Depois de gastar uma caixa de band-aid e continuar sofrendo, uma sapatilha de pano de 19 reais quebrou o galho na segunda metade da viagem.

O Achado

A loja de calçados Banana Price é um parque de diversões para mulheres. Não sou tarada por sapatos como a maioria, mas mesmo assim saí de lá com3 pares. Também tem bolsas. Fica na Alameda Lorena, 1.604, Jardim Paulista.

A Extravagância

Sabe lá o que é pagar 60 reais por um caderno de anotações? Eu sei. Paguei isso numa imitação do moleskine vendida na lojinha da Estação Júlio Prestes pela Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (OSESP).

O Momento Mastercard

A lojinha do Museu da Imagem e do Som fecha às 18 horas em ponto. Quase bati com a cara no vidro, mas o vendedor, com toda a gentileza, reabriu a lojinha para que eu podesse comprar uma lembrança. Surpresa: a única coisa que fazia referência ao MIS era um par de havaianas…

Já indo embora, obviamente de mãos vazias, bati os olhos numa caixa cheia de cartões artesanais e… putz, eu sempre tive faro para achar qualquer coisa em que esteja escrito Star Trek. Lá estava ele, um livreto da Pocket Books com a lombada em amarelo: Star Trek – The Next Generation – Postcards. 30 cartões postais encadernados, celebrando o décimo aniversário de ST: TNG. Que, aliás, foi comemorado há exatos 10 anos.

A capa do livrinho. Segundo minhas googladas, está esgotado. Livreto importado, edição de colecionador. Essas coisas, quando chegam ao Brasil, custam sempre uma fábula. Perguntei o preço, preparada para a facada.

– 20 reais.

– Vou levar!

– Péra, acho que é 20 reais por cartão postal.

– O quê?!

– Só um segundo, vou ligar pra confirmar… Alô, Ana?… Aquele livrinho de Star Trek, ele estava aí, não estava?… Então, é 20 reais cada postal, ou o livro todo?… Ah, o livro todo?… Tem certeza?… Certo…

Nem esperei o vendedor desligar. Ao sinal de “positivo” dele, deixei a nota de 20 e agarrei a sacola com o livreto. Perto da porta, ouço mais uma frase:

– Mas Ana, você tem certeza de que custa 20 reais o livro todo, né?

Saí rapidinho da loja. Vai que a Ana mudasse de idéia.

E antes que digam que Momento Mastercard é aquele que não tem preço, aviso que 20 reais é igual a de graça nesse caso.