George e o Segredo do Universo

Lá pelos meus 10 anos, meus pais compraram a Enciclopédia Barsa e, junto com ela, veio um atlas científico que dedicava as primeira páginas à teoria do Big Bang e da formação dos corpos celestes. Era lindo, cheio de fotos belíssimas. Fiquei completamente apaixonada pelo livro, lido e relido incansáveis vezes.

Claro que eu não entendia todos os conceitos naquela época. Uma pirralha de quinta série não tem arcabouço científico o suficiente para isso. Seria muito, muito legal se, naquele tempo (ai, minhas rugas), houvesse algum livro voltado para crianças e adolescentes que explicasse tanta informação de uma forma mais acessível.

Agora existe.

George e o Segredo do UniversoEscrito por Stephen Hawking (admirado por 10 entre 10 geeks), em parceria com sua filha Lucy Hawking, George e o Segredo do Universo mistura ciência com fantasia, ação e uma dose de mistério. Ensina os mais interessantes fenômenos do universo sem ser chato ou professoral. Por outro lado, não subestima a inteligência do leitor. Vai daí que é uma leitura divertida não só para crianças e adolescentes, mas também para adultos curiosos.

A história gira em torno do garoto George, filho de pais pós-hippies/ecochatos/naturebas que vêem a ciência como um bicho papão feio, bobo e chato. George morre de tédio e sonha em ter um computador. Sua vida fica muito mais interessante quando visita a Casa Vizinha e descobre Cosmos, um supercomputador que lhe mostra as maravilhas do universo de uma forma muito inusitada.

Além de ser muito bem escrito, George e o Segredo do Universo impressiona pelo capricho na edição, desde a capa prateada até as belas fotos do espaço, reunidas em 4 encartes. Além disso, é todo ilustrado com cenas das aventuras de George.

O livro é o primeiro de uma trilogia. É um ótimo agrado na volta às aulas, despertando nas crianças a curiosidade pela ciência. Para os adultos, é uma chance de aprender ou relembrar conceitos científicos de um jeito bem agradável.

Bônus: no site George e o Segredo do Universo, você pode ler o primeiro capítulo do livro, baixar papéis de parede e concorrer a prêmios. Se você entende a língua de , pode se divertir mais ainda no site em inglês, mais completo.

Bônus 2: como recebi 2 exemplares do livro, em breve farei alguma promoção para dar o segundo. Aguarde novidades!

Ficha Técnica

  • Título original: George’s Secret Key to the Universe
  • Autores: Lucy & Stephen Hawking
  • Primeira edição (nos EUA): 2007
  • Editora: Ediouro
  • Páginas: 305
  • Pesquise o preço de George e o Segredo do Universo no JáCotei.
A citação ao livro é patrocinada; a minha opinião é livre.

Podcast – já ouviu falar?

O formato não é novo – podcasts navegam pela web desde 2004, pelo menos. No Brasil, essa forma de mídia continua desconhecida do grande público. Vai bem, então, tirar algumas dúvidas sobre podcasts, que se assemelham aos blogs no que diz respeito à democratização da produção de conteúdo.

O que é podcast?

PodcastPodcast é um arquivo de áudio gravado por uma ou várias pessoas e posto à disposição do público via internet, com o fornecimento de um feed para acompanhar edições subseqüentes.

O formato do arquivo costuma ser o mp3, que possibilita uma boa compressão de informações de áudio sem grande perda de qualidade, gerando arquivos relativamente leves.

Nome estranho…

Pois é. Vem da junção de iPod, o mais famoso tocador de mp3 (mp3 player) e broadcast (difusão de sinal via rádio ou televisão).

A Apple andou empombando em 2006, querendo vedar o uso do termo “pod” na expressão “podcast”. Outras empresas já tentaram registrar o termo, nos Estados Unidos. Deu em nada.

É preciso um iPod para ouvir um podcast?

Não. Você pode reproduzir o arquivo em qualquer tocador: mp3 players de bolso, cd-players que toquem mp3, programas para computador como o Windows Media Player, Winamp ou iTunes etc. e tal.

Alguns podcasters (o autor de um podcast – o termo aportuguesado “podcasteiro” ainda não é comum) usavam os formatos ogg ou aac. Faz tempo que não vejo podcasts nestes formatos, que não são reconhecidos por todos os tocadores. De qualquer forma, quem distribuia seu podcast em ogg ou aac também costumava oferecer um arquivo correspondente em mp3.

Vários podcasts também podem ser ouvidos online, sem a necessidade de download, por meio de um tocador embutido na página. Nesse caso, é preciso estar conectado à internet enquanto se escuta o programa.

Qual o conteúdo de um podcast?

Varia muito. Há podcasts sobre tecnologia, cinema, música… Também há rádios que distribuem parte da sua programação em forma de podcast.

E a periodicidade?

Varia mais ainda. Alguns podcasts somem por meses e, de repente, ressurgem das cinzas (não raramente, somem de novo logo depois).

Por isso, a melhor forma de acompanhar podcasts é assinar o feed oferecido pelo seu autor. Assinando o feed, você saberá quando seu podcaster preferido subiu um novo arquivo.

Agregadores de feeds offline fazem o download automático dos arquivos. Alguns são dedicados aos podcasts, como o Juice. Eu optei pelo FeedReader, software que agrega todos os meus feeds no computador e baixa automaticamente os podcasts para uma pasta determinada por mim. De lá, faço a transferência dos arquivos para o meu smartphone.

Proprietários de iPod costumam escolher o iTunes como gerenciador de podcasts, devido à boa integração com o mp3 player.

Agregadores online como o Bloglines e o Google Reader não fornecem a opção de download automático dos podcasts.

É pago?

Não. Grátis como a sua rádio fm.

E qual a vantagem de ouvir podcasts?

A grande vantagem é o seu poder de escolha. Ao contrário do rádio, com os podcasts você só ouve o que interessa. Nada de Voz do Brasil, nada de dez minutos de propaganda, nada de repetições intermináveis do sucesso da semana.

Pense nos podcasts como uma estação de rádio que você monta do seu jeito, de acordo com os seus gostos e para ouvir quando você bem entender. É o bom e velho conteúdo sob demanda: o consumidor faz sua própria programação.

O assunto está chato? Você passa ao arquivo seguinte. Quero ouvir novamente? É só voltar. A seleção de músicas do último podcast está fantástica? Basta repetir o programa.

Por onde começar?

Há vários bons podcasts em português. Eis alguns dos meus preferidos:

PodSemFio: o podcast da Garota Sem Fio, sobre tecnologia móvel.

CBN – Comentaristas: meu modo preferencial de manter-me informada sobre o dia-a-dia. É o que toca no meu carro no trajeto casa/trabalho/casa. Comentários diários ou semanais de André Urani, Arnaldo Jabor, Carlos Alberto Sardenberg, Celso Itiberê, Cony & Xexéo, Danusia Barbara, Ethevaldo Siqueira, Gilberto Dimenstein, Juca Kfouri, Lucia Hippólito, Luis Fernando Correia, Mara Luquet, Marcos Emílio Gomes, Mauro Halfeld, Max Gehringer, Merval Pereira, Miriam Leitão, Osvaldo Stella, Renato Machado, Simone Magno e Sérgio Abranches.

CBN – Fim de Expediente: programa semanal de variedades, normalmente com um entrevistado convidado. Apresentado pelo ator Dan Stulbach e com a participação do escritor José Godoy e do economista Luiz Gustavo Medina. O programa acontece nas sextas-feiras às 19 horas. Geralmente, só recebo o podcast na segunda-feira seguinte. O arquivo chega sem os intervalos comerciais e tem cerca de 45 minutos de duração.

Maestro Billy: são dois programas diferentes, o ADD (Antes, Durante e Depois – uma música antiga, uma atual e uma novidade) e o AAA (Antes, Antes, Antes – três músicas antigas), mais uma rádio online.

MovieCast: podcast sobre filmes em cartaz e dvds.

Momento Retrô: seriados, filmes, músicas e outros bricabraques que marcaram os anos 80 (com um pé nos 70, em alguns episódios).

Discofonia: os programas têm aproximadamente uma hora de duração e são temáticos – a cada edição, um estilo musical diferente entra em evidência.

Menção honrosa ao excelente Musicast, que não aparece há meses mas continua no agregador de feeds – a esperança é a última que morre.

Com o tempo, você encontrará outros podcasts interessantes, sobre seus assuntos preferidos. E sim, há vários podcasts legais que não estão nesta lista. Coloquei aqui apenas os que ouço regularmente. Quer sugerir outros? Mande-me um email, que publicarei uma nova relação com as sugestões dos leitores.

Fonte da imagem: RSS Applied.

10 Brinquedos Que Usei Até Cansar

Vi a brincadeira no Crash Tester há meses. Nada melhor que o Dia das Crianças para desencavar o meme e citar 10 brinquedos com que brinquei até quebrarem – ou até cansar, porque eu era uma menina comportada (ah-ham…) e não quebrava meus brinquedos.

Urso de Pelúcia Peposo (arquivo pessoal)1. Peposo: meu primeiro bicho de pelúcia. Não tinha muito a ver com os bichos de hoje, que têm o pêlo tão sedoso que lembra o verdadeiro. O Peposo era um urso bem mais modesto, mas uma graça. Lançaram uma companheira pouco tempo depois, a Peposa, que vinha de vestidinho. Velho de guerra, meu Peposo existe até hoje – é o único brinquedo de infância que guardo. Há uns 15 anos passou por uma pequena cirurgia, muito bem realizada pelo meu pai, e agüenta firme desde então.

Ursinho Carinhoso Boa Sorte (divulgação)2. Ursinhos Carinhosos e Nuvenzinha: a primeira leva de ursinhos carinhosos tinha 6 personagens coloridos, durinhos e pouco maiores que um batom. Depois, veio uma versão em pelúcia. Pesquisando para o texto, descobri que os pequenininhos voltaram às lojas, quem diria, com alguns novos personagens e sem o cabelinho de nylon que virava cola com o tempo.Nuvenzinha (divulgação) A Nuvenzinha era o seu carrinho conversível com carinha e vinha com guarda-sol, toalha e cestinha de piquenique. Para alegria dos meus pais, fazia aquele tec-tec-tec-tec dos infernos quando era arrastado.

Cilada (Agenda de Recordações)3. Cilada: meu primeiro quebra-cabeças. Umas 60 peças vazadas em forma de X, O e quadrado e um tabuleiro em alto relevo que servia de estojo para as pedras. No tabuleiro, você tinha que encaixar uma determinada combinação das peças. Eram 50 séries diferentes, se bem me lembro. Umas, facílimas. Outras, de fundir a cabeça de uma garota de quatro ou cinco anos. Recentemente, Cilada voltou ao mercado.

Mãezinha (Agenda de Recordações)4. Mãezinha: perdi a conta de quantas vezes coloquei essa boneca pra funcionar. Você dava corda e ela tocava uma cantiga de ninar, enquanto mexia a cintura de um lado para o outro, embalando um bebezinho nos braços. Esse brinquedo realmente quebrou, eventualmente. Se bem me lembro, mandei consertar já na idade adulta. Quase ficou de herança para a minha mãe, mas acabou seguindo para algum orfanato.

Atari 2600 (divulgação)5. Atari: éramos típica classe média, equilibrada na corda bamba todo mês. Nas CNTP, uma novidade do tamanho, impacto e preço do Atari era algo impensável, insonhável. De repente, ganho de aniversário de 7 anos. Frostbite (divulgação)Rendeu horas intermináveis na frente da tv, calos, controles quebrados e olhos vidrados no Frostbite e outros joguinhos (lembra das fitas de 64 jogos em 1?). Até hoje meus pais atribuem ao Atari o estado lastimável a que chegou nossa primeira televisão colorida – lenda urbana, videogame não detona tv.

Chuquinhas (Lembrança 80 - fora do ar)6. Chuquinhas: tive várias, sei lá quantas. Tinha uma que vinha num carrinho-maleta, cheia de acessórios; tinha a do cestinho de dormir, a mais linda de todas; tinha a do carrossel, a do balanço, a do cercadinho, as avulsas… Era o tipo de boneca que não contribuía nem um pouco para desenvolver o instinto maternal: para trocar a roupa dela, era preciso arrancar-lhe fora a cabeça.

Quebra-cabeça de 1.000 peças (divulgação)7. Quebra-cabeça de 1.000 peças da Grow: ganhei no mesmo dia em que meus pais contaram que Coelhinho da Páscoa e Papai Noel não existiam (sim, eu acreditava, e daí?). Era Páscoa de algum ano, com Fórmua 1 na televisão. A revelação chocante não tirou a graça do brinquedo, montado e remontado tantas vezes que eu sabia de cor algumas partes. Já adulta, comprei um de 5.000 peças que nunca montei, em parte por falta de uma superfície grande o suficiente, em parte por falta de tempo, mesmo. Existem vários modelos de quebra-cabeças de 1.000 peças, mas não achei o que tive.

Pogobol (Minha Infância)8. Pogobol: esse não quebrava; a gente é que se quebrava toda, de tanto pular. No mínimo, os tornozelos perdiam a pele. Não adiantava band-aid, gaze, meia grossa, várias meias, nada. Depois de horas em cima daquele treco, a meia começava a ficar manchada de sangue. Se o bom senso infantil era insuficiente para interromper a brincadeira, a dor funcionava com uma eficácia incrível.

Escolinha da Moda (Agenda de Recordações)9. Escolinha da Moda: na caixa, vinham várias placas em alto relevo com desenhos de saias, calças, camisas; um apoio para as placas e para o papel; um giz de cera para marcar o papel com os contornos dos modelos. O resultado eram bonequinhas de papel graciosas que eu passava horas pintando e recortando.

Papéis de Carta (arquivo pessoal)10. Papel: em boa parte das minhas recordações de infância, tem papel – papel de carta, jogos de tabuleiro de papel (que algum chocolate dava mediante embalagens vazias), recortes de jornais de ofertas que viravam itens de cozinha, baralhos, bonecas de papel (inclusive as da Escolinha da Moda), gibis, cadernos de atividades, álbuns de figurinhas. Havia os livros também, que ocupavam parte do meu tempo destinado à brincadeira e propiciavam a mesma quantidade de diversão. Até hoje, tenho uma facilidade incrível para juntar papel e uma dificuldade igualmente impressionante para livrar-me dele.

Imagens: arquivo pessoal; divulgação; Agenda de Recordações; Minha Infância.

Quais foram os seus 10 brinquedos com que você brincou até cansar, ou até quebrarem? Colocarei aqui os links para os 5 primeiros que seguirem a brincadeira:

Feliz Dia das Crianças! 😀

Esse povo quer é feixe de ossos

Começou na semana passada o Brazil’s Next Top Model, clone do America’s Next Top Model (será que não dava para aportuguesar o nome?). Dezesseis gurias iniciaram a saga para conquistar o título de Top Model, e realizar o sonho de fama, fortuna e beleza internacionalmente reconhecida. Toda bonitas, magrinhas, a maioria provavelmente subnutrida segundo o IMC.

Estou vendo o programa sem grande interesse quando ouço de um dos jurados a pérola: “todas elas estão meio roliças”.

Agora, imagina o que se passa na cabeça de uma garota de 16, 17 anos que ouve isso e pesa, digamos, 60 quilos distribuídos em 1,70 m. Do alto da sua insegurança, a menina começa a se sentir uma baleia azul e passa a comer uma folha de alface por dia, vira anoréxica, bulímica, deprimida e o caramba a quatro.

Faça-me o favor. Esses tais “entendidos” que vão catar coquinho, pentear macaco, contar grão de areia. Isso que eles impõem como a oitava maravilha não é padrão de beleza, é psicose.

Há umas poucas vozes sensatas no mundo da moda que têm feito algo para mudar essa visão distorcida da beleza, como Oliviero Toscani, fotógrafo da Benetton, que iniciou uma campanha contra a anorexia. Precisamos de mais pessoas sensatas e campanhas decentes como esta.

* * *

Mudando de assunto, é interessante notar as semelhanças e diferenças entre a versão brasileira e a norte-americana no programa. O formato é o mesmo, até os cenários são parecidos. Entre as diferenças, o que mais chama a atenção é o relacionamento entre as participantes, ao menos no começo: aqui no Brasil, todas se comportam como amigas de infância, aguardam a eliminação de mãos dadas, numa corrente-pra-frente; no programa norte-americano, você quase vê os dardos flamejantes disparados pelos olhares das candidatas a Top Model e por pouco não ouve os pensamentos despeitados: “tropeça, tropeça”.

Eu poderia dizer que as competidoras brasileiras são hipócritas, mas prefiro atribuir a diferença inicial de comportamento a essa tal afetividade latina que faz você confiar numa pessoa que nunca viu para pedir auxílio no caixa eletrônico, que leva o eleitor a votar no candidato mais carismático e não no mais competente, que cria uma atmosfera geral de condescendência.

Em alguns aspectos, isso é uma grande vantagem sobre outros povos menos tolerantes. Apesar disso, de vez em quando pergunto-me se não seríamos uma nação mais evoluída se fôssemos mais racionais e menos emotivos.